segunda-feira, 14 de março de 2011

Nano-Velcro captura células de câncer circulando no sangue

Já faz mais de um século que se descobriu que as células do câncer viajam pela corrente sanguínea, podendo depositar-se em outros pontos do organismo, em um processo chamado metástase.

Desde então, os cientistas têm sonhado em desenvolver mecanismos para rastrear e capturar essas células, se possível antes que elas espalhem a doença.

Agora, um grupo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, deu um passo importante nesse sentido.

Eles desenvolveram uma nanotecnologia, batizada de nano-velcro, que está mostrando alta eficiência na captura dessas células tumorais que circulam pela corrente sanguínea.

Biópsia líquida

O padrão atual para determinar o estágio ou a gravidade dos tumores é a biópsia, uma coleta invasiva de amostras. Contudo, nos estágios iniciais da metástase, é muitas vezes difícil identificar um local para coletar material para a biópsia.

Ao capturar células tumorais em circulação em amostras de sangue, os médicos podem essencialmente realizar uma "biópsia líquida", na qual o procedimento invasivo é substituído por uma picada no dedo.

Isso permitirá a detecção e o diagnóstico precoce da doença, bem como um melhor controle da progressão do câncer e um acompanhamento da resposta do organismo ao tratamento.

Nano-velcro

O nano-velcro é um chip microfluídico, ou biochip, que mede 2,5 por 5 centímetros.

Quando a amostra de sangue é inserida nos canais microscópicos do biochip, as células tumorais circulantes passam por um processo de concentração, o que facilita sua detecção e contagem.

O interior dos microcanais é recoberto por um tapete de minúsculos pilares, cuja rigidez é dada pela interação entre esses nanopilares e estruturas presentes nas células conhecidas como microvilosidades - isso cria um efeito muito parecido com a união das partes superior e inferior do Velcro®.

Tratamentos personalizados

"Esta tecnologia tem potencial para se tornar uma nova ferramenta para os pesquisadores de câncer, permitindo-lhes estudar a evolução do câncer por meio da comparação das células circulantes com o tumor primário e as metástases, que frequentemente são mais letais", disse o Dr. Kumaran Duraiswamy.

"Quando ela chegar às clínicas, no futuro, este exame de células circulantes tumorais poderá ajudar a traçar tratamentos contra o câncer realmente personalizados," disse o pesquisador.

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