sexta-feira, 30 de setembro de 2011

FeTRAM: memória não-volátil consome 99% menos energia

Combinando nanofios de silício e um plástico ferroelétrico, pesquisadores desenvolveram um novo tipo de memória de computador.

Como acontece com todos os novos tipos de memória de computador, este promete ser mais rápido e consumir menos energia - com a vantagem de não perder os dados quando o computador é desligado.

De fato, seu projeto é mais simples, o que torna possível consumir muito menos energia.

A nova memória é bastante similar às já bem conhecidas memórias ferroelétricas, ou FeRAMs.

Sua grande vantagem é que a informação armazenada no material ferroelétrico pode ser lida de forma não-destrutiva - a leitura não destrói o dado.

Com isto, torna-se possível armazenar o dado usando um transístor ferroelétrico, em vez de um capacitor, como nas atuais FeRAMs.

Transístor ferroelétrico

O polímero ferroelétrico muda de polaridade sob a ação de um campo elétrico, permitindo seu uso como um transístor ferroelétrico - na prática, uma célula de memória que não perde os dados depois que a energia é desligada.

A nova tecnologia é chamada FeTRAM, uma sigla para memória de acesso aleatório com transístor ferroelétrico.

"Nós desenvolvemos a teoria e fizemos o experimento, e também demonstramos que ele funciona em um circuito," afirmou Saptarshi Das, da Universidade Purdue, nos Estados Unidos.

Graças à eliminação do capacitor, a memória não-volátil tem potencial para usar 99% menos energia do que uma memória flash - como as usadas nos pen-drives.

"Entretanto, nosso dispositivo ainda consome mais energia porque ele ainda não foi adequadamente miniaturizado," pondera Das. "Para as futuras gerações da tecnologia FeTRAM um dos principais objetivos será a redução da dissipação de potência. Eles também poderão ser mais rápidos do que qualquer outro tipo de memória."

Nanocompósitos podem viabilizar avião-Transformer

Compósitos são materiais híbridos, resultantes da mistura de polímeros com materiais naturais, metais, fibras ou cerâmicas.

Os nanocompósitos são materiais desse tipo, mas cuja estrutura é projetada e sintetizada em nanoescala.

Cientistas ligados à NASA estão agora estudando uma nova série de nanocompósitos capazes de "reagir a estímulos".

Materiais reativos

De forma semelhante a um ser vivo, por exemplo, afastando-se rapidamente de uma fonte de calor, esses nanocompósitos reativos alteram suas propriedades mecânicas quando expostos a campos elétricos, campos magnéticos ou a algum tipo de radiação eletromagnética.

A alteração das propriedades desses "materiais mutantes" deriva de interações sinergísticas entre a matriz de polímero e seu material de preenchimento.

Os pesquisadores agora conseguiram desenvolver um novo material com uma capacidade de reação significativa a um campo elétrico, o que significa que ele pode ser usado como atuador - para exercer uma força, por exemplo - ou sofrer uma deformação.

É um passo gigantesco à frente dos músculos artificiais.

Aviões que mudam de forma

Um dos objetivos primários da pesquisa é o desenvolvimento de aviões que possam se adaptar às condições de voo alterando seu próprio formato - eles são chamados de aviões morfológicos (morphing planes).

Por exemplo, um avião precisa de grande sustentação nas baixas velocidades de decolagem e pouso, mas isso compromete sua aerodinâmica para o voo em alta velocidade.

Hoje, esse equilíbrio é obtido cedendo-se dos dois lados, o que significa que os aviões não são ótimos em nenhuma das duas situações.

Alguns sistemas de asas móveis tentam contornar esse compromisso, mas com um custo e uma complexidade elevados demais para serem usados em aplicações úteis - na aviação civil, por exemplo.

Mas esses materiais adaptativos são promissores para inúmeras outras aplicações, de stents e implantes médicos a automóveis e telescópios.

Do nano ao macro

Os maiores entraves ao uso desses materiais inovadores estão nas restrições de temperatura e no fato de que os protótipos até agora desenvolvidos suportam poucos ciclos de funcionamento - o que significa que eles perdem sua capacidade de se "transformar" com o uso.

Os pesquisadores descobriram que a saída pode estar no uso de nanotubos de carbono no meio dos chamados nanocompósitos poliméricos eletrorrestritivos (PNC: Electrostrictive Polymer Nanocomposites).

De forma surpreendente, os pesquisadores descobriram que as nanopartículas são essenciais para a construção dos materiais eletroativos, mas a capacidade final do material para mudar de forma depende das suas características finais em macroescala.

Os resultados mostraram que a atuação eletrotermal do nanocompósito não depende da composição do material que preenche a matriz de polímero, mas apenas da condutividade final do material pronto - daí a importância dos nanotubos de carbono, com sua excepcional condutividade.

O trabalho estabelece um novo patamar para as pesquisas, permitindo que os cientistas selecionem os melhores materiais de preenchimento, calculem sua quantidade ótima e descubram novas técnicas de processamento - tudo para otimizar o comportamento morfológico final do material.

Para que o lixo nuclear descanse em paz

Dentro de 20 anos, a Suíça também pretende sair da era nuclear.

Ao menos da tecnologia atual.

Enquanto a Alemanha resolveu banir definitivamente suas usinas nucleares, a comissão de energia do Senado suíço deixou uma porta aberta para tecnologias futuras.

Se nada mudar, tudo o que restará será o trabalho de enterrar dezenas de milhares de toneladas de lixo radioativo das usinas nucleares.

Estocagem do lixo nuclear

Pesquisadores da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), estão testando um sistema de estocagem com barreiras múltiplas, projetado para que o lixo fique seguro por séculos, até tornar-se inofensivo.

Hoje, o lixo nuclear das centrais suíças esfria muito lentamente em imensas piscinas nas próprias usinas e no depósito intermediário de Würenlingen.

Desde 2006, com a moratória votada pelo Parlamento para a construção de novas usinas, a Suíça deixou de enviar o lixo radioativo à empresa francesa Areva, para reciclagem na usina de La Hague.

A reciclagem existe: A Areva afirma que 96% das barras usadas das usinas nucleares francesas voltam a ser enriquecidas para reutilização como combustível.

Os ecologistas do Greenpeace desmentem e dizem que esses dados se explicam pelas exportações ilegais que vão enferrujar em depósitos na Sibéria.

É verdade, quando se trata de nuclear, nada é simples e nem totalmente transparente.

Depósito profundo de lixo nuclear

Alessio Ferrari é um cientista e não um político.

Pesquisador no laboratório de mecânica dos solos (LMS) da EPFL, ele estuda formas pelas quais as rochas poderiam abrigar o lixo radiativo sem que jamais ele entre em contato com o meio ambiente nem com o lençol freático.

É a opção de depósito em camadas geológicas profundas, escolhida pela Suíça e por seus vizinhos. Se, na superfície, o processo parece marcar passo, nos laboratórios a pesquisa avança rapidamente.

"Houve uma forte aceleração no plano europeu, nos últimos cinco a dez anos", diz Alessio Ferrari. "Os cientistas dispõem agora de melhores laboratórios, melhores resultados, uma compreensão de como os solos se comportam quando as condições mudam. O poder público também estimula a pesquisa porque se dá conta que é preciso, enfim, encontra uma solução".

Lixo nuclear com múltiplas barreiras

A parte do lixo radioativo que não pode mais ser reciclada é vitrificada, ou seja, derramada em uma matriz de vidro tida como quimicamente estável.

Mas o lixo ainda é ativo e, portanto, produz calor: até 150° C, durante séculos, até o seu esfriamento total, depois de 10 mil a 100 mil anos.

Nada garante que a radioatividade não vaze do envelope vitrificado.

Então essa primeira barreira não é suficiente.

A segunda é um container de aço. Apesar de ter várias dezenas de centímetros de espessura, o contêiner também não é uma garantia absoluta e milenar contra os vazamentos radioativos.

Isso sem contar as possíveis agressões exteriores, sobretudo da água, que poderia corroer o metal. Em princípio, a rocha é pouco permeável aos líquidos, mas, para não ameaçar os tataranetos, os cientistas preveem uma terceira barreira antes das rochas.

"Não podemos simplesmente colocar esses contêineres no fundo de um túnel," explica Alessio Ferrari. "É preciso um material tampão entre os contêineres e a rocha. O que testamos atualmente é a bentonita, uma espécie de argila que tem a propriedade muito interessante de poder absorver quatro a cinco vezes seu volume inicial de líquido. Quando ela fica saturada, se torna impermeável".

No campus da EFPL, o laboratório testa portanto a resistência da bentonita e seu comportamento em situações de calor, umidade e pressão dos contêineres, que pesarão entre 8 e 26 toneladas cada um.

Meia eternidade

Uma outra parte do trabalho é feita nas encostas do Grimsel e do Monte Terri, na região do Jura, em um laboratório-túnel gerido por um consórcio internacional de órgãos públicos e de institutos acadêmicos, sob o controle da Secretaria Federal de Topologia.

Isso não quer dizer que essa rede de túneis, a 300 metros de profundidade seja o futuro depósito de lixo nuclear da Suíça. Atualmente, a estocagem de lixo radioativo é inclusive proibida.

"As rochas que encontramos aqui existem quase por toda parte na Suíça", explica Alessio Ferrari. O estudo do comportamento da rocha nas mesmas condições exigidas para uma estocagem de material radioativo faz parte de seu projeto

Mas como ter certeza de que o que está sendo testado hoje será válido pelo que parece ser "meia eternidade"?

Alessio Ferrari é consciente do problema: "A escala temporal de um laboratório é limitada no máximo a alguns anos. Para a rocha, 10 mil anos não é nada na escala de tempo geológica e vamos escolher rochas muito estáveis. Para a bentonita, devemos extrapolar através de um modelo matemático".

É melhor, se possível, não se enganar porque o modelo suíço de depósito de lixo nuclear prevê que, uma vez que ele seja fechado, ninguém mais entrará nele.

Fonte: Swissinfo

Criado material mais escorregadio do mundo

Cientistas construíram a superfície mais escorregadia que se conhece.

Inspirando-se nas folhas de uma planta carnívora (Nepenthes pitcher), Joanna Aizenberg e seus colegas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, criaram uma superfície omnifóbica - capaz de repelir quase tudo.

Os testes mostraram que nada consegue aderir ao material, incluindo água, óleo, geleia de frutas e nem mesmo formigas, que saem escorregando como se estivessem patinando.

Segundo os pesquisadores, o material biomimético será útil para a criação de janelas e paredes autolimpantes e tubos para transportar líquidos e gases de forma mais eficiente e mais rápida.

Estratégias escorregadias

Há tempos os cientistas inspiram-se nas folhas de lótus para criar superfícies super-hidrofóbicas, que nunca se molham.

Essas plantas têm em sua superfície uma verdadeira floresta de nanopostes, na extremidade dos quais uma cera sustenta as gotas de água. O resultado é que o peso da gota se divide entre os nanopostes, como um faquir sobre uma cama de pregos.

O inconveniente é que esse princípio só funciona para líquidos com elevada tensão superficial, como a água.

A estratégia da planta carnívora é semelhante, mas, em vez de postes retendo entre si uma camada de ar, a Nepenthes pitcher tem ranhuras cheias de néctar.

Plantas carnívoras têm material anti-aderente super eficiente

O que parece ser uma diferença sutil torna a superfície eficaz contra uma gama muito maior não apenas de líquidos, mas também de outros materiais.

Revestimento contra grafiteiros

Em vez de néctar, os pesquisadores usaram um líquido lubrificante, no qual o material foi mergulhado depois de ter as ranhuras escavadas em sua superfície.

Além de mais eficiente, o material é também mais resistente e robusto, suportando até mesmo danos mecânicos sem perder seu comportamento escorregadio - o líquido lubrificante escorre para dentro dos defeitos, recobrindo-os e preservando o comportamento do material.

Os cientistas chamaram essa nova classe de materiais omnifóbicos de SLIPs, "escorregar" em inglês, mas também uma sigla para Slippery Liquid-Infused Porous Surfaces - superfícies escorregadias porosas com infusão líquida.

Os cientistas já começaram a testar seu novo material como um revestimento no interior de tubos para o transporte de fluidos, revestimento antimanchas para materiais ópticas e tintas anti-grafiteiros.

Vacina espanhola atinge 90% de proteção contra o HIV

Pesquisadores espanhóis demonstraram uma elevada eficácia de um novo candidato a vacina contra o HIV.

90% dos voluntários que receberam a vacina desenvolveram uma resposta imunológica ao vírus e, em 85% deles, essa resposta permaneceu por pelo menos um ano.

"O MVA-B comprovou ser tão poderoso ou melhor do que as vacinas atualmente em estudo," disse o Dr. Mariano Esteban, do Centro Nacional de Biotecnologia da Espanha.

Os aspectos de segurança e eficácia do novo candidato a vacina, um dos mais promissores obtidos até agora, estão descritos em dois artigos na revista científica Vaccine y Journal of Virology.

MVA-B

Em 2008, o composto, chamado MVA-B, mostrou alta eficácia em camundongos e macacos, oferecendo proteção contra o vírus da imunodeficiência símia (SIV).

Isto levou à realização de ensaios clínicos em humanos, que envolveram um pequeno grupo de 30 voluntários saudáveis.

Agora, graças à alta resposta imunológica verificada também seres humanos, a equipe vai começar uma segunda fase de testes, envolvendo voluntários infectados pelo HIV, para testar a sua eficácia como uma vacina terapêutica.

O sucesso do tratamento é baseado no sistema imunológico, que, segundo os pesquisadores, pode ser treinado para responder às partículas do vírus e às células infectadas de forma permanente.

HIV alterado não consegue fugir do sistema imunológico


Cautela

Com relação à segurança do MVA-B, "os efeitos secundários que ocorreram são esperados em qualquer tipo de vacinação, principalmente no local da injeção," disse o Dr. Juan Carlos López Bernaldo de Quirós, coautor da pesquisa. "Não houve nenhum efeito adverso que tenha comprometido a saúde dos voluntários."

Mas outro membro da equipe, Dr. Felipe García, pede alguma cautela na análise dos resultados:

"Os resultados devem ser interpretados com cautela, pois o tratamento só foi testado em 30 voluntários. Ainda que ele tenha estimulado uma forte resposta na maioria dos casos, é cedo para prever se as defesas induzidas vão de fato prevenir a infecção," alerta ele.

Pesquisa pode criar pílula anti-embriaguez

Pesquisadores australianos descobriram que as células do sistema imunológico no cérebro têm um papel decisivo na forma como as pessoas reagem à ingestão de álcool.

Por incrível que possa parecer, e por mais óbvias que sejam as mudanças de comportamento após a ingestão de álcool, os mecanismos de atuação da substância no organismo não são bem conhecidas até hoje.

O Dr. Mark Hutchinson e seus colegas da Universidade de Adelaide afirmam que sua pesquisa mostra mais um indício claro de que os efeitos do álcool são resultado de uma resposta imunológica do organismo.

Resposta imunológica ao álcool

Segundo os pesquisadores, a resposta imunológica pode explicar as alterações bem-conhecidas da ingestão do álcool, como a dificuldade de controlar a musculatura envolvida no andar e no falar.

"Este estudo tem implicações significativas para o nosso entendimento de como o álcool nos afeta, mostrando que ele possui tanto uma resposta neuronal quanto uma resposta imunológica," disse Hutchinson.

Segundo o médico, a descoberta pode ajudar a identificar indivíduos com maiores riscos de desenvolver problemas neurológicos e danos ao cérebro devido ao consumo regular de álcool.

Mas o efeito mais interessante da pesquisa parece ser uma possibilidade de suprimir os efeitos da ingestão de álcool - uma espécie de pílula "fique sóbrio", que combata os efeitos da bebedeira.

Pílula da sobriedade

Os pesquisadores estudaram o efeito do bloqueio de receptores do tipo toll no cérebro de camundongos, depois que os animais ingeriam álcool.

Receptores tipo toll (TLR: toll-like receptors) são proteínas que fazem parte do sistema imunológico inato.

"Os resultados mostraram que o bloqueio desta parte do sistema imunológico, tanto por drogas quanto geneticamente, reduz os efeitos do álcool," explicou Hutchinson.

Ele acredita que um tratamento similar pode dar os mesmos efeitos em humanos.

"Medicamentos voltados para esse receptor específico - o receptor tipo toll 4 - podem ser úteis para o tratamento da dependência alcoólica e de overdoses de álcool," diz o pesquisador.

Leite enriquecido com minerais e vitaminas é desenvolvido na USP

É possível melhorar os níveis de minerais e vitaminas em crianças enriquecendo a alimentação das vacas que produzem o leite que elas tomam.

O enriquecimento do leite por meio da alimentação do rebanho foi desenvolvido por um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP).

Depois de adicionar óleo de girassol com selênio orgânico e vitamina E à ração das vacas, os cientistas verificaram efeitos benéficos tanto para os animais quanto para as crianças que consumiram seu leite.

O maior benefício para o rebanho foi o aumento da produção leiteira.

Para as crianças, os exames de sangue revelaram aumento nos níveis de selênio e de vitamina E, elementos deficientes na dieta brasileira.

Efeitos antioxidantes

Marcus Antonio Zanetti e Arlindo Saran Netto afirmam que seu estudo é pioneiro por seu formato, ao associar a área de zootecnia e nutrição animal ao levantamento feito sobre os efeitos do produto na saúde humana.

"Muitos estudos têm sido feitos sobre as possibilidades de alterações na alimentação de animais com a finalidade de melhorar, em tese, a qualidade de produtos para consumo humano. Mas o nosso trabalho deu um passo adiante, ao comparar o efeito do produto enriquecido ao do leite comum, e avaliar se ele realmente é melhor para a saúde humana", disse Zanetti.

Por ter conhecidos efeitos antioxidantes, o selênio é um mineral importante para combater os radicais livres.

Estudos anteriores demonstraram que a dieta brasileira é deficiente em selênio - com exceção da região Norte, onde há alto consumo de castanha-do-pará, rica no mineral.

A vitamina E foi combinada ao mineral por ter efeitos antioxidantes complementares.

Ácidos graxos no leite

"As doenças cardiovasculares são consideradas os principais problemas de saúde pública e o leite, alimento rico em diversos nutrientes, é frequentemente relacionado a elas pela sua proporção de ácidos graxos saturados e pelo teor de colesterol", apontou.

"O óleo tem a função de mudar o perfil dos ácidos graxos no leite, melhorando o produto do ponto de vista da nutrição. Além disso, ele potencializa o efeito dos antioxidantes", explicou Zanetti.

Essa mudança de perfil diminui a vida útil do leite, que pode estragar mais rapidamente. Mas os antioxidantes se encarregam de reverter esse efeito.

O óleo de girassol foi utilizado como fonte de gordura para o enriquecimento da ração de modo a aliar sua ação aos efeitos antioxidantes do selênio e da vitamina E na composição físico-química do leite.

Leite enriquecido

"A suplementação com óleo de girassol na dieta das vacas, por outro lado, alterou significativamente o perfil de ácidos graxos no leite. Um dos efeitos mais notáveis foi aumentar o teor de ácido linoleico conjugado (CLA) no produto", disse.

Quanto às crianças, aquelas que receberam leite de vacas suplementadas com selênio e vitamina E tiveram maiores concentrações dos antioxidantes no plasma sanguíneo. "Com a adição da vitamina E na ração, observamos um aumento de 33% no nível sérico de vitamina E na corrente sanguínea das crianças", contou o professor.

As crianças que consumiram o leite das vacas que receberam apenas o óleo de girassol adicionado na ração tiveram o teor de vitamina E ainda mais aumentado: 45%. "Isso ocorreu porque o óleo potencializa a absorção de vitamina E", disse.

No entanto, as crianças que ingeriram leite desnatado tiveram uma redução no nível de vitamina E de 15% em relação ao grupo controle.

"As crianças que ingeriram leite de vacas suplementadas apenas com selênio e vitamina E tiveram um aumento de selênio no sangue de 160% em relação ao grupo controle. Nas crianças que ingeriram leite de vacas suplementadas com óleo de girassol o selênio variou muito pouco, aumentando em 4%. Mas, naquelas que ingeriram leite desnatado, o selênio diminuiu em 20%", afirmou.

Proteína transforma células em fábrica de quimioterapia

Pesquisadores descobriram uma proteína que funciona como um interruptor que "liga" nas células de câncer a produção de seu próprio medicamento anti-câncer.

Nos testes em laboratório, os cientistas demonstraram que essas proteínas-interruptores, funcionando dentro das células, podem ativar uma poderosa droga que destrói a célula quando encontra um biomarcador indicando que aquela célula é cancerosa.

O objetivo, segundo eles, é lançar um novo tipo de medicamento que faça com que as células de câncer se autodestruam, sem afetar os tecidos normais, evitando, desta forma, qualquer efeito colateral.

Pró-droga

Um dos maiores problemas associados aos tratamentos atuais - tanto a quimioterapia quanto a radioterapia - é que eles afetam também os tecidos saudáveis, o que leva à ocorrência de fortes efeitos colaterais.

Nesta nova estratégia, o médico poderia aplicar uma "pró-droga", ou seja, uma forma inativa de uma droga contra a doença.

Somente quando o marcador indicativo do câncer está presente na célula é que esse interruptor transforma a pró-droga inofensiva em uma potente forma de quimioterapia - apenas para aquela célula em particular.

"A chave efetivamente transforma a célula de câncer em uma fábrica para produzir a droga anti-câncer dentro da própria célula," afirma Marc Ostermeier, da Universidade Johns Hopkins (EUA), um dos autores do estudo.

Fabricação local

Os pesquisadores testaram a estratégia em culturas de células do câncer de cólon e do câncer de mama.

Embora as chaves, ou interruptores, ainda não tenham sido testados em pacientes humanos, e muitos testes ainda precisem ser feitos, os pesquisadores dizem que este é um primeiro passo muito positivo rumo a uma nova estratégia para o combate ao câncer.

Embora muitos pesquisadores estejam desenvolvendo técnicas para levar os medicamentos diretamente para as células cancerosas, Ostermeier afirma que a estratégia da proteína-interruptor resolve vários problemas encontrados por essas pesquisas.

"O conceito da proteína-chave muda o jogo, fornecendo um mecanismo para produzir a droga anticâncer dentro da célula, em vez de tentar levar essas drogas lá para dentro," diz ele.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

"A Coisa" cria novo paradigma no estudo de células vivas

Cientistas criaram um dispositivo microscópico e flutuante que funciona tanto como um soprador quanto como um aspirador de líquidos.

A "coisa" é tão estranha que nem mesmo há um nome ou uma categoria para descrevê-la.

Mas sua funcionalidade é impressionante: ela pode ser usada para lidar diretamente com células vivas, sem nem mesmo tocar nas células.

Isso torna esse soprador/aspirador microscópico uma ferramenta sem precedentes, uma vez que o estudo de células vivas sempre esbarra no inconveniente de as ferramentas disponíveis interferirem com seu funcionamento normal.

Quadrupolo

Tecnicamente, o dispositivo é um quadrupolo - o resultado da montagem de dois objetos idênticos, dois "positivos" e dois "negativos", dispostos em um quadrado, a fim de criar um campo de força entre eles.

Quadrupolos eletrostáticos são usados em antenas de rádio, enquanto quadrupolos magnéticos servem para focalizar feixes de partículas eletricamente carregadas no interior de aceleradores de partículas.

Mas esta é a primeira vez que alguém consegue demonstrar na prática um quadrupolo em um fluido, ainda que os teóricos venham dizendo que isso é possível há décadas.

Estudo de células vivas

O dispositivo é fabricando fazendo dois furos em uma ponta de silício com cerca de 1 milímetro quadrado.

Quando ele é colocado sobre uma superfície, as duas aberturas "positivas", chamadas fontes, emitem jatos microscópicos de fluido em direção à superfície abaixo.

Ao mesmo tempo, as duas aberturas "negativas", chamadas drenos, começam imediatamente a sugar o jato de fluido de volta para o dispositivo.

Se essa superfície for uma camada de células vivas, ou uma camada de células aderentes, o dispositivo pode flutuar sobre a superfície para chegar a um alvo desejado.

Ele então simplesmente começa a disparar um jato de fluido com os compostos químicos necessários para testar, estimular ou matar as células, dependendo da aplicação.

Gradientes

O quadrupolo fluídico também pode ser usado para criar regiões com concentrações de químicos que variam suavemente - os chamados gradientes.

Esses gradientes são essenciais para o estudo de muitos processos celulares, como o movimento de bactérias e outras células no interior do organismo.

Os pesquisadores afirmaram que sua "coisa" deverá se transformar em uma nova ferramenta para todos os tipos de estudos in vitro.

Infobiologia codifica mensagem secreta usando bactérias

Cientistas descobriram uma nova forma de codificar mensagens secretas usando bactérias.

Além de ser útil para os espiões, a nova técnica poderá ser usada por empresas para codificar identificadores em sementes, grãos e outros produtos de origem animal ou vegetal.

Tudo começou com o interesse em desenvolver formas de codificar mensagens secretas sem usar equipamentos eletrônicos.

Em 2010, David Walt e George Whitesides criaram um sistema primário desse tipo, que eles batizaram de infofusíveis, e que permitia também a transmissão do código cifrado:

Infofusíveis: dados são transmitidos quimicamente

Naquela época eles usaram sais. Mas seu colega Manuel Palacios teve a ideia de usar bactérias.

Código binário de bactérias

Os fusíveis foram substituídos por colônias de Escherichia coli, cada uma das quais recebeu um gene para codificar uma proteína fluorescente diferente - elas só emitem as cores quando o gene é ativado.

Os pesquisadores então criaram um código binário baseado em cores, cada "bit" sendo formado por um par de bactérias de cores diferentes.

As 7 colônias lhes deram então um total de 49 combinações, o suficiente para representar 26 letras e 23 outros caracteres alfanuméricos.

As mensagens são escritas colocando as bactérias em linhas em uma estrutura de nitrocelulose e ágar, um meio de cultura para que as bactérias não morram.

Nesse momento, como os genes ainda não estão ativados, as bactérias são invisíveis.

Quando o destinatário recebe sua "mensagem bacteriana", tudo o que ele tem a fazer é pressionar o papel de nitrocelulose em uma placa de ágar contendo o composto químico que ativa a expressão das proteínas fluorescentes.

As bactérias começam a brilhar e a mensagem pode ser lida.

O velho truque do antibiótico

E os pesquisadores ainda acrescentaram uma camada extra de segurança para a mensagem secreta.

Em algumas bactérias, eles inseriram genes que as tornam resistentes a determinados antibióticos. Estas bactérias resistentes são as responsáveis por levar a mensagem.

Contudo, as bactérias resistentes são misturadas no papel de nitrocelulose com outras bactérias igualmente capazes de apresentar a fluorescência, mas suscetíveis ao antibiótico.

Se a mensagem cair em mãos erradas, o espião até poderá ativar os genes da fluorescência, mas não conseguirá compreender a mensagem.

Já o destinatário correto, já de posse do antibiótico adequado, matará as bactérias camufladoras e poderá ler a mensagem.

Os cientistas batizaram sua técnica de SPAM (steganography by printed arrays of microbes: esteganografia por matrizes impressas de micróbios).

Computadores descobrem novo tipo de ligação química

Uma simulação inteiramente feita em computador ajudou químicos a identificarem um tipo de ligação química desconhecida até agora.

"Esse fenômeno tem implicações para toda a química," afirmou Thom Dunning, da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos.

Dunning e seus colegas batizaram o novo tipo de ligações química de "ligação de pares reacoplados" (recoupled pair bonding).

"Os químicos sabem há muito tempo que a química dos elementos do grupo principal, do nitrogênio até o flúor, é diferente da química dos elementos nas linhas abaixo na tabela periódica," explica Dunning.

"A questão é: o que torna o fósforo diferente do nitrogênio, ou o enxofre diferente do oxigênio? Parece que este novo tipo de ligação é uma das principais causas dessas anomalias," afirma ele.

Hipervalência

Uma das principais dentre essas anomalias é a chamada hipervalência, uma grande classe de moléculas que forma um número de ligações maior do que o esperado.

A Regra dos Octetos estabelece que os átomos querem ter oito elétrons em sua camada de valência.

Quando se sabe quantos elétrons um átomo tem em sua camada de valência é possível saber como ele irá ganhar, perder ou compartilhar elétrons para formar octetos - o que revela o número de ligações que o átomo pode formar.

Mas as moléculas hipervalentes formam mais ligações do que seria de se esperar, como se tivessem mais do que oito elétrons em suas camadas de valência.

O que os cientistas descobriram agora é que essas moléculas podem formar um outro tipo de ligação química.

Novo tipo de ligação química

Imagine dois átomos, um com 2 e outro com 1 elétron na camada externa. Normalmente, elétrons pareados não participam de uma ligação - é necessário separá-los para que o átomo forme uma ligação.

Alguns átomos, como o flúor, conseguem forçar essa separação. Um elétron do par original é "reacoplado" pelo flúor, formando uma ligação de par reacoplado com o elétron no orbital ocupado por um único elétron.

O outro elétron, que estava anteriormente pareado, está agora disponível para formar uma outra ligação.

Desta forma, tem-se duas ligações onde se acreditava poder haver apenas uma.

"O mais interessante sobre nossa teoria é que ela é uma teoria preditiva," diz David Woon, coautor do estudo. "Quando nós estudamos compostos de fósforo e cloro, nós intuímos como eles se comportariam baseados no que havíamos aprendido com as ligações de pares reacoplados nos compostos de enxofre."

E a "intuição" a partir da nova teoria funcionou, algo que não é explicado pela Regra dos Octetos.

Os cientistas agora planejam escrever um novo livro-texto de Química, dando uma nova explicação sobre como as ligações químicas "realmente" ocorrem.

Cientistas fazem projeto para coleta eficiente de energia solar

A energia solar pode ser capturada de forma eficiente, e transportada por longas distâncias, usando minúsculos circuitos moleculares.

É o que propõe o Dr. Gregory Scholes e seus colegas da Universidade de Toronto, no Canadá.

A equipe descobriu como projetar esses circuitos moleculares, que são 10 vezes menores do que os mais finos fios existentes no interior dos processadores de computador.

A ideia não é nova, mas é radicalmente promissora: imitar a fotossíntese das plantas, criando uma fotossíntese artificial com potencial para ser a fonte definitiva de energia limpa.

O trabalho de vários grupos ao redor do mundo no campo da fotossíntese artificial tem gerado conhecimentos novos na forma como as plantas, algas e bactérias usam a mecânica quântica para otimizar a captura de energia do Sol.

Agora os cientistas juntaram o quebra-cabeças desse conhecimento, mapeando as diversas estruturas moleculares e suas funções - um passo essencial para a sua reprodução de forma artificial, criando "células solares biomiméticas".

Antena biológica

Nas plantas, a luz do Sol é capturada por uma espécie de "antena" biológica, formada por moléculas "coloridas" - corantes ou pigmentos - que direcionam a energia para proteínas especiais, que a utilizam para produzir oxigênio e açúcares.

É isto o que os cientistas estão tentando imitar.

"A produção de combustível solar normalmente começa com a energia da luz sendo absorvida por uma estrutura de moléculas. A energia é armazenada por um breve momento na forma de elétrons em vibração, sendo então transferida para um reator adequado," explica o professor Scholes, citando um esquema artificial.

O grande gargalo está na velocidade com que as moléculas-antena das plantas mantêm a energia - apenas alguns bilionésimos de segundo. Se a energia não for transferida rapidamente, ela pode fritar as estruturas biológicas, matando a planta.

O segredo está nas propriedades quânticas dessas antenas, que são feitas de apenas algumas dezenas de pigmentos.

Foi neste conhecimento que os pesquisadores conseguiram avançar, idealizando meios para replicar o processo de forma artificial usando simulações computadorizadas.

Receita de fotossíntese artificial

Segundo eles, serão necessários quatro elementos básicos para garantir a captura e a distribuição da energia solar com as antenas nanoscópicas.

O primeiro é mais óbvio é o desenvolvimento dos componentes básicos da antena, que devem ser moléculas com alta capacidade de absorção de energia. Esses fotoabsorvedores deverão ser bem distribuídos para aumentar a probabilidade de conversão dos fótons em elétrons em toda a antena.

O segundo elemento é um adequado agrupamento das moléculas absorvedoras de luz, de forma que elas possam: a) absorver diferentes comprimentos de onda; b) criar gradientes de energia para que a energia flua sempre em um determinado sentido; e c) explorar várias rotas para a transferência da energia captada, explorando o fenômeno da coerência quântica.

Também deverá ser garantido que as escalas de energia envolvidas no processo de transferência da energia sejam mais ou menos ressonantes. Isso deverá garantir que os mecanismos de transferência quântica e clássica se combinem para que a energia seja transmitida tanto por distâncias curtas quanto longas - quando várias antenas estiverem conectadas.

O quarto e último elemento é que a transferência de energia não deve ser tão rápida quanto possível, mas tão rápida quanto necessário. Isto significa a necessidade da incorporação de mecanismos regulatórios nas próprias antenas, por exemplo, "peles" que sejam capazes de dissipar qualquer excesso danoso de energia.

Cores da luz são separadas por antena

Prismas que dividem a luz em seus diversos componentes são bem-conhecidos dos alunos das aulas de ciências.

Mas agora cientistas conseguiram separar as cores azul e vermelha de um feixe de luz usando uma antena.

O mais inusitado é que a antena - a rigor uma nanoantena - envia os feixes azuis e vermelhos em direções opostas mesmo sendo menor do que o comprimento de onda da luz.

A descoberta permitirá a construção de sensores capazes de detectar gases ou biomoléculas em concentrações muito menores do que é possível hoje - até mesmo moléculas individuais - incluindo sensores ultra-miniaturizados no interior de biochips.

Antena bimetálica

Uma estrutura menor do que o comprimento de onda da luz visível - entre 390 e 770 nanômetros - não deveria ser capaz de alterar o comportamento de um feixe de luz.

Mas a nanoantena, que mede pouco mais de 20 nanômetros, faz exatamente isso, e faz muito bem.

O truque foi construir a nanoantena com uma composição assimétrica de materiais, criando alterações de fase óptica.

Oscilação plasmônica

A nanoantena consiste em duas nanopartículas, uma de ouro e outra de prata, postas sobre uma superfície de vidro, separadas uma da outra por uma distância de 20 nanômetros.

"As nanopartículas de ouro e de prata têm propriedades ópticas diferentes, em particular diferentes ressonâncias plasmônicas," explica o Dr. Timur Shegai, da Universidade de Tecnologia Chalmers, na Suécia.

Essa ressonância plasmônica significa que os elétrons livres na superfície das duas nanopartículas - os chamados plásmons de superfície - oscilam fortemente em sintonia com a frequência da luz que incide sobre elas.

É essa oscilação, que recentemente permitiu que outro grupo de cientistas jogasse pingue-pongue com elétrons, que afeta a propagação da luz, mesmo sendo a antena tão pequena.

Sensores ópticos

O campo da nanoplasmônica está avançando rapidamente, permitindo controlar o comportamento da luz em nanoescala usando nanoestruturas metálicas - ranhuras na superfície de um metal, por exemplo.

Mas esta técnica - usar uma composição assimétrica de materiais - é inteiramente nova, podendo ter uma ampla gama de aplicações.

"Um exemplo [de aplicação] são os sensores ópticos, onde você pode usar os plásmons para construir sensores tão sensíveis que eles poderão detectar concentrações muito baixas de toxinas ou substâncias sinalizadoras," afirma o Dr. Mikael Kall, coautor da pesquisa.

"Isso pode incluir a detecção de moléculas individuais em uma amostra, por exemplo para diagnosticar doenças em estágio inicial, o que facilita o início rápido do tratamento," prevê o cientista.

Luz é gerada é partir do nada

HIV alterado não consegue fugir do sistema imunológico

Pesquisadores modificaram o HIV de tal forma que ele se tornou incapaz de enganar o sistema imunológico humano.

Os resultados podem representar a remoção de um grande obstáculo para o desenvolvimento de uma vacina contra o HIV ou para o desenvolvimento de novos tratamentos para a AIDS.

"Alguma coisa no vírus HIV desliga a resposta imunológica, em vez de acioná-la, tornando-o um alvo difícil para o desenvolvimento de uma vacina", explica o Dr. David Graham. da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

"Parece que agora nós temos uma forma de contornar essa barreira," acrescenta.

Colesterol do vírus

Normalmente, quando as células do sistema imunológico encontram um vírus, elas disparam um alarme liberando substâncias químicas chamadas interferons, para alertar o resto do corpo da presença de uma infecção viral.

Quando as células imunológicas encontram o HIV, no entanto, elas liberam interferons demais, ficando sobrecarregadas e desligando a resposta subsequente de combate ao vírus.

Estudos anteriores mostraram que, quando células do sistema imunológico humano - os glóbulos brancos - estão com um nível baixo de colesterol, o HIV não consegue mais infectá-las.

Acontece que a cobertura que envolve e protege o genoma viral também é rica em colesterol, levando a equipe a pesquisar se os vírus sem colesterol ainda poderiam infectar as células, qualquer que fosse seu nível de colesterol.

Resposta imunológica inata

Os pesquisadores então trataram o HIV com um produto químico para remover o colesterol do seu revestimento viral.

Em seguida, eles introduziram, ou o HIV com baixo colesterol, ou o HIV normal, em células do sistema imunológico humano cultivadas em laboratório, e observaram como as células responderam.

As células expostas ao HIV com colesterol diminuído não liberaram qualquer interferon como resposta inicial, enquanto as células expostas ao normal HIV agiram normalmente, liberando interferon.

"O HIV alterado não sobrecarregou o sistema e, em vez disso, desencadeou a resposta imunológica inata, como acontece com qualquer primeiro encontro com um vírus," conta Graham.

Resposta imunológica adaptativa

Em seguida, os pesquisadores checaram se o HIV com baixo colesterol ativaria a chamada resposta imunológica adaptativa - a resposta que ajuda o corpo a se lembrar de patógenos específicos, para que o corpo desenvolva imunidade e se defenda de futuras infecções.

Elas não esperavam que o sangue HIV-positivo respondesse a qualquer uma das duas versões do HIV por conta dos grandes danos presentes no sistema imunológico dos pacientes HIV-positivos.

No entanto, quando o HIV com baixo colesterol foi introduzido no sangue imunologicamente deprimido, mas não-infectado pelo HIV, em um tubo de ensaio, as células da resposta imune adaptativa reagiram contra o vírus.

Alterando o vírus, explica Graham, foi possível acordar a resposta do sistema imunológico contra o HIV e ignorar as propriedades imunossupressoras do HIV.

"Além de aplicações nas pesquisas de vacinas, este estudo abre a porta para o desenvolvimento de drogas que ataquem o revestimento viral do HIV como uma terapia auxiliar para promover a detecção do vírus pelo sistema imunológico," diz Graham.

Nutricionista cria bolo de cenoura sem glúten e sem sacarose

Pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveu um bolo de cenoura sem glúten e sem sacarose, mas com aparência e sabor semelhantes ao do bolo de cenoura convencional.

O Brasil tem cerca de um milhão de pessoas intolerantes ao glúten, por apresentarem a chamada doença celíaca.

Apesar desse número, a indústria nacional ainda não investiu no desenvolvimento de uma linha mais completa de produtos isentos de glúten, que são poucos e mais caros do que os convencionais.

O glúten é uma proteína presente no trigo, aveia, centeio e malte, e à qual os celíacos são intolerantes.

Bolo com vitamina

A nutricionista Angélica Aparecida Maurício optou pelo bolo de cenoura por se tratar de um alimento que não leva leite na sua preparação - é isento de lactose - e que conta com maior concentração de vitamina A, proporcionada pela cenoura.

Segundo a pesquisadora, os celíacos costumam apresentar deficiência de vitaminas lipossolúveis, como é o caso da vitamina A.

Para chegar a um resultado que ficasse próximo ao do bolo comum, a pesquisadora teve que promover vários testes até chegar a uma formulação que oferecesse as características desejadas.

"Eu substituí a sacarose pela sucralose. Também desenvolvi um mix de farinhas que pudesse proporcionar a consistência e a maciez próximas das do bolo de cenoura convencional.

"Usei basicamente farinha de arroz, fécula de batata, amido de milho e fubá, em diferentes proporções. Foram inicialmente 45 preparações. A partir dos melhores resultados de cada ingrediente, cheguei à formulação final", explica.

Gosto do bolo

Os bolos produzidos a partir dessa receita foram submetidos a testes sensoriais, dos quais participaram tanto potenciais consumidores quanto equipes treinadas para testes, como o de Análise Descritiva Quantitativa (ADQ).

"A avaliação foi muito positiva, principalmente quanto à maciez, doçura e aparência. As pessoas destacaram que eles ficaram muitos parecidos com o bolo convencional", assinala Angélica.

De acordo com a nutricionista, a expectativa agora é que a tecnologia deixe a escala de bancada e possa ser aproveitada pela indústria.

"Para isso, serão necessários alguns aperfeiçoamentos e ajustes. Precisamos testar inicialmente em escala piloto, antes que o produto possa ser fabricado em escala industrial." adianta a pesquisadora, que atualmente é professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Fonte: Jornal da Unicamp

terça-feira, 27 de setembro de 2011

É Notícia: Kennedy Alencar entrevista o teólogo Leonardo Boff

O teólogo Leonardo Boff é considerado um dos nomes mais importantes da Teologia da Libertação e da defesa dos Direitos Humanos. Ingressou na Ordem dos Frades Menores em 1959 e, em 1992, pressionado pelo Vaticano, renunciou às atividades de padre. Boff é autor de mais de 60 livros sobre teologia, ecologia, espiritualidade, filosofia e antropologia. Durante a entrevista, Boff explica os princípios da teoria da libertação, fala dos anos como frei franciscano e dos conflitos com a igreja nesse período e critica a postura das igrejas na mídia.







Fonte: RedeTV!

Cera de carnaúba substitui polímero nos protótipos de navios

Antes de construir um navio, é necessário avaliar o projeto em uma escala reduzida.

A construção das embarcações em escala reduzida, que poderão ser testadas em um tanque de provas, é feita hoje por um sistema de usinagem robotizada.

O robô parte de uma imagem de CAD e desbasta automaticamente um grande bloco de poliuretano, até deixar apenas a embarcação em miniatura. Essa miniatura servirá como molde para a fabricação da maquete em fibra de vidro.

O grande problema desse processo é o grande desperdício de material.

"Entre 20% e 45% de cada bloco do material vira cavaco e é irremediavelmente desperdiçado. Ao final do processo, e dos testes, mesmo o poliuretano aproveitado no molde que gerou o modelo de embarcação em fibra de vidro vira sucata. Mesmo destino tem o modelo," explica o pesquisador Fábio Villas Boas, do Centro de Tecnologia Naval e Oceânica (CNaval), em São Paulo.

Ou seja, sem um programa de reciclagem, 100% do poliuretano utilizado na confecção dos moldes das embarcações vai para o lixo. Sem contar que trata-se de um material polimérico caro, cujos resíduos do processamento robotizado geram desconforto, riscos à saúde e ao ambiente.

Cera de carnaúba

Agora, os pesquisadores do CNaval estão testando uma alternativa bem brasileira e ecologicamente correta: a cera de carnaúba.

A carnaúba (Copernicia prunifera) é uma árvore endêmica no semi-árido do nordeste brasileiro, sendo inclusive a árvore símbolo do Estado do Ceará.

A equipe teve que começar do zero, devido à inexistência de estudos anteriores sobre o uso do material em aplicações de usinagem.

"O que não existe é uma fórmula pronta para esse tipo de cera. Conscientes do desafio que tínhamos pela frente, iniciamos a pesquisa da cera para moldes estimulados pela vantagem deste material ser 100% reaproveitável, com a fusão dos cavacos em novos blocos, com perdas mínimas," conta Fábio.

Na verdade, os pesquisadores analisaram 100 amostras, incluindo ceras naturais e ceras industriais disponíveis no mercado nacional.

Ao final dos testes, apenas 5% das amostras tiveram desempenho promissor. "Levamos as cinco amostras finalistas para o centro de usinagem, no qual estabelecemos um programa padrão para avaliar a 'usinabilidade' das peças, o que determinou uma só formulação, a nossa 'campeã'," diz Fábio.

A formulação ideal, hoje em fase de patenteamento, emprega cera de carnaúba, que é muito barata em relação aos outros materiais utilizados, parafina e resina polimérica, entre outros materiais.

Entre suas principais vantagens destacam-se a boa disponibilidade da matéria-prima no mercado interno, a dureza satisfatória (maior que a do poliuretano, o que torna o processo mais estável e com menos vibrações, dando maior precisão geométrica aos cascos), a baixa capacidade térmica (aquecimento) durante a usinagem, a propriedade autolubrificante (que reduz o desgaste da ferramenta) e a flexibilidade do material (que diminui as quebras dos protótipos).

Uma semana para esfriar

Um aspecto comparativo fundamental é o custo e o desempenho alcançado para esta formulação com cera, que garante uma competitividade equivalente à do poliuretano.

"Com a possibilidade de reaproveitamento da cera muito próximo a 100%, seu custo inicial tenderá a cair rapidamente", estima Fábio.

A próxima etapa do projeto consistirá no aperfeiçoamento dos métodos de moldagem, o que exigirá uma planta de fundição de cera e um sistema para bombeamento da cera fundida para o molde.

"Nossa meta imediata é chegar à produção de bloco com oito toneladas de cera, que é a capacidade máxima para carregar o robô do CNaval," diz Fábio.

Saindo do forno a cerca de 120ºC, esse volume cera levará cerca de uma semana para resfriar no interior do molde.

Além dos moldes, a cera também poderá futuramente ser usada nos protótipos, em substituição à fibra de vidro. No final da linha produtiva dos ensaios, modelos e moldes não precisarão mais ficar estocados ou ir para o lixo. Será tudo derretido e reaproveitado.

Controle de tráfego aéreo será feito com software nacional

Um software nacional capaz de processar dados de diversas fontes de captação como radares e satélites e consolidá-los em uma única apresentação visual para o controlador de voo.

Assim funciona o Sagitário, uma sigla de Sistema Avançado de Gerenciamento de Informações de Tráfego Aéreo e Relatório de Interesse Operacional.

O Sagitário será implantado em todos os quatro Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta), devendo substituir o atual sistema X-4000.

O novo programa já apoia o controle de tráfego aéreo no Nordeste e Sul/Sudeste do país.

Sobreposição de imagens

O Sagitário traz várias inovações em relação ao atual programa X-4000.

O software permite, por exemplo, a sobreposição de imagens meteorológicas sobre a imagem do setor sob controle para acompanhar, por exemplo, a evolução de mau tempo em determinada região do país.

Os planos de voo também podem ser editados graficamente sobre o mapa, possibilitando a inserção, remoção e reposicionamento de pontos do plano e cancelamento de operações, o que permitirá ao controlador acompanhar melhor a evolução do que estava previamente planejado para o voo.

Além disso, etiquetas inteligentes, por meio de cores diferentes de acordo com o nível de atenção para o cenário, indicam informações essenciais para o controle de tráfego aéreo.

Segurança e economia

"Esse novo sistema vai permitir que o controlador de voo tenha muito mais ferramentas à sua disposição, de modo que possa, de forma mais objetiva, facilitar a vida do piloto e trazer mais segurança para o próprio operador ao tomar as decisões ou efetuar determinadas autorizações ao comandante da aeronave," ressaltou o brigadeiro do ar Carlos Vuyk de Aquino, que é presidente da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Especo Aéreo (Ciscea),

"Em termos práticos, para quem viaja de avião, as ações decorrentes do sistema poderão reverter em menor tempo de voo, com consequente economia para a empresa aérea, menor emissão de gases e também acredito que possa refletir no aumento da pontualidade das empresas.

"A concepção avançada privilegia também a interação, ao reduzir os comandos de teclado, permitir maior concentração ao controlador e diminuir a fadiga do operador. "O Sagitário permite ao controlador executar todos os comandos necessários e todas as coordenações por meio do mouse. As cores da tela também foram estudadas para que não fossem agressivas nem cansativas", explica.

Filosofia de controle

Foram investidos cerca de R$ 9 milhões no desenvolvimento do software. Outros R$ 15 milhões devem ser aplicados na implantação do sistema nas outras unidades de controle de tráfego, assim como para o treinamento dos operadores.

O Sagitário já está em funcionamento nos Cindacta II e III, sediados em Curitiba e Recife.

Até o final deste ano, o sistema deve ser implantado em Brasília, no Cindacta I.

"Nós estamos no grupo que tem hoje a melhor filosofia de controle. Esse software é muito semelhante aos implementados na Alemanha e na Holanda. O elemento número um de todos os planejadores do controle do espaço aéreo é a segurança. Este item é inegociável. Portanto, eu posso afirmar que é seguro voar no Brasil", afirma o brigadeiro Aquino.

Fonte: FAB

Cientistas criam fonte de luz não-linear

Cientistas criaram uma fonte de luz não-linear, um avanço importante na tecnologia dos raios laser e, no futuro, das telecomunicações.

A fonte de luz é amplificada por plásmons de superfície, ondas de elétrons que navegam na superfície dos metais, o que permite o controle do dispositivo óptico de forma totalmente eletrônica.

Segunda harmônica

Quando você dispara um feixe de luz sobre eles, determinados cristais produzem uma luz de cor diferente.

Na verdade, ele produz luz com uma cor exatamente com o dobro da frequência da luz original - um fenômeno chamado geração de segunda harmônica.

Mas esse processo não é fácil de implementar: a caneta laser usada pelos professores, por exemplo, gera primeiro um raio infravermelho, que é processado por um cristal, várias lentes e outros elementos ópticos, até sair na forma de um belo feixe esverdeado.

Outra forma de fazer isto é aplicando uma corrente elétrica sobre o cristal, um fenômeno conhecido como EFISH (electric-field-induced second harmonic light generation: geração de segunda harmônica induzida por um campo elétrico).

Mas a luz gerada é fraca, o dispositivo é grande e exige milhares de volts para funcionar.

Óptica e elétrica

Agora, Mark Brongersma e seus colegas da Universidade de Stanford miniaturizaram o EFISH ao extremo, levando-o até a nanoescala.

O resultado é uma fonte de luz que tem funções tanto ópticas quanto elétricas, o que é altamente promissor para as telecomunicações e até para os processadores fotônicos do futuro.

"A maior parte das informações e das interações sociais que enviamos através de nossos centros de dados são processados, guardados e transmitidos como energia elétrica - zeros e uns," diz Brongersma.

"Os zeros e uns são apenas um interruptor, um é ligado, zero é desligado," prossegue ele. "Como o transporte óptico de informações, mais eficiente em termos energéticos, está rapidamente ganhando em importância, não é difícil ver por que os dispositivos capazes de converter sinais elétricos em ópticos podem ter tanto valor."

Interação luz-matéria

O dispositivo é baseado nas forças físicas que mantêm os elétrons em órbita de seus núcleos.

Quando um raio de luz atinge um átomo, a energia adicionada puxa o elétron para mais longe do núcleo de forma muito previsível - de forma linear.

Isto significa que, quando a luz a desligada, o elétron pula de volta para sua órbita original, liberando uma energia que é a mesma da luz que o deslocou.

Mas esta é apenas uma regra geral - seria mais preciso afirmar que "quase sempre" isso ocorre.

A coisa é diferente, por exemplo, quando a fonte de luz é um laser de alta intensidade incidindo sobre um sólido. Neste caso, os elétrons das camadas mais externas oscilam de forma menos linear.

"Em outras palavras, a interação luz-matéria se torna não-linear," explica Alok Vasudev, coautor do trabalho. "A luz que você obtém é diferente da luz que você coloca. Dispare um forte laser na faixa do infravermelho próximo sobre o cristal e você terá luz verde com exatamente o dobro da frequência."

80 vezes mais forte

E tudo em um aparato simples, de estado sólido e sem a necessidade de lentes.

As dimensões em nanoescala o tornam perfeito para a transmissão de dados no interior de um chip.

O ganho de potência em relação ao EFISH original foi possível graças à plasmônica, a manipulação das ondas superficiais de elétrons, o que pode ser feito com a gravação de padrões precisos na superfície do metal.

O resultado é uma luz 80 vezes mais forte do que o já muito forte feixe de laser que começa todo o processo.

É possível aprender dormindo, dizem cientistas

Nós podemos aprender enquanto dormimos.

Isto graças a uma nova forma inconsciente de memória, da qual os cientistas agora coletaram os primeiros sinais inequívocos.

A existência dessa forma inconsciente de memória foi comprovada por pesquisadores da Universidade do Estado de Michigan (EUA).

Os resultados são destaque no periódico científico Journal of Experimental Psychology.

Memória do sono

"Nós especulamos que podemos estar investigando uma forma separada da memória, diferente dos sistemas tradicionais de memória," disse Kimberly Fenn, coordenadora da pesquisa.

"Há evidências substanciais de que, durante o sono, o cérebro está processando informações sem o seu conhecimento, e essa habilidade pode contribuir para a memória em um estado de vigília," afirma.

No artigo, que analisou mais de 250 pessoas, Fenn e seu colega Zach Hambrick sugerem que as pessoas tiram proveito dessa capacidade de "memória do sono" de formas radicalmente diferentes.

Enquanto algumas pessoas experimentam melhoras dramáticas em sua memória depois de acordadas, outras não tiram proveito algum da memória do sono.

Ela acrescenta que a melhoria da memória foi observada na maioria das pessoas que participaram do experimento.

Reforço do aprendizado

Para os pesquisadores, esta habilidade é uma forma nova e previamente desconhecida de memória, capaz de reforçar o aprendizado sem ação consciente do indivíduo.

"Você e eu podemos ir para a cama ao mesmo tempo e ter a mesma quantidade de sono," disse Fenn, "mas, enquanto a sua memória pode aumentar substancialmente, pode não haver nenhuma mudança na minha."

Fenn acredita que a capacidade potencial dessa memória separada não é capturada por testes de inteligência e testes de aptidão tradicionais.

"Este é o primeiro passo para estudarmos se esse novo tipo potencial de memória está relacionado ou não com resultados como a aprendizagem em sala de aula", disse ela.

A pesquisadora aproveitou para reforçar a necessidade de uma boa noite de sono.

"Simplesmente melhorar o seu sono pode potencialmente melhorar seu desempenho na sala de aula", afirmou.

Nanotecnologia usa fios de ouro para remendar o coração

Uma equipe de físicos, engenheiros e cientistas dos materiais usaram a nanotecnologia e minúsculos fios de ouro para criar um novo "remendo" para o coração.

Não se trata apenas de um curativo, mas de um remendo mesmo, completo, formado por células vivas cultivadas em laboratório - um pedaço de tecido artificial.

Quando implantadas no coração - por exemplo, no caso de um ataque cardíaco - as células entram em sincronia com as células nativas do coração e se integram ao órgão, efetivamente corrigindo os danos causados pela isquemia.

Nanotecnologia para o coração

A equipe do Hospital Infantil de Boston e do MIT, ambos nos EUA, descobriu que a adição de nanofios de ouro às células cardíacas cultivadas em laboratório torna o tecido eletricamente condutor, melhorando o desempenho do tecido artificial implantado.

"Se você não tiver os nanofios de ouro, e estimular o remendo cardíaco com um eletrodo, as células vão bater no ritmo correto somente enquanto você as estiver estimulando," explica o Dr. Daniel Kohane, coordenador da pesquisa.

"Com os nanofios, observamos uma grande quantidade de células contraindo juntas, mesmo depois que a estimulação foi retirada. Isto mostra que o tecido está conduzindo [os pulsos elétricos]," diz ele.

Após a incubação das células, essas porções de tecido artificial guarnecidas com os nanofios de ouro ficam mais grossas e as células melhor organizadas, facilitando o implante.

E a condutividade elétrica significa que elas vão bater em sincronia com as demais células do coração.

Cérebro e medula espinhal

Kohane acredita que esta nanotecnologia poderá ser aplicada na construção de qualquer tecido eletricamente excitável, incluindo tecidos do cérebro e da medula espinhal.

O ouro foi escolhido por ser um excelente condutor elétrico e por ser tolerado pelo corpo humano.

Cada nanofio tem 30 nanômetros de diâmetro e entre 2 e 3 micrômetros de comprimento - com alguma dificuldade é possível vê-los a olho nu.

Os testes foram feitos em cultura e, a seguir, os cientistas vão implantar os remendos em animais, o primeiro passo para que a descoberta se transforme em um tratamento médico.

Remendos para o coração

Outros remendos para o coração já estão começando a entrar na fase de testes clínicos, a última etapa para que possam estar disponíveis aos pacientes.

Recentemente, pesquisadores da Universidade de Washington criaram um suporte biocompatível capaz de dar a sustentação necessária ao crescimento e a integração de células-tronco derivadas de células do músculo cardíaco.

Suporte artificial biocompatível recupera músculos do coração

Uma equipe da Universidade de Duke, por sua vez, criou um remendo tridimensional usando cardiomiócitos, um tipo de células do coração.

Cientistas criam "remendo" para reparar o coração

Proteína pré-histórica é ressuscitada para agir como antibiótico

Biólogos ressuscitaram um composto químico usado pelo sistema imunológico de mamíferos que viveram logo após a extinção dos dinossauros.

Seu objetivo é usar esse composto como um antibiótico para destruir bactérias multirresistentes, contra as quais os antibióticos atuais não são mais eficazes.

Como as bactérias atuais nunca foram expostas a esse composto pré-histórico, elas não desenvolveram resistência a ele.

E os primeiros resultados foram animadores.

Sistema imunológico inato

Os cientistas tentam encontrar novas armas contra as bactérias no sistema imunológico inato - aquele que os bebês nascem com ele, não dependendo ainda de sua exposição ao meio ambiente.

Esse sistema de defesa costuma ser o mais forte possível.

É claro que, no caso destas pesquisas, quando se fala de "bebês", estamos falando de filhotes das cobaias usadas pelos cientistas.

O problema é que os animais com sistema imunológico inato mais forte não são parentes próximos do homem.

Com isto, se os compostos antibacterianos forem retirados dos animais e aplicados no homem, eles tendem a ser tóxicos.

Voltando no tempo

Ben Cocks e seus colegas da Universidade La Trobe, na Austrália, não se deram por vencidos.

Segundo ele, os problemas podem ser superados se conseguirmos retornar no tempo, recuperando o projeto básico do sistema imunológico inato, aquele que já estava presente em uma etapa mais longínqua da evolução.

Mas, em vez de uma abordagem similar à do Parque dos Dinossauros, os cientistas apelaram para a engenharia genética, dispensando o uso de qualquer fóssil.

Bolsa da mamãe

O grupo encontrou um sistema de defesa extremamente forte na bolsa dos cangurus (Macropus eugenii).

O pequeno filhote, quase uma larva, nasce com 26 dias de gestação e vai para a bolsa da mãe.

Mas a bolsa da mamãe-canguru está longe de ser um lugar limpo: os cientistas encontraram lá até mesmo as bactérias multirresistentes que infestam muitos hospitais.

E, como nasce tão rapidamente, o filhote de canguru ainda não possui um sistema imunológico adaptativo, devendo contar unicamente com o seu sistema imunológico inato para se defender nesse ambiente pouco higiênico.

Engenharia genética reversa

Depois de muito procurar, Cock e seus colegas encontraram no filhote de canguru um gene que codifica 14 peptídeos conhecidos como catelicidinas - um componente do seu sistema imunológico inato.

A equipe percebeu que os genes em cinco das catelicidinas eram incrivelmente similares, o que aponta, segundo eles, para um ancestral comum. "Nós imaginamos que a forma ancestral deveria ter uma atividade de largo espectro," contou o cientista.

Usando as diferenças entre os cinco peptídeos, os cientistas fizeram uma engenharia genética reversa, voltando no tempo para descobrir a sequência genética do peptídeo original.

Finalmente, eles conseguiram produzir uma versão sintética desse peptídeo original, efetivamente "ressuscitando" um composto já deixado para trás pela evolução.

Antibiótico ressuscitado

Os cientistas calculam que sua versão sintética deve corresponder à defesa usada pelos mamíferos há 59 milhões de anos, quando eles ainda estavam começando a dominar a Terra, depois da extinção dos dinossauros.

"O mais incrível de tudo é que o peptídeo funcionou bem contra uma grande quantidade de patógenos," disse o cientista.

Os testes de laboratório confirmaram que o composto pré-histórico ressuscitado destruiu seis das setes bactérias multirresistentes conhecidas.

O composto mostrou-se de 10 a 30 vezes mais potente do que os antibióticos modernos, como a tetraciclina.

Os cientistas ainda não fizeram testes sobre a toxicidade do novo composto em humanos.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Brasil instalará laboratório autônomo na Antártica

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) está em fase final de preparação de um laboratório único, que será levado para o interior da Antártica.

Batizado de Criosfera 1, o módulo em forma de contêiner será um laboratório completo, isolado termicamente e capaz de funcionar de forma autônoma no ambiente inóspito da Antártica.

Ele será o primeiro laboratório desse tipo instalado no interior antártico, capaz de funcionar 24 horas por dia, sem a necessidade de técnicos acompanhando as operações.

Os dados coletados serão enviados para os cientistas no Brasil, via satélite.

Laboratório sustentável

Dotado de painéis solares e geradores eólicos, o Criosfera 1 é catalogado como sustentável por não utilizar combustível fóssil para seu funcionamento.

O Criosfera 1 irá coletar dados meteorológicos, como velocidade dos ventos e temperatura, e realizar medições da composição química da atmosfera da região.

Durante o primeiro ano de funcionamento do módulo, os cientistas brasileiros vão investigar as consequências climáticas da redução da camada de ozônio sobre o Pólo Sul e o transporte atmosférico de poluentes para o ar da região.

Os resultados obtidos pelo Criosfera irão se somar às pesquisas realizadas na estação antártica brasileira Comandante Ferraz, localizada a 62° de latitude sul, na borda do continente.

Quase no Pólo Sul

A instalação dos sistemas de energia e equipamentos, um trabalho que será concluído até o final de setembro, está sendo feito em São José dos Campos (SP).

"Estes equipamentos estão sendo desenvolvidos, integrados e testados aqui no INPE. Também faremos a adaptação dos sistemas para facilitar a logística na instalação do módulo no continente antártico e outros serviços para favorecer o trabalho e a convivência dos pesquisadores no período que irão permanecer no local", explica Marcelo Sampaio, pesquisador do INPE que acompanhará a instalação do módulo na Antártica, prevista para dezembro.

A seguir, o Criosfera 1 seguirá para Porto Alegre, de onde iniciará a viagem para a latitude 85°S, a cerca de 500 quilômetros do Pólo Sul geográfico.

Cientistas revertem envelhecimento de células-tronco adultas

Pesquisadores conseguiram reverter o processo de envelhecimento de células-tronco humano adultas.

São essas células as responsáveis pela recuperação e regeneração dos tecidos danificados no corpo humano, ao longo da vida e durante acidentes.

A descoberta dá esperanças de que seja possível desenvolver tratamentos médicos que possam reparar danos que ocorrem no organismo durante o processo de envelhecimento.

Poder regenerativos

O poder regenerativo dos tecidos e órgãos diminui conforme envelhecemos.

Os cientistas levantam a hipótese de que os organismos vivos apresentam uma queda de vitalidade que é diretamente relacionada com o envelhecimento das suas células-tronco específicas de cada tecido.

Por isso eles tentam compreender os processos que iniciam uma auto-renovação das células-tronco adultas. Se elas puderem ser postas para novamente se dividir e proliferar, isso poderá induzir à regeneração do organismo.

Esta pesquisa é um primeiro passo promissor nesse sentido.

Telômeros

Os cientistas desconfiaram que o processo de envelhecimento das células-tronco adultas é diferente do envelhecimento das células comuns do organismo.

Isso porque as células comuns sofrem um encurtamento contínuo da seção final dos seus cromossomos, os chamados telômeros. Mas as células-tronco adultas não sofrem esse encurtamento dos telômeros.

"Nós descobrimos que a maioria dos danos ao DNA e alterações associadas à cromatina que ocorrem nas células-tronco adultas estão ligadas a uma região do genoma conhecida como retrotranspósons," explica King Jordan, do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos.

Os retrotranspósons já foram chamados de DNA-lixo, porque não se sabia para o que eles serviam.

Revertendo o envelhecimento

"Nós demonstramos que somos capazes de reverter o processo de envelhecimento das células-tronco adultas mexendo com a atividade de RNAS não-codificadores de proteínas originados de regiões genômicas até agora consideradas como não-funcionais," explica a Dra. Victoria Lunyak, coautora da pesquisa.

"Suprimindo a acumulação dos transcriptos tóxicos gerados pelos retrotranspósons nós conseguimos reverter o processo de envelhecimento das células-tronco adultas humanas," diz Lunyak.

Os experimentos foram feitos em cultura celular de laboratório.

Agora os cientistas querem descobrir se as células-tronco rejuvenescidas são adequadas para uso clínico na reparação de tecidos.

Radiação alfa tem sucesso contra câncer de próstata

Um teste clínico de um novo tratamento contra o câncer teve que ser interrompido prematuramente porque seus resultados foram bons demais.

Os médicos do Royal Marsden Hospital, em Londres, afirmaram que não seria ético não oferecer o tratamento para todos os participantes do teste, todos eles sofrendo da mesma doença.

Durante os ensaios clínicos, uma parte dos pacientes recebe o tratamento que está sendo desenvolvido, enquanto outra parte recebe um placebo, para que os médicos possam se assegurar da eficácia do novo medicamento ou tratamento.

Neste caso, quando os médicos viram os resultados extremamente promissores, eles alegaram que seria antiético continuar "tratando" metade dos pacientes com placebo.

Radiação alfa

O novo tratamento é um radioterápico à base de radiação alfa.

Os pacientes que o receberam viveram mais tempo, tiveram menos dores e experimentaram menos efeitos colaterais do que os pacientes que receberam o tratamento normal contra câncer de próstata.

A radiação é um tratamento padrão contra tumores. Ela danifica o código genético das células cancerosas, o que leva à sua destruição.

As partículas alfa são os brutamontes do mundo da radiação. Elas têm a mesma estrutura dos núcleos de hélio, sendo muito maiores do que a radiação beta, uma corrente de elétrons, e do que as ondas gama.

Desta forma, enquanto são necessários milhares de "bombardeamentos" da célula com partículas beta, no máximo três partículas alfa fazem o mesmo trabalho.

Novas opções

Este é o segundo teste bem-sucedido com novas drogas contra o câncer de próstata que teve sucesso nos últimos dias.

Novo tratamento para câncer de próstata

Como no caso anterior, o novo tratamento à base de radiação alfa é voltado para pacientes com câncer avançado de próstata, que se espalha para os ossos, para os quais não há tratamentos atualmente disponíveis.

Fonte: BBC

Brasileiros desenvolvem fármacos para doenças negligenciadas

Nas últimas décadas, cerca de 1.400 novas moléculas foram autorizadas para testes em humanos para o tratamento de doenças em geral.

Desse total, apenas 16 foram direcionadas para o tratamento de doenças tropicais negligenciadas (DTN).

Doenças tropicais negligenciadas são determinados males infecciosos que se desenvolvem em climas quentes e úmidos e que afetam mais de 1 bilhão de pessoas pobres, principalmente na África, Sudeste Asiático, América Latina e Caribe, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Moléculas alvo

Pesquisadores brasileiros estão tentando cobrir a lacuna desses males esquecidos.

O objetivo é descobrir moléculas candidatas a novos fármacos para essas doenças ignoradas pelas indústrias farmacêuticas e que vêm sendo tratadas com medicamentos muito antigos - que apresentam problemas como baixa eficácia e elevada toxicidade.

Os pesquisadores brasileiros estão realizando estudos para identificar receptores biológicos que possam servir como alvos para os quais os novos medicamentos possam ser dirigidos.

Diferentemente do que se fazia até meados da década de 1960 para desenvolver um novo medicamento - a obtenção primeiramente de moléculas para então testá-las em um modelo animal - atualmente se adota o processo inverso.

"Hoje, procura-se descobrir primeiramente o receptor biológico alvo e, em seguida, sua estrutura, para depois tentar bloqueá-lo e, finalmente, procurar sintetizar e buscar uma molécula na natureza", disse Glaucius Oliva, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e professor do Instituto de Física de São Carlos, da USP.

Físicos que descobrem remédios

Oliva e sua equipe desvendaram a estrutura de uma enzima essencial para o Trypanosoma cruzi, o agente causador da doença de Chagas, que pode ser receptor-alvo para novos medicamentos para o tratamento da doença.

Utilizando a técnica de difração de raios X, os pesquisadores revelaram a estrutura cristalográfica da gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase (GAPDH), uma enzima que desempenha papel fundamental no metabolismo de glicose do parasita.

A descoberta abriu a possibilidade para o planejamento de novos medicamentos para o tratamento da doença baseados na estrutura desse receptor biológico alvo.

"Por meio de técnicas físicas para estudar a estrutura de moléculas, como raio X, radiação síncrotron e ressonância magnética nuclear, entre diversas outras, nós, físicos, podemos contribuir para o desenvolvimento de novos fármacos", disse Oliva.

Base de dados de moléculas

Segundo Oliva, os dois principais critérios utilizados para a busca de uma molécula que se encaixe em um novo receptor biológico alvo é a complementaridade de suas formas e propriedades químicas para que o princípio ativo tenha a ação farmacológica desejada no organismo humano.

Para isso, os pesquisadores brasileiros criaram uma base de dados que reúne cerca de 1,4 mil compostos, relacionando-os com suas respectivas propriedades.

"A base de dados apresenta mais de 4 mil medidas dos compostos, como absorção intestinal e biodisponibilidade em humanos, e é uma ferramenta bastante interessante de busca por moléculas. Basta inserir o nome de uma molécula para ver sua forma de representação molecular e ação farmacológica", disse Adriano Andricopulo, professor do Instituto de Física de São Carlos da USP e coordenador do laboratório.

Segundo ele, recentemente foi disponibilizada na base de dados uma ferramenta de procura por fragmento molecular para o planejamento de novas moléculas que permite estudar o papel deles em diferentes fármacos lançados no mercado.

Os pesquisadores desenvolvem uma nova ferramenta para possibilitar a triagem virtual de moléculas com maior potencial para serem testadas experimentalmente em laboratório em um receptor biológico alvo.

"Por meio da nova ferramenta, será possível selecionar moléculas que já estão disponíveis fisicamente, realizar testes de triagem biológica em laboratório em um alvo bem definido", disse Andricopulo.

Hortelã é eficaz contra bactérias da boca

A Mentha spp. - nome científico da hortelã - tem efeito antimicrobiano contra cepas de Candida, principalmente a albicans, uma bactéria comumente encontrado na cavidade bucal.

A conclusão é pesquisadora Iza Teixeira Alves Peixoto, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

No estudo foi analisado o óleo essencial da planta, mas os resultados demonstraram a possibilidade de criação de novas modalidades de tratamento fitoterápico, em particular contra doenças infecciosas por esta espécie, como a candidíase.

Tipos de hortelã

Foram avaliados ao todo 64 tipos diferentes de hortelã, com espécies de várias regiões brasileiras, assim como de outros países, em busca da concentração inibitória mínima, que é a menor concentração capaz de apresentar efeito antimicrobiano.

Segundo Iza, o óleo essencial da planta não mostrou toxicidade contra células em culturas de células: "Isso sinaliza para uma maior segurança dessas frações como medicamento."

Algumas espécies de hortelã demonstraram também atividade antimicrobiana contra biofilmes de C. albicans - o principal fator etiológico da candidose - encontrados sobretudo na superfície de próteses removíveis.

O extrato de hortelã age contra esses microrganismos, seja inativando-os ou matando-os graças ao seu "efeito fungicida".

Candidíase

A candidíase ou candidose é uma infecção comum no homem, sendo causada por espécies de Candida, juntamente com a imunodeficiência do hospedeiro.

Por ser um microrganismo comensal, entre 30% e 50% das pessoas simplesmente o possuem em sua cavidade bucal sem evidência clínica de infecção.

"Como faz parte do organismo, é chamado de fungo patogênico oportunista, respondendo por cerca de 80% das infecções fúngicas hospitalares documentadas até hoje", explica pesquisadora.

Como resultado dessa infecção complexa entre hospedeiro e microrganismo, essa doença é capaz de variar desde o leve envolvimento da superfície mucosa, notada na maioria dos pacientes, a uma doença fatal, de maneira disseminada nos gravemente imunodeprimidos.

A candidose também pode ser observada agregada a válvulas cardíacas e cateteres.

Produtos naturais

Produtos naturais, como a hortelã, que gera um dos óleos essenciais mais consumidos no mundo, podem originar novas modalidades de tratamento.

Várias espécies têm sido analisadas quanto a suas diferenças metabólicas, composições químicas, propriedades antibacterianas, antifúngicas e antivirais. Estão sendo conduzidas pesquisas atualmente para avaliação biológica de suas propriedades medicinais no combate a vários tipos de doenças.

A pesquisadora ressalta o valor de selecionar o acesso da Mentha spp. não apenas com a função de melhorar o odor ou o seu sabor, mas também para aplicações antimicrobianas.

"As indústrias poderão escolher o acesso mais adequado à sua produção, ou seja, aquele que produz o óleo de melhor rendimento, melhor atividade antimicrobiana, numa baixa concentração e que não seja tóxica aos tecidos humanos. Os dados da presente pesquisa, aliás, desvelam novas perspectivas para melhoramento genético", salienta.

Veja outras pesquisas que constataram benefícios da hortelã:

- Hortelã trata e inibe surgimento de úlceras estomacais
- Cientistas confirmam propriedade analgésica da hortelã brasileira
- Hortelã pode combater doenças causadas por falta de saneamento

Como comprar e preparar ovos para evitar contaminação

Ações educativas para a população sobre as práticas na compra e preparo de ovos podem ser a melhor solução para a diminuição dos surtos alimentares causados pela Salmonella.

Desde 1999, dados do Ministério da Saúde apontam esta bactéria como a principal causadora de surtos de contaminação alimentar no Brasil.

Os ovos contaminados, ou alimentos preparados à base de ovos, crus ou mal cozidos, são as principais causas dessas ocorrências.

Como comprar e manusear ovos

Segundo a nutricionista Daniele Leal, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, os consumidores devem escolher o produto mais fresco, o que deve ser verificado observando-se a data de validade.

Devem ser recusados os ovos quebrados, rachados, com trincas ou sujos.

"Depois de comprados, os ovos devem ser retirados da embalagem e colocados em uma embalagem de plástico com tampa e armazenados dentro da geladeira.

"Antes de usar, eles devem ser lavados com água corrente e, após a manipulação, as mãos e utensílios que tiveram contato com os ovos devem ser lavados com água e sabão", explica a pesquisadora.

Ela ressalta ainda que os ovos não podem ser consumidos crus ou mal cozidos.

"Vale lembrar também que o tempo de cozimento do ovo inteiro deve ser de sete minutos após o início da fervura. Para outras preparações, as gemas e claras devem estar coaguladas", afirma.

Contaminação dos ovos

A contaminação dos ovos por Salmonella ocorre por duas origens; durante a fase de formação e postura do ovo ou devido à manipulação e/ou armazenamento inadequado pelos produtores, comerciantes e consumidores.

"É necessário que haja adequação das práticas adotadas durante a compra, armazenamento, manipulação e preparo seguro de ovos no domicílio para a diminuição do risco de infecção por Salmonella", orienta a nutricionista.

Na parte do preparo e consumo, o maior risco identificado pela pesquisadora foi o consumo do ovo frito com gema mole, seguido por suflês, musses e coberturas de bolos preparados com ovos crus.

Infecção alimentar

Durante a pesquisa, Daniele verificou que 61,3% dos entrevistados já tiveram sintomas relacionados à infecção alimentar causada por ovos.

Problemas como febre, diarreia, dor de estômago e náuseas foram associados com algum alimento consumido.

A média de consumo mensal de ovos relatada pelos entrevistados foi de 4,55 ovos por mês.

Malware para Mac finge ser documento em PDF

Empresas de segurança confirmaram hoje, 26/9, a existência entre usuários de Mac de um novo Cavalo de Troia que se disfarça como um documento PDF. O programa nocivo (Trojan-Dropper:OSX/Revir.A), descoberto pelas companhias Sophos e F-Secure, usa uma técnica comum entre crackers do Windows.

“Esse malware tenta copiar a técnica implementada em vírus do Windows, que abre um arquivo PDF contendo uma extensão '.pdf.exe' e um ícone PDF anexado”, disse a fabricante de antivírus finlandesa F-Secure.

A prática é baseada no truque chamado de “extensão dupla”: adicionar os caracteres “.pdf” ao nome do arquivo para se disfarçar como um arquivo executável.

O malware para Macs usa um processo de dois passos, composto por um utilitário “isca” Cavalo de Troia que faz o download de um segundo elemento, um backdoor (ferramenta que oferece acesso ao computador). Este então se conecta a um servidor remoto controlado pelo invasor, usando esse canal de comunicações para enviar informações obtidas no Mac infectado e recebendo instruções adicionais do criminoso.

O programa nocivo induz os usuários a abrirem o documento PDF aparentemente inofensivo, na verdade um executável, que entra em ação em segundo plano. "O objetivo é distrair o usuário e evitar que ele perceba qualquer outra atividade acontecendo”, afirmou a F-Secure.

Apesar de o Mac OS X incluir um detector antivírus, ele ainda não foi atualizado para detectar o recém-descoberto malware.No entanto, o vírus é detectado por alguns softwares comerciais

Fonte: IDG Now!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

LIVROS: Android Apps for Absolute Beginners 2011

Nome do Lançamento: Android Apps for Absolute Beginners 2011
Tamanho: 66 MB
Links: Homepage
Download: WUpload

Neutrinos podem ter viajado mais rápido do que a luz

Quando, há poucos mais de um ano, cientistas do experimento Opera detectaram neutrinos transmutando-se de um tipo em outro, eles logo falaram da descoberta de uma "nova física".

E eles aparentemente já tinham nas mãos outros resultados ainda mais surpreendentes.

Depois de dois anos de medições, e inúmeras revisões e checagens, eles finalmente resolveram compartilhar sua possível descoberta com outros pesquisadores.

Segundo Antonio Ereditato, da Universidade de Berna, na Suíça, a equipe aparentemente detectou neutrinos viajando mais rápido do que a velocidade da luz.

Quebra da relatividade?

Se neutrinos podem viajar mais rápido do que a velocidade da luz, então o preceito fundamental de que as leis da física são as mesmas para todos os observadores cai por terra.

A ideia de que nada pode viajar mais rapidamente do que a luz é um pilar da teoria da relatividade especial, formulada por Einstein. E esta teoria está na base de toda a física moderna.

Isto sim, pode apontar para uma "nova física" - desde que os outros pesquisadores não encontrem erros no experimento e nas análises.

"Nós tentamos por todos os meios descobrir um erro - erros triviais, erros mais complicados, efeitos impensáveis - mas não conseguimos encontrar nenhum," disse Ereditato.

Depois de tantos cuidados, ele e sua equipe afirmam ter alcançado um nível seis sigma, que indicaria uma descoberta científica realmente válida.

Tudo vai depender do escrutínio que será feito nos dados por equipes de físicos do mundo todo.

"Dadas as potenciais consequências de longo alcance desse resultado, medições independentes serão necessárias antes que o efeito seja refutado ou firmemente estabelecido," disse o CERN em nota.

Nano-incerteza

O experimento OPERA (Oscillation Project with Emulsion-tRacking Apparatus) está localizado a 1.400 metros de profundidade, no Laboratório Gran Sasso, na Itália.

Um detector ultra-sensível recebe um feixe de neutrinos disparado do laboratório CERN, na Suíça - onde está o LHC - que está localizado a mais de 730 quilômetros de distância.

O que os pesquisadores concluíram é que os neutrinos estão chegando 60 nanossegundos antes do que deveriam.

E isso só pode ser possível se eles estiverem viajando a uma velocidade maior do que 299.792.458 metros por segundo, que é a velocidade exata da luz.

Para checar seus resultados, os cientistas usaram relógios atômicos e avançados sistemas de GPS, conseguindo com isso reduzir a incerteza da distância percorrida pelos neutrinos para 20 centímetros - em relação aos 730 km do feixe.

O tempo de chegada dos neutrinos foi medido com uma incerteza de 10 nanossegundos.

Atalhos em outras dimensões

O físico italiano Antonino Zichichi, falando à revista Nature, levantou a hipótese de que - se os resultados se confirmarem e a física como a conhecemos estiver mesmo desmoronando - então os neutrinos superluminais podem estar pegando atalhos por dimensões extras do espaço, algo que é previsto pela Teoria das Cordas.

Mas tanto Ereditato quanto o CERN são bem mais comedidos.

"As medições do OPERA estão em desacordo com leis da natureza bem estabelecidas, embora a ciência muitas vezes progrida derrubando os paradigmas estabelecidos," diz a nota do CERN.

De fato, não têm faltado medições e estudos em busca de "desvios" da teoria da relatividade de Einstein - até hoje sem sucesso.

"As fortes restrições decorrentes dessas observações tornam improvável uma interpretação da medição do OPERA em termos da modificação da teoria de Einstein, o que nos dá motivos ainda mais fortes para buscar novas medições independentes," conclui a equipe do laboratório.

Luz supera velocidade máxima da luz - duas vezes