Sujeira sempre é um problema.
Pior ainda quando se trata de uma "bio-sujeira", como uma camada de
bactérias ou fungos, criando bolor, mofo ou o nome que se queira dar aos
filmes que se formam em paredes, móveis, e mesmo em utensílios tão
queridos quanto telefones celulares, tablets e computadores.
Devido à sua proximidade da boca, nariz, ouvidos e olhos, a população
de bactérias que infesta os aparelhos eletrônicos está se tornando uma
preocupação dos especialistas em saúde.
Pesquisadores alemães acreditam poder resolver esse problema de uma
vez por todas, usando uma pitada de um fotocatalisador bem conhecido e
um pouco de luz do Sol.
Iris Trick e seus colegas descobriram uma forma de incorporar
moléculas de dióxido de titânio em materiais poliméricos, incluindo os
plásticos usados para fabricar desde celulares até móveis de jardim.
Autolimpeza
Quando as moléculas de titânio dispersas no plástico são "ativadas"
pela luz ultravioleta dos raios de sol, elas funcionam como uma espécie
de catalisador, iniciando uma reação eletroquímica que libera radicais livres.
Essas moléculas ativas são fatais contra bactérias, fungos e
organismos similares. Elas atravessam as paredes das células e adentram
ao citoplasma, onde danificam o DNA bacteriano, destruindo os
microrganismos.
O fenômeno é bem conhecido e largamente explorado em uma variedade de
usos, mas os pesquisadores afirmam que até agora não se sabia sua
potência e quais substâncias orgânicas específicas as moléculas são
capazes de destruir.
E, principalmente, como elas se comportariam quando dispersas em um
material plástico, não apenas em relação à sua ação sobre os
microrganismos, mas também sobre a integridade do próprio plástico.
Plásticos autolimpantes
Para responder a essas questões, a equipe do Instituto de Engenharia
Interfacial e Biotecnologia, na Alemanha, fez testes exaustivos, que
duraram dois anos.
Ao final do teste, foi praticamente impossível remover a camada de
sujeira que se formou sobre os materiais plásticos deixados ao relento.
Os plásticos com fotocatalisadores, contudo, continuaram quase completamente limpos e brancos.
Em laboratório, foram testados 30 diferentes tipos de cultura de
algas, bactérias e fungos em superfícies plásticas com e sem o
fotocatalisador, o que permitiu analisar também a degradação do próprio
material plástico devido à ação de autolimpeza.
Os resultados foram tão promissores que os cientistas já falam em
utilizar a técnica nos plásticos usados em computadores e telefones
celulares, sempre repletos de bactérias.
Os dados indicaram que basta uma hora ao Sol para eliminar toda a biossujeira.
Contudo, como não é muito prático e nem recomendável deixar o celular
por uma hora ao Sol - isso pode degradar outros materiais do aparelho
-, os cientistas agora estão trabalhando no desenvolvimento de um
fotocatalisador ativável por luz artificial - a luz de uma lâmpada, por
exemplo.
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