Cientistas na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, da USP, demonstraram que o vegetal tem propriedades antioxidantes, que agem no combate aos radicais livres, auxiliando na prevenção contra o envelhecimento e o surgimento de câncer de pele.
O efeito é similar ao do camapu, outra planta com planta com ação anti-inflamatória em peles sensíveis, também relevada por um estudo brasileiro.
Controle dos radicais livres
Os componentes do extrato de almecegueira, quando aplicado sobre a pele, agem para a preservação de sistemas responsáveis pelo controle dos radicais livres no organismo humano.
Com a irradiação da superfície cutânea pelos raios ultravioletas, há um desequilíbrio entre a proporção das substâncias nocivas e seus combatentes. Assim, os agentes protetores naturais sofrem uma queda ao serem consumidos em sua ação para a remoção dos radicais livres.
"A radiação solar provoca a geração de muitos radicais livres na pele e os mecanismos antioxidantes naturais não são suficientes para neutralizar todos eles, resultando em danos ao tecido", explica a farmacêutica Ana Luiza Scarano Aguillera Forte, autora do trabalho.
"Como o extrato tem grandes quantidades de antioxidantes, ele mesmo sequestra os radicais livres na pele", completa.
Potencialidade das plantas amazônicas
Anteriormente aos estudos in vivo, foram realizados testes com o extrato de Protium e de outros três vegetais amazônicos com maior atividade antioxidante dentre um grupo de 40, que fazem parte do Programa de Pesquisa em Biodiversidade do governo federal.
As plantas foram catalogadas pela pesquisadora Maria das Graças Bichara Zogbi, do Museu Paraense Emílio Goeldi.
Ana Luiza observou as propriedades antioxidantes e os efeitos tóxicos dos extratos utilizando cultura de células. Como todos os vegetais apresentaram bons resultados quanto à ação contra radicais livres, a escolha se deu a partir da toxicidade. "O extrato que se mostrou menos tóxico quando irradiado no UVB foi o Protium, por isso foi o escolhido", relata.
UVB
Durante o estudo, o gel formulado com o extrato de Protium heptaphyllum foi aplicado sobre a pele de camundongos sem pelos, os quais foram submetidos aos raios ultravioleta B (UVB), radiação mais energética, que é responsável pela vermelhidão, primeira resposta da pele à exposição ao sol.
Foram testados dois sistemas responsáveis pela proteção antioxidante da pele - a enzima superóxido dismutase (SOD) e a glutationa (GSH) -, e uma enzima indicadora de inflamação - a mieloperoxidase (MPO).
Com o recebimento dos raios UVB, quando não há a aplicação de extrato, a SOD e a GSH do sistema protetor cutâneo sofrem queda.
"No entanto, essa queda dos sistemas protetores endógenos não foi observada nos animais que receberam a formulação contendo o extrato", conta Ana Luiza.
Efeitos danosos dos filtros solares
Apesar dos resultados positivos, antes que o produto possa ser disponibilizado ao consumidor ainda é necessária uma série de novos testes, para constatação da segurança e de sua não toxicidade, além dos efeitos em geral do gel.
Ainda assim, é possível constatar as potencialidades do uso do extrato da Protium heptaphyllum na proteção contra os efeitos da radiação solar, inclusive com relação aos produtos já existentes no mercado, como os filtros solares.
Existem, inclusive, estudos que apontam que os protetores - que deveriam ficar apenas na superfície da pele - podem penetrar nas camadas cutâneas mais profundas, causando o aumento de radicais livres (gerados a partir da degradação do filtro solar exposto à radiação).
Assim, o uso do extrato vegetal estudado poderia prevenir essa reação.
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Fonte: Agência USP
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