terça-feira, 22 de março de 2011

Molécula sintética detecta Alzheimer antes que sintomas apareçam

Cientistas desenvolveram uma nova técnica capaz de diagnosticar a doença de Alzheimer a partir de amostras de sangue muito antes de os sintomas aparecerem.

A técnica, ainda em estágio preliminar, utiliza moléculas sintéticas para procurar e identificar anticorpos específicos da doença.

Segundo os pesquisadores, o conceito também poderá ser usado no desenvolvimento de biomarcadores específicos para uma série de outras doenças difíceis de diagnosticar, incluindo o Mal de Parkinson e doenças ligadas ao sistema imunológico, como a esclerose múltipla e o lúpus.

Biomarcadores de anticorpos

"Um dos grandes desafios no tratamento de pacientes com Alzheimer é que, uma vez que os sintomas aparecem, é tarde demais. Você não consegue 'destocar' o sino," afirma o Dr. Dwight German, da Universidade Southwestern, nos Estados Unidos.

Se pudermos encontrar uma maneira de detectar a doença em seus estágios iniciais - antes que o comprometimento cognitivo comece - poderíamos ser capazes de estacioná-la com o desenvolvimento de novas estratégias de tratamento."

Como os pacientes com doença de Alzheimer apresentam uma ativação do sistema imunológico e neurodegeneração em várias regiões cerebrais, os cientistas levantaram a hipótese de que pode haver inúmeros anticorpos no soro dos pacientes afetados que são específicos para a doença e que podem servir como biomarcadores.

Biomarcadores de anticorpos têm sido tradicionalmente descobertos usando antígenos - substâncias, como a proteína de um vírus ou bactéria que desencadeia uma resposta imune.

O problema é identificar previamente um anticorpo sem antes saber o antígeno que desencadeia a sua produção.

Peptoides

A novidade do novo estudo está em desafiar a sabedoria convencional e usar moléculas sintéticas (peptoides), em vez de antígenos, para detectar os sinais da doença em amostras de sangue dos pacientes.

Estes peptoides têm várias vantagens: eles podem ser modificados facilmente e podem ser produzidos rapidamente em quantidades relativamente grandes a custos muito baixos.

Os pesquisadores usaram uma biblioteca de vários milhares de peptoides para rastrear amostras de soro de camundongos com sintomas de esclerose múltipla, bem como de camundongos sadios.

Os peptoides que capturaram mais anticorpos das amostras de sangue dos animais foram identificados como agentes potenciais para a captura de moléculas úteis para diagnóstico.

Marco

Os pesquisadores então fizeram o mesmo com amostras de soro de seis pacientes com Alzheimer, seis pacientes com Parkinson e seis pacientes saudáveis.

Foram identificados três peptoides que capturaram seis vezes mais anticorpos nos pacientes com Alzheimer do que no grupo controle saudável ou nos pacientes com Mal de Parkinson.

Em um estudo adicional com 16 indivíduos saudáveis e 10 portadores de Alzheimer em estágio muito precoce da doença, as três moléculas identificaram o Mal de Alzheimer com 90 por cento de precisão.

"Os resultados deste estudo, embora preliminares, mostram um grande potencial para se tornarem um marco no tratamento da doença," disse German.

* Placas de Alzheimer podem nascer no fígado, e não no cérebro

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