O grafeno é a estrela das pesquisas científicas e tem feito mais promessas do que o mais devoto dos fiéis.
Isso tem gerado uma expectativa quanto a quando essas promessas
começarão a ser cumpridas, ainda que isso possa ser exigir demais de uma
substância descoberta há menos de oito anos.
Contudo, assim como a concessão do Nobel pela descoberta do grafeno
bateu todos os recordes de velocidade, essa transição dos laboratórios
para as fábricas está se fazendo mais rapidamente do que seria razoável
cobrar.
Agora, por exemplo, pesquisadores italianos acabam de criar o
primeiro circuito integrado feito unicamente com portas lógicas de
grafeno.
Ou seja, não se trata mais de apenas um transístor de grafeno, ou mesmo de um circuito básico como fez a IBM há alguns meses.
Ambiente do mundo real
O novo circuito integrado de grafeno funciona em contato com o ar - e
não em atmosferas controladas de laboratório -, a temperatura ambiente e
usando as mesmas tensões usadas pela eletrônica do silício.
"Além disso, nossas portas são integradas sobre um tipo de grafeno
que pode facilmente ser crescido sobre áreas grandes, o que abre o
caminho para a fabricação em larga escala desses circuitos eletrônicos à
base de carbono," disse Roman Sordan, do Instituto Politécnico de
Milão.
É bem sabido que os inventores do grafeno coletaram a primeira
amostra de grafeno usando uma fita adesiva colada sobre o grafite.
Mas essa técnica de esfoliação é inadequada para uso industrial. Daí a
importância de desenvolver formas de obter o grafeno que funcionem de
forma consistente em larga escala.
Sordan e seus colegas construíram suas portas lógicas crescendo o
grafeno sobre pastilhas de silício usando deposição de vapor químico, um
processo muito usado na indústria.
Fator de ganho
A outra exigência básica para seu uso prático é que os circuitos de grafeno sejam rápidos.
"Nós demonstramos um ganho de tensão de 5,3, o mais alto já relatado
para o grafeno crescido por deposição química em condições ambiente,"
disse Sordan, lembrando que o trabalho anterior da equipe havia
alcançado um ganho de 0,04.
Finalmente, depois de criar as portas lógicas de grafeno, e mostrar
que elas são razoavelmente rápidas, os pesquisadores "cascatearam"
várias portas, criando circuitos mais complexos.
"Esses resultados nunca haviam sido vistos até agora, qualquer que
fosse a temperatura, nem mesmo em condições criogênicas," comemora
Sordan.
Circuito quente
Mas nem tudo está pronto: a tensão operacional do circuito integrado
de grafeno é elevada, e a dissipação de energia é alta, o que torna o
chip inadequado para aparelhos de baixo consumo de energia.
É nisso que a equipe pretende trabalhar agora.
Assim, cumprindo cada uma das promessas, uma de cada vez, talvez os
milagres prometidos pelo grafeno possam se tornar realidade antes mesmo
do que os mais devotos da tecnologia pudessem profetizar.
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