A descoberta, feita pela pesquisadora Daniela Moniz Arduíno, contraria algumas das teses científicas mais recentes sobre as causas de uma das patologias neurodegenerativas mais comuns em todo o mundo.
Os resultados revelam que a disfunção da mitocôndria - responsável pela produção de energia nas células - é a grande responsável pelo aparecimento da doença.
O estudo publicado na revista de referência mundial Human Molecular Genetics.
Tráfego intracelular
Os pesquisadores portugueses demonstraram, pela primeira vez, em estudos ex-vivo (com células de doentes de Parkinson), que a deficiência no tráfego intracelular (autoestradas celulares) é provocada pela disfunção das mitocôndrias dos doentes.
"Analisamos toda a via e verificamos que, na doença de Parkinson, a disfunção mitocondrial é o evento que está na base de uma autofagia deficiente - mecanismo através do qual ocorre a degradação de organelas disfuncionais e de proteínas danificadas, lixo biológico que se vai acumulando ao longo do envelhecimento e que se não for eliminado leva à morte das células," explica a professora Sandra Morais Cardoso, coautora da pesquisa.
Segundo ela, esta descoberta fornece novas pistas importantes para o desenvolvimento de futuros fármacos que previnam a interrupção do tráfego e, deste modo, assegurem o normal transporte intracelular, que se processa ao longo de todo o neurônio, desde o núcleo até os terminais sinápticos.
"Verificamos que, por si só, a autofagia não poderá ser utilizada como alvo terapêutico após o diagnóstico, sendo por isso necessário desenvolver abordagens terapêuticas que, simultaneamente, promovam a autofagia e restaurem o tráfego celular," diz a professora.
Autofagia
O processo autofágico tem duas componentes distintas, assumindo, por um lado, o papel de controle de qualidade das células e, por outro, transformando - durante o jejum prolongado - os elementos da célula em nutrientes para prolongar a preservação do organismo.
Com isto em mente, os pesquisadores estudaram todo o processo autofágico e verificaram que, na doença de Parkinson, a sua ativação pode ser prejudicial.
Identificado o novo mecanismo responsável pela origem da doença de Parkinson, agora "o nosso desafio é estudar e perceber como é que a disfunção da mitocôndria leva à desestabilização das autoestradas celulares," conclui Sandra.
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Fonte: Catarina Amorim
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