Cientistas estão se preparando para construir luvas cirúrgicas
eletrônicas, não apenas restaurando, mas ampliando a sensibilidade dos
dedos dos cirurgiões.
E, mais do que isso, prometendo literalmente colocar em suas mãos recursos que hoje exigem instrumentos cirúrgicos separados.
Luvas são essenciais na quase totalidade dos procedimentos de saúde.
Conseguir um equilíbrio entre sensibilidade e resistência, porém, não é
uma tarefa fácil.
Agora, usando circuitos eletrônicos tão flexíveis que podem ser até
esticados, os engenheiros poderão garantir a fabricação de luvas
ultra-resistentes e, simultaneamente, melhorar a sensibilidade tátil
necessária para operações delicadas.
A inovação é resultado de uma série de inovações desenvolvidas pela equipe do Dr. John Rogers, um pioneiro no campo da eletrônica flexível.
Sensibilidade eletrônica
Há cerca de seis meses, o grupo apresentou uma pele eletrônica ativa, capaz de monitorar e controlar a saúde.
Agora, eles apresentaram o que chamam de estimuladores eletrotácteis,
circuitos eletrônicos e sensores que podem ser montados conjuntamente
para formar uma espécie de "pele artificial", ou "pele eletrônica",
ultra-sensível, capaz de prover sensibilidade suficiente para a ponta
dos dedos.
Mas não se trata apenas de replicar o tato humano.
"Imagine a capacidade de sentir as propriedades elétricas do tecido, e
então removê-lo prontamente, com precisão, tudo apenas com os dedos,
usando luvas cirúrgicas inteligentes," disse Rogers.
"Alternativamente, ou talvez em acréscimo, o imageamento por ultra-som também pode ser possível," completa ele.
Os pesquisadores afirmam que sua pele eletrônica também terá ampla aplicação na robótica, não apenas entre os robôs cirurgiões, mas entre os robôs que precisam interagir com o ser humano.
Dos dedos para o coração
O circuito flexível avalia pressão, estresse e tensão medindo
alterações na capacitância - a capacidade de armazenar cargas elétricas -
de pares de microeletrodos. As forças aplicadas sobre o circuito forçam
sua deformação, alterando sua capacitância.
O "dedal eletrônico" apresentado agora também incorpora sensores para
detectar movimento e temperatura, e poderá no futuro conter mecanismos
de aquecimento que poderão ser usados para ablação e outras operações
similares.
"Talvez o resultado mais importante é que conseguimos incorporar
tecnologias multifuncionais à base de semicondutores de silício para
formar peles macias, tridimensionais e de formato livre, adequadas para
integração não só nas pontas dos dedos, mas também em outras partes do
corpo," acrescentou o professor Rogers.
De fato, a equipe planeja agora criar uma pele eletrônica que possa
ser integrada em outras partes do corpo, incluindo o coração.
Neste caso, o dispositivo deverá envolver a superfície do coração,
como uma meia, para proporcionar várias funções de exame e atuação,
sobretudo para o tratamento de arritmias cardíacas.
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