domingo, 15 de junho de 2008

Conheça 15 momentos que mudaram a história da tecnologia

Imagine como seria o mercado de computação hoje, se a IBM tivesse utilizado chips proprietários no PC original, no lugar de componentes de terceiros. É bem provável que o mercado de PCs clonados nunca tivesse acontecido e que a IBM, mais do que a Microsoft, tivesse emergido como a líder na revolução do mercado de computadores.

E o que teria acontecido se Steve Jobs nunca tivesse feito um tour pelo laboratório PARC (Palo Alto Research Center) da Xerox? Ele nunca teria visto a GUI (Grafic User Interface) do PARC em ação e talvez não tivesse criado o Macintosh. E então onde estaria o Windows hoje?

Veja a seguir 15 pontos que ajudaram a transformar a indústria da computação que conhecemos hoje, sendo que alguns deles continuam influenciando esta evolução.

1- NeXT e o retorno de Jobs

No final dos anos 90, a Apple estava fora de forma. Sua imagem estava desgastada e a participação de mercado em franco declínio. Enquanto isso, os sistemas operacionais Windows NT e Windows 95 ultrapassavam o Mac OS em funções e tecnologia.

O novo e ultra-secreto sistema operacional da Apple, apelidado de Copland, seria a saída para que a empresa retomasse sua liderança tecnológica – se fosse realmente lançado. Após dez anos de desenvolvimento, o projeto atingiu um nível mais do que ambicioso.

Em 1996, sem data para lançar o Copland em vista, o então Chief Executive Officer (CEO) da Apple, Gil Amelio, tomou uma de suas mais difíceis decisões. Abandonou o investimento no Copland, ele adquiriu a empresa NeXT, que não apenas tinha seu próprio sistema operacional baseado em Unix, que poderia ser modificado para rodar no Mac, como também era comandada por Steve Jobs, co-fundador e da Apple.

Ao voltar para a Apple, Jobs decidiu reinventar a empresa. Seus sucessos incluíram não apenas o Mac OS X, mas o iMac, o iPod, uma linha bem-sucedida de servidores, estações de trabalho e portáteis. A decisão levou à saída de Amélio do comando da Apple, mas o legado da NeXT de origem a uma Apple bem diferente do que ele comandou.

2- Xerox versus software livre

Você acha que tem problemas com impressoras? Então veja essa situação: em 1980, os programadores do laboratório do MIT (Massachussets Institute of Technology), agraciados com uma das mais novas impressoras a laser da Xerox, tinham de subir as escadas toda vez que enviavam um documento para impressão porque a máquina havia sido instalada no andar errado.

O problema foi resolvido por um hacker no MIT. Ele simplesmente modificou o software da impressora para avisar, automaticamente, por e-mail, o usuário quando a impressão estivesse completa. Tudo o que ele precisava era do código-fonte da impressora. Mas havia um problema. Levantando questões de direitos autorais e segredo industrial, a Xerox não revelaria o código de sua nova impressora sem a assinatura de um acordo de confidencialidade – uma exigência pouco comum naquela época.

Mas o hacker do MIT era Richard Stallman, e sua birra com a Xerox logo se tornou uma lenda. Stallman declarou guerra ao software proprietário e ela se transformou no Projeto GNU e na Free Software Foundation – provando que não se deve impedir um programador de acessar seus códigos.

3- Microsoft dividida

Em junho de 2000, ao constatar que a Microsoft havia abusado de sua posição dominante no mercado de software, o juiz Thomas Penfield Jackson ordenou que a empresa se dividisse em duas companhias: uma voltada à venda de sistemas operacionais e outra destinada à oferta de aplicações.

A sentença nunca entrou em prática. No ano seguinte, a corte de apelação dos Estados Unidos iria derrubar a decisão de Jackson.

Hoje, é possível apenas especular como seria o atual cenário de tecnologia se a Microsoft estivesse dividida. A própria Microsoft chegou a descrever a decisão, como uma “sentença de morte” na época, mas sabemos o que aconteceu após a decisão ter sido descartada. Livre para conduzir seus negócios na área de software, a Microsoft conduziu um caminho que nos trouxe até o Windows Vista – não importa quantos usuários ainda prefiram salvar o XP

4- A era do smartphone

No final dos anos 90, a Palm, tendo criado o mercado de PDAs (Personal Digital Assistants), lutava para defender sua participação contra desafiantes, como a Microsoft. A empreitada fez com que um grupo de executivos da Palm deixasse a empresa, em 1998, para fundar a Handspring, uma startup destinada a trazer inovações para a plataforma Palm.

A diferença era que os PDAs da Handspring aceitavam módulos de hardware adicionais, abrindo caminho para experimentos da companhia e seus parceiros. Por exemplo, mais do que apenas armazenar números de telefone, por que seu PDA não poderia realizar as chamadas também?

O resultado foi um celular-rádio chamado VisorPhone, que se transformou em um sucesso, carregando consigo a Handspring. Os planos eram lançar, em breve, um modelo que combinasse telefone e PDA em um único dispositivo portátil

Em 2001, quando a Handspring lançou o Treo, o conceito era bom demais mesmo para a Palm deixá-lo de lado. Dois anos depois, a Palm comprou a Handspring, o PDA foi aprimorado e se transformou no smartphone.

5- A praga do spam

A ARPANet, antecessora da internet que conhecemos hoje, foi criada pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos para facilitar a comunicação a distância entre pesquisadores, fornecedores e outros parceiros do governo. Em boa parte, esta comunicação significava a troca de e-mails.

Então, em um belo dia de 1978, Gary Thuerk, funcionário do marketing da Digital Equipment Corp., teve uma brilhante idéia para comunicar um lançamento na rede. No lugar de enviar um e-mail para cada pessoa da ARPANet, por que não incluir todos os destinatários na mensagem de uma vez só? Seria uma forma rápida e fácil de informar a todos sobre um evento que empresa estava planejando para apresentar sua nova linha de mainframes.

O resultado foi o envio do primeiro spam do mundo, que não deixou os responsáveis pela ARPANet muito contentes. “Foi uma clara violação do uso da ARPANet como uma rede destinada apenas a transações envolvendo o governo dos Estados Unidos”, escreveu o Major Raymond Czahor. “Medidas apropriadas estão sendo tomadas para impedir essa ocorrência novamente.” E estamos esperando, há 30 anos, por uma providência para acabar com o spam.

6- O domínio do Microsoft Office

Se você tivesse um PC em sua mesa no ano de 1986, provavelmente estaria escrevendo ou mastigando números no WordPerfect ou em um Lotus 1-2-3. Rápidos e cheios de funções, eles estavam entre os melhores programas que o sistema operacional DOS tinha a oferecer. Eles eram tão bons, de fato, que poucas empresas sonhariam em trocá-los por alternativas da Microsoft.

Infelizmente, nem o Lotus nem o WordPerfect anteciparam o sucesso do Windows. Eles tomaram como princípio que as aplicações definiriam a escolha do sistema operacional pelo consumidor, não o contrário.

Em 1990, a Microsoft estava oferecendo tanto o Word como o Excel, incluindo o recém-lançado PowerPoint, em um pacote chamado “conjunto Office” aos usuários do Windows.

7- Louis Gerstner revive a IBM

Quando Louis Gerstner tornou-se CEO da IBM, em 1993, a empresa estava desmoronando. Em 1992, diante de um prejuízo de 4,97 bilhões de dólares – o maior registrado até então na história norte-americana – e da queda brusca nas vendas de mainframes, o conselho da empresa começou a se desvencilhar de unidades de negócios para ganhar fôlego.

Gerstner pôs um ponto final do processo. O executivo consolidou e organizou a IBM em várias divisões, expandiu os negócios da empresa na área de software e revitalizou sua cultura corporativa. Mas seu movimento crucial foi mudar o foco da IBM de produtos para serviços. Hoje, a divisão Global Services ainda gera o maior ganho da IBM, tendo registrado uma receita de 15 bilhões de dólares em 2007, e abriu um modelo de negócios viável a uma série de empresas de software.

8- Coelhinha da Playboy na ARPANet

Em 1973, Alexander Sawchuk precisava de uma fotografia para testar um novo algoritmo de compressão de imagens que ele estava desenvolvendo na Universidade de Southern California. Como precisava de um rosto humano para seu teste, após uma busca no laboratório, Sawchuck encontrou uma foto de Lenna Sjööblom, a Miss Novembro da Revista Playboy de 1972.

Dizem que tudo o que você publica na Internet está armazenado para sempre. Para Lenna não foi diferente, mesmo na era pré-web.

A foto digitalizada por Sawchuck acabou tornando-se uma referência em pesquisas de compressão de imagens e aparece em uma série de artigos sobre o tema.

9- E-mail rápido

Ler e-mails na web é muito chato. Esta era a avaliação da Microsoft em 2000, quando a web era baseada em páginas e cada solicitação em HTTP representava uma volta até o servidor. E este tinha de atualizar a página inteira, o que não era muito bom para aplicações de alta atividade como clientes de e-mail. Sendo assim, para dar mais utilidade ao Outlook Web Access 2000, os desenvolvedores da Microsoft criaram uma forma dos browsers se comunicarem com os servidores web, carregando pequenos pacotes de dados de forma assíncrona.

A idéia pegou. Apesar de uma história turbulenta com o Internet Explorer, o Projeto Mozilla Project criou uma funcionalidade parecida no Mozilla 1.0, em 2002, chamada XMLHttpRequest. As portas foram abertas e aí nascia uma nova forma de codificar para a web.

10- Linux derrota SCO

Em 2003, uma nuvem negra pairou sobre o segmento de código aberto. O Grupo SCO, liderado pelo novo CEO, Darl McBride, decidiu reclamar a autoria de partes essenciais do kernel do Linux.

Avisos foram enviados a clientes de Linux sobre o pagamento de mensalidades à SCO, caso não quisessem sofrer ações pela infração de direitos autorais.

A SCO, entretanto, subestimou a importância do sistema operacional de código aberto para as empresas, especialmente para a IBM. A razão pela qual a SCO achou que poderia vencer o departamento jurídico da ‘Big Blue’ ainda é um mistério. Um a um, os advogados da IBM derrubaram cada argumento da SCO, estabelecendo a legitimidade do Linux.

No decorrer do processo, McBride e sua empresa foram ridicularizados e depois faliram. Enquanto isso, o mercado de Linux explodiu, tendo aliados como CA, IBM, Novell e Red Hat.

11- Intel e o mito dos megahertz

Nos primórdios da fabricação de chips para PCs, a velocidade ditava as regras. Tudo o que você tinha de fazer era aumentar os ciclos de clock para ver clientes sedentos por mais desempenho correndo atrás de seu novo microprocessador.

Mas, no início de um novo século, as velocidades de clock saltaram para os Gigahertz, que os antigos designs de chips não conseguiam acompanhar. Eles acabavam esquentando demais e consumindo muita energia.

Eis que entra em cena a geração Pentium M, um novo chip capitaneado pelo time da Intel em Israel, liderado por Mooly Eden.

Embora o Pentium M tenha sido desenvolvido para computadores portáteis, com menor taxa de consumo de energia e instruções mais eficientes do que as de CPUs, ficou claro que a Intel estava no momento de quebrar uma barreira, mesmo para os desktops

Hoje, a série de chips Core, derivada do Pentium M e lançada em 2006, mostra que, nesta corrida, os chips vencedores não serão apenas os mais rápidos, mas os mais inteligentes.

12- A queda do NetWare

Antes do surgimento do NetWare, da Novell, em 1985, transferir dados em um escritório significava perambular com um disquete na mão. A rede para PCs NetWare era acessível e rapidamente tomou o mundo da computação. No final dos anos 80, a Novell afirmava ter 90% do mercado.

Mas a empresa não previa que o NetWare tinha um calcanhar de Aquiles. Se a entrada da Microsoft no ambiente de Internet foi considerada lenta, a da Novell foi duas vezes mais.

Para os padrões da época, o Windows NT era mais fraco se comparado ao NetWare, mas tinha uma clara vantagem: suporte nativo ao protocolo TCP/IP, o protocolo central da internet. Já o servidor do NetWare se baseava em antigos protocolos IPX e SPX, o que dificultavam sua integração a servidores FTP, browsers e ao e-mail via internet. E conforme a demanda pela grade rede crescia, as empresas começaram a substituir seus servidores NetWare por Windows, e as redes Novell logo tomaram o mesmo caminho dos disquetes.

13- TI pressionada pela contabilidade

Gerenciar um grande parque de tecnologia nunca foi fácil, mas ao menos as empresas não tinham o governo na cola. Tudo mudou em 2002, com a aprovação da Lei Sarbanes-Oxley.

Enron, WorldCom e outros escândalos contábeis expuseram a necessidade de melhores práticas por parte das empresas com ações em bolsa. Mas contabilidade significa auditoria, que por sua vez requer documentação. Infelizmente, o fardo de armazenar documentações exigidas pela Sarbanes-Oxley recaiu sobre o departamento de TI.

Em 2005, administradores de TI se viram envoltos em um gasto substancial de tempo e dinheiro para atender às demandas da SOX. E como se a SOX já não fosse suficiente, as empresas do setor de saúde ainda tinham de estar em conformidade com a HIPAA.

Mesmo que algumas demandas da SOX sejam revistas, para o setor de TI não há volta. A adaptação regulatória fincou sua posição como um componente essencial de operações de negócios, para o bem ou para o mal.

14- Apple muda sua estratégia de chips

O Macintosh sempre foi um computador “à parte”, mesmo antes de a Apple lançar sua campanha “Think Different”, em 1997. Em desacato ao domínio da plataforma x86 do mercado de chips para PCs, os primeiros Macs usaram as CPUs da série Motorola 68000.

Mais tarde, quando era preciso mais desempenho, a Apple mudou para a arquitetura PowerPC, da IBM, mas a armadilha foi a mesma: os Macs e os PCs eram tão diferentes quanto maçãs e laranjas.

Mas a Apple não podia lutar contra as ondas para sempre. Problemas de performance e alto consumo de energia penalizaram o PowerPC que, em 2005, recebeu o golpe fatal: a Apple anunciou que passaria, no ano seguinte, a vender Macs com processadores da Intel, terminando com os 20 anos de “Pensar Diferente” sobre CPUs.

O mercado de chips para PCs, então, se tornou uma monocultura. Cada computador, hoje, possui a arquitetura da Intel. Os Macs podem até rodar Windows. Mas tudo bem, fãs de Mac - se o que está dentro de sua máquina não te faz sentir diferente, sua aparência ainda fará.

15- A terceirização atinge níveis globais

Quando o ano 2000 chegou, as empresas norte-americanas viram o Y2K - o bug do milênio - como uma ameaça aos seus softwares. O que elas não anteciparam, contudo, foi o impacto que o bug teria na força de trabalho dos Estados Unidos.

De cara com poucas mãos para endereçar a crise Y2K, os departamentos de tecnologia buscaram por respostas. Encontraram, então, uma mina de ouro não explorada. A união do crescimento da internet a reformas sociais e econômicas havia estimulado um verdadeiro exército de trabalhadores qualificados nos países em desenvolvimento.

Empresas indianas como a Infosys e a Wipro estão entre as primeiras a popularizar a terceirização em TI, mas empresas na Rússia, Europa Oriental e China - e outros países viriam em seguida.

Enquanto isso, a Reforma da Imigração e a Lei de Controle de 1990 criaram o programa de vistos H-1B, que tornou mais fácil para as empresas norte-americanas importarem funcionários estrangeiros.

Hoje, o Y2K pode estar bem atrás de nós, mas estas marcas não mostram sinal de desaceleração. Quanto mais países acordarem para a economia da internet, mais a força de trabalho deve manter-se competitiva em um mundo constantemente horizontal.

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