quinta-feira, 31 de março de 2011

Episódio de hoje: Eu ligo amanha

O cliente entra em contato na quinta feira as 21:42 pra pedir uma Religação

Eu: Sr a religação tem um prazo de até 24 o Sr fasendo o pedido agora o prazo sera até as 21:42 de amanha.

Cliente: Mas eu quero aquela ligação urgente em 4 horas.

Eu: Sr. religação urgente só pode ser pedida até as 20:00.

Cliente: Então eu ligo amanha.

Eu: Amanha é Sexta feira santa é feriado e devido a isso religação com urgencia só pode ser pedida a partir das 7:00 da manha de segunda.

Cliente: Então eu pesso a de 24 amanha cedo.

Eu: Eu posso pedir agora pro Sr.

Cliente: Não eu prefiro ligar amanha cedo.

Eu: Se o Sr ligar amanha cedo o praso vai ser até a manha de sabado pra religar.

Cliente: Tudo bem eu espero, brigado boa noite.

OBS: Essa eu não entendi o cara liga querendo urgencia e depois resolve esperar mais, cada louco que me aparece.

REVISTAS: Hakin9 Issue 04 April 2011

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Bateria transforma entropia em eletricidade

Quando a água doce dos rios entra no mar a diferença na salinidade leva a uma mudança de entropia.

Essa diferença de entropia, calculada em 2,2 kJ por litro de água doce, é uma fonte gigantesca de energia renovável.

O grande desafio é extrair essa energia, convertendo-a para formas úteis, eletricidade, por exemplo.

A equipe do Dr. Yi Cui, da Universidade de Stanford, resolveu enfrentar o desafio e demonstrou que o conceito de extração dessa "energia entrópica" pode realmente funcionar na prática.

E funcionar bem: a sua "bateria de mistura entrópica", que gera energia a partir da diferença de entropia entre a água doce dos rios e a água salgada do mar operou com uma eficiência de 74%.

Funcionamento da bateria entrópica

Qualquer lugar onde a água doce encontra a água do mar seria um local em potencial para a instalação das usinas geradoras de energia a partir da entropia, cujo motor básico é a diferença de salinidade entre a água doce e a água do mar.

A bateria propriamente dita é simples, consistindo em dois eletrodos - um positivo e outro negativo - imersos em um líquido contendo partículas eletricamente carregadas, ou íons. Na água do mar, os íons são os elementos sódio e cloro, os componentes do sal de cozinha.

Inicialmente a bateria é cheia com água doce e abastecida com uma pequena corrente elétrica externa para carregá-la. Mesmo não sendo salgada, há uma baixa concentração de íons na água doce.

A água doce é então drenada e substituída com água do mar. Como a água do mar é salgada, contendo de 60 a 100 vezes mais íons do que a água doce, ela amplia o potencial elétrico entre os dois eletrodos. Isto torna possível recuperar muito mais energia do que foi gasto inicialmente para carregar a bateria.

Recuperada a energia, a água do mar é descartada, a bateria é novamente cheia com água doce e o processo pode continuar indefinidamente.

"A energia realmente depende da concentração de íons de sódio e cloro que você tem," explica Cui. "Se você carregar em baixa tensão na água doce, e depois descarregar em alta tensão na água salgada, isto significa que você ganhou energia. Você retira mais energia do que injetou."

Baterias químicas

O conceito de geração de energia da diferença de entropia já foi estudado e testado antes.

A abordagem mais promissora adotada até agora usa membranas superfinas, parecidas com as usadas em células a combustível a hidrogênio, para que os íons passem de um dos líquidos para o outro, gerando uma corrente.

O enfoque adotado pela equipe de Cui é diferente: a energia extraída da diferença de concentração entre duas soluções é armazenada em baterias químicas - a energia é armazenada como energia química no interior da estrutura química do material usado como eletrodo.

A bateria de mistura entrópica foi fabricada com nanofios de óxido de manganês e eletrodos de prata. O uso de estruturas com dimensões nanoscópicas é importante pela sua grande área superficial, algo essencial para capturar mais energia por área.

A energia é gerada pelo movimento dos íons de sódio e cloro - os dois elementos que compõem o sal da água do mar - através da rede cristalina dos eletrodos. Mas ela pode ser usada com outras soluções.

Eficiência da bateria de entropia

"A bateria foi demonstrada extraindo energia de água real do mar e de um rio, mas pode ser aplicada a uma grande variedade de soluções salinas e água doce," afirmam os pesquisadores.

O rendimento real observado foi de 74%, mas os pesquisadores afirmam que a mera mudança na distância entre os eletrodos pode elevar essa eficiência para algo em torno de 85%.

Uma usina de geração de energia entrópica capaz de "processar" 50 metros cúbicos de água doce por segundo poderia produzir até 100 MW de eletricidade, o suficiente para abastecer cerca de 100.000 casas.

"Considerando o fluxo de água dos rios para os oceanos como um fator limitador para esse tipo de energia, a produção de energia renovável pode potencialmente alcançar 2 TW, o equivalente a 13% de todo o consumo de energia do mundo," afirmam os pesquisadores.

Liga metálica deformada e esticada por campo magnético

Os cientistas estão sempre à procura de melhores maneiras de transformar uma forma de energia em outra.

E usar o magnetismo para mudar a forma e a resistência dos materiais parece ser um desafio que valha a pena.

Mais ainda se esse material for um metal, que possa ser esticado simplesmente acionando um campo magnético nas suas proximidades.

Materiais elásticos

Em um artigo na prestigiada Physical Review Letters, um grupo de físicos prevê que um material formado por regiões em nanoescala, regiões estas que possuam uma estrutura atômica diversa, poderá responder a um campo magnético alterando sua própria forma.

Esse material seria capaz de esticar-se até 100 vezes mais do que os materiais mais flexíveis atualmente disponíveis.

Essa família de materiais - cujos irmãos e primos poderiam responder a outros campos - poderá ser usada em dispositivos que detectem esses campos ou acionem movimentos mecânicos, funcionando por atuadores ou até mesmo como músculos artificiais.

Materiais transdutores

Os materiais transdutores tradicionais, tais como os piezoelétricos, que convertem as vibrações em sinais elétricos, funcionam no nível atômico.

Apertar e esticar um cristal piezoelétrico movimenta íons positivos e negativos dentro de cada célula cristalina, em diferentes direções, criando uma polarização elétrica que gera um sinal de tensão.

Captadores acústicos de guitarra e sistemas de imagens por ultra-som usam este efeito para detectar vibrações.

Esses materiais também apresentam o efeito inverso, convertendo campos elétricos em movimento mecânico.

Alguns materiais magnéticos podem desempenhar um truque similar, transformando campos magnéticos em movimento mecânico ou vice-versa - mas o efeito é geralmente pequeno.

Domínios magnéticos

Nos últimos dez anos, pesquisadores têm estudado materiais cujos rearranjos estruturais internos gerem respostas cada vez maiores.

O exemplo mais conhecido tem uma estrutura atômica onde a célula cristalina é, digamos, mais longa em uma dimensão do que nas outras duas.

Um cristal grande normalmente tem muitas regiões, ou domínios, cada um com uma orientação diferente do eixo longitudinal. Um campo magnético pode alterar ligeiramente a posição dos átomos e favorecer o crescimento dos domínios melhor alinhados com ele, em detrimento das regiões não-alinhadas.

Por exemplo, o campo pode expandir um domínio com seu eixo longitudinal alinhado ao longo do campo, empurrando a fronteira do domínio - chamada de parede de domínio - de modo a encolher o domínio vizinho.

O resultado dessa expansão do domínio seria que o material se esticaria ao longo da direção do campo magnético.

Estes materiais, contudo têm dois problemas, explica Armen Khachaturyan, da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos.

Um deles é que uma força externa na direção oposta pode facilmente reverter a expansão e mover as paredes de domínio de volta, limitando a força que o material pode gerar em um dispositivo prático.

O outro é que, quando o movimento das paredes de domínio encontra resistência, a resposta do material depende da sua história anterior, o que é ruim para algumas aplicações.

Nanocompósitos

Para resolver estes problemas, Khachaturyan e seus colegas propõem incorporar partículas em escala nanométrica< formadas com a fase que muda de forma, dentro de uma matriz sólida sem distorção.

Esses nanocompósitos podem formar-se espontaneamente quando, por exemplo, uma liga de metal ou de cerâmica é aquecida e alguns dos componentes se aglomeram em minúsculos glóbulos com uma composição química diferente daquela do seu entorno.

Se as partículas forem pequenas o suficiente, cada uma conterá um único domínio e seu eixo longitudinal poderá ser facilmente alterado por um campo magnético externo, a fim de esticar o material.

A equipe calcula que, sob determinadas condições, este nanocompósito de duas fases poderia apresentar uma grande resposta, sem dependência de seu histórico, e poderia também fornecer uma grande força.

Eles sugerem que algumas experiências anteriores que pareceram um tanto desconcertantes podem significar que o efeito já tenha sido visto na prática, mas seu quadro teórico pode permitir uma pesquisa mais sistemática desses materiais.

"Sempre procuramos por materiais com magnetocontração gigante", diz David Laughlin, da Universidade Carnegie Mellon. Mas ele observa que o novo trabalho fornece uma teoria que pode ser aplicada também a outros tipos de domínios, como os campos elétricos e de estresse. "Você consegue uma quantidade maior de tensão exatamente ao longo de uma linha."

Técnica de transporte de voz otimiza sistemas de telefonia

Pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), da USP, desenvolveram uma técnica para transportar informações de voz para uso em redes de acesso cuja infraestrutura seja baseada inteiramente em fibra óptica.

Os ganhos incluem a eliminação do desperdício de banda, menores custos e a possibilidade de que os serviços, como novas linhas telefônicas, cheguem a um número maior de usuários.

Padrões de transferência

O método é uma alternativa para as operadoras de telefonia, que hoje têm à disposição dois padrões de transferência, conhecidos como SDH (Synchronous Digital Hierarchy) e Ethernet (utilizando o CES - Circuit Emulation Service).

O que o pesquisador Marcelo Guimarães propõe é uma adaptação do SDH à infraestrutura de fibra óptica, de maneira que as operadoras de telefonia possam distribuir informações de voz de forma mais eficiente.

"Não era possível conseguir todos esses resultados simultaneamente ao se utilizar um dos dois padrões já existentes", garante o pesquisador.

Redes de acesso

De acordo com Guimarães, todos os dias o universo virtual põe à disposição do internauta milhares de vídeos, músicas e imagens. E essas inúmeras possibilidades de donwload aumentam a demanda por velocidade e qualidade da conexão.

Sendo assim, para elevar as taxas de transmissão de dados, voz e imagem, surge a necessidade de serem desenvolvidas novas gerações das chamadas 'redes de acesso', que utilizam fibra óptica, capazes de suportar esse atual fluxo de informação.

Como explica o pesquisador, a aplicação desse material em toda a rede, responsável por conectar as centrais telefônicas - distribuidoras de informação - aos usuários finais, que utilizam serviços de dados, voz e imagem, ainda não é uma realidade no Brasil.

Segundo Guimarães, elas são geralmente compostas da seguinte forma: da central até os chamados "armários", que ficam nos bairros e quarteirões, as transferências são feitas por meio da fibra óptica. Porém, dos armários às casas e escritórios, o material usado é o fio de cobre, também denominados de "legados da telefonia".

O engenheiro aponta que a atual demanda por um fluxo maior de dados transmitidos na rede (aumento na largura de banda) torna o fio de cobre obsoleto, tendo em vista um ambiente global, onde o acesso à informação tornou-se crítico.

Dessa forma, Guimarães sugere a modificação desse quadro, afirmando que "se a fibra óptica estiver presente em todo o processo de transmissão de informações, os usuários poderão usufruir de serviços de voz, vídeo e dados em uma única infraestrutura de banda larga".

Foi a partir desta premissa que o pesquisador elaborou seu projeto, tendo como referência as redes de acesso chamadas GPON (Rede Óptica Passiva com capacidade Gigabit), padronizadas pelo ITU-T, um órgão internacional de normatização em telecomunicação.

Tecnologia GPON

Segundo Guimarães, para atender a essas demandas, a tecnologia GPON, que utiliza a fibra óptica até o usuário, emerge como uma opção de arquitetura atraente em termos de custo (baixo) e banda (alta).

"Essa tecnologia é capaz de oferecer aplicações de comunicação e entretenimento que incluem HDTV (high-definition TV), IPTV (Internet Protocol TV), VoIP (voice-over-IP), dentre outras", afirma. "Entretanto, era preciso encontrar uma outra maneira do tradicional tráfego de voz TDM (Time Division Multiplexing) - que representa uma parcela importante da receita das operadoras - continuar sendo utilizado, porém, adaptado sobre a nova infraestrutura", completa.

De acordo com o engenheiro, em uma rede GPON típica, existem duas formas básicas por meio das quais se pode transmitir as ligações telefônicas: através do padrão Ethernet e do padrão SDH (ou TDM nativo). "É até possível, com o CES, transportar canais de voz de forma fragmentada - a partir do que chamamos de um "tronco E1" - , ou seja, fornecer, para um escritório, por exemplo, o número de linhas telefônicas desejadas, bem distribuídas, sem que falte linha para nenhum usuário.

Mas segundo o estudo, esse método implica uma menor eficiência da banda utilizada, o que se traduz em desperdício para a operadora. O que Guimarães propõe é fazer com que as operadoras consigam oferecer o número desejado de linhas telefônicas, ou seja, distribuir os dados de forma adequada, "fracionada", com o uso do próprio TDM nativo, que torna o tráfego de informações de voz mais eficiente, com mais qualidade, o que ainda não era possível.

Economia de banda

"A forma padrão de transmissão de voz em uma rede GPON prevê o uso do padrão SDH, mas os dados de voz não são fragmentados, ou seja, adequadamente compartilhados. A outra opção, para as quais as operadoras muito comumente recorrem, é o transporte através do padrão Ethernet (CES)", aponta Guimarães.

"Porém, esse tipo de transferência funciona como se a operadora contratasse um frete para levar os dados aos usuários, mas não utilizasse todo o espaço livre, acarretando em desperdício. Em termos mais técnicos, essa opção representa o acréscimo de informações de controle a serem trafegadas na rede, reduzindo a eficiência de uso do espectro disponível", complementa.

O objetivo do estudo foi fazer com que não haja esse desperdício de banda, e, mesmo assim, seja possível a fragmentação dos canais de voz transportados em níveis de 64 Kilobytes por segundo (Kb/s), a partir da utilização do TDM nativo (SDH). Deste modo pode-se atender as necessidades das operadoras e usuários, que necessitam de um serviço que seja oferecido de forma mais eficiente e robusta.

Rede neural identifica vazamentos em oleodutos em tempo real

Engenheiros brasileiros criaram um sistema de identificação de vazamentos em dutos e oleodutos em tempo real.

O sistema opera por meio de sensores de pressão de resposta rápida e de um programa de monitoramento rodando em um único computador.

O trabalho foi realizado na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), da USP, em parceria com a Petrobras.

Rede neural

Os sensores de pressão são instalados ao longo do duto e conectados em rede com um computador.

No computador, um software implementando uma rede neural artificial é capaz de processar as leituras dos sensores e analisar e monitorar os vazamentos, por toda a extensão do duto, em tempo real.

Todo o processamento é feito por um único computador do tipo PC comum.

Além do desenvolvimento da rede neural, a pesquisa levou 2 anos e 10 meses apenas na fase experimental.

Durante este período, o aperfeiçoamento da rede, assim como seus testes em conjunto com os sensores, foram realizados em um oleoduto piloto do Núcleo de Engenharia Térmica e Fluidos (NETeF), da EESC-USP, com 1.500 metros de extensão e 51,2 mm de diâmetro.

Treinamento da rede

"Neste trabalho inicial, implementamos a rede neural de forma offline, mas devido ao baixo custo computacional, esta rede pode ser facilmente implementada em eletrônica embarcada, ou seja, de forma online", afirma o pesquisador que desenvolveu o equipamento, Fernando Guimarães Aguiar, sob a orientação do professor Paulo Seleghim Junior.

Aguiar mostra-se otimista em relação aos resultados do estudo.

"O que demanda mais tempo é a implementação da rede. A definição do que é ou não é considerado um vazamento. Depois disso, nosso algoritmo foi capaz de discriminar com precisão os sinais de vazamento e de não vazamento, para diversas vazões, em diferentes pontos e em tempo real ", relata.

Próximos passos

De acordo com Aguiar, ainda é necessário aprimorar a análise e o processamento dos dados para transformar a pesquisa em um produto comercializável, principalmente no que se refere ao ajuste dos sensores durante a partida e a parada da bomba de óleo ou água.

"Por enquanto, trabalhamos com escoamento monofásico de água e com um escoamento constante. Em situações normais, muitas vezes o fluxo de bombeamento é interrompido e reativado depois e, também, pode-se ter escoamento bifásico (óleo e ar). Temos que adaptar nosso sistema para não entender isso como vazamento", conclui.

Memória eletromecânica supera memória eletrônica

Se você comparar uma antiga máquina de calcular mecânica com uma calculadora eletrônica atual parece ser fácil ver qual das duas é mais eficiente, certo?

Por incrível que pareça, pode ser que a resposta a essa questão não seja assim tão exata quanto se poderia esperar a princípio.

Na verdade, um grupo de pesquisadores coreanos e britânicos está propondo que uma memória eletrônica pode ser mais eficiente se migrar de volta dos componentes puramente eletrônicos para os componentes mecânicos.

Segundo eles, essas memórias mecânico-eletrônicas superariam o desempenho das memórias hoje usadas em celulares, tocadores de MP3 ou máquinas fotográficas digitais - tanto em velocidade quanto em consumo de energia.

Gravação mecânica

As memórias atuais usam componentes eletrônicos - basicamente transistores - para converter os dados - uma imagem ou uma música, por exemplo - em sinais que são armazenados na forma de códigos binários.

A nova memória mecânico-eletrônica usa um pequeno braço mecânico para transformar os dados digitais em sinais elétricos.

Segundo a Dra. Eleanor Campbell, da Universidade de Edimburgo, isto permite que a memória funcione mais rapidamente e consumindo uma quantidade menor de energia em comparação com as memórias atuais.

O dispositivo grava os dados medindo a corrente que passa através de um nanotubo de carbono. O valor binário do dado é determinado por um eletrodo que controla o fluxo dessa corrente.

Transístor eletromecânico

Tecnicamente, a memória eletromecânica pode ser enquadrada na categoria dos NEMS, ou dispositivos nanoeletromecânicos, que mesclam equipamentos com partes móveis com componentes eletrônicos - ela seria um transístor NEMS.

O nanotubo de carbono funciona como canal coletor/emissor desse transístor eletromecânico, enquanto o braço mecânico faz as vezes da base, que controla a corrente que flui ao longo do nanotubo.

Da mesma forma que as memórias flash, esta memória não perde os dados na ausência de energia.

Memória de nanotubo de carbono

Tentativas de usar transistores de nanotubos de carbono como células de armazenamento de dados têm-se deparado com baixas velocidades operacionais e tempos de retenção dos dados muito curtos.

O problema foi solucionado usando o braço mecânico para carregar o eletrodo, que apresentou velocidades de operação muito superiores às dos componentes atuais.

"Esta é uma abordagem inovadora no projeto de componentes de memória. O uso de uma técnica mecânica, combinada com os benefícios da nanotecnologia, permite a construção de um sistema com maior velocidade e melhor eficiência energética do que os componentes atuais," diz a Dra. Campbell.

Pessoas cegas conseguem "ver" com os ouvidos

Cientistas descobriram que o cérebro de pessoas totalmente cegas reprograma a parte associada com a visão para processar sons.

O Dr. Olivier Collignon e seus colegas da Universidade de Montreal, no Canadá, compararam a atividade cerebral de pessoas que podem ver com a atividade cerebral de pessoas que nasceram cegas.

Eles descobriram que a parte do cérebro que normalmente trabalha com os nossos olhos para o processo da visão e da percepção do espaço pode reinventar-se e passar a processar a informação sonora.

Percepção espacial

A pesquisa fundamentou-se em estudos anteriores que mostram que os cegos têm uma maior capacidade para processar sons como parte da sua percepção espacial.

"Embora vários estudos tenham mostrado que as regiões occipitais de pessoas que nasceram cegos possam estar envolvidas no processamento não-visual, só recentemente começou-se a estudar se a organização funcional do córtex visual observado em indivíduos com visão normal é mantida na região occipital dos cegos," explica Collignon.

O córtex visual, como o próprio nome sugere, é responsável pelo processamento da visão. O hemisfério direito e o hemisfério esquerdo do cérebro têm cada um o seu córtex visual. Eles estão localizados na parte de trás do cérebro, que é chamado lóbulo occipital.

"Nossos estudos revelam que algumas regiões do fluxo dorsal occipital direito não requerem uma experiência visual para desenvolver uma especialização para o processamento da informação espacial, sendo funcionalmente integradas na rede cerebral preexistente dedicada a esta capacidade," diz o pesquisador.

Plasticidade do cérebro

Esses resultados são mais uma demonstração da incrível plasticidade do cérebro.

A plasticidade é um termo científico que se refere à capacidade do cérebro de se alterar organicamente como resultado de uma experiência. Mesmo a simples mentalização, por meio da meditação, pode alterar a estrutura do cérebro.

"O cérebro designa um conjunto específico de áreas para o processamento espacial mesmo quando o indivíduo é privado dos seus inputs naturais desde o nascimento," diz o pesquisador.

O cérebro que não recebe os sinais visuais é suficientemente flexível para usar os neurônios originalmente voltados para a visão para desenvolver e executar funções exigidas pelos sentidos remanescentes.

Mecanicismo

"Esta pesquisa demonstra que o cérebro deve ser considerado mais como uma máquina orientada por funções do que uma máquina sensorial pura," diz o pesquisador.

Esta proposta está de acordo com uma série de descobertas recentes que vêm mudando a forma como os cientistas enxergam o cérebro:

* Descobertas revolucionam conhecimento do cérebro

quarta-feira, 30 de março de 2011

LIVROS: Springer Computer Networks and Information Technologies 2011

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Microrrobôs estão quase prontos para atuar no corpo humano

Viagem Fantástica, um clássico da ficção científica, colocou os nanorrobôs no imaginário popular décadas antes que se ouvisse pela primeira vez o termo nanotecnologia.

Desde então, cientistas têm-se inspirado no filme para projetar robôs microscópicos que, no futuro, possam entrar no interior do corpo humano e fazer cirurgias e tratamentos em nível molecular.

Esse futuro está ainda distante, mas a equipe do Dr. Brad Nelson, do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, está firme nesse propósito.

Eles apresentaram a última versão de seus microrrobôs, que já têm o tamanho suficiente para fazer cirurgias em moscas.

Robô no olho

Com apenas um terço de milímetro de largura, o microrrobô é apresentado pelos pesquisadores como um passo efetivo no projeto de desenvolver máquinas capazes de levar medicamentos até os pontos específicos onde eles são necessários, evitando o risco de efeitos colaterais, e de efetuar pequenas cirurgias.

Além de cirurgias cardíacas, os pesquisadores pretendem voltar o desenvolvimento de seus microrrobôs médicos para a remoção seletiva de tecidos tumorais.

Mas os primeiros testes planejados em humanos será na aplicação de medicamentos para tratar doenças nos olhos, especificamente na etapa pós-cirúrgica de doenças da retina.

Batalhão de robôs

Para simplificar o projeto, os robôs não têm sistema próprio de locomoção, sendo guiados por campos magnéticos externos.

Como cada robô atende a uma única frequência de ressonância, vários deles podem operar no mesmo lugar.

Eles se deslocam de forma muito precisa seguindo os gradientes de um campo magnético, que pode ser modulado individualmente para cada robô.

Em teoria, garantem os pesquisadores, este princípio de locomoção pode guiar todo um batalhão de minúsculos robôs cirurgiões através do corpo.

Talvez o conceito de cirurgia minimamente invasiva precise mudar de nome, mas a ideia é que todo esse batalhão de micro ou nanorrobôs seja inserido no corpo humano - uma autêntica invasão - por meio da agulha de uma seringa. Ao final da cirurgia, eles poderão ser trazidos de volta e recapturados por uma minúscula incisão.

Simulador portuário criado no Brasil começa a ser exportado

A empresa Virtualy, da Incubadora de empresas da Coppe, acaba de inaugurar o primeiro Centro de Simulação de Guindastes Portuários e Offshore do país, com tecnologia 100% nacional.

Equipado com dois simuladores com projeção em caverna digital e duas estações de mesa para operação a partir de monitores interligados, o Centro funcionará como ambiente de treinamento para operações em guindastes de bordo, portainer, ponte rolante e caminhões.

A tecnologia do Centro foi desenvolvida no Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) da Coppe e já está sendo utilizada para treinamentos em portos italianos.

Por meio de um convênio entre a Coppe e a Universidade de Genova, na Itália, a Virtualy comercializou um simulador de portainer que opera no Porto de Cagliari, na Sardenha, e um simulador de caminhão de operações portuárias para treinamento, no Porto de Gênova.

Simulador portuário

Os simuladores funcionam a partir de uma réplica da cabine com todos os comandos ativos integrados a um sistema de visualização avançado. O cenário virtual em 3-D, que pode ser projetado em uma caverna digital ou em monitores interligados, simula sons e condições meteorológicas em tempo real.

Os cenários são reproduções do ambiente de portos brasileiros, entre eles o porto de Santos e do Rio de Janeiro, e o Portocel, no Espírito Santo.

A técnica pode ser adaptada para a construção de simuladores que possam atender a demandas de outros setores, como construção civil, mineração e aviação.

Manipulação de cargas

O pesquisador da Coppe e sócio da Virtualy, Gerson Cunha, explica que os simuladores proporcionam situações que podem ser vivenciadas durante o exercício da função, como procedimentos padrões de manipulação da carga, abastecimento e descarga de navios, e condicionamento em situações de emergência e situações adversas de clima, entre outros.

Segundo Gerson, o equipamento foi desenvolvido levando em conta até mesmo as propriedades mecânicas e elásticas do material a ser manipulado.

"Construímos uma forma de reproduzir o cenário real dos profissionais que atuam no ambiente portuário e offshore, o que é muito importante para a capacitação de pessoas. Agora temos condições de garantir segurança e agilidade nas operações, reduzir custos e aumentar a produção, já que os treinamentos não precisam mais ser feitos no próprio equipamento ou, em alguns casos, até mesmo fora do Brasil, como ocorre atualmente", explica o pesquisador da Coppe.

Treinamento

O diretor comercial da Sampling Planejamento, Ivan Pereira, destaca a importância do Centro no treinamento e na qualificação de profissionais para a operação de guindastes. Segundo Ivan, a Sampling capacita, por mês, entre 1.500 e 1.800 técnicos para operar, com segurança, equipamentos no ambiente offshore.

"Até o momento, todo o treinamento é oferecido no próprio local de operação, o que demanda mais tempo e é bastante oneroso. A partir de janeiro de 2011, nossos treinamentos passarão a ser realizados no Centro de Simulação da Virtualy", afirma o diretor comercial da Sampling, primeira empresa a contar com as inovações do Centro.

O Órgão do Gestor de Mão-de-Obra (OGMO) do Estado do Rio de Janeiro, responsável pela gestão de profissionais e técnicos do setor portuário que atuam nos portos de Sepetiba, Niterói, Forno e Rio de Janeiro, também pretende utilizar as técnicas do Centro para capacitação de profissionais.

Segundo o encarregado do setor de treinamentos do OGMO-RJ, Sérgio Oliveira de Araújo, a empresa treinará no Centro futuros operadores de guindastes. "A parte inicial do treinamento será no Centro e, posteriormente, as aulas práticas serão oferecidas nos cais dos portos", explica.

Banhados artificiais tratam esgoto com técnicas naturais

A equipe do professor Marcelo Nolasco, da USP, desenvolveu um novo sistema de tratamento de esgotos usando métodos naturais, conhecidos como banhados artificiais.

Banhados artificiais

A técnica, também conhecida com wetlands (área pantanosa), usa tanques nos quais areia, cascalho ou outros materiais, funcionam como meio de suporte para o crescimento de plantas aquáticas (macrófitas).

Dentro dos tanques, diversos processos biológicos naturais promovem o tratamento das águas residuárias com o auxílio das populações de microrganismos que se desenvolvem na zona das raízes das plantas e no meio filtrante.

Segundo o professor Nolasco, o relato mais antigo de utilização desse sistema veio de um estudo de 1953, desenvolvido no Instituto Max Planck, na Alemanha.

O uso dos banhados artificiais surgiu a partir da observação de que o sistema era eficiente na remoção de poluentes químicos e de patógenos - a água que entrava poluída nesses banhados saía com melhor qualidade.

Benefícios das wetlands

Outras vantagens do tratamento natural de esgotos são o baixo custo e os benefícios ambientais do sistema.

Por utilizar materiais de baixo custo e que não precisam ser transportados por longas distâncias, a implantação do sistema de wetlands fica mais barato do que uma estação de tratamento tradicional.

Sob o ponto de vista ambiental, os banhados artificiais têm capacidade de suportar variações na vazão de água, o que é muito importante nos dias de chuvas fortes. E a grande população de organismos que ali convivem acabam favorecendo a biodiversidade.

"É um sistema que se integra à paisagem natural, utilizando plantas da própria região onde é implementado", explica o professor.

Tratamento de águas residuárias

Segundo Nolasco, a ideia de trabalhar com o sistema de banhados artificiais surgiu da necessidade de criar uma nova estrutura para que os alunos pudessem realizar estudos na área de tratamento de águas residuárias.

A estrutura de pesquisa, que acaba de ser implementada, permitirá o desenvolvimento de novos estudos.

Os sistemas de banhados artificiais foram selecionados por serem alternativas tecnológicas sustentáveis, robustas, de forma a atender a necessidade de ampliação do conhecimento por tecnologias descentralizadas de tratamento de esgotos no Brasil.

Em diversos países, esta é uma tecnologia em amplo desenvolvimento, mas relativamente pouco desenvolvida no Brasil. "É um sistema que pode ajudar a diminuir o alto défice existente no Brasil com o tratamento de esgoto", diz Nolasco.

O laboratório, mais parecido com uma planta-piloto, possui três unidades com características diferentes, todas abastecidas com o esgoto da própria faculdade.

As unidades foram planejadas e submetidas a diferentes configurações construtivas e operacionais para se avaliar a melhor relação custo-benefício.

Em uma delas, o volume do meio suporte (areia e pedregulho) consiste no dobro da outra. Em outra unidade, o fluxo de água é horizontal, diferenciando-se das demais de fluxo vertical e assim por diante. Dessa forma, será possível avaliar o comportamento de cada uma das unidades na remoção de poluentes químicos e biológicos, associados a cada uma das configurações.

Saneamento descentralizado

A princípio, um dos objetivos da pesquisa era obter informações sobre as modalidades de reúso adequadas para a água residuária tratada. Até o momento, os estudos se mostram promissores, principalmente para os índices de nitrogênio e de sólidos suspensos.

A partir dos resultados dos estudos em andamento, espera-se que o projeto obtenha novos recursos junto às agências de fomento e na iniciativa privada, de forma a ampliar o âmbito do estudo e o retorno à sociedade com soluções apropriadas às suas necessidades.

Segundo o pesquisador Vitor Cano, que auxiliou o professor durante todo o projeto, o que o chamou a atenção nessa pesquisa foi o estudo sobre saneamento descentralizado, área que ele achou interessante e a qual pretende continuar estudando.

De acordo com Nolasco, considerando o caráter multidisciplinar do projeto, o próximo passo é atrair também alunos das áreas de biologia, engenharia ambiental, engenharia civil, arquitetura, química, entre outros, para juntos, aperfeiçoarem os projetos a partir do sistema já construído.

"No futuro pretendemos atrair novos alunos de graduação, da pós-graduação, pós-doutorandos e montarmos um parque demonstrativo de soluções para o tratamento de águas residuárias", completa.

Espaço pode não ser contínuo, mas segmentado como um tabuleiro de xadrez

Os cientistas estavam tentando construir um transístor melhor para fabricar produtos eletrônicos mais eficientes.

Mas eles acabaram descobrindo uma nova forma de pensar sobre a estrutura do espaço.

A estrutura do espaço

Normalmente se considera que o espaço seja infinitamente divisível - dadas quaisquer duas posições, sempre haverá uma posição intermediária entre elas.

Chris Regan e Matthew Mecklenburg, da Universidade da Califórnia, não estavam pensando nem em questões cosmológicas e nem em questões puramente matemáticas quando começaram a estudar uma forma de criar transistores ultrarrápidos usando grafeno.

Mas eles descobriram que pensar o espaço como um conjunto de localidades discretas, como os quadrados de um tabuleiro de xadrez, pode explicar como estruturas pontuais como os elétrons, que não possuem um raio finito, apresentam um momento angular intrínseco, ou spin.

O surgimento do spin pode ser explicado, afirmam os pesquisadores, se a partícula habitar um espaço com dois tipos de posições - como os quadrados claros e quadrados escuros de um tabuleiro.

O spin parece emergir se esses quadrados estiverem tão próximos uns dos outros que sua fronteira não possa ser detectada, ou seja, se não existir um ponto intermediário entre eles.

"O spin do elétron pode surgir porque o espaço em distâncias muito pequenas não é liso e contínuo, mas segmentado, como um tabuleiro de xadrez," propõe Regan.

O spin do elétron

Um elétron possui dois estados chamados de "spin para cima" e "spin para baixo".

O fato de que o spin do elétron tem apenas dois valores possíveis - e não três, ou quatro, ou infinitos - ajuda a explicar a estabilidade da matéria, a natureza das ligações químicas e muitos outros fenômenos fundamentais.

Mas os cientistas ainda não sabem exatamente como o elétron desenvolve essa propriedade, que é compreendida como um movimento rotacional.

Se o elétron tiver um raio, sua superfície estaria viajando a uma velocidade maior do que a da luz, violando a Teoria da Relatividade.

Ademais, experimentos têm mostrado que o elétron não tem um raio - imagina-se que ele seja algo como uma partícula puramente pontual, sem superfície e sem qualquer subestrutura que pudesse eventualmente girar.

O físico britânico Paul Dirac mostrou, em 1928, que o spin do elétron é intimamente relacionado com a estrutura do espaço-tempo. Seu argumento combina a mecânica quântica com a Relatividade Especial, a teoria de Einstein do espaço-tempo, expressa na famosa fórmula E=mc2.

Mas a equação de Dirac não acomoda meramente o spin, ela de fato exige que ele exista. Embora mostre que a mecânica quântica relativística exige o spin, a equação não dá uma explicação sobre como uma partícula pontual pode ter um momento angular, e nem porque o spin tem apenas dois valores possíveis.

Espaço discreto

Regan e Mecklenburg estão propondo um enfoque novo e inacreditavelmente simples: o spin binário pode emergir de dois tipos de quadros - claros e escuros - em um espaço que tenha a estrutura de um tabuleiro de xadrez.

E eles tiveram essa ideia, tipicamente da física teórica, enquanto trabalhavam com um problema eminentemente prático - como construir melhores transistores de grafeno.

"Nós queríamos calcular a amplificação de um transístor de grafeno," conta Mecklenburg. "Nós os estamos construindo e precisávamos calcular a eficiência com que vão operar."

Esses cálculos precisam incluir informações sobre como a luz interage com os elétrons no grafeno, que tem a estrutura parecida com a de uma tela de galinheiro.

Os elétrons no grafeno movem-se saltando de um átomo de carbono para o outro, como se fossem peças sendo movidas em um tabuleiro de xadrez.

A diferença com o tabuleiro de jogo é que os "quadros" do grafeno são triangulares, com os triângulos escuros apontando "para cima" e os triângulos claros apontando "para baixo".

Quando um elétron no grafeno absorve um fóton, ele salta de um triângulo claro para um triângulo escuro. Mecklenburg e Regan demonstraram que essa transição é equivalente a passar o spin de "para cima" para "para baixo".

Em outras palavras, os elétrons adquiririam o spin ao serem confinados em posições discretas e específicas no grafeno.

Novo spin

Esse spin agora proposto pelos dois pesquisadores, que deriva da geometria característica da rede atômica do grafeno, seria um spin adicional e diferente do spin comum que o elétron possui.

Eles o chamam de pseudo-spin, embora demonstrem que ele se trata igualmente de um momento angular real.

O pseudo-spin, assim como o spin meio-inteiro apresentado pelos quarks e léptons, seria então derivado de uma sub-estrutura escondida, não da própria partícula, mas do espaço no qual essas partículas vivem.

"Ainda não está claro se esse trabalho será mais útil na física de partículas ou na física da matéria condensada," diz Regan. "mas seria muito estranho se a estrutura de favos de mel do grafeno fosse a única rede atômica capaz de gerar um spin".

Alho tem atividade antimicrobiana semelhante à dos antibióticos

A utilização do alho nos alimentos e como medicamento se perde nos tempos. Segundo algumas evidências, seu emprego em várias culturas começou há pelo menos seis mil anos.

Hoje se conhecem cerca de 600 espécies de alho e o gênero Allium é frequentemente referência em estudos e utilizado em medicina devido às propriedades antimicrobiana e antiviral, entre outras.

Com base no Allium sativum, comumente consumido no Brasil, e no Allium tuberosum, o conhecido alho nirá, que compõe a culinária japonesa, o professor de química do Cotil (Colégio Técnico de Campinas), da Unicamp, Paulo César Venancio, pesquisou as atividades antimicrobianas dessas espécies em ratos, comparando-as com o conhecido antibiótico amoxicilina.

Alho contra infecções

Segundo o pesquisador, o trabalho foi orientado na busca de uma alternativa para combater as infecções bacterianas mais incidentes hoje. "Os antibióticos utilizados são específicos para cada tipo de cepa de bactérias, observando-se cada vez mais o aumento de suas resistências a eles. A ideia foi então a de buscar alternativas junto à natureza que possam vir a somar como possibilidades a mais no controle das infecções bacterianas", afirmou.

Para Venancio, o resultado das análises dos extratos revelou a presença de compostos orgânicos e organossulfurados responsáveis pela ação antimicrobiana e provavelmente resultantes da degradação da alicina presente no alho.

Os testes in vitro confirmaram a ação antimicrobiana do A. sativum, mas surpreendentemente mostraram que esse efeito não se manifesta no caso do A. tuberosum.

No modelo utilizado para os ratos, os extratos dos dois alhos mencionados nas diferentes concentrações utilizadas foram capazes de diminuir de maneira eficaz e comparável à amoxicilina a infecção estafilocócica.

Alho como antibiótico

Para chegar à escolha do alho, Venancio pesquisou inicialmente quais as plantas que apresentavam melhor eficácia contra infecção, mais especificamente no combate aos Staplylococcus aureus, frequentemente isolado na pele, glândulas cutâneas e em mucosas.

Ao justificar a seleção da bactéria, o pesquisador esclarece que ela, que faz parte da microbiota humana, ao encontrar condições favoráveis, pode entrar na corrente sanguínea e se alojar em vários órgãos ou tecidos e causar efeitos devastadores. Esta bactéria é uma das maiores responsáveis pelas infecções hospitalares.

Moveu-o, ainda, o fato de a Anvisa ter lançado em 2010 uma relação de plantas medicinais em que o alho, tradicionalmente considerado antisséptico, tem esse efeito destacado.

O pesquisador enfatiza que o estudo teve por objetivo principal avaliar in vivo a atividade antimicrobiana de extratos dos dois alhos mencionados sobre a infecção estafilocócica em ratos. Paralelamente, determinou as mesmas atividades in vitro, ou seja, com bactérias cultivadas em laboratório. A comparação dos resultados obtidos nos dois estudos permitiu aventar eventuais efeitos fisiológicos sobre os animais.

Mais ainda: para estabelecer parâmetros com outros trabalhos desenvolvidos, Venancio determinou a composição química dos extratos, ou seja, a qualidade e a quantidade de substâncias neles presentes, o que possibilitaria confirmar aquelas responsáveis pelo princípio ativo.

Suco de alho

Entusiasmado com os efeitos benéficos do alho, o autor enfatiza que qualquer pessoa pode fazer um extrato de alho.

Basta pegar um dente de alho que pesa cerca de 500mg (meio grama), triturá-lo, colocar a massa macerada em meia xícara de água e deixar por 20 minutos.

Segundo ele, ao tomar o suco nas refeições, a pessoa está ingerindo um excelente antimicrobiano.

"Fizemos um estudo que pudesse resultar em algo útil e com resultados práticos que podem prontamente ser utilizados pela população", concluiu.

Receita de alho

Paulo Cesar Venancio defende que, se o médico não desejar prescrever apenas o alho nos casos de infecção, pode associá-lo ao antimicrobiano de forma a alcançar sinergismo. Para ele, a idéia do uso simultâneo é melhorar a ação dos antimicrobianos e quem sabe futuramente recuperar antibióticos que não fazem mais efeito.

A análise química da composição dos extratos se justifica porque o alho é constituído por muitas substâncias, daí a importância de determinar quais estavam presentes nos extratos. Porque, afirma Venâncio, "hoje importa na medicina conhecer isoladamente os compostos presentes para poder isolá-los e identificar os responsáveis pelos princípios ativos". Ele, entretanto, esclarece que seu objetivo foi o de apenas identificar os compostos para poder estabelecer uma comparação com os estudos já existentes.

Diz ele que esse parâmetro precisava ser dado à comunidade científica para que pudessem ser comparadas as composições dos alhos aqui cultivados com os já estudados. Os estudos prévios por ele realizados mostram que os componentes mais ativos são os sulfurados, compostos orgânicos à base de enxofre, provavelmente resultantes da degradação da alicina. O estudo permitiu constatar que esses compostos também são preponderantes nos alhos utilizados.

A ação do alho japonês é pouco conhecida e existem poucos estudos sobre ele. Segundo o autor, o que diferencia seu trabalho dos já existentes é a escolha das bactérias Staplylococcus aureus, as maiores responsáveis pelas infecções hospitalares.

Células do coração e ouvido são acionadas por luz infravermelha

Cientistas da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, descobriram que a luz infravermelha, que não é vista pelo olho humano, faz as células cardíacas se contraírem e as células do ouvido interno enviarem sinais ao cérebro.

A descoberta poderá ser importante para melhorar a qualidade de implantes cocleares para surdez e permitir a criação de dispositivos para restaurar a visão, manter o equilíbrio e tratar perturbações do movimento, como o Mal de Parkinson.

"Poderemos conversar com o cérebro com impulsos ópticos infravermelhos, em vez de pulsos elétricos," que hoje são usados nos implantes cocleares, diz o Dr. Richard Rabbitt, que coordenou as pesquisas, feitas em animais de laboratório.

Luz para o coração

O estudo também abre a possibilidade de desenvolver marca-passos cardíacos que usem sinais ópticos, em vez de sinais elétricos, para estimular as células do coração, embora o pesquisador afirme que, como os marca-passos eletrônicos funcionam bem "eu não vejo um mercado para um marca-passo óptico na atualidade."

O significado científico da pesquisa está na descoberta de que os sinais ópticos - pulsos curtos de uma onda invisível de um laser infravermelho, transmitido através de uma fibra óptica - podem ativar as células do coração e as células do ouvido interno relacionadas ao equilíbrio e à audição.

Além disso, a pesquisa mostrou que a luz infravermelha ativa as células do coração, chamadas cardiomiócitos, disparando o movimento de íons de cálcio para dentro e para fora das mitocôndrias, as organelas das células que transformam o açúcar em energia utilizável.

Parece ser esse o mesmo processo que ocorre quando a luz infravermelha estimula as células do ouvido interno.

Luz infravermelha

A luz infravermelha pode ser sentida como calor, levantando a possibilidade adicional de que as células do coração e dos ouvidos possam ser ativadas por calor, em lugar da própria radiação infravermelha.

Os pulsos de luz infravermelha de baixa potência usados no estudo foram gerados por um diodo laser, semelhante ao utilizado nos apontadores usados em apresentações - só que, neste caso, o diodo emite uma luz visível.

As células do coração usadas no estudo foram retiradas de camundongos recém-nascidos. Esses cardiomiócitos são responsáveis por fazer o coração bater.

As células do ouvido interno são células ciliadas, e foram retiradas do órgão do ouvido interno que detecta o movimento da cabeça. As células ciliadas foram retiradas de um tipo de peixe que os cientistas usam como um modelo para estudo dos ouvidos humanos.

Implantes multifrequenciais

As células ciliadas do ouvido interno, por exemplo, transformam as vibrações mecânicas do som em sinais que são enviados ao cérebro por meio de células nervosas que se ligam a elas.

Agora os cientistas conseguiram obter os mesmos impulsos acionando as células com luz.

Os implantes cocleares atuais convertem o som em sinais elétricos, que normalmente são transmitidos a oito eletrodos na cóclea, uma parte do ouvido interno, onde as vibrações sonoras são convertidas em impulsos nervosos enviados ao cérebro.

Oito eletrodos podem transmitir apenas oito frequências de som, enquanto um adulto saudável pode ouvir mais de 3.000 frequências diferentes.

Com a estimulação óptica, os eletrodos podem ser dispensados, e um futuro equipamento baseado nesta descoberta poderia enviar centenas ou milhares de frequências.

terça-feira, 29 de março de 2011

Unicamp desenvolve sistema digital para alinhamento de pneus

Pesquisadores da Unicamp desenvolveram um equipamento que permite fazer o alinhamento das rodas de um veículo usando imagens captadas por meio de câmeras digitais de baixo custo.

Entre as principais novidades do novo equipamento está a redução em 40% do tempo de verificação da angulagem da roda em comparação com o medidor tradicional usado em oficinas e centros automotivos.

O equipamento também pode ser mais barato: o protótipo, construído com equipamentos comprados no comércio e sem qualquer ganho de escala, custou menos de R$1.000,00. Duas empresas já se interessaram pelo desenvolvimento do produto.

Sistemas de alinhamento

Os sistemas de alinhamento utilizados no mercado estão baseados na instalação de sensores mecânicos nas rodas dos veículos, exigindo ambientes apropriados para realizar a calibração, o que encarece a instalação e, por decorrência, o serviço final.

Há também o investimento em recursos humanos, uma vez que o operador precisa de treinamento adequado. "O sistema não é muito fácil de ser manipulado. Uma pessoa leiga, por exemplo, não tem condições de operá-lo," explica Paulo Roberto Gardel Kurka, responsável pelo desenvolvimento do novo sistema de alinhamento eletrônico.

O novo sistema é muito mais simples: uma vez que as câmeras estejam posicionadas corretamente e a iluminação seja adequada, qualquer pessoa com um mínimo de treinamento consegue executar a verificação do alinhamento.

A eliminação do processo atual de regulagem da projeção de um feixe de luz em um painel graduado acaba acarretando os 40% de redução de tempo nesse tipo de verificação. Kurka ressaltou, no entanto, que o alinhamento é composto de medição e correção. "É importante lembrar que o tempo de ajuste continua sendo o mesmo", assegurou.

Alinhamento eletrônico

Duas câmeras, alinhadas e dispostas sobre um sistema de posicionamento, capturam a imagem do conjunto roda/pneu a ser analisado.

Tanto a câmera da esquerda como a da direita identificam um mesmo padrão e enviam essas informações para um programa de processamento de imagens.

O programa faz uma reconstrução tridimensional, ou seja, dois padrões são transformados em uma única imagem virtual tridimensional.

O resultado é usado como base para comparação com uma imagem padrão de um pneu alinhado. "A variação é que fornece a informação sobre o estado do alinhamento," explicou Kurka.

Outra peculiaridade dessa técnica de trabalhar com padrões é que as câmeras utilizadas individualmente são de baixa resolução. Quando se fixa o olhar em um pixel pode nem mesmo ser possível detectar uma pequena mexida no pneu.

No entanto, quando se seleciona um padrão de pixels, mesmo que um deles permaneça inalterado, é possível observar uma pequena variação que é captada pelo software. O fato de se trabalhar com um padrão de pixels, e não somente com um, fornece uma precisão chamada sub-pixel.

"É isso que possibilita a medição de pequenas variações de grau, como por exemplo, 0,5° ou 1°. Para isso é importante um padrão de alinhamento. O que medimos é a variação angular", ressaltou o coordenador.

Como o objeto de medição é o nível de inclinação, não importa se o aro do pneu é 14, 15 ou 18.

O sistema de processamento das imagens foi desenvolvido a partir de um software livre chamado "Blender" e de ferramentas de processamento numérico.

Microsoft revela segredos do Kinect

Com mais de 10 milhões de unidades vendidas em cinco meses desde o lançamento, o Kinect parece ter pago todos os investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

Tanto que pesquisadores da Microsoft divulgaram o primeiro artigo técnico descrevendo as inovações que permitiram o lançamento do produto.

O artigo, assinado por oito pesquisadores da empresa, foi disponibilizado no site da Microsoft Research, datado de Junho de 2011 - quando ele será publicado em um periódico do IEEE.

"Floresta de decisões aleatórias"

Os pesquisadores descrevem como, a partir de uma única imagem, é possível reconhecer partes do corpo humano em tempo real.

O algoritmo associa cada pixel da imagem a uma parte do corpo humano, criando uma imagem um tanto borrada da pessoa.

Graças ao sensor infravermelho do Kinect, o programa consegue detectar também a distância de cada parte do corpo, atribuindo ao pixel o dado adicional de profundidade.

Cada pixel é inicialmente avaliado com relação a determinados parâmetros - por exemplo, se o pixel está na parte de cima ou na parte de baixo do corpo.

A pontuação de cada parâmetro é então combinada com uma busca através de uma "floresta de decisões aleatórias" - essencialmente uma coleção de decisões que avaliam se um pixel com um conjunto específico de características pode ser atribuído a uma parte específica do corpo.

Localização das juntas

Os pesquisadores treinaram o sistema usando uma biblioteca de imagens de captura de movimento.

Eles inicialmente coletaram 500.000 quadros, catalogando movimentos como dançando, chutando ou correndo. A seguir, eles resumiram o conjunto inicial a 100.000 quadros descartando aqueles que não apresentam uma distância em relação aos demais de mais do que cinco centímetros.

Uma vez que as partes do corpo são identificadas, o sistema calcula a provável localização das juntas para construir um esqueleto 3D.

O Xbox roda o algoritmo 200 vezes por segundo, o que é cerca de 10 vezes mais rápido do que as técnicas anteriores de reconhecimento corporal. Com isto, os jogadores podem ser rastreados com rapidez suficiente para que seus movimentos sejam incorporados nos jogos.

E a equipe de cientistas da Microsoft dá alguns indícios do que os fãs da dupla Xbox-Kinect podem esperar no futuro.

A equipe planeja agora estudar como melhorar a precisão do sistema calculando diretamente as posições das juntas, eventualmente descartando a detecção inicial das partes do corpo.

Isso permitirá que o algoritmo rode muito mais rapidamente, o que poderá ser revertido em ganhos de resolução - será que o Kinect 2 será capaz de detectar o movimento individual dos dedos, por exemplo?

* Vídeo holográfico é feito com Kinect hackeado

Brasileiros criam superplástico com abacaxi e banana

Cientistas brasileiros querem que os chamados "carros verdes" - carros ambientalmente corretos, ou menos ambientalmente danosos do que os atuais - tenham o verde guardado fundo em suas fibras mais íntimas.

Alcides Leão e seus colegas da USP desenvolveram uma técnica para usar fibras de abacaxi, banana e outras plantas em uma nova geração de plásticos automotivos.

Superplásticos de plantas

Os plásticos compósitos à base de plantas são mais fortes e mais leves do que os atuais - e mais ambientalmente corretos, por dispensarem uma parte do material à base de petróleo.

Segundo Leão, as fibras retiradas do abacaxi e da banana parecem ser frágeis, mas, quando testadas na forma de fibras de nanocelulose, elas são extremamente fortes - quase tanto quanto o famoso Kevlar, usado na fabricação de roupas à prova de bala.

Com a vantagem de que, ao contrário do Kevlar e de outros plásticos tradicionais, que são feitos de matérias-primas oriundas do petróleo e do gás natural, as fibras de nanocelulose são completamente renováveis.

"As propriedades desses plásticos são incríveis," disse Leão. "Eles são leves, mas muito fortes - 30 vezes mais leves e de 3 a 4 vezes mais fortes. Nós acreditamos que uma grande variedade de peças de automóveis, incluindo painéis, pára-choques e painéis laterais, será feita de nanofibras de frutas no futuro."

E em um futuro próximo: segundo Leão, os superplásticos à base de nanocelulose poderão estar no mercado dentro de dois anos.

Além do aumento na segurança, os bioplásticos permitirão a redução do peso do veículo, com um ganho direto na economia de combustível.

O pesquisador brasileiro cita ainda outras vantagens. Segundo ele, os plásticos com as nanofibras de frutas incorporadas têm maior resistência a danos causados pelo calor e por derramamento de líquidos, como a gasolina.

Nanocelulose

A celulose é o material básico que forma a madeira e outras partes das plantas.

Suas fibras, em suas dimensões naturais, têm sido usadas na fabricação de papel há séculos.

Mais recentemente, os cientistas descobriram que o processamento intensivo da celulose libera fibras extremamente pequenas, a chamada nanocelulose - fibras com comprimentos na faixa dos nanômetros, ou bilionésimos de metro.

Estas nanofibras são tão pequenas que seria necessário colocar 50.000 delas enfileiradas para cobrir o diâmetro de um fio de cabelo humano.

Assim como as fibras de vidro e fibras de carbono, as fibras de nanocelulose podem ser adicionadas às matérias-primas usadas na fabricação do plástico, gerando plásticos reforçados que são mais fortes e mais duráveis.

Nanofibras

Leão afirma que as folhas e caules de abacaxi são mais promissores como fonte de nanocelulose do que a madeira comum.

Outras fontes adequadas de nanocelulose estudadas pelo grupo são o curauá (Ananás Erectifolius), um parente do abacaxi, a banana, a casca de coco e o sisal.

Para preparar as nanofibras, os cientistas colocaram as folhas e caules de abacaxi ou das demais plantas em um equipamento parecido com uma panela de pressão.

O "molho" é formado por um conjunto de compostos químicos, e o cozimento é feito em vários ciclos, até produzir um material fino, parecido com o talco.

O processo é caro, mas é necessário apenas um quilograma de nanocelulose para produzir 100 quilogramas de plásticos leves e super-reforçados.

"Por enquanto nós estamos focando na substituição dos plásticos automotivos," disse Leão. "Mas no futuro poderemos substituir peças automotivas hoje feitas de aço ou alumínio usando esses materiais à base de nanocelulose de plantas."

Folha artificial prática é apresentada por cientistas do MIT

Cientistas do MIT afirmam ter construído a primeira folha artificial com viabilidade prática.

Folhas artificiais são sistemas de conversão da energia solar em outras formas de energia, sobretudo química.

Ao contrário das células solares, as folhas artificiais tentam imitar o funcionamento das plantas, em um conceito conhecido como fotossíntese artificial.

Segundo alguns cientistas, o futuro energético do planeta está nas folhas artificiais.

Folha artificial?

O projeto da equipe do Dr. Daniel Nocera, do MIT, é uma espécie de célula fotoeletroquímica, do tamanho de uma carta de baralho, e se aproxima só um pouco do conceito de fotossíntese artificial.

Apesar do nome, a folha artificial não tem qualquer semelhança com a folha natural de uma planta.

Ela é feita de silício e utiliza um conjunto de circuitos eletrônicos e catalisadores para controlar e acelerar reações químicas.

Segundo Nocera, se for colocada dentro de um galão com água sob a luz direta do Sol, a folha artificial pode gerar eletricidade "suficiente para abastecer uma casa em um país em desenvolvimento por um dia".

Como a novidade foi apresentada durante a reunião anual da Sociedade Química Americana neste fim de semana, o artigo científico que embasa a descoberta ainda não está disponível, o que impede uma avaliação mais precisa dessa alegação.

Quebra da molécula de água

Duas informações divulgadas durante a apresentação permitem algum entusiasmo com o feito.

A primeira é que o protótipo funcionou durante 45 dias no laboratório sem qualquer queda na quantidade de energia produzida. Protótipos anteriores deixam de funcionar totalmente em alguns poucos dias.

A segunda é que, ao contrário de vários protótipos de folhas artificiais já fabricadas, que usam catalisadores caros, como o ródio, a equipe do Dr. Nocera usou catalisadores de níquel e cobalto que, se não são exatamente baratos, também não são proibitivamente caros.

A folha artificial quebra as moléculas da água em seus dois elementos constituintes, oxigênio e hidrogênio.

Os dois gases são levados para uma célula a combustível, responsável para produção da eletricidade.

O sistema composto, que os cientistas agora apresentaram, baseou-se em um trabalho anterior do grupo no desenvolvimento de catalisadores para quebra das moléculas de água:

* Refinarias de água armazenarão energia solar para uso noturno

Nave movida a água barateia viagem a Marte em 100 vezes

Poderia uma espaçonave interplanetária ser alimentada unicamente por água?

A resposta é sim, segundo dois pesquisadores da área.

Brian McConnell e Alex Tolley defenderam a ideia da criação da nave, que eles batizaram de "carruagem espacial", em um artigo publicado no jornal da Sociedade Interplanetária Britânica.

Carruagem espacial

Segundo os pesquisadores, uma viagem a Marte em uma nave alimentada a água custaria o equivalente a um único lançamento de um ônibus espacial até a Estação Espacial Internacional.

Ao contrário dos ônibus espaciais, a carruagem espacial seria uma nave estritamente espacial, dispensando as especificações necessárias ao pouso, o que poderia ser feito por naves auxiliares projetadas especificamente para isso.

Esta ideia também foi defendida pela NASA na semana passada, quando a agência espacial apresentou um novo conceito de nave espacial para voos de longa duração.

A carruagem espacial também aproveitaria o conceito de módulos infláveis, defendidos por Robert Bigelow para a construção do seu hotel espacial.

E, segundo os pesquisadores, sua nave espacial não depende de nenhuma inovação tecnológica futura: "É realmente um projeto de integração de sistemas. A tecnologia fundamental está toda disponível," disse McConnell.

Nave movida a água

O que mais chama a atenção na carruagem espacial, contudo, é o seu combustível, exclusivamente água.

O motor da espaçonave "queimaria" a água no interior de motores eletrotermais acionados por micro-ondas.

Motores eletrotermais são um tipo de sistema de propulsão elétrica, a exemplo dos motores iônicos e do motor vasimir.

Eles já foram testados em laboratório usando a água como propelente. Segundo os pesquisadores, esses motores "provaram ser várias vezes mais eficientes no consumo de combustível do que os foguetes químicos convencionais".

Esses motores superaquecem a água no interior de uma câmara. O vapor resultante é ejetado por um bocal semelhante aos bocais dos foguetes comuns, fornecendo o impulso à nave.

Motores eletrotermais

A energia elétrica para os motores, assim como para toda a nave, seria fornecida por grandes painéis solares, o que levou a um design "chapado" da nave para ampliar a área disponível tanto para o armazenamento da água quanto para a instalação dos painéis solares.

Os motores eletrotermais a água fornecem pouco empuxo em relação aos motores químicos, mas, como poderiam funcionar por muito mais tempo, propiciaram uma aceleração contínua à nave, permitindo que as missões fossem feitas nos tempos previstos atualmente - uma viagem a Marte levaria cerca de seis meses.

Para dar maior agilidade e capacidade de manobra, principalmente em situações de emergência, a nave teria pequenos motores químicos, similares aos usados em satélites e sondas espaciais.

"A capacidade de usar a água como propelente altera radicalmente a economia das missões de longo alcance, reduzindo o custo de uma missão em até 100 vezes, tornando as missões ao espaço profundo comparáveis em termos de custos às atuais missões tripuladas à órbita baixa da Terra," dizem os pesquisadores, referindo-se aos ônibus espaciais norte-americanos.

Escudos de água

A água teria outras utilidades além de servir como combustível e, na verdade, condiciona todo o projeto da nave.

Os módulos infláveis teriam camadas externas cheias de água, que serviria como um escudo contra a radiação do espaço.

A água também poderia ser incorporada nas próprias paredes dos módulos infláveis, congelando em contato com o frio do espaço e funcionando como um escudo rígido contra os micrometeoritos e outros detritos que possam se chocar com a nave durante a viagem.

A grande disponibilidade de água também possibilitará o cultivo de plantas para alimentação e, coisa inédita no espaço, permitirá até mesmo que os astronautas tomem banho de banheira.

Os pesquisadores defendem a utilização de uma frota dessas carruagens espaciais viajando pelo Sistema Solar, reabastecendo-se de água na órbita baixa da Terra ou de água "minerada" na Lua ou mesmo em Marte.

Afrodisíacos naturais: cientistas revelam quais realmente funcionam

Está interessado em apimentar sua vida sexual?

Tente adicionar ginseng e açafrão à sua dieta.

Os dois alimentos provaram ser aceleradores do desempenho sexual, de acordo com uma nova revisão científica de afrodisíacos naturais.

A pesquisa foi realizada por cientistas da Universidade de Guelph, no Canadá.

Afrodisíacos com comprovação científica

Você pode também deliciar-se com vinho e chocolate, mas seus efeitos amorosos documentados cientificamente estão todos na sua cabeça.

Fique longe dos mais obscuros mosca espanhola e sapo Bufo. Apesar de supostamente serem reforçadores sexuais, eles na verdade produziram o resultado oposto e podem até ser tóxicos.

Estas são algumas das conclusões do estudo realizado por Massimo Marcone e John Melnyk. Os resultados serão publicados na revista Food Research International.

"Os afrodisíacos têm sido usados há milhares de anos em todo o mundo, mas a ciência por trás das alegações nunca foi bem compreendida ou claramente documentada," disse Marcone. "A nossa é a revisão científica mais aprofundada feita até hoje. Nada havia sido feito com este nível de detalhe até agora."

Sem libido

Há uma grande demanda por produtos naturais que melhorem o sexo, sem efeitos secundários negativos.

Atualmente, condições como a disfunção erétil são tratadas com drogas sintéticas, incluindo o sildenafil (comumente vendido como Viagra) e tadalafil (Cialis).

"Mas essas drogas podem produzir dor de cabeça, dor muscular e visão turva, e podem ter interações perigosas com outros medicamentos. Elas também não aumentam a libido, por isso não ajudam as pessoas que estejam com baixo desejo sexual," disse ele.

Os pesquisadores analisaram centenas de estudos sobre afrodisíacos naturais para investigar as alegações de que eles aumentariam o desejo sexual - psicológica e fisiologicamente.

Para manutenção da qualidade da pesquisa, eles incluíram apenas estudos que usaram controles mais rigorosos.

Afrodisíacos naturais mais eficazes

Os resultados?

Eles descobriram que o ginseng panax, o açafrão e a ioimbina, um produto químico natural extraído da árvore ioimbe, nativa da África Ocidental, melhora a função sexual humana.

As pessoas também relataram aumento do desejo sexual após a ingestão de muira puama, uma planta com flores encontrada no Brasil; raiz de Maca, uma planta da família da mostarda, encontrada nos Andes, e chocolate.

Contudo, apesar de seu suposto efeito afrodisíaco, o chocolate não foi relacionado com maior excitação sexual ou satisfação, segundo o estudo.

"Pode ser que algumas pessoas sintam um efeito de determinados ingredientes do chocolate, principalmente a feniletilamina, que pode afetar os níveis de serotonina e endorfina no cérebro", disse Marcone.

Já o álcool aumenta a excitação sexual, mas inibe o desempenho sexual.

Noz-moscada, cravo, gengibre, alho e âmbar cinza, ou âmbar de baleia - formado no trato intestinal do cachalote - estão entre as substâncias relacionadas ao aumento do comportamento sexual em animais.

Afrodisíacos eficazes

Embora seus resultados deem suporte ao uso de alimentos e plantas para aumentar o desejo sexual, os autores sugerem cautela.

"Atualmente, não há evidência suficiente para apoiar o uso generalizado destas substâncias como afrodisíacos eficazes," disse Marcone. "Mais estudos clínicos são necessários para compreender melhor seus efeitos sobre os seres humanos."

Bisfenol A afeta desenvolvimento do ouvido durante gestação

O Bisfenol A, presente em embalagens plásticas e até em mamadeiras, tem efeitos já bem-documentados sobre a reprodução e o desenvolvimento infantil.

Isto está levando que, aos poucos, o bisfenol seja banido do contato com alimentos.

Agora, um estudo realizado na França revelou que o material induz anomalias no ouvido interno de embriões de vertebrados, um efeito até agora desconhecido e que pode ter influência negativa sobre o feto durante a gravidez.

O estudo, liderado por Vincent Laudet, da Universidade de Lion, foi publicado na revista BMC Developmental Biology.

Perigos do bisfenol A (BPA)

O bisfenol A, ou BPA, é um composto químico sintético amplamente utilizado na fabricação de embalagens industriais, como garrafas plástico de policarbonato e outros objetos de uso cotidiano, como CDs, óculos, garrafas de plástico e algumas mamadeiras.

O material também é empregado em resinas epóxi utilizadas no revestimento interno de latas estanhadas para armazenamento de alimentos e em amálgamas dentários.

Contudo, o BPA pode alterar o equilíbrio hormonal dos vertebrados interagindo diretamente com os receptores hormonais ou com as enzimas que asseguram o metabolismo desses hormônios: o bisfenol A é um disruptor endócrino.

De fato, o BPA é capaz de se ligar aos receptores de estrogênio, o hormônio sexual feminino, e imitar sua ação no organismo.

Por esta razão, o bisfenol A é agora classificado como uma "reprotoxina categoria 3" - em outras palavras, como uma "substância que causa preocupação para a fertilidade humana", devido aos "possíveis efeitos tóxicos" na reprodução.

Bisfenol na formação do feto

Os resultados mostram, pela primeira vez, a sensibilidade do ouvido interno dos vertebrados ao bisfenol A.

O estudo demonstra que os efeitos deste composto químico sobre o desenvolvimento embrionário dos animais, incluindo mamíferos, precisam ser explorados com maior profundidade.

Até agora, a maioria dos estudos realizados para caracterizar e avaliar os efeitos do bisfenol sobre o corpo humano têm-se centrado na função reprodutiva e no desenvolvimento do cérebro.

Os pesquisadores franceses, por outro lado, centraram-se sobre o efeito deste composto no desenvolvimento embrionário.

Equilíbrio e audição

Os resultados foram surpreendentes, para dizer o mínimo: após a exposição ao BPA, a maioria dos embriões desenvolveu anormalidades dos otólitos, as pequenas estruturas do ouvido interno que controlam o equilíbrio e desempenham um papel importante na audição.

Agregados de otólitos se formaram em 60% dos embriões. Outras alterações menos frequentes do ouvido interno também foram observadas.

Acima de uma concentração de 15 mg/L, todos os animais desenvolveram anomalias - no entanto, esta dose corresponde a uma exposição muito aguda, muito superior à exposição a que os seres humanos estão propensos hoje.

Efeitos do bisfenol A

Além disso, os pesquisadores observaram que as anomalias persistiram mesmo quando os receptores de estrogênio - os alvos convencionais do bisfenol A - foram bloqueados, o que implica que o BPA pode se ligar a um outro receptor.

Este novo efeito agora descoberto pode ser completamente independente dos receptores de estrogênio.

Este trabalho demonstra claramente que, além de seus efeitos tóxicos para a reprodução, o bisfenol A em doses muito altas também tem um efeito sobre o desenvolvimento embrionário.

A pesquisa também mostra que este composto tem mais alvos do que se pensava anteriormente.

Finalmente, o estudo abre novas vias de investigação para caracterizar a forma como o bisfenol A funciona, bem como para avaliar corretamente os seus efeitos.

segunda-feira, 28 de março de 2011

É Notícia: Kennedy Alencar entrevista Gilberto Kassab

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, articula a criação de um novo partido, o PSD - Partido Social Democrático. Depois de deixar o DEM, Kassab se diz cético em relação à construção de uma alternativa de poder que rompa a polarização entre PT e PSDB nas eleições presidenciais: "É muito prematuro falar em terceira via no país. Não acredito que o país esteja maduro para uma terceira via. Não sinto ainda um solo fértil para essa alternativa". Kassab afirma que sua aliança com José Serra se mantém. Mas, na hipótese de o tucano não ser candidato à Presidência em 2014, o prefeito diz que o PSD poderia apoiar a reeleição de Dilma Rousseff. "Se ela tiver um bom desempenho porque não estar ao lado dela? Eu não tenho nenhum preconceito com a ideia, muito pelo contrário. Eu torço pelo seu sucesso e não teria nenhum constrangimento em apoiá-la.







Fonte: RedeTV!

Instituto Butantan obtém células-tronco de dentes de leite

O Laboratório de Genética do Instituto Butantan desenvolveu uma técnica que faz com que as células extraídas do dente de leite tornem-se células embrionárias.

Com essa técnica, os embriões não são mais necessários para a criação de células-tronco.

O estudo vem sendo desenvolvido desde 2004 em parceria com a Universidade de São Paulo (USP).

Múltiplos usos

A descoberta abre caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos para doenças motoras, imunológicas, de regeneração de ossos e nervos, na reconstrução de células dos músculos, cartilagem e outros tecidos, além de enfermidades psiquiátricas.

* Células-tronco de dentes de leite tratam lesão ocular

"Como se sabe a criação de células-tronco com embriões implica na destruição dos embriões e não se sabe quem é o dono dessas células embrionárias. Nesse caso, quando a célula é induzida, quer dizer que você pode produzir do seu próprio organismo uma célula igual a embrionária. Com essa célula se contornam muitos problemas éticos", afirmou a geneticista responsável pela pesquisa Irina Kerkis.

A geneticista ressaltou que a técnica é muito nova no mundo e a partir desse estudo o Brasil entra na lista dos países que dominam o procedimento científico que contava apenas com dois países, os Estados Unidos e a Inglaterra.

Terapia celular

Segundo Irina, o objetivo é continuar as pesquisas para avaliar até onde é possível utilizá-la na terapia celular.

"Por enquanto isso não é possível em nenhum lugar do mundo, mas vamos começar a testar e comparar seu potencial celular com o que já utilizamos, que é uma célula muito boa," afirma.

Brasileiros restauram fertilidade de óvulos inférteis

Um grupo de pesquisadores brasileiros confirmou a eficiência de uma nova ferramenta biotecnológica para recuperar o desenvolvimento de óvulos de mulheres inférteis.

O estudo, coordenado por Marcos Chiaratti e Flávio Meirelles, da Universidade de São Paulo (USP), em Pirassununga, foi capa edição de fevereiro da revista Reproductive Biomedicine.

De acordo com Chiaratti, o trabalho ressalta a enorme capacidade da técnica para restaurar o desenvolvimento embrionário de óvulos inférteis sem consequências para o recém-nascido.

"No estudo, utilizamos o modelo bovino, mas a grande similaridade do período de desenvolvimento embrionário e fetal indica que a técnica poderá ser importante também no contexto humano. O estudo abre as portas para estudos pré-clínicos visando à futura aplicação dessa ferramenta em humanos", disse.

Infertilidade pela idade

Segundo Chiaritti, a técnica tem grande implicação para mulheres que sofrem de infertilidade, principalmente devido ao envelhecimento. "De acordo com a Sociedade Norte-Americana de Medicina Reprodutiva, 30% das mulheres entre 35 e 39 anos de idade são inférteis e esta porcentagem cresce para 64% entre as mulheres com 40 a 44 anos", disse.

A técnica consiste na transferência de pequenas porções de citoplasma provenientes de óvulos de mulheres mais jovens para óvulos de mulheres inférteis. "Havia a hipótese de que essa transferência de citoplasma pudesse suprir possíveis deficiências dos óvulos dessas mulheres com problemas de fertilidade", apontou.

A transferência de citoplasma foi utilizada no final da década de 1990 em clínicas de reprodução humana assistida dos Estados Unidos e também em alguns outros países, resultando no nascimento de pelo menos 16 crianças. Entretanto, embora tenha-se mostrado muito promissora, foi proibida pela Food and Drug Administration (FDA), agência do governo dos Estados Unidos.

"A ferramenta foi utilizada em humanos sem a realização de ensaios pré-clínicos. Embora fosse um recurso promissor, não havia informação suficiente sobre ela, que acabou sendo proibida. Não se tinha garantias de que o uso da técnica pudesse perpetuar alguma patologia hereditária de uma mãe que tem um quadro de infertilidade", disse.

Na época, segundo Chiaritti, não se sabia porque a técnica funcionava. Uma das hipóteses levantadas era a de que os óvulos recuperavam o desenvolvimento embrionário graças à introdução de mitocôndrias novas contidas no citoplasma implantado. "Conjecturou-se que a infertilidade fosse causada por baixa atividade das mitocôndrias, mas nada disso foi provado", disse.

Gravidez tardia e segura

Nos últimos anos, vários trabalhos têm investigado a técnica em modelos animais, confirmando os resultados prévios descritos em humanos. "Nosso experimento gerou animais saudáveis em 100% dos casos. Como foi feito em bovinos, é um excelente indicativo de que a técnica é segura também para humanos", disse Chiaritti.

No experimento, os óvulos bovinos foram submetidos a aplicação de brometo de etídio. A droga tem efeito específico nas mitocôndrias e o defeito causado nos óvulos simulava o problema das mulheres que sofrem com a infertilidade.

"Depois disso, utilizamos a técnica de transferência de citoplasma e tivemos uma recuperação de 100% do rendimento dos óvulos, em termos de desenvolvimento embrionário", afirmou.

Na época em que a técnica foi aplicada em humanos, duas das crianças nasceram com defeitos cromossômicos. Isso também foi um dos argumentos para que a FDA proibisse o procedimento.

"Hoje, sabemos que esses defeitos não foram causados pelo uso da técnica, mas porque há uma incidência maior desses defeitos cromossômicos na gravidez de mulheres mais velhas. No caso das vacas, nenhum dos animais nascidos apresentou qualquer anomalia", disse.

Técnicas de recuperação embrionária

De acordo com Meirelles, após a publicação, o artigo mereceu um comentário na própria Reproductive Biomedicine, assinado por Henry Malter, renomado especialista em reprodução humana assistida do centro Genesis Fertility and Reproductive Medicine, nos Estados Unidos.

"O artigo foi considerado muito importante, porque a técnica, que pode trazer grandes benefícios para a medicina reprodutiva, havia sido deixada de lado há muitos anos. A pesquisa abre a perspectiva para que finalmente possam ser feitos estudos pré-clínicos, possibilitando a aplicação no futuro", afirmou Meirelles.

Segundo ele, o desenvolvimento de técnicas que ajudem a recuperar o desenvolvimento embrionário se torna cada vez mais importante à medida que as mulheres estão engravidando cada vez mais tarde.

"Sabemos que a fertilidade do ser humano cai gradualmente com o tempo. Essa técnica, especificamente, consegue trazer benefícios para indivíduos que não respondem nem mesmo à fertilização in vitro. O grande avanço que esse trabalho representa consiste em mostrar, mediante o modelo animal, que a técnica é segura", afirmou.

O estudo também teve colaboração de pesquisadores da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Jaboticabal (SP), da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP), e da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Montréal (Canadá).

Vírus desconhecido causou doença misteriosa na China

Em 2006, um grande número de agricultores na região central da China começou a cair vítima de uma doença misteriosa.

Marcada pela febre alta, distúrbio gastrointestinal, a doença apresentou uma taxa de mortalidade inicial terrível, chegando a 30% das pessoas que apresentaram os primeiros sintomas.

Cientistas do Centro Chinês para Controle e Prevenção de Doenças correram para o local do surto.

Com base em indícios de DNA, eles rapidamente concluíram que o surto havia sido causado por anaplasmose granulocítica humana, uma bactéria transmitida pela picada de carrapatos.

Vírus desconhecido

Agora, porém, estudos mais detalhados demonstraram que a conclusão original estava errada.

Na verdade, um vírus anteriormente desconhecido e muito perigoso tem sido o responsável pelos surtos sazonais da doença nas seis províncias mais populosas da China.

"Esperávamos encontrar uma infecção bacteriana se comportando de forma inesperada - a anaplasmose humana tem menos de um por cento de taxa de letalidade nos EUA, e raramente causa dor abdominal, vômito ou diarreia," explica o Dr. Xue-Jie Yu, da Universidade do Texas.

"Mas o que encontramos foi um novo vírus até agora desconhecido," afirma ele. A descoberta foi anunciada em um artigo que será publicado no New England Journal of Medicine.

Vírus da Febre Severa com Síndrome de Trombocitopenia

Os pesquisadores batizaram o novo patógeno de Vírus da Febre Severa com Síndrome de Trombocitopenia, e catalogaram-no na família Bunyaviridae, juntamente com o hantavírus e com o vírus da Febre de Rift Valley.

Uma investigação posterior, com dados de novos surtos, estimou a taxa de mortalidade do vírus em uma média de 12 por cento, ainda alarmante.

Os cientistas tiveram certeza de que se tratava de um vírus depois que soros obtidos de pacientes infectados mantiveram sua capacidade de matar células mesmo depois de terem passado por um filtro que bloqueia todas as bactérias.

Testes genéticos não conseguiram gerar uma correspondência com nenhum vírus conhecido, o que levou os pesquisadores a se concentrarem na identificação do novo vírus.

Vírus transmitido pelo carrapato

Mas os cientistas que analisaram o problema em primeiro lugar estavam certos em uma coisa: o vírus é transmitido por carrapatos.

"Esta parece ser uma doença transmitida por carrapatos, a doença surge quando os carrapatos saem, no final de março até o final de julho.

"Felizmente, embora o ciclo de vida do vírus ainda não esteja claro, sabemos que os seres humanos são um beco sem saída para ele - não temos transmissão de humano para humano, como tivemos com a SARS," conclui Yu.

Vírus Zeus realiza fraude bancária no Brasil com técnica avançada

“No momento que você entra na página do banco, ele vai capturar toda a informação transferida entre o banco e o usuário. Ele captura a informação antes do componente de segurança agir”, explica o diretor de Suporte e Serviços da Trend Micro, Leonardo Bonomi. Segundo ele, a Trend Micro precisou alterar seu componente de detecção de rootkit – usado para as pragas mais persistentes – para conseguir “enxergar” a presença dele no sistema.

O Zeus monitora a comunicação interna do próprio navegador. Nos casos mais avançados, ainda não observados no Brasil, o vírus altera as páginas do banco para forçar o usuário a trabalhar para o criminoso. Por exemplo, uma transferência pode ser realizada diretamente ao golpista, enquanto o nome verdadeiro da pessoa que deveria receber a transferência aparece na tela.

Em outros casos, o vírus foi usado para quebrar os recursos de “registro de computador”, fazendo o usuário pensar que seu computador não havia sido registrado para uso da conta on-line. Com isso, a vítima faz uma solicitação de novo registro ao banco - registro esse que na verdade é da máquina do criminoso, pois as informações na tela haviam sido trocadas.

Ataques combinados em celulares também já foram vistos para burlar esse tipo de proteção.

Mas esses ataques ainda estão um pouco longe da realidade brasileira. Aqui, o Zeus opera com o simples monitoramento do acesso. Mas, segundo a fabricante russa de antivírus Kaspersky, ele teve uma distribuição limitada e pouco sucesso. Vírus brasileiros – que usam técnicas mais rudimentares – são mais comuns, porque são mais baratos e funcionam.

“Cibercriminosos brasileiros produzem código nacional eficiente no roubo de informações bancárias com um valor bem menor do que o Zeus”, explica Fabio Assolini, analista de vírus da Kaspersky no Brasil. Assolini diz que, apesar de o Zeus não ser utilizado diretamente, alguns criadores de vírus brasileiros copiam códigos e técnicas dele, mesmo sem usar o kit de desenvolvimento da praga.

Man in The Browser

O Zeus é conhecido por sua sofisticação e flexibilidade. Quem comprar o kit de desenvolvimento de vírus pode criar novas pragas seguindo “assistentes de criação de praga virtual”. O criminoso pode escolher sua “configuração” entre as opções disponíveis e no fim terá um vírus funcionando para a atividade desejada.

No caso da sofisticação, Bonomi, da Trend Micro, acredita que a tendência é que o Zeus passa a ser mais usado ou que suas técnicas sejam incorporadas quando as técnicas hoje em uso, como o Boy in The Browser, já não forem eficazes. O conjunto de técnicas usada pelo Zeus (e algumas outras pragas) é conhecida como “Man in The Browser”. Outro detalhe é que kit do Zeus permite a criação de páginas web que infectam o internauta imediatamente após a visita, sem a necessidade da confirmação de download.

O Boy in The Browser é a alteração da configuração do navegador de internet para redirecionar sites de bancos a páginas falsas. A técnica é muito mais simples do que modificar a página dentro do próprio navegador ou monitorar os dados trocados do navegador com o banco, como no caso do Man in The Browser do Zeus.

“O Boy in the Browser usa técnicas mais simples para redirecionar a informação. O Man in the Browser é mais sofisticado. Então, eu acredito que o Man in the Browser vai ser muito mais utilizado no futuro”, acredita Bonomi.