O nome eletrônica orgânica sempre causa confusão, com os semicondutores à base de carbono sendo confundidos com coisas vivas.
Talvez agora a confusão aumente um pouco, uma vez que James Grote, da
Universidade de Dayton, nos Estados Unidos, usou DNA para construir um
LED.
E os ganhos não foram poucos: o LED de DNA tem uma luz mais agradável
aos olhos humanos - é uma luz mais "quente" -, é mais brilhante,
consome menos energia e tem uma vida útil mais longa.
Não se trata de nenhum "LED vivo", mas a mudança é inusitada: o
pesquisador substituiu a camada fosforescente do LED, geralmente feita
com uma mistura à base de epóxi, por uma camada de ácido
desoxirribonucleico (DNA), processada a partir de ovas e esperma de
salmão.
Esse DNA processado é um produto já disponível comercialmente, fabricado no Japão a partir de resíduos da indústria pesqueira.
Embora a produção seja pequena, mais voltada para pesquisas, o fato
de usar como matéria-prima algo que é descartado pela indústria torna o
material potencialmente muito barato.
LED de DNA
O mais surpreendente do resultado dessa substituição de epóxi por DNA
é que a camada de epóxi não é exatamente o material ativo emissor de
luz.
O LED de DNA continua sendo feito com o semicondutor nitreto de gálio, que emite luz azul.
Contudo, "a fluorescência do filme baseado em DNA é 100 vezes maior
do que a fluorescência do filme original", diz o pesquisador.
"O DNA inicialmente era solúvel somente em água, assim ele foi
primeiro precipitado com CTMA para torná-lo insolúvel em água, mas
dissolúvel em solventes orgânicos. Depois de dissolver o DNA-CTMA em
butanol, nós simplesmente misturamos [esse composto] com o pó de
YAG:Ce," disse Grote.
CTMA é a sigla de cloreto de hexadeciltrimetilamônio. E YAG:Ce
refere-se a um composto - a granada de alumínio-ítrio dopada com cério -
usado para converter a luz originalmente azul do LED em luz branca.
Conversão de luz no LED
A luz originalmente azul emitida pelo semicondutor nitreto de gálio
excita o YAG:Ce, fazendo com que uma parte da luz azul seja convertida
para uma luz amarelada.
A luz amarela estimula os receptores vermelho e verde dos olhos, e a
mistura resultante de azul e amarelo nos dá a impressão de estar vendo
uma luz branca. Uma luz branco-azulada, na verdade, chamada de "luz
fria", que não é a mais agradável aos olhos humanos.
O novo material à base de DNA converte a luz emitida pelo
semicondutor em uma luz mais avermelhada, reduzindo ou até eliminando o
componente azul, fazendo com que o LED emita uma luz branca "quente".
Além disso, a camada de DNA mostrou-se mais resistente à degradação
do que a camada original, o que significa que o LED terá uma vida útil
ainda maior.
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