sábado, 28 de julho de 2012

Criptografia neurocientífica gera senha que você usa sem conhecer

Mesmo os mais sofisticados sistemas de segurança eletrônica podem ser desmontados forçando alguém a revelar uma senha.

Mas que tal se as informações sensíveis pudessem ser armazenadas em seu cérebro de tal forma que você não pudesse acessá-las conscientemente, não importando o quanto você tentasse?

Essa é a promessa de uma nova técnica que combina a criptografia com a neurociência.

Nos testes iniciais, os voluntários aprenderam uma senha, e a utilizaram posteriormente para passar por um teste, mas não conseguiram lembrar e verbalizar a senha quando isso lhes foi solicitado.

Aprendizado implícito

O sistema é baseado na aprendizagem implícita, um processo pelo qual é possível aprender um padrão inconscientemente.

Hristo Bojinov, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, projetou um jogo no qual os jogadores interceptam a queda de objetos pressionando uma tecla. Os objetos aparecem em uma de seis posições, cada uma correspondendo a uma chave diferente.

Sem que os jogadores o saibam, as posições dos objetos não são sempre aleatórias.

Dentro do jogo está escondida uma sequência de 30 posições sucessivas, que é repetida mais de 100 vezes durante os 30 a 45 minutos que dura o jogo.

Os jogadores cometem menos erros quando se deparam com esta sequência de rodadas sucessivas, e esse aprendizado persistiu quando os jogadores foram testados novamente, duas semanas depois.

Isso mostra que o jogo pode formar a base de um sistema de geração de senhas por aprendizagem implícita: cada usuário aprenderia uma sequência exclusiva em uma sessão inicial, sem conhecer conscientemente essa sequência.

E, o que é crucial para a segurança, estudos anteriores já demonstraram que as pessoas não conseguem recitar as sequências aprendidas desta forma.

Tortura criptográfica

Um invasor pode tentar descobrir a sequência forçando o titular da senha a jogar um jogo similar, e esperando para ver quando ele comete menos erros.

Contudo, como a sequência é composta por 30 teclas pressionadas em seis posições diferentes, as chances de remontar a sequência autêntica são muito baixas.

Os pesquisadores estimam que 100 usuários, jogando sem parar durante um ano, teriam menos de 1 em 60.000 chances de extrair a sequência verdadeira.

Fragilidades e aplicações
 
Por outro lado, o sistema compartilha a fragilidade de outros sistemas de segurança, que podem ser quebrados invadindo não o sistema de geração de senhas, mas o sistema utilizado para autenticar os usuários.

Por isto, Bojinov afirma que é mais provável que sua criptografia neurocientífica encontre aplicações em cenários de alto risco, quando o detentor da senha precisa de estar fisicamente presente, como para obter acesso a instalações críticas, como usinas nucleares.

Fonte: New Scientist

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