Se você achou que a foto ao lado não está tão boa, até com um pouco
de granulação, é bom prestar atenção em um detalhe não tão visível.
Ela tem 40 micrômetros quadrados.
Isto significa que cabem 25.000 delas dentro de um milímetro
quadrado, que é um pouco menos do que a área da cabeça de um alfinete.
A imagem, obviamente, é uma foto da microfoto, tirada usando um microscópio.
O feito marca um avanço na área da nanotecnologia, mais
especificamente, na capacidade de ler e escrever coisas em escala
atômica.
E, mais importante ainda, na capacidade de efetuar registros
definitivos de informação, que não dependam de complicadas tecnologias
para serem lidos.
Microfotografia
Na área mais densa de "informações", a microfoto é formada por pixels
individuais de 10 nanômetros, menores do que os transistores dos
processadores mais modernos.
O feito é mais importante porque esta é a primeira vez que se
consegue criar tons de cinza por meio de uma gravação física nessa
resolução: são 17 tons de cinza, o que já é suficiente para a reprodução
de fotografias com boa qualidade.
"Nossa técnica usa litografia por feixe de elétrons com uma das
melhores resoluções [já obtidas], permitindo criar imagens em tons de
cinza que são altamente miniaturizadas," disse Joel Yang, do Instituto
AStar, de Cingapura.
E, segundo ele, não há impeditivos para que se chegue às microfotografias coloridas.
Registro definitivo de documentos
As possibilidades de uso prático da técnica são bem maiores do que as imagens propriamente ditas.
Ainda hoje, a guarda oficial de documentos é feita por um processo de microfilmagem, um processo caro demais para outros usos.
Se, de um lado, há um esforço coordenado para a digitalização de tudo
o que se produz hoje, dos livros científicos às transações bancárias,
por outro, cresce a preocupação com a durabilidade das mídias digitais.
Um DVD promete uma vida útil de 10 anos, enquanto nenhum fabricante
de disco rígido promete mais do que 5 anos. As fitas magnéticas, quase
em desuso, chegam aos 100 anos.
Ou seja, se a civilização atual deseja realmente arquivar seus conhecimentos a longo prazo, é necessário criar técnicas novas.
Afinal, o conhecimento que hoje temos das civilizações extintas está
limitado àquelas que fizeram seus registros em pedra, ou que viveram em
locais desérticos, onde o clima ajuda na conservação de materiais mais
frágeis.
Assim, a possibilidade de fazer registros físicos em nanoescala, sem
depender de complicados leitores magnéticos ou optoeletrônicos para sua
leitura posterior, abre novos caminhos para o registro "definitivo" de
documentos e saberes.
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