Usando materiais piezoelétricos, pesquisadores replicaram em certa
medida o movimento muscular do olho humano, criando um autêntico "olho
robótico".
Os músculos artificiais controlam uma câmera com um nível de precisão que promete mudar o campo da visão artificial.
Isso permitirá não apenas otimizar a operação dos robôs, como também
aprimorar aplicações como câmeras de vigilância e a chamada visão de
máquina, usada para inspecionar processos industriais em alta
velocidade.
Joshua Schultz e Jun Ueda desenvolveram um atuador piezoelétrico
celular usando uma nova tecnologia inspirada na biologia - conectando
cristais piezoelétricos como se eles fossem células musculares.
"Para que um robô seja verdadeiramente bioinspirado, ele precisa de
atuadores, ou geradores de movimento, com propriedades similares às da
musculatura dos organismos biológicos," disse Schultz.
"Nossos atuadores
têm muitas propriedades em comum com os músculos biológicos,
especialmente a estrutura celular."
Estrutura celular
Materiais piezoelétricos - um tipo de cerâmica - expandem ou contraem
quando recebem uma carga elétrica, oferecendo uma forma de conversão
direta de sinais em movimento.
Mas essa expansão é pequena, o que tem reduzido o uso de atuadores piezoelétricos no campo da robótica.
Usando o que eles chamam de "estrutura celular", os pesquisadores
conectaram inúmeros pequenos atuadores em série e em paralelo, obtendo
um curso de deslocamento do músculo artificial muito maior.
O sistema fica mais compacto e consome menos energia do que
mecanismos miniaturizados comparáveis, como os usados em câmeras
fotográficas para fazer o foco automático.
"Cada atuador, similar a uma fibra muscular, tem um material
piezoelétrico e um conjunto hierárquico de mecanismos aninhados de
amplificação," explica Ueda.
Cinemática
Um dos objetivos dos cientistas era tentar resolver um enigma antigo.
Um olho artificial controlado por cabos consegue produzir a
cinemática do olho biológico, mas servomotores rígidos não permitem
testar hipóteses sobre a base neurológica para o movimento dos olhos.
"Ao contrário dos atuadores tradicionais, os atuadores celulares
piezoelétricos são controlados pelo mesmo princípio de operação dos
músculos, ou seja, o movimento é resultado da ativação discreta de
conjuntos de fibras ativas, chamadas unidades motoras," continua Ueda.
Isso permite que o conjunto reaja de acordo com as necessidades, o
que é crítico para os robôs, que devem operar em ambientes não
estruturados e, muitas vezes, desconhecidos.
Além da operação de robôs móveis e robôs industriais, os
pesquisadores planejam testar seu "olho artificial" em instrumentos de
reabilitação e equipamentos de diagnóstico médico.
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