quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

20 ferramentas SEO para medir o sucesso do seu site

Os princípios do Search Engine Optimization (SEO), otimização de sites em português, incluem criar um conteúdo que os leitores vão querer vincular nas mídias sociais, blogs ou outros sites e contar com um conteúdo fácil de encontrar com palavras-chave relevantes. O mecanismo também garante que seu site não tem questões técnicas que podem impedir os motores de busca de indexar o conteúdo.

Mas como fazer isso e ainda medir o sucesso da iniciativa? Diversas ferramentas SEO podem ajudar nessa tarefa. A seguir você encontra 20 tecnologias, listadas sem nenhuma ordem particular, recomendados por três especialistas: Jill Whalen, consultora SEO da High Rankings; Nicole Munoz, CEO e fundadora da StartRankingNow; e Matt McGee, editor-chefe do Search Engine Land and Marketing Land.

Ferramentas SEO do Google

1. Google AdWords Keywords Tool

Essa ferramenta gratuita do Google é projetada para aqueles que escrevem anúncios que são executados em resultados de pesquisa do motor de busca do Google, no Gmail e em outros sites afiliados. Ela fornece informações como o volume de pesquisa nacional e internacional para uma frase determinada, mostra se a frase é competitiva e palavras-chave relacionadas. 

É muito útil para qualquer desenvolvedor de conteúdo web e é uma das ferramentas que a maioria dos SEO usa. "É praticamente a única tecnologia que eu uso ou recomendo para fazer pesquisa de palavras-chave", diz Jill.

2. Google Analytics 

McGee, Nicole, Jill e muitos outros especialistas SEO dependem da ferramenta gratuita do Google de análise de site. Jill chama o Google Analytics de "a ferramenta mais importante de todas", pois ajuda a descobrir por que um site perdeu ou ganhou tráfego. O Google Analytics permite que qualquer gerente de site veja palavras-chave usadas para atrair visitantes, reduzir a taxa de rejeição de cada página do site, e observar dados demográficos dos visitantes.

3. Google Webmaster Tools

O Google Webmaster Tools, outro conjunto de ferramentas essencial e livre, ajuda a diagnosticar erros de rastreamento de sites e executar outras tarefas para melhorar a “saúde” da página. Embora não seja particularmente difícil de usar, aqueles sem muita experiência em gestão de website podem ficar um pouco confusos.

4. Google YouTube Keyword Tool 

Vídeos do YouTube podem ser altamente classificados nas buscas do Google quando estão otimizados com as palavras-chave adequadas. Nicole recomenda usar essa ferramenta para encontrar palavras-chave que ajudarão na classificação de vídeos do YouTube, nas pesquisas do Google, bem como em pesquisas do YouTube.

5. Google Suggest

Sempre que você começa a digitar uma palavra-chave na caixa de pesquisa do Google, o site sugere frases relacionadas com base no seu histórico de pesquisa, bem como termos populares que outros usuários procuraram. Uma maneira rápida de obter ideias de palavras-chave é simplesmente começar a digitar uma frase no Google para ver o que o motor de busca sugere, aconselha Nicole.

Ferramentas de terceiros

6. Screaming Frog SEO Spider

Este é um programa de desktop que envia um rastreador para um site e compila um relatório sobre as páginas que ele rastreia. Você vai ver tags, URLs, descrições meta, palavras-chave e tags H1, bem como páginas que podem ter erros 404. Jill usa o programa sempre que inicia a revisão de um site. "Isso me ajuda a ter uma sensação geral da página e visualizar problemas técnicos", diz. O programa básico é livre e a versão licenciada, com recursos adicionais, custa cerca de 150 dólares por ano.

7. SpyFu

Nicole recomenda o SpyFu, ferramenta de pesquisa de palavras-chave que fornece informações úteis sobre palavras-chave de concorrentes. O serviço custa 79 dólares por mês.

8. Browseo 

O Browseo (combinação das palavras "Brow" e "SEO") ajuda a determinar rapidamente a estrutura de uma página, bem como sua relevância para palavras-chave específicas. É uma maneira rápida de obter uma análise útil de uma página em particular, afirma Nicole.

9. WebSite Auditor

Nicole recomenda esse software, disponível para Windows, Mac e Linux, para analisar o conteúdo do site e ajudar a otimizar cada página para uma determinada palavra-chave. Ele está disponível em versões gratuita e paga. Dependendo dos recursos, custa de 99,75 dólares a 249,75 dólares.

10. Copyscape 

Essa ferramenta baseada na web pode dizer todos os lugares na internet onde é possível ter conteúdo duplicado. Nicole diz que é ela é boa para descobrir se outros sites têm copiado seu conteúdo.

11. Rex Swain's HTTP Header Viewer

Jill usa essa ferramenta gratuita para descobrir se uma página web tem qualquer tipo de redirecionamento. “Gostamos de ver redirecionamentos 301 em vez de 302s ou qualquer outro tipo”, afirma.

12. Ahrefs Site Explorer

Digite uma URL e o Ahrefs Site Explorer vai mostrar seus backlinks ou links externos de outros sites. "Uso essa tecnologia para verificar se o site que estou revendo tem spam nos links, o que pode rebaixá-lo no ranking do Google”, assinala.

Extensões do Google Chrome

13. NoFollow

O Google Chrome (assim como o Mozilla Firefox) tem uma série de extensões livres e add-ons criados para ajudar o SEO. "Ele descreve todos os links em uma página que possuem o atributo nofollow. Mas o melhor mesmo é que aparece uma pequena janela se a página que você está vendo tem uma tag noindex", diz Jill. "Você não acreditaria quantos sites pode encontrar a partir dessa extensão que estão inadvertidamente bloqueando todos os motores de busca”, aponta.

14. PageRank Status

Com essa extensão livre, é possível aprender rapidamente sobre uma página, incluindo seu PageRank, ranking de tráfego Alexa, backlinks e número de páginas indexadas pelos diferentes motores de busca.

15. TagAssistant

O TagAssistant revela erros de código do Google Analytics em uma página. Jill diz que essa ferramenta pode vir a calhar quando um site parece ter perdido o tráfego. "Às vezes, você verá que a página não tem o código do Google Analytics, ou ele estava incorreta."

16. Awesome Screenshot
Jill usa esse utilitário gratuito ao realizar auditorias SEO em um site. O Awesome Screenshot permite adicionar setas, círculos e texto, facilitando a captura da imagem de uma página da e mostra visualmente onde estão os pontos de conflito. Uma vez que ela capta as imagens, cola no Evernote, juntamente com outras notas sobre problemas do site, e usa notas para compilar um relatório.

17. Quora

Quora é um site de perguntas e respostas, explica McGee. Ele afirma que a ferramenta é útil no desenvolvimento de temas do blog. "Um único tópico pode levar a várias ideias para o conteúdo do blog", diz. "Há uma variedade de conteúdo lá. E não é um simples sistema de ‘perguntas e respostas’”, detalha.

18. InboxQ

O InboxQ é uma ferramenta online e funciona como extensão do Google Chrome e do Mozilla Firefox. Digite uma palavra-chave simples e o InboxQ vai mostrar questões que os usuários do Twitter estão perguntando sobre o assunto. Nicole usa essa ferramenta para gerar temas para blogs e outros conteúdos online.

19. WordPress.org

O Google adora e tende a recompensar novos conteúdos com maior ranking de busca. Blogar, é claro, é uma maneira fácil de criar esse conteúdo. O WordPress.org é a plataforma de blogs que muitos especialistas SEO usam porque é simples. Há também inúmeros plug-ins livres para ajudá-lo a otimizar cada post do blog, como o WordPress SEO eAll in One SEO.

20. HootSuite

Uma vez que você postou no blog, é hora de publicá-lo nas mídias sociais para gerar tráfego. O HootSuite é um painel de mídia social que permite agendar e, simultaneamente, postar atualizações no Twitter, LinkedIn, Facebook, Google e outras redes sociais. O HootSuite é gratuito mas os planos pagos custam a partir de 10 dólares por mês. Alguns especialistas em SEO também recomendam o Buffer, serviço semelhante que posta mensagens no Facebook, Twitter, LinkedIn e contas App.net.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Magnetismo pode ser teletransportado

Cientistas espanhóis conseguiram um feito que lembra a ficção científica.
Eles "desacoplaram" o magnetismo de sua fonte, o ímã, e transferiram esse magnetismo para outro ponto no espaço, onde ele atuou exatamente como se o ímã estivesse presente.
Em uma palavra, eles descobriram como teletransportar o magnetismo.
Há menos de um ano, a mesma equipe criou a primeira camuflagem magnética, um autêntico manto da invisibilidade para ondas magnéticas.
Agora eles foram muito além, usando seu dispositivo circular, já devidamente ajustado, tanto para concentrar quanto para "expulsar" o campo magnético, permitindo sua transferência para outro ponto, separado por um espaço vazio da fonte original.
Limitações do magnetismo
O magnetismo está por toda parte, sendo o elemento essencial dos geradores que produzem eletricidade, dos motores elétricos, do armazenamento digital de dados, de exames médicos como ressonância magnética, e uma série quase infindável de etcéteras.
Ainda assim, os campos magnéticos vistos isoladamente, de forma estática, têm muitas "deficiências", a maior delas sendo seu curto alcance - um campo magnético decai rapidamente conforme se distancia da sua fonte, enquanto campos eletromagnéticos podem ser transmitidos a grandes distâncias.
"Tampouco é possível hoje concentrar fortes campos magnéticos em pontos determinados do espaço, o que seria de grande valia para guiar partículas magnéticas dentro do corpo humano para levar a cabo tratamentos localizados," afirmam Jordi Prat-Camps, Carles Navau e Àlvaro Sánchez, da Universidade Autônoma de Barcelona.
Mas o trio já descobriu como contornar essas limitações do magnetismo.
Cientistas teletransportam magnetismo
Modo concentrador magnético: Campos magnéticos distantes (a) mal interferem entre si, mesmo que sejam bastante aproximados (b). Com o uso de quatro concentradores (c), contudo, o campo magnético é concentrado na área central do arranjo. [Imagem: Navau et al./PRL]
Concentrando o magnetismo
Partindo de seu trabalho anterior, da camuflagem magnética, os pesquisadores identificaram as soluções matemáticas necessárias para manipular as ondas magnéticas, fazendo-as seguir o caminho que se desejar pelo espaço real.
Eles então projetaram um concentrador magnético perfeito, que permite fazer com o magnetismo o que uma lente faz com a luz - concentrá-lo em um ponto bem definido no espaço.
O uso mais natural dessa técnica será no reforço de sensores magnéticos, sejam aqueles usados nas cabeças de leitura dos discos rígidos, sejam os sensores usados nos equipamentos de imageamento médico.
Mas o melhor estava por vir.
Teletransporte do magnetismo
Assim como pode concentrar a energia magnética, esse dispositivo também pode fazer o inverso, "expulsando" o campo magnético de sua fonte, abrindo o caminho para o seu teletransporte, ou seja, sua transferência para outro ponto no espaço.
"Usando dois ou mais desses concentradores, a energia magnética de uma fonte, como um ímã, pode ser transferida para um local desejado, à distância, através do espaço livre," descrevem os físicos.
O primeiro concentrador, em forma de anel, envolve o ímã, capturando seu magnetismo e arremessando-o para fora do perímetro do anel.
Lá fora, um ou mais concentradores idênticos capturam esse magnetismo e concentram-no em seu centro, que está vazio, mas que passa a apresentar magnetismo exatamente como se um ímã estivesse lá.
Os concentradores podem ser fabricados com materiais largamente disponíveis, como ferromagnetos e supercondutores.
Cientistas teletransportam magnetismo
O campo magnético "viaja" da borda do primeiro concentrador para o centro do segundo. [Imagem: Navau et al./PRL]
Transmissão de energia à distância
Vários experimentos têm mostrado que os sonhos de Nikola Tesla, de transmitir energia à distância - a chamada eletricidade sem fios - não eram assim tão estapafúrdios quanto alguns de seus detratores tentaram fazer crer.
Mas essa é a primeira vez que se demonstra matematicamente a possibilidade de transmitir magnetismo à distância.
A solução, por enquanto, só vale para campos magnéticos estáticos, enquanto o uso desse magnetismo transmitido à distância para gerar energia - através de um gerador comum - exigiria a transmissão de campos magnéticos que se alteram com o tempo.
Mas os cientistas espanhóis afirmam que já estão estudando essa possibilidade.
O fundamento de todas essas técnicas é a chamada óptica transformacional, que está fazendo história com os metamateriais e seus mantos de invisibilidade e lentes perfeitas.
"A adequada reinterpretação das equações de Maxwell, que acabam de completar 150 anos, através da técnica da óptica transformacional, está permitindo seguir descobrindo novas soluções para o eletromagnetismo clássico, criando novos enfoques e possibilidades. Sem dúvida, o eletromagnetismo seguirá sendo parte de nossas vidas," concluem os pesquisadores.

Holograma cósmico: será o Universo uma projeção vinda do futuro?

Um imperador indiano estava irritado com um guru que insistia que tudo é maya: uma ilusão.
Para provar que o guru estava errado, o imperador convidou-o ao seu palácio e soltou um elefante em disparada em direção a ele.
Vendo que o guru botava sebo nas canelas, o imperador gritou-lhe: "Por que você corre tão rápido, sabendo que o meu elefante é apenas uma ilusão?"
O guru gritou, já à distância: "Oh, imperador, minha corrida também é uma ilusão, tudo neste mundo é uma ilusão."
Andrew Strominger (Universidade de Harvard), que trabalha com a teoria das cordas, é um dentre vários físicos que, surpreendentemente, concordam com o guru nesta antiga história - apenas troque a palavra "maya" por "holográfico".
Holograma do futuro infinito
Cerca de dez anos atrás, Strominger teve uma ideia bizarra. Ele imaginou que o nosso universo é uma imagem projetada para trás no tempo a partir de um holograma localizado na fronteira do cosmos, no futuro infinito.
Conforme a imagem se projeta para o passado, ela se desvanece, tornando-se granulada e indefinida, eventualmente esmaecendo-se até a nada.
É uma noção estranha mas que, ao longo da última década, tem conquistado cada vez mais credibilidade, especialmente no âmbito matemático desenvolvido pelos teóricos das cordas.
Se estiver correta, a ideia pode ajudar a explicar como o Universo, e o tempo como nós o conhecemos, surgiu do nada, assim como pode ajudar na busca da unificação da mecânica quântica, a teoria que governa as partículas em pequena escala, e a relatividade geral, que descreve o cosmos em grande escala, gerando uma teoria global da gravidade quântica.
"É uma das coisas mais especulativas em que já trabalhei," admite Strominger. "Mas, se acontecer de estar certo, então será uma das coisas mais interessantes que já fiz."
O contraste com a cosmologia do Big Bang é claro: não há o apertar de um botão e de repente tudo surge do nada.
Na teoria do holograma, conforme o tempo flui, tem-se um processo agradavelmente lento e contínuo de criação, conforme mais e mais do holograma vem surgindo diante dos olhos.
Neste quadro, de forma um tanto assustadora, até mesmo os seres vivos seriam projeções do futuro. "Não seria a primeira vez na física que o inimaginável seria entendido como realidade," retruca Strominger, atendo-se às suas equações.
Holograma cósmico: será nosso Universo uma projeção do futuro?
O chamado Princípio Holográfico é outra tentativa de explicar a gravidade usando menos dimensões do espaço-tempo. [Imagem: Daniel Grumiller]
Buracos Negros e Hologramas
As raízes das últimas ideias de Strominger sobre um universo projetado datam da década de 1970, quando os físicos Stephen Hawking e Jacob Bekenstein calcularam que o conteúdo deinformação de um buraco negro (descrito matematicamente por sua entropia) é proporcional à sua área superficial. Isto foi surpreendente porque a maioria das pessoas esperava que a relação deveria ser com o volume do buraco negro.
Sua descoberta foi apelidada de "princípio holográfico" porque ela mostra que a informação sobre um buraco negro tridimensional é codificada em sua superfície bidimensional, tal como um holograma.
Então, em 1996, Strominger e seu colega Cumrun Vafa derivaram uma descrição estatística precisa da entropia de um buraco negro em termos de estados de energia microscópicos na superfície do buraco negro.
Em particular, eles fizeram uma conexão com as equações normalmente usadas para descrever o comportamento das partículas: a Teoria Quântica de Campos.
Eles perceberam que as equações que estavam utilizando para descrever as propriedades do buraco negro eram semelhantes àquelas utilizadas para descrever um sistema de partículas utilizando a teoria quântica de campo, mas em um universo sem gravidade.
Um ano depois, Juan Maldacena, do Instituto de Estudos Avançados (IAS) em Princeton, descobriu uma equivalência matemática entre dois tipos de universos: o primeiro universo contém partículas que obedecem à teoria quântica de campos, mas não contém a gravidade; o segundo universo contém cordas e gravidade, e um tipo especial de geometria do espaço-tempo negativamente curvada (chamado de "universo anti de Sitter"), exatamente como o que se acredita ser encontrado dentro de buracos negros.
Isto pode parecer um monte de matemática obscura, mas teve um enorme impacto na física teórica. Quando os físicos ficam travados porque suas equações são muito difíceis de resolver, eles podem mudar para o universo espelho, onde a matemática é muitas vezes mais fácil, e terminar seus cálculos lá, antes de transferir suas respostas de volta para o universo "positivo".
Holograma cósmico: será nosso Universo uma projeção do futuro?
Se há inúmeros universos, e não apenas um, logo surge a pergunta: Existirão vidas em outros universos? [Imagem: Univ.Florida]
O Universo Projetado
A conjectura de Maldacena, ligando estes dois universos, tem-se mostrado um sucesso matemático espetacular, afirma Strominger: "Nós a entendemos em um nível de detalhamento incrível, é um enunciado belo e preciso e há um consenso geral de que há provas contundentes de que ela está correta."
No entanto, no geral o Universo que vemos ao nosso redor não é negativamente curvado, limitando as aplicações da correspondência de Maldacena. De fato, no final de 1990, os astrônomos descobriram o contrário: que a expansão do Universo está se acelerando - algo que eles atribuem a algum tipo de "energia escura" que o empurra para fora, no sentido oposto à gravidade.
Um cosmos no qual a energia escura desempenha o papel mais importante é conhecido como um "universo de Sitter" (em contraste com o universo "anti de Sitter", que compõe um metade do relacionamento de Maldacena).
Assim, a busca tem sido para encontrar um princípio de correspondência similar ao de Maldacena, mas para um universo de Sitter, em vez de um universo anti de Sitter.
Isso não tem sido fácil, explica Strominger. "Tem sido muito frustrante tentar entender o espaço de Sitter no âmbito da teoria das cordas, e eu passei muitos anos tentando. Acaba sempre sendo complicado e não é especialmente belo," diz ele, acrescentando modestamente: "Eu simplesmente não tive êxito - mas eu não tive êxito na maioria das coisas que fiz. Mas mesmo quando você está tentando e não consegue, você está sempre aprendendo alguma coisa."
Holograma cósmico: será nosso Universo uma projeção do futuro?
Apesar da dificuldade em testar estas teorias, cientistas do projeto experimental GEO600 recentemente detectaram algo que eles interpretaram como "convulsões quânticas microscópicas do espaço-tempo", eventualmente sinais de um holograma cósmico. [Imagem: MPI for Gravitational Physics]
A estranha gravidade
De fato, durante esse esforço, Strominger aprendeu com uma teoria pouco conhecida, do físico russo Misha Vasiliev, que descreve como partículas interagem entre si. Embora relacionada com a teoria das cordas, ela inclui uma série de novas partículas sem massa com propriedades incomuns que nunca foram observadas.
"Todo o mundo concorda que a gravidade de Vasiliev é uma teoria estranha. Apesar disso, ela parece ser matematicamente autoconsistente e, de muitas maneiras, muito mais simples de analisar do que a teoria das cordas," diz Strominger.
Utilizando o modelo de Vasiliev para a gravidade, Strominger e seus colegas pegaram a correspondência de Maldacena do espaço anti de Sitter e aplicaram-na ao espaço de Sitter.
Este é o primeiro exemplo de como um universo que é fisicamente mais semelhante a este em que vivemos pode ser compreendido em termos das informações contidas em uma superfície limítrofe, holograficamente projetada para trás no tempo.
"É algo muito radical, equivale a uma revolução total na maneira como vemos o Universo," diz Strominger. "Estamos muito longe de poder afirmar que é assim que as coisas funcionam no nosso próprio Universo, mas é um pequeno passo na direção correta. Isto fez as pessoas se interessarem pela ideia e quererem dar o próximo passo."
Maldacena concorda que o trabalho é "muito interessante" porque é o primeiro exemplo da correspondência com curvatura positiva, o que está mais diretamente relacionado ao Universo em que vivemos.
Tempo para as teorias
Se o nosso Universo é realmente uma projeção holográfica do futuro é algo que ainda está longe de qualquer tipo de teste observacional porque, até agora, só se demonstrou que a ideia é valida para este estranho modelo de universo de Vasiliev, em vez do nosso Universo real.
"Estamos fazendo as perguntas mais difíceis que podemos conceber," diz Strominger. "Leva muito tempo para entender qual é a pergunta, é preciso um tempo para entender a resposta, e leva um tempo ainda maior para testá-la. Você tem que ser um pouco maluco para trabalhar com essas coisas, porque é algo que consome anos."
Nós apenas podemos esperar que nossas projeções holográficas durem um tempo suficiente para que os físicos possam testar a resposta, eventualmente enfrentando pelo caminho alguns imperadores entediados com nossas teorias.

Células solares superam biocombustíveis em km rodados

O que faz mais sentido: cultivar plantas para produzir etanol para abastecer carros com motor a combustão, ou usar células solares para gerar eletricidade para recarregar baterias de carros elétricos?
"A fonte de energia para os biocombustíveis é o Sol, através da fotossíntese. A fonte de energia da energia solar também é o Sol," explica Roland Geyer, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, nos Estados Unidos.
Para descobrir a resposta, Geyer e seus colegas analisaram a eficiência relativa das diversas tecnologias para converter uma determinada quantidade de luz solar em quilômetros percorridos pelos carros.
Os pesquisadores examinaram três maneiras de usar a luz solar para movimentar os carros:
  1. o tradicional método de conversão de plantas em etanol;
  2. a conversão de culturas energéticas diretamente em eletricidade, em vez de produzir etanol; e
  3. o uso de células fotovoltaicas para converter a luz solar diretamente em eletricidade para alimentar veículos elétricos a bateria.
Os resultados deixam pouca margem para discussão.
"As células fotovoltaicas são várias ordens de magnitude mais eficientes do que a rota dos biocombustíveis em termos de uso da terra - 30, 50 e até 200 vezes mais eficientes, dependendo da planta específica e das condições locais," diz Geyer.
Ciclo de vida
Focando a avaliação do ciclo de vida em três fatores de impacto - uso da terra, ciclo de vida das emissões de gases estufa e consumo de combustíveis fósseis - os pesquisadores concluíram que a energia solar gerada pelas células fotovoltaicas é melhor quando se considera aquilo que eles chamam de conversão sol-movimento-das-rodas, ou luz do Sol em quilômetros rodados.
"O gargalo para os biocombustíveis é a fotossíntese. Ela tem no máximo uma eficiência de 1% na conversão da luz do Sol em grãos, enquanto as células fotovoltaicas de filme fino atuais têm uma eficiência de pelo menos 10% na conversão da luz do Sol em eletricidade," diz o pesquisador.
As células solares de filme fino são as mais promissoras devido ao seu baixo custo. As células solares de silício são mais caras, mas possuem eficiências muito superiores.
Bala de prata
O que isso significa em termos de decisões políticas para um combustível do futuro?
"O que este estudo me mostrou é que a biomassa simplesmente não é um bom caminho para aproveitar a luz solar. Não por causa de tecnologias imaturas, mas por causa de uma restrição física fundamental, a ineficiência da fotossíntese," defende Geyer.
"Essa desvantagem fundamental só vai piorar conforme os veículos elétricos ficarem mais baratos e mais eficientes nos próximos anos. Há uma busca por uma 'bala de prata' nas pesquisas em energia, seja a fotossíntese artificial ou uma terceira geração de biocombustíveis. Mas se existe mesmo uma bala de prata, eu acho que é a energia fotovoltaica," concluiu.

Coreia apresenta trens elétricos sem fios

Engenheiros coreanos desenvolveram um sistema de transmissão de eletricidade sem fios de alta potência.
Os sistemas de eletricidade sem fios já estão sendo testados paraalimentar marca-passos e outros implantes médicos ou recarregar baterias de carros elétricos.
Mas o sistema coreano é bem mais potente, servindo para trens, metrôs, guindastes portuários ou veículos operacionais de aeroportos.
A tecnologia, chamada OLEV (On-line Electric Vehicle) fornece remotamente até 180 kW de eletricidade de forma constante e estável.
Para demonstrar a viabilidade da tecnologia, os pesquisadores dos institutos KAIST e KRRI montaram um protótipo em um trem na estação de Osong.
A partir de Julho deste ano, o sistema, composto de uma locomotiva e um vagão, começará a ser testado em condições reais de operação, na cidade de Gumi, fazendo percursos de 40 minutos entre duas estações.
Trens elétricos sem fios
O trem possui uma bateria com apenas um quinto do tamanho do que seria necessário para um trem puramente elétrico.
A locomotiva fica a 20 centímetros de distância das bobinas de transmissão, instaladas no solo, entre os trilhos.
No teste em escala real, a carga consistirá em 100 kW de energia, transmitida a 20 kHz, com uma eficiência de 85%.
Se os trens puderem receber a eletricidade sem fios, os engenheiros calculam que haverá uma dramática redução do desgaste dos equipamentos e nos gastos de construção e manutenção.
Segundo os engenheiros, a eliminação dos postes para os fios de eletricidade permitirá o uso de menos espaço para as ferrovias, assim como a construção de túneis de menores dimensões.

Biossensor usa técnica natural para detectar cocaína

Os seres vivos estão repletos de sensores naturais altamente eficientes.
Sua mão é um excelente sensor de calor, por exemplo - toque em algo e você imediatamente poderá dizer se está quente ou frio, ou com uma temperatura similar à do seu corpo.
Mas nossos sensores mais versáteis estão no paladar e no olfato.
Há anos os cientistas vêm tentando reproduzir essa capacidade natural de detectar moléculas, construindo os chamados biossensores, capazes de detectar indicadores de drogas - e também de doenças.
Janela de concentração
O grande desafio é detectar a substância de interesse quando as moléculas estão em concentrações muito baixas.
"Os biossensores mais recentes, mais rápidos e mais fáceis de usar, desenvolvidos para determinar os níveis de várias moléculas, tais como fármacos e biomarcadores de doenças no sangue, apenas funcionam quando a molécula está presente em uma determinada concentração, chamada de janela concentração," explica o professor Alexis Vallée-Bélisle, da Universidade de Montreal (Canadá).
"Abaixo ou acima dessa janela, os biossensores atuais perdem muito de sua precisão," completa.
Biossensor usa uma forma
Os pesquisadores adaptaram um biossensor de cocaína (em verde) reconstruindo uma nova versão capaz de reagir a uma série de moléculas inibidoras (em azul). [Imagem: University of Montreal]

Foi por isso que ele e seu colega Alessandro Porchetta se voltaram para o nível celular, em busca de aumentar a capacidade de detectar moléculas em concentrações muito baixas.
Sensor de cocaína
O estudo do mecanismo que as células usam para detectar moléculas ao seu redor permitiu que eles reprojetassem um biossensor já desenvolvido para detectar cocaína, mas que não atingiu toda a precisão desejada.
O resultado é que o novo sensor de cocaína inspirado na natureza não apenas ficou muito mais preciso, mas tornou-se capaz de detectar uma série de moléculas inibidoras.
Além da aplicação bastante óbvia de detectar a droga - compondo os chamados narizes eletrônicos - os pesquisadores agora pretendem adaptar sua tecnologia para uso em outras áreas, sobretudo no diagnóstico e administração de medicamentos para o câncer.

Novo vírus engana vítimas com certificado digital válido

Um dos elementos fundamentais do comércio eletrônico é a rede de confiança ativada por certificados digitais. Quando o usuário acessa um site, pode se sentir confiante de que ele é legítimo porque possui um certificado de uma autoridade reconhecida que o valida.

Mas os próprios certificados podem ser vulneráveis. A empresa de segurança Malwarebytes descobriu recentemente alguns malwares na rede que possuíam um certificado digital válido.

"Um de nossos pesquisadores de segurança identificaram este malware", disse o pesquisador sênior de segurança da Malwarebytes, Jerome Segura. "É um Cavalo de Troia típico, mas com uma peculiaridade: foi assinado e, ao contrário de um monte de códigos maliciosos que utiliza assinaturas, esta era válida."

O malware é um ladrão de contas bancárias e senhas, o qual Segura diz que se propaga por meio de e-mails. Parece ser uma fatura em PDF com um certificado válido emitido pela autoridade de certificados SSL DigiCert para uma empresa brasileira de software legitímo chamada "Buster Paper Comercial Ltda", disse Segura. O especialista observa ainda que, embora a empresa tenha sido notificada sobre o código malicioso, o certificado ainda não foi revogado.

"Eu não acho que ele foi só roubado", afirmou Segura. "Parece que o que os criminosos fizeram foi achar esta empresa no Brasil, que é legítima, e essencialmente fizeram um pedido em seu nome à Digicert. Do ponto de vista da autoridade de certificação, esse procedimento é normal. Os golpistas provavelmente falsificaram o endereço de e-mail para comprar o certificado. Parece que é muito fácil para qualquer um que pesquisa um pouco, se passar por uma empresa ou criar um site falso como se fosse uma companhia e, então, comprar um certificado."

Quando alguém clica neste malware em particular, diz Segura, ele abre o que parece ser uma fatura em PDF. Mas ele também cria uma série de processos que se conectam a uma empresa de armazenamento em nuvem. "Este é um sub-domínio para uma empresa de armazenamento em nuvem com foco em compartilhamento de arquivos", diz Segura. "Bem, no nosso caso, é o armazenamento de arquivos para os criminosos."

O falso PDF baixa dois arquivos muito grandes - WIDEAWAKE1.zip e WIDEAWAKE1.ecl. A Malwarebytes também procurou a companhia de armazenamento em nuvem para esclarecimentos sobre o assunto, mas ainda não recebeu uma resposta.

Segura observa que a ThreatExpert, fornecedora de um sistema automatizado de análise de ameaças, identificou um Cavalo de Troia similar com um certificado digital válido em novembro passado - mas o certificado dele foi revogado.

"O que temos aqui é um abuso total dos serviços de hospedagem e de certificados digitais e crimes repetidos pelas mesmas pessoas", disse Segura. "Claramente, se os certificados digitais podem ser tão facilmente explorados, nós temos um grande problema em nossas mãos."
Fonte: IDG Now!

Adobe libera correção de emergência para bugs do Reader e Acrobat

A Adobe irá liberar correções para duas vulnerabilidades críticas divulgadas publicamente na semana passada e que estão ativamente sendo usadas em ataques.

A companhia disse no sábado (16/2) que os patches serão liberados durante esta semana (ainda sem data definida). Ambas as vulnerabilidades podem ser exploradas se um usuário for persuadido a abrir um arquivo PDF malicioso, que geralmente é enviado por e-mail às potenciais vítimas.

As falhas foram divulgadas pela empresa de segurança FireEye, que forneceu os detalhes da descoberta à Adobe. Uma análise do exploit realizada pela Kaspersky Lab mostra que o código arbitrário contorna a sandbox (mecanismo de segurança do programa, projetado para evitar tentativas de instalação de software malicioso) do Reader.

O diretor da empresa de segurança, Costin Raiu, disse que o exploit tem um nível de sofisticação visto em campanhas de ciberespionagem. O software malicioso entregue nos computadores infectados pode gravar as informações pressionadas no teclado (keystrokes), bem como roubar senhas e dados das configurações da máquina.

A Adobe normalmente libera correções programadas em todas as segundas terças-feiras do mês, junto com a Patch Tuesday da Microsoft, na tentativa de facilitar a vida dos administradores responsáveis pelos updates nos sistemas. Mas a empresa faz exceções como esta quando as vulnerabilidades são consideradas uma ameaça significativa para os usuários.

As falhas de segurança, CVE-2013-0640 e CVE-2013-0641, afetam as versões 9 até a 9.5.3, 10 até a 10.1.5 e 11 até a 11.0.1 do Reader e do Acrobat, de acordo com a Adobe. Ambas as plataformas da Microsoft e da Apple estão vulneráveis. As correções também contemplam o Reader versão 9 ou anterior para Linux.

Fonte: IDG Now!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Brasileiros avançam rumo às superligas de nióbio

O desenvolvimento de novas superligas à base de nióbio poderá levar a uma maior eficiência energética em usinas termelétricas e em sistemas de propulsão de aviões e foguetes.
É o que pesquisadores brasileiros demonstraram ao desenvolver o diagrama de fases para os elementos nióbio (Nb), cromo (Cr) e boro (B).
O diagrama de fases é uma espécie de mapa sobre o que vai ocorrer com a estrutura microscópica da mistura desses três elementos em quaisquer proporções e em diferentes temperaturas.
"Podemos fazer uma analogia do diagrama de fases pensando nos elementos nióbio, cromo e boro como se eles fossem ingredientes de um bolo. A proporção correta de ingredientes, assim como a temperatura do forno, é fundamental para que o produto final [o bolo] esteja adequado para consumo", explica. o professor Gilberto Carvalho Coelho, do Departamento de Engenharia de Materiais (Demar) da USP.
Superligas
O grande interesse nesses metais está na fabricação das chamadas superligas, ou ligas de alto desempenho.
As superligas são compostos de vários metais que apresentam elevada resistência mecânica, estabilidade superficial e resistência à corrosão e oxidação, além de serem relativamente leves.
Para o desenvolvimento de uma nova superliga é necessário descobrir as proporções corretas de cada ingrediente, ou seja de cada metal.
"Então, o diagrama de fases desenvolvido [pela equipe], adicionado a outros diagramas de fases, de outros elementos, fornece os dados necessários para os engenheiros de materiais desenvolverem as novas superligas", destaca o pesquisador.
O professor Gilberto conta que os três elementos - nióbio, cromo e boro - foram escolhidos para compor o diagrama de fases exatamente pelas propriedades que conferem à liga final.
"O nióbio foi utilizado pensando na sua altíssima temperatura de fusão [2.468 °C], que o torna tão atraente para a indústria. Já o cromo confere resistência à oxidação a uma peça metálica através da formação de uma camada protetora, como uma pele, em sua superfície. No caso de uma turbina, por exemplo, o processo de aquecer e esfriar pode fazer essa camada trincar. O boro ajuda na regeneração dessa camada protetora da superfície da peça ", descreve o pesquisador.
Superliga de nióbio
Devido ao altíssimo ponto de fusão, o nióbio é utilizado na produção de materiais estruturais sólidos, na construção de turbinas de termelétricas e em sistemas de propulsão da indústria aeronáutica e aeroespacial, e em mais uma série de outras utilizações.
Outro exemplo é na fabricação de ligas supercondutoras - sem resistência à passagem de corrente elétrica - para peças de tomógrafos por ressonância magnética nuclear.
Cerca de 90% das reservas mundiais de nióbio economicamente viáveis de exploração estão localizadas no Brasil, principalmente na cidade de Araxá, em Minas Gerais. Recentemente ele foi listado na "lista de risco" dos metais mais raros da Terra.
Atualmente, grande parte da indústria utiliza as superligas de níquel para estas aplicações, cuja temperatura de trabalho é, no máximo, de aproximadamente 1.150°C.
"Porém, estas ligas já são aplicadas em ambientes cuja temperatura é próxima de seus pontos de fusão, em torno de 1.350°C, o que limita ganhos adicionais de eficiência das turbinas," comenta o pesquisador, lembrando que o preço das superligas de nióbio ainda é muito elevado.
Quanto maior for a temperatura com que uma turbina puder trabalhar, maior será sua eficiência energética.
No caso de uma termelétrica, por exemplo, a turbina converte o gás natural em energia elétrica. Nessa conversão, se for usado menos combustível, serão gerados menos poluentes. Por isso, os aspectos ecológico e econômico da proposta de se desenvolver novas superligas a base de nióbio são tão interessantes.
Fonte: Agência USP

Brasileiros querem abrir uma nova janela para o Universo

"Abrir uma nova janela para o Universo": é esta expectativa, saudavelmente imodesta, que anima o projeto "Nova física no espaço: ondas gravitacionais".
Apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o projeto será coordenado por Odylio Denys de Aguiar, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Os instrumentos a serem utilizados são o detector brasileiro Mario Schenberg e a participação brasileira no detector norte-americano aLIGO (Advanced Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory).
O detector Mario Schenberg consiste em um aparato cujo principal componente é uma esfera de cobre-alumíno de mais de uma tonelada, resfriada a poucos centésimos de grau acima do zero absoluto por meio de hélio líquido.
Nessa temperatura, praticamente cessa toda a agitação atômica, possibilitando que as fraquíssimas ondas gravitacionais sejam observadas sem a indesejável interferência do "ruído térmico".
Já o aLIGO (um aperfeiçoamento do projeto LIGO) é basicamente um interferômetro laser, que detecta a passagem da onda gravitacional pelo movimento oscilatório relativo que ela provoca em espelhos separados entre si por quatro quilômetros de distância.
Além da energia eletromagnética
Com o surgimento da radioastronomia, na década de 1930, o homem descobriu objetos que haviam escapado, durante milênios, à observação óptica convencional (a olho nu ou por telescópios).
O desenvolvimento posterior das pesquisas ampliou extraordinariamente o acervo de dados, acessando fontes cósmicas que emitem radiação em outras faixas de espectro eletromagnético além do rádio e da luz visível (micro-ondas, infravermelha, ultravioleta, raios X e raios gama).
Agora a meta é ainda mais ambiciosa: extrapolar a bitola eletromagnética e estudar o universo a partir de outro tipo de interação, a gravitacional.
"Em vários eventos da natureza, parte ou a totalidade das ondas eletromagnéticas produzidas não conseguem atravessar as camadas de matéria ou vencer os intensos campos de força e chegar até nós. Isso ocorre nas explosões de supernovas, em choques de objetos ultramaciços como buracos negros e estrelas de nêutrons e também em relação ao universo primordial", disse Aguiar, que éreconhecido internacionalmente por suas pesquisas sobre a gravidade.
"Porém as ondas gravitacionais, por interagirem muito fracamente com o meio material, conseguem atravessar altas concentrações de matéria (com densidades semelhantes às dos núcleos atômicos, por exemplo), sem serem absorvidas", prosseguiu o pesquisador.
Por isso, a astronomia gravitacional ampliaria radicalmente as possibilidades da pesquisa científica. Fenômenos que sempre se esgueiraram da detecção eletromagnética poderiam ser observados pela detecção gravitacional.
Na investigação do cosmo primordial, a perspectiva é nada menos do que recuar de quando o Universo possuía já 300 mil anos de existência para os primeiros infinitésimos de segundo após o Big Bang - isto é, "enxergar" o Universo no instante mesmo de seu nascimento.
Brasileiros querem abrir uma nova janela para o Universo
Telescópio Einstein é outro experimento em busca das ondas gravitacionais. [Imagem: ASPERA]
Detector de ondas gravitacionais
Para entender como a nova janela de observações poderá ser aberta é preciso considerar o bê-á-bá da física envolvida nos experimentos.
Assim como a interação eletromagnética, a interação gravitacional pode ser representada por meio de uma onda, que viaja no espaço com a velocidade da luz.
E, como qualquer onda, a onda gravitacional também é descrita por grandezas como o "comprimento de onda" (a distância entre dois picos consecutivos) e a "amplitude" (a distância entre o pico e a linha média da onda).
"A peculiaridade é que a onda gravitacional é muito longa na direção longitudinal e incrivelmente pequena na direção transversal", disse Aguiar. Vale dizer que ela possui um comprimento de onda muito grande e uma amplitude diminuta.
"Na frequência de 100 hertz (100 Hz ou 100 ciclos por segundo), seu comprimento de onda alcança 3 mil quilômetros. E como ela viaja na velocidade da luz (300 mil quilômetros por segundo) percorre essa distância, perfazendo um ciclo, em apenas um centésimo de segundo", explicou o pesquisador.
"Sua amplitude, porém, é tão pequena que mesmo um 'tsunami' de ondas gravitacionais teria, transversalmente, uma cota menor do que o diâmetro de um próton", disse Aguiar.
O efeito que a onda gravitacional produziria, no entanto, se dá justamente na direção transversal ao seu movimento. A suposição é a de que, ao atravessar um corpo maciço, ela provoque movimentos transversais nos átomos que o constituem, ao transferir parte de sua energia ao corpo.
"Como esses movimentos são muito pequenos, é um grande desafio perceber os efeitos da onda gravitacional. Na técnica das massas ressonantes (utilizada no 'Mario Schenberg'), o objetivo é detectar o movimento oscilatório provocado na estrutura cristalina da esfera pela passagem da onda. Uma vez produzida a oscilação, esta poderia ser percebida por meio de um transdutor muito sensível", explicou Aguiar.
"Na técnica alternativa da interferometria laser, como a do projeto norte-americano aLIGO, com o qual estamos colaborando, a suposição é a de que, ao passar, a onda produza um movimento oscilatório relativo nos espelhos, que poderia ser percebido por meio do fenômeno da interferência", acrescentou.
Brasileiros querem abrir uma nova janela para o Universo
Três satélites da missão LISA vão tentar responder se as ondas gravitacionais podem comprovar o "desaparecimento" de dimensões. [Imagem: NASA]
Além da maçã que cai
Iniciado em 2007 e com conclusão prevista para este ano, o Projeto Temático "Nova física no espaço: ondas gravitacionais" dá continuidade a outro, de 2000 a 2007, que resultou na construção do detector Mario Schenberg. Os pesquisadores estão, agora, trabalhando no melhoramento da antena, buscando obter sensibilidades semelhantes às dos detectores já em operação em outros países.
"Os resultados obtidos até o momento foram melhorias de engenharia, como osciladores de ultrabaixo ruído de fase e outros. Paralelamente, estamos trabalhando no desenvolvimento de subsistemas de isolamento vibracional para o Advanced LIGO, uma contribuição nossa ao projeto norte-americano", informou Aguiar.
Segundo o pesquisador, "ainda há muito chão a percorrer, no caso do detector brasileiro, antes que se consiga a primeira detecção de uma onda gravitacional".
Já o detector norte-americano encontra-se em fase bem mais avançada. "O aLIGO beneficiou-se de uma verba 600 vezes maior do que a do Mario Schenberg. E, enquanto a equipe brasileira conta com cerca de 30 pesquisadores, muitos dos quais dão ao projeto uma contribuição puramente teórica, a equipe multinacional mobilizada pelo aLIGO chega a quase mil pesquisadores", disse Aguiar.
Por meio do aLIGO, que entrará em operação comissionada em 2014, a "astronomia gravitacional" talvez esteja prestes a se tornar uma disciplina efetiva, como as astronomias eletromagnéticas, capazes não apenas de detectar o sinal, mas também de identificar a "assinatura" impressa nele pela fonte emissora.
Com sensibilidade dez vezes maior em amplitude de onda do que a versão anterior (LIGO), quando o aLIGO estiver funcionando em "modo científico", ou seja, com a sensibilidade projetada, ele poderá observar um volume da região local do Universo em torno da Terra mil vezes maior, aumentando, nesse mesmo fator, a taxa de ocorrência dos eventos. Um evento que levaria 50 anos para ser detectado pelo LIGO poderia ser detectado em menos de um mês pelo aLIGO.
Em busca de jovens
Ainda que correndo por fora, o detector brasileiro terá sua contribuição a dar.
"A contribuição que o detector Mario Schenberg poderá dar é na determinação da direção da onda (de onde ela vem) e da sua polarização (algo como o formato da onda no espaço), que diz muito sobre como as coisas estão ocorrendo na sua fonte emissora", precisou Aguiar.
"Isso tudo utilizando uma técnica diferente daquela da interferometria, ou seja, baseando-se em outro princípio físico de detecção (o de absorção da energia da onda), que pode complementar o nosso conhecimento sobre as ondas gravitacionais", disse.
Segundo Aguiar, há carência de estudantes para o desenvolvimento de trabalho experimental. "Precisamos do maior número possível deles para percorrer este caminho com maior rapidez", disse - uma convocação que não poderá deixar de sensibilizar os jovens que sonham em associar suas trajetórias científicas ao desvendamento dos grandes mistérios do Universo.