Até recentemente, porém, a espionagem digital era tida como coisa de hackers, crackers e outros amigos do alheio com maior conhecimento de informática, sempre interessados em contas de banco e similares.
Por isso causaram surpresa as revelações mais recentes dos "hackers de Estado" e seus "vírus governamentais".
Embora especialistas em segurança afirmem que os vírus e malwares financiados por governos devam existir aos milhares, o assunto só se tornou público com a descoberta dos vírus Flame e Stuxnet.
Malware invade câmera
Agora, especialistas do Centro de Guerra Naval dos Estados Unidos e da Universidade de Indiana anunciaram a criação de um malware que assume o controle das câmeras de smartphones e outros aparelhos portáteis.
Ao contrário dos outros malwares, que normalmente visam as chamadas "informações digitais" - como senhas de banco, números de cartão de crédito etc. - o novo invasor se preocupa em localizar fisicamente o portador do aparelho e ver tudo o que há à sua volta.
Chamado PlaceRaider - "invasor de lugares" em tradução livre - o malware captura imagens do entorno da pessoa, traçando um mapa 3D do local, que é enviado para o ladrão das informações.
Como ficar tirando fotos continuamente demandaria uma banda de transmissão que faria o usuário desconfiar, o PlaceRaider usa o giroscópio e o acelerômetro dos smartphones para instruir o malware a tirar fotos apenas quando elas serão úteis para o invasor.
Assim, ele não aciona a câmera quando o telefone está sobre a mesa ou no bolso do usuário.
Para certificar-se de que a vítima não desconfie mesmo de nada, o PlaceRaidersilencia os sons do fechamento do obturador da câmera e também cobre a imagem de visualização que normalmente aparece quando uma foto é tirada.
Guerra eletrônica
Com uma sequência adequada de fotos, o programa constrói um modelo 3D do ambiente do usuário, que pode então ser examinado para bisbilhotar detalhes de sua vida pessoal, ou para encontrar informações ou objetos valiosos.
O malware PlaceRaider pode ser escondido dentro das chamadas apps, aplicativos que são baixados pelos usuários para funções específicas ou para divertimento.
Seguindo os pesquisadores, trata-se de um invasor de alta tecnologia, que provavelmente só poderá ser replicado por pessoal ligado a governos e universidades.
Assim, além de ser uma versão do Grande Irmão nunca imaginada por George Orwell, é fácil ver na espionagem industrial um foco de ação privilegiado para a nova arma da nunca declarada guerra eletrônica.
Fonte: New Scientist
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