Pesquisadores da Universidade Rice, nos Estados Unidos, criaram uma
bateria de íons de lítio que pode ser pintada em virtualmente qualquer
tipo de superfície.
Já existem vários protótipos de baterias de imprimir, algumas à base de líquidos iônicos e celulose, outras usam reações de oxidação-redução, enquanto as mais recentes usam nanotubos de carbono e papel.
A própria equipe do professor Pulickel Ajayan, que coordenou este novo avanço, já havia inovado criando nanobaterias 3D e utilizando nanofios para construir aquela que se tornou a menor bateria de lítio do mundo.
Agora eles desenvolveram soluções com os diversos componentes de uma
bateria de íons de lítio, permitindo sua aplicação por aspersão,
literalmente pintando a bateria, camada por camada.
A grande vantagem é que a bateria pode ser aplicada sobre qualquer
superfície, no interior de qualquer invólucro que ela deve alimentar,
não dependendo de um formato específico.
Chopp energizado
Coube a Neelam Singh passar horas formulando, misturando e testando
tintas para cada uma das cinco camadas que compõem a bateria: dois
coletores de corrente, um catodo, um anodo e um separador polimérico.
Depois de encontrar as melhores composições, ela pintou baterias
sobre azulejos de banheiro, plásticos flexíveis, vidro, aço inoxidável e
até em um caneco de chopp.
Produzindo uma saída de 2,4 volts, as diversas baterias apresentaram
um rendimento muito parecido, variando no máximo 10% entre os diversos
substratos sobre os quais foram aplicadas.
Receita de bateria
A composição das tintas para cada camada lembra um livro de receitas culinárias.
A primeira, o coletor de corrente positiva, é uma mistura de
nanotubos de carbono de parede simples com partículas de negro de fumo,
tudo disperso em N-metilpirrolidona.
A segunda, o catodo, contém óxido de lítio-cobalto, nanotubos de carbono e pó de grafite ultrafino (UFG) em uma solução ligante.
A terceira camada, a tinta separadora, foi feita com polímero de
resina Kynar Flex, PMMA e dióxido de silício disperso em um solvente.
A quarta, o anodo, é uma mistura de óxido de titânio e lítio e pó de grafite ultrafino em um ligante.
A camada final, o coletor de corrente negativa, é uma tinta condutora de cobre, disponível comercialmente, diluída com etanol.
Bateria e energia solar
"O mais difícil foi obter uma estabilidade mecânica, e a camada
separadora desempenhou um papel crucial," conta Singh, que aproveitou
sua experiência com a pintura de supercapacitores.
Ela fez os testes usando células solares para carregar e recarregar as baterias.
Uma bateria completa, composta por 9 células paralelas, depois de
totalmente carregada, alimentou 40 LEDs por mais de 6 horas, com uma
corrente de cerca de 40 mA.
Como as baterias impressas são pequenas e de baixa potência, a
pesquisadora antevê a combinação célula solar/bateria de pintar como
promissora para a colheita de energia, em dispositivos que devem funcionar autonomamente por longos períodos.
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