quinta-feira, 10 de março de 2011

Placas de Alzheimer podem nascer no fígado, e não no cérebro

Cientistas do Instituto Scripps, nos Estados Unidos, descobriram indícios de que as placas de proteína beta-amilóide, associadas à doença de Alzheimer, podem se originar no fígado e migrar para o cérebro.

Embora uma doença enquadrada tipicamente como neurológica, afetando o funcionamento do cérebro, estão se acumulando evidências de que o cérebro pode ser o ponto de manifestação da doença, mas não de sua origem.

Cientistas alemães já haviam demonstrado que a proteína ligada ao Alzheimer pode viajar para o cérebro, a partir de outros pontos no corpo.

Recentemente, especialistas divulgaram um manifesto afirmando que já é hora de uma nova teoria sobre a Doença de Alzheimer, uma vez que a teoria predominante hoje não tem produzido os resultados esperados.

Tratamento mais simples

No novo estudo, os cientistas usaram um modelo da doença - um animal geneticamente modificado para imitar o que ocorre no ser humano - para identificar os genes que influenciam a quantidade de amilóides que se acumulam no cérebro.

Eles descobriram três genes que protegem os camundongos do acúmulo e da deposição da proteína no cérebro.

Para cada gene, uma menor expressão no fígado protegeu o cérebro do rato do acúmulo da beta-amilóide.

Um dos genes codifica a presenilina, uma proteína da membrana celular que pode contribuir para o desenvolvimento da doença de Alzheimer em seres humanos.

"Isso poderá simplificar muito o desenvolvimento de terapias e prevenção para a doença," avalia o professor Greg Sutcliffe, que liderou o estudo.

Tratamento contra Alzheimer no fígado

"O produto desse gene, chamado presenilina 2, faz parte de um complexo enzimático envolvido na produção da beta-amilóide patogênica," explicou Sutcliffe.

"Inesperadamente, a expressão hereditária da presenilina 2 foi encontrada no fígado, mas não no cérebro. Uma elevada expressão da presenilina 2 no fígado está correlacionada com um maior acúmulo de beta-amilóide no cérebro e no desenvolvimento da doença de Alzheimer," completou.

Essa descoberta sugere que concentrações significativas de beta-amilóide podem se originar no fígado, circular pelo sangue e entrar no cérebro.

Os testes em animais confirmaram a hipótese, indicando que o bloqueio da produção da beta-amilóide no fígado poderá proteger o cérebro da doença.

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