George Barbastathis e seus colegas do MIT criaram um vidro
texturizado que não apenas pode evitar os reflexos, como se tornar
autolimpante e à prova de embaçamento.
Esse vidro, que seus criadores chamam de "vidro multifuncional", tem
uma superfície nanoestruturada, repleta de minúsculos cones, cada um
medindo 200 nanômetros de diâmetro na base, e projetando-se por outros
200 nanômetros de altura.
A primeira propriedade obtida com essa nanoestrutura é o antirreflexo. Mas não é a única.
Superhidrofilicidade
As nanorrugosidades dão ao vidro a propriedade da
superhidrofilicidade, um fenômeno descoberto em 1995, que cria uma
película homogênea de água sobre o material, tornando o vidro
antiembaçante e autolimpante.
A película de água não apenas impede a incrustação de compostos
orgânicos, como remove qualquer partícula que já esteja depositada.
Superhidrofobicidade
Contudo, basta adicionar um componente extra, um surfactante, para
que o vidro multifuncional reverta completamente seu comportamento,
passando a apresentar a superhidrofobicidade, ou seja, ele passa a
repelir completamente a água.
Segundo Barbastathis, a nanoestrutura no formato dos cones evita a
perda das propriedades com o uso do vidro, tornando-o mais durável.
Mais luz para a energia solar
Segundo ele, o vidro multifuncional pode ter inúmeras aplicações, mas a energia solar parece ter muito a ganhar.
Os painéis solares perdem eficiência com o tempo devido à deposição
de poeira, que impede que a luz do Sol chegue até as células solares
propriamente ditas. Assim, um vidro autolimpante seria a escolha ideal
para recobri-los.
Além disso, a propriedade óptica do antirreflexo otimiza o rendimento
dos painéis solares conforme aumenta o ângulo de incidência da luz
solar, ao permitir que mais luz chegue às células solares.
Autolimpante de fora e antiembaçante de dentro
O setor da construção civil e os automóveis também poderão ser beneficiados.
"Você pode ter um vidro com superhidrofobicidade do lado de fora,
para que a água não se acumule e retire a sujeira, e
superhidrofilicidade do lado de dentro, para que o vidro não embace,"
disse Barbasththis.
A técnica de fabricação do vidro multifuncional ainda é complicada e
cara, mas o pesquisador afirma que, no futuro, ele poderá ser fabricado
"simplesmente passando o vidro através de um par de rolos texturizados
enquanto o vidro ainda está parcialmente fundido."
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