Feixes de luz torcida são capazes de transmitir 85.000 vezes mais dados por segundo do que um cabo de banda larga.
Uma equipe internacional de cientistas demonstrou que o truque óptico
inusitado - torcer o feixe de luz - permite alcançar velocidades de até
2,56 terabits por segundo.
Isso equivale a transferir o conteúdo completo de 66 DVDs em 1 segundo.
Luz torcida
A primeira forma prática de torcer um feixe de luz de forma controlada, criando a luz torcida, surgiu em 2006.
Em 2010 veio a luz super torcida, usada para criar, um ano depois, um transístor óptico.
Há poucos dias, uma equipe tirou proveito do efeito para criar hélices de escuridão, permitindo contornar os inconvenientes do comprimento de onda da luz, muito grande para lidar com objetos em escala atômica.
Luz multicanal
Agora, Jian Wang, trabalhando na Universidade do Sul da Califórnia,
nos Estados Unidos, usou "hologramas de fase" para manipular oito feixes
de luz, fazendo-os propagar-se como se fossem hélices de DNA.
Cada um dos feixes tem sua própria torção, o que permite codificar
bits de dados em cada um deles - imagine diferentes parafusos, cada um
com um número diferentes de "voltas" na rosca.
Os feixes foram divididos em dois grupos de 4, cada um deles com um momento angular orbital diferente.
Os dois grupos foram filtrados para assumirem polarizações
diferentes, e combinados em um único feixe de luz para transmissão,
quatro no centro e quatro em volta.
Assim, cada feixe se torna um fluxo de dados independente dentro do
canal principal, de forma similar às diferentes estações que um rádio
consegue captar.
No receptor, o processo é desfeito, desmontando-se o feixe principal
em suas diversas hélices de luz constituintes, quando então se pode ler
os dados.
"Nós não inventamos a luz torcida, mas nós pegamos o conceito e o
levamos para a faixa dos terabits por segundo," disse o Dr. Alan
Willner, coordenador do experimento, acrescentando que uma das belezas
da óptica é que "você consegue fazer coisas com a luz que você não
consegue fazer com a eletricidade".
Inconveniências atmosféricas
Os pesquisadores transmitiram os dados em espaço aberto, segundo
eles, na tentativa de simular o que poderá acontecer com o uso desse
mecanismo para comunicações via satélite - na verdade, as fibras ópticas
distorcem a luz torcida.
Segundo a equipe, o experimento lança as bases para a construção de
links de satélites de velocidades extremamente altas, além de links
diretos em terra.
Contudo, devido ao delicado processo de montagem do feixe de luz
principal, composto por oito feixes individuais, a atmosfera pode ser um
problema, gerando interferências que poderão gerar perda de dados.
Embora não tenha ainda feitos testes práticos quanto a isso, o
professor Willner arrisca uma distância de 1 km como alcance prático
para a velocidade obtida nesse experimento.
Distâncias maiores estarão sujeitas a perdas, que equivalerão a uma
redução na velocidade de transmissão. Links entre satélites no espaço
não estarão sujeitos a essas limitações de velocidade.
A grande expectativa é que alguém consiga compatibilizar as fibras
ópticas com a luz torcida, disponibilizando esse autêntico
"teletransporte de dados" - 66 DVDs em 1 segundo - para uso prático.
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