Desafios tecnológicos
Alguns desafios tecnológicos, contudo, deverão ser vencidos, para que essa tecnologia possa se tornar, mais do que uma comodidade, uma forma de salvar vidas - evitando demoras que podem ser fatais em situações críticas - e economizar milhões para os sistemas públicos de saúde e para os pacientes.
"Nossos objetivos são sensibilidades estado da arte ou melhores em um sistema que poderá estar disponível por qualquer coisa menor do que €50,00," afirma o pesquisador Jerôme Gavillet, do projeto europeu SEMOFS, um dos vários grupos de pesquisas que estão trabalhando no desenvolvimento desses biochips descartáveis.
Biochip microfluídico
SEMOFS é uma sigla para Surface Enhanced Micro Optical Fluidic Systems, uma tecnologia capaz de controlar o movimento de fluidos biológicos, detectar a presença de proteínas específicas - por exemplo, sinais precoces de câncer - e analisar os resultados, tudo em um dispositivo descartável plástico do tamanho de um cartão de crédito.
"Para cada paciente, o médico poderá abrir o pacote, colocar um pouco de sangue ou soro no cartão, fazê-lo funcionar e então conectá-lo a um leitor de cartões," explica Gavillet. O leitor mostrará na tela as medições feitas pelo cartão.
Os principais progressos feitos pela equipe do Semofs atingem duas áreas - a microfluídica e a plasmônica.
Microfluídica
A microfluídica envolve materiais e técnicas para o controle do movimento de minúsculas quantidades de fluidos. O biochip movimenta sangue, soro e outros fluidos ao longo de canais ligeiramente mais largos do que um fio de cabelo humano.
A movimentação é feita graças às superfícies super-hidrofílicas e super-hidrofóbicas com que são feitos os microcanais, sem a necessidade de bombas. A pressão para fazer o fluido andar pelos microcanais é suprida pela injeção de misturas de oxigênio-hidrogênio geradas por uma tensão elétrica em pequenas câmaras cheias de um gel saturado com água.
Plasmônica
Quando a amostra biológica e os fluidos necessários para seu processamento já interagiram na seqüência correta ao longo dos microcanais, o biochip utiliza a plasmônica para determinar se as proteínas da amostra se ligaram às superfícies de detecção do biochip.
A plasmônica utiliza as propriedades do "gás", ou plasma, de elétrons livres movendo-se no interior ou ao longo da superfície de um condutor.
O gás ionizado no interior do biochip ressona a freqüências específicas quando é estimulado pela luz. Quando as proteínas ligam-se aos antígenos sobre a superfície do detector, sua presença força uma leve alteração nessa freqüência de ressonância.
Sensibilidade do biochip
Os pesquisadores descobriram que, construindo uma pilha de camadas condutivas e dielétricas, sobre a qual vai a camada para se ligar com a proteína-alvo, eles conseguem elevar a sensibilidade do biochip muito além dos limites atuais.
"O objetivo final é alcançar um picograma por milímetro quadrado," diz Gavillet, "ou seja, alcançar a sensibilidade estado da arte mesmo em um chip descartável de baixo custo."
Um picograma equivale a um trilionésimo de grama.
O desafio final com se que defronta a equipe do Semofs é integrar as tecnologias que eles aprimoraram em um cartão único e que possa ser facilmente fabricado. Eles planejam empacotar tudo - fontes de luz, detector, guias de onda e o sistema microfluídico - em um cartão feito de plástico. A eletrônica que irá ler os cartões e mostrar os resultados ficará em uma unidade separada.
Eles esperam finalizar o cartão nos próximo oitos meses, quando o projeto Semofs está previsto para terminar.
Fonte: ICT Results
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