Medições do campo gravitacional de Titã, uma das luas de Saturno, obtidas pela sonda Cassini, sinalizam a existência de um oceano de água sob a superfície, como vem sendo sugerido por pesquisadores há vários anos.
A Cassini vem recolhendo dados sobre Saturno e suas luas desde que a sonda entrou em sua órbita, em 2004.
Ela efetuou medições da gravidade durante seis sobrevoos realizados
sobre Titã, entre 2006 e 2011, o suficiente para lançar novas luzes
sobre a estrutura interior da lua.
Luciano Iess, da Universidade La Sapienza, na Itália, analisou os
novos dados e descobriu que eles revelam o interior de Titã como muito
flexível, deformando-se de tal maneira que só seria compatível com um
enorme corpo liquefeito mexendo-se no interior da lua.
Ele e seus colegas dos EUA e da Itália identificaram oscilações de
maré muito fortes conforme a lua orbitava em torno de Saturno.
Marés sólidas
Se Titã fosse composta inteiramente de rocha sólida, a atração
gravitacional de Saturno poderia causar protuberâncias, ou "marés
sólidas", de não mais do que 1 metro de altura.
Mas os dados mostram que Saturno cria marés sólidas de
aproximadamente 10 metros de altura, o que sugere que Titã não é
inteiramente formada por material rochoso sólido.
Na Terra, as marés resultantes da atração gravitacional da Lua e do
Sol puxam nossos oceanos superficiais. No mar aberto, essas marés podem
atingir 60 centímetros.
Embora a água seja mais fácil de se mover, o puxão gravitacional
também faz com que a crosta da Terra apresente protuberâncias, com marés
sólidas de cerca de 50 centímetros.
Oceano de Titã
A presença de uma camada subsuperficial de água líquida em Titã não é em si um indicador para a vida.
Os cientistas acreditam seja mais provável que a vida surja quando
água líquida entra em contato com rochas, e essas novas medições não
permitem concluir se o fundo do oceano de subsuperfície é feito de rocha
ou de gelo.
Mas os resultados têm uma grande importância para o mistério da reposição de metano em Titã.
"A presença de uma camada de água líquida em Titã é importante porque
queremos compreender como o metano é armazenado no interior de Titã, e
como ele pode vazar até a superfície," disse Jonathan Lunine, da
Universidade de Cornell.
"Isso é importante porque tudo o que é único sobre Titã deriva da
presença de metano em abundância, mas o metano na atmosfera é instável e
destruído em escalas de tempo geologicamente muito curtas," completa.
Um oceano de água líquida, "salgado" com amônia, poderia produzir
líquidos que borbulham através da crosta, liberando metano do gelo e
reabastecendo o metano que se degrada na atmosfera.
Assim, o eventual oceano de subsuperfície funcionaria também como um reservatório profundo de metano.
Huygens
A sonda Cassini e a lua Titã são velhas conhecidas.
Em 2005, uma sonda que viajou acoplada à Cassini, chamada Huygens, soltou-se e pousou em Titã:
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