Enquanto as operadoras de telefonia celular brasileiras se ocupam em disfarçar as antenas para fugir da legislação, pesquisadores alemães demonstraram que a demanda pode ser atendida com eficiência se as diversas operadoras compartilharem suas redes.
Está difícil lidar com o aumento da demanda pelas transmissões de voz e de internet no mundo todo. Na Alemanha, por exemplo, onde o estudo foi realizado, o volume de tráfego na internet móvel aumentou 82% por usuário só em 2011.
O professor Volker Jungnickel, do Instituto Heinrich Hertz, afirma que dois ou mais provedores podem usar a mesma rede, compartilhando as frequências e, mais importante, toda a infraestrutura.
Isso diminuiria os investimentos necessários, melhoraria o serviço para os usuários, ampliaria a cobertura e dispensaria os subterfúgios de ter que ficar disfarçando as antenas.
Absorvendo os picos de demanda
"Na cidade, através da combinação das funções, [as operadoras] podem dobrar a densidade das estações-base e, portanto, a capacidade das redes. A taxa de dados por área de superfície aumenta, e mais usuários são atendidos com o serviço sem que seja necessário instalar novas antenas. Finalmente, os usuários finais ganham com menores tempos de download e upload," explica o pesquisador.
O aparente milagre é conseguido compartilhando, ou absorvendo reciprocamente, os picos de transmissão de dados de curto prazo: se uma rede está sobrecarregada, a operadora pode aumentar a sua largura de banda tomando emprestadas frequências de outro parceiro da rede.
Como as frequências podem ser divididas dependendo não só da carga, mas também do canal, se a recepção estiver ruim na própria rede, pode-se simplesmente usar o espectro de um parceiro da rede.
Algoritmos inteligentes
O compartilhamento do espectro de banda nas redes de telefonia celular está sendo tornado possível por meio de algoritmos inteligentes que controlam a atribuição de frequências de rádio de uma forma descentralizada.
Para que isso aconteça, determinadas informações, tais como a carga de tráfego, a qualidade do canal, e quais serviços estão sendo utilizados no momento, são compartilhadas continuamente entre as operadoras.
"Com a nossa tecnologia, as redes podem se coordenar para fornecer acesso a recursos adicionais de rádio na rede do parceiro. Com o auxílio de regras fixas, nós podemos distribuir o processamento do sinal através das redes, de modo que nenhum controle central é necessário," conclui Jungnickel.
Ele batizou sua tecnologia de LTE Spectrum Sharing, ou compartilhamento de espectro em redes LTE (Long-term-evolution).
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