Cientistas inventaram um LED spintrônico que promete ser mais
brilhante, mais barato e mais ambientalmente amigável do que os LEDs
atuais.
O componente é inovador, reunindo a classe dos semicondutores
orgânicos - ou seja, ele é um tipo de OLED (LED orgânico) - com o
nascente campo da spintrônica.
"É uma tecnologia completamente diferente," garante Valy Vardeny, da
Universidade de Utah, nos Estados Unidos. "Esses novos LEDs orgânicos
podem ser mais brilhantes do que os LEDs orgânicos comuns."
Válvula de spin
Os LEDs tradicionais usam um material semicondutor que gera luz ao ser atravessado por uma corrente elétrica.
Os OLEDs, mais recentes, usam um polímero orgânico - uma espécie de
semicondutor plástico - para produzir sua luz. Eles já são bastante
usados nas telas de aparelhos portáteis, por consumirem menos energia,
mas prometem estar nas TVs e monitores maiores a partir do ano que vem.
O novo OLED spintrônico também usa um semicondutor orgânico, mas seu
funcionamento não depende unicamente dos elétrons que fluem por ele -
ele depende também do spin desses elétrons.
Sua base é um dispositivo chamado "válvula de spin", que consegue
filtrar as correntes elétricas com base no spin dos elétrons. A
filtragem é feita através da interação dos elétrons com os momentos
magnéticos nos eletrodos.
Agora, além de controlar a corrente elétrica, os pesquisadores conseguiram fazer com que a válvula de spin emita luz.
Excitons
As válvulas de spin orgânicas são formadas por três camadas: uma
camada polimérica, que funciona como semicondutor, ensanduichada entre
dois eletrodos metálicos ferromagnéticos.
Inicialmente o dispositivo é energizado, com uma baixa tensão. Isso
pode ser entendido como elétrons (negativos) sendo injetados em um
eletrodo, e "lacunas de elétrons" (positivas) no outro.
Quando um campo magnético é aplicado aos eletrodos, os spins dos
elétrons e das lacunas podem ser manipulados para se alinhar de forma
paralela ou antiparalela - essencialmente uma válvula de spin bipolar.
É essa capacidade de injetar elétrons e lacunas simultaneamente na
válvula de spins que permite a geração de luz: quando um elétron se
combina com uma lacuna, os dois se cancelam, liberando energia na forma
de um fóton.
"Quando eles se encontram, eles formam excitons, e esses excitons fornecem a luz," disse Vardeny.
Um exciton
emite um flash de fótons quando decai, ou seja, ele vira um fóton
espontaneamente, eliminando todo o aparato de conversão optoeletrônica -
é por isso que se acredita que eles possam fazer a ponte entre a computação eletrônica e a comunicação óptica.
LED laranja
A intensidade da luz emita pelo OLED spintrônico é controlada pelo
campo magnético, enquanto outros OLEDs exigem mais corrente elétrica
para otimizar a intensidade da luz produzida.
O Dr. Vardeny afirma que, ao contrário de todos os LEDs e OLEDs
existentes até agora, que produzem luz sempre da mesma cor, o OLED
spintrônico poderá produzir muitas cores diferentes, variando-se apenas o
campo magnético.
Mas isso exigirá mais desenvolvimentos. O semicondutor orgânico usado
no protótipo - chamado DOO-PPV "deuterado" - emite luz laranja, e sob
uma temperatura de não mais do que -2 graus Celsius.
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