terça-feira, 31 de maio de 2011

É Notícia: Kennedy Alencar entrevista Antonio Patriota, ministro das relações exteriores

Para o Ministro das Relações Exteriores Antonio de Aguiar Patriota, é legítimo questionar a legalidade da operação americana que matou Osama Bin Laden no início deste mês. Especialistas avaliam que a ação violou a soberania do Estado Paquistanês e que Bin Laden deveria ter sido levado a julgamento. "Todos esses questionamentos são legítimos", disse. Para ele, a ação americana em Abbotabad, cidade paquistanesa onde Bin Laden foi morto, pode desencadear atos terroristas na região. "Eu não excluo que surjam manifestações mais extremistas no Afeganistão e no Paquistão onde a situação se exacerbou em função, talvez, da estratégia que privilegiou o combate ao terror pela via militar." Na entrevista, o chanceler afirmou que se surpreendeu com o discurso do presidente dos Estados Unidos Barack Obama na última semana em que defendeu a criação de um estado palestino baseado nas fronteiras de 1967. "É uma manifestação corajosa. Essa posição reflete o Conselho de Segurança da ONU que não admite que um Estado conquiste território por meio da força, como aconteceu em 67 quando Israel anexou territórios palestinos", disse. Patriota acredita que o grupo radical islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, pode vir a reconhecer o Estado Israelense. "As coisas impensáveis estão acontecendo. Espero que uma Palestina reconciliada seja capaz de sentar na mesa de negociações com autoridades israelenses. Seria muito difícil negociar um acordo de paz se só metade da realidade palestina se comprometer com ele", avalia o ministro. Às vésperas de uma viagem para os Estados Unidos, Patriota revela o que irá discutir com a Secretária de Estado Hillary Clinton. "Há um interesse em fazer com que um número maior de brasileiros estude nos EUA e também que acolhamos mais americanos. Discutiremos também algumas iniciativas na área espacial e queremos trabalhar estritamente com os EUA na organização do Rio+20."







Fonte: Rede TV!

Tenda inflável vira concreto quando regada

Dois engenheiros britânicos inventaram uma tenda que, ao ser regada com água, se transforma em um abrigo de concreto.

A invenção de Peter Brewin e Will Crawford ganhou diversos prêmios e já está sendo usada em países em desenvolvimento, como na Etiópia.

A tenda produzida pelos engenheiros é inflável. Do lado de dentro, há um revestimento de plástico, e por fora ela é feita com o tecido especial, que contém concreto.

Uma vez inflada, a tenda é presa ao chão com pregos de metal. Em seguida, ela é regada com água, que não precisa necessariamente ser potável ou doce.

Em 24 horas, o tecido de concreto endurece e a tenda está pronta para ser usada.

Abrigo permanente

Os engenheiros estimam que com uma hora de trabalho duas pessoas conseguem erguer uma tenda que ocupa 54 metros quadrados.

Como nos prédios convencionais, a tenda pode ser perfurada e receber fiação, tomadas e luzes no teto.

Eles dizem que as tendas são alternativas viáveis para campos de refugiados, já que os abrigos podem durar décadas, são a prova de fogo, podem ser fechados com portas e não atingem grandes temperaturas sob o sol.

Preço de casa

Atualmente o maior problema da invenção é o seu alto custo. Cada tenda custa US$ 16 mil (mais de R$ 25 mil).

Brewin admite que o preço é alto, sobretudo para entidades que trabalham em países pobres e possuem recursos limitados. O engenheiro diz que o problema do custo pode ser resolvido se houver maior demanda no futuro.

"Se nós estivéssemos produzindo em escala, nós poderíamos cortar substancialmente uma parte do custo. Mas para atrair esse tipo de pedidos, nós teríamos que já ter um preço mais barato agora", diz Brewin.

"Se você a compara com uma tenda comum, ela é mais cara e mais pesada. Se você a compara a um prédio permanente, ela é mais leve e mais rápida [de ser construída]."

A novidade já foi testada na Etiópia, para auxiliar em projetos de agricultura. Os engenheiros estão atualmente trabalhando com entidades no Japão, para ajudar no processo de reconstrução das áreas atingidas pelo tsunami em março deste ano.

Combustão reversa: pesquisa quer transformar CO2 em combustível líquido

A tecnologia de baterias poderá passar por uma revolução no futuro, mas, enquanto isso não acontecer, os combustíveis líquidos permanecerão como a forma de energia mais concentrada e eficiente disponível para suprir as necessidades da humanidade.

Utilizar a energia do Sol para transformar os resíduos da combustão em insumos para a fabricação de novos combustíveis líquidos é o objetivo das pesquisas de um grupo de cientistas dos Estados Unidos, com coordenação de Nancy Jackson, presidente da Sociedade Norte-Americana de Química (ACS, na sigla em inglês).

Jackson está no Brasil nesta semana, participando da Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), em Florianópolis.

A pesquisadora apresentou uma conferência intitulada Da luz do Sol para o petróleo: conversão termal solar de dióxido de carbono em combustíveis líquidos.

A equipe de seu laboratório já está trabalhando na engenharia do reator capaz de utilizar a energia solar para transformar o dióxido de carbono - produto da queima de combustíveis como gasolina e etanol - em monóxido de carbono, que pode ser utilizado na produção de combustíveis.

Forno solar usa combustão reversa para transformar CO2 em combustível

A reação, portanto, corresponde exatamente ao inverso da combustão.

A seguir, ela fala de suas pesquisas e de sua área de atuação

Por que investir em pesquisas voltadas para a produção de combustíveis líquidos?

Nancy Jackson - Os combustíveis líquidos são muito importantes por várias razões.

Uma delas é que, levando em consideração o peso e o volume, há uma energia muito concentrada nesse tipo de combustível.

Eles são muito melhores que baterias, que são muito pesadas. Os combustíveis líquidos são leves e densos em termos energéticos.

Essa capacidade de armazenar energia explica em parte por que os combustíveis líquidos são uma boa alternativa.

A densidade energética dos líquidos, então, é insuperável?

Nancy Jackson - Sim, pelo menos até o dia em que houver um salto tecnológico revolucionário no desenvolvimento das baterias.

Outro fator que torna os combustíveis líquidos muito importantes é a facilidade de transporte. É muito fácil transportar líquidos, porque eles podem fluir e ser bombeados em canos por muitos quilômetros, sem precisar de veículo algum. Eles permitem utilizar a infraestrutura instalada e as tecnologias existentes.

Infraestrutura de transporte?

Nancy Jackson - Sim, podemos aproveitar a infraestrutura já pronta para transportar os combustíveis e utilizá-los em todo tipo de necessidade energética.

E, em relação à tecnologia, refiro-me aos motores. Temos motores muito eficientes para o uso de combustíveis líquidos.

O problema é que não podemos depender do petróleo para sempre, porque ele vai acabar, ou se tornar muito caro ou impraticável para explorar. Por isso estamos trabalhando no projeto Da luz do Sol para o petróleo.

Qual é o objetivo do projeto?

Nancy Jackson - Estamos tentando utilizar o dióxido de carbono e submetê-lo ao calor do Sol concentrado para atingir temperaturas realmente altas.

Com isso queremos transformar dióxido de carbono em monóxido de carbono, retirando um átomo de oxigênio da molécula.

Como isso é feito?

Nancy Jackson - Desenvolvemos um reator, com um disco de mais de quatro metros de diâmetro, que capta a luz solar e utiliza seu calor para provocar a reação.

O dióxido de carbono é uma molécula muito estável, por assim dizer, muito "preguiçosa". É difícil fazê-la mudar. É preciso gastar uma grande quantidade de energia para reagir com o que quer que seja.

É por isso que estamos tentando usar o Sol para alterá-la, para fazer então um combustível líquido. O processo inclui uma série de outras reações muito bem conhecidas e compreendidas.

Mas o verdadeiro segredo, o que realmente estamos fazendo de novo, é transformar o dióxido de carbono em monóxido de carbono.

Isso é a combustão reversa?

Nancy Jackson - Sim. Quando usamos combustíveis em nossos carros, o monóxido de carbono é queimado e transformado em dióxido. Estamos fazendo o oposto, como se fosse uma combustão reversa.

É uma estratégia de reciclagem. A ideia é poder reciclar o dióxido de carbono várias e várias vezes, produzindo combustíveis a partir do resíduo dos combustíveis.

Só os combustíveis líquidos poderão gerar o dióxido de carbono para ser utilizado no reator?

Nancy Jackson - De modo algum. Nos Estados Unidos, temos a maior parte da energia elétrica baseada em carvão. Queimando carvão, temos uma quantidade gigantesca de dióxido de carbono.

Achamos que podemos utilizar o dióxido de carbono que sai das chaminés, transformando-o em combustíveis líquidos.

Também temos muito dióxido de carbono quando fermentamos a cana-de-açúcar para fazer etanol. Para cada molécula de etanol, é produzida também uma molécula de dióxido de carbono.

Seria então uma estratégia ideal para ser utilizada em combinação com várias alternativas energéticas?

Nancy Jackson - Isso mesmo. O método seria empregado em conjunto com o uso de etanol de cana-de-açúcar, carvão, gás natural, plantas e assim por diante. Quando se queima tudo isso, é gerado o dióxido de carbono.

Há outros grupos de pesquisa que estão aprendendo como separar o dióxido de carbono a partir do ar. É o que as plantas fazem: usam o dióxido de carbono do ar para crescer.

Então há diferentes maneiras para conseguir o dióxido de carbono. Essas tecnologias já existem.

Qual será o aspecto desse novo combustível líquido?

Nancy Jackson - Vai ser como o diesel, ou o etanol. Não muito diferente do que temos agora, mas o processo de obtenção é que será muito diferente.

Quanto tempo essa tecnologia levará ainda para ser implementada?

Nancy Jackson - Provavelmente precisaremos de mais uns quatro anos de desenvolvimento de engenharia.

Em seguida, entrará o período necessário para o desenvolvimento e o processamento em escala. Estamos falando em algo como sete ou oito anos.

O conceito já está desenvolvido e o que falta é a engenharia e o escalonamento?

Nancy Jackson - Sim. Há ainda muitos desafios, porque a temperatura de que precisamos para mudar o dióxido de carbono, que é tão estável, é tão alta que isso torna difícil a tarefa de definir materiais.

Muitos deles não aguentam altas temperaturas e, se esquentamos e esfriamos sucessivamente, a maior parte dos materiais tende a não resistir.

Há muitos desafios. O primeiro passo é o mais difícil. E é isso que estamos fazendo agora.

Dióxido de carbono é transformado em combustível usando energia solar

Cádmio começa a ser banido na Europa

A União Europeia acaba de iniciar o processo de banimento do cádmio, um metal pesado considerado carcinogênico, ou seja, indutor de tumores cancerígenos em humanos.

O banimento começa a vale em Dezembro deste ano, atingindo os plásticos, joalheria e soldagem.

Os ambientalistas não gostaram, afirmando que era necessário incluir também o processamento do PVC, que usa o cádmio como estabilizador durante a reciclagem do material.

O cádmio ainda continuará sendo permitido também nas baterias e nos produtos eletrônicos, onde a tecnologia ainda não encontrou formas de substituir o metal pesado.

Perigos do cádmio

Além de ser carcinogênico, o envenenamento por cádmio - a incorporação da substância em altas dosagens - pode ser fatal, danificando órgãos como os pulmões e os rins.

O metal também pode afetar o DNA - genotóxico - e causar danos ao sistema nervoso.

A contaminação com cádmio pode dar-se através da alimentação ou através da respiração, como acontece com os soldadores que inalam a fumaça que exala dos eletrodos de solda feitos com o metal.

Biossensor fornece diagnóstico conclusivo de câncer

Um biossensor eletroquímico desenvolvido na Universidade de São Paulo (USP) detecta biomarcadores associados ao câncer, realizando um diagnóstico mais conclusivo do que as técnicas tradicionais.

O sistema, integrado a uma plataforma em fluxo miniaturizada, também conhecida como microfluídica, não entra em contato direto com as amostras, eliminando o risco de contaminação dos eletrodos.

As pequenas dimensões do sistema reduzem a utilização de amostras e reagentes e facilitam a construção de dispositivos para análises em campo.

Biomarcadores

Os métodos tradicionais de diagnóstico, que envolvem a biópsia e a análise morfológica do tecido removido, baseiam-se em avaliações subjetivas, sendo assim não conclusivos.

"Eles também são invasivos e apresentam alto custo de implementação", afirma o químico Renato Sousa Lima, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC), que realizou a pesquisa.

"No caso dos biomarcadores tumorais, eles são espécies biológicas que indicam a presença de determinados tipos de câncer quando presentes sob excesso em fluidos biológicos, como o sangue e a urina," explica

Um exemplo de biomarcador é o PSA, associado ao câncer de próstata.

Os biossensores eletroquímicos permitem a detecção dos biomarcadores. "Eles possuem um biorreceptor que vai interagir de forma específica com o marcador", descreve Sousa Lima, "e um transdutor, que converte essa interação em sinal elétrico".

Exame sem contato

A pesquisa desenvolveu um tipo de transdutor que não entra em contato com a solução da amostra, por meio de condutometria sem contato.

"Ele é separado por um semicondutor que consiste em um filme nano-fino de sílica, da ordem de 50 nanômetros", destaca o pesquisador. "A superfície desse filme na região dos eletrodos foi modificada com receptores de proteínas, o que permite a detecção no momento da interação entre as biomoléculas por meio da variação de condutividade do semicondutor."

A plataforma em que são realizadas as análises é miniaturizada, por essa razão o sistema é portátil.

"Ao mesmo tempo, o consumo de reagente e de amostra é muito pequeno, da ordem de microlitros, o que representa uma vantagem na utilização de sangue e amostras biológicas em geral", ressalta Sousa Lima.

Como não há contato direto do transdutor com o material analisado, não há riscos de contaminação e apassivação dosf eletrodos. "O sistema também agrega vantagens já conhecidas dos biossensores eletroquímicos, como menores custos e o fato de não serem invasivos".

Biossensor múltiplo

Na validação do sistema, utilizou-se ácido fólico, que é um receptor de folato, um biomarcador associado a diversos tipos de câncer.

Agora o sistema será aplicado em amostras reais.

"Com as amostras reais, serão experimentados outros biomarcadores, como o PSA, o AFP e o CEA", diz Sousa Lima. "Uma outra linha de pesquisa vai desenvolver um biossensor multicomplexado, capaz de fazer análises simultâneas de dois ou mais biomarcadores, tornando a análise mais conclusiva sobre o tipo de câncer especificamente presente.".

A próxima fase dos experimentos será realizada em colaboração com o Hospital do Câncer de Barretos (Hospital Pio XII), no interior de São Paulo.

Modulador celular pode controlar doença autoimune

Um grupo internacional de pesquisadores, com participação de brasileiros, descobriu um mecanismo celular importante para o estudo de doenças autoimunes, incluindo a esclerose múltipla.

De acordo com o estudo, o óxido nítrico (NO) produzido por diversas células do corpo humano pode ser um regulador endógeno das células T-helper do tipo 17.

Prevenindo a proliferação de células Th17, o NO tem potencialmente a capacidade de controlar uma doença autoimune.

Óxido nítrico e células T

O NO é uma molécula conhecida por seu envolvimento no controle de microrganismos patogênicos. As células T são glóbulos brancos envolvidos com a resposta imune contra tumores e agentes infecciosos. As células Th, embora não façam fagocitose, nem tenham atividade citotóxica, têm a tarefa de ativar e dirigir outras células de defesa do organismo.

De acordo com uma das autoras brasileiras, Sandra Fukada, professora de farmacologia da FCFRP-USP, o estudo contou com experimentos in vitro e in vivo para mostrar que o NO pode ser um regulador endógeno capaz de prevenir a expansão das células Th17.

"Conseguimos demonstrar que o NO regula a diferenciação e expansão das células Th17. Isso é relevante porque essas células têm sido implicadas no desenvolvimento de diversas doenças autoimunes. Se conseguirmos controlá-las, poderíamos potencialmente modular essas doenças", disse Sandra.

Imunossupressão

Segundo a pesquisadora, a literatura internacional já mostrava que o NO é um mediador chave em diferentes funções biológicas. O grupo com o qual realizou o trabalho, na Escócia, havia publicado anteriormente que o NO, em baixas doses, potencializa a polarização de um outro subtipo de células T helper, as células Th1.

O grupo havia descrito também que o NO em altas doses era capaz de induzir um outro subtipo de células T com função imunossupressora - as células T reguladoras induzidas por NO (NO-Treg).

"Considerando que o NO é capaz de modular as células Th1 e as células Treg, surgiu a pergunta: será que o NO tem algum papel sobre a ativação das células Th17 e, como consequência, sobre as doenças autoimunes?", indagou.

Esclerose múltipla

Os cientistas verificaram que o NO inibia a proliferação e a função das células Th17 in vitro. O grupo sugeriu que um dos prováveis mecanismos para esse efeito é que o NO inibe a expressão do receptor de hidrocarboneto de arila (AHR), que, por sua vez, é importante para a diferenciação das células Th17.

Para completar as evidências in vitro dos efeitos do NO sobre a célula Th15, os cientistas também buscaram evidências in vivo, utilizando o modelo de encefalomielite autoimune experimental (EAE), em animais deficientes para uma das enzimas que sintetizam o NO, a NO-Sintase 2 (NOS2), que é expressa em condições inflamatórias.

De acordo com Sandra, o modelo animal de encefalomielite se assemelha com a esclerose múltipla em humanos.

"Os animais deficientes para NOS2 apresentaram uma forma mais severa da doença, em comparação àqueles que tinham níveis normais de NO. Paralelamente, verificamos que esses animais tinham altos níveis de AHR e de Th17. Isso sugere que o NO modula a proliferação das células Th17 que, por sua vez, regula a encefalomielite autoimune", disse.

Falta de segurança impede emissão de CPF pela Internet, diz Receita

Depois de dois anos de pesquisa, a Receita Federal ainda patina no projeto de emissão do Cadastro de Pessoa Física (CPF) diretamente pela Internet. Em entrevista à Agência Brasil, a coordenadora-geral de Atendimento da Receita Federal, Maria Helena Cotta Cardozo, afirma que o motivo é a falta de segurança na rede mundial de computadores.

Segundo ela, o Fisco ainda não conseguiu encontrar uma maneira de evitar que criminosos usem os dados de outras pessoas para obter o documento. “Ainda não desenvolvemos um sistema capaz de garantir a autenticidade pela Internet”, admite ela.

De acordo com a Receita Federal, também é preciso modernizar as entidades públicas que emitem o documento de graça antes de iniciar a emissão do CPF na web. O processo envolve secretarias de governos estaduais e unidades do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que fazem mutirões em áreas rurais.

Pelo sistema atual, a emissão do CPF é instantânea, mas isso não significa fim da burocracia. É preciso que o cidadão vá até um posto de atendimento. O contribuinte pode receber o número do CPF nas agências do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e dos Correios, e pegar o número impresso em papel. Feito isso, é preciso entrar no site da Receita para imprimir o comprovante de autenticidade do documento. O serviço sai por 5,70 reais.

Fonte: IDG Now!

sábado, 28 de maio de 2011

Células a combustível a biodiesel chegam ao mercado

Um grupo de engenheiros de universidades e empresas da Noruega começou a testar uma tecnologia mista para a alimentação de carros elétricos e geração independente de energia elétrica.

Enquanto as quase perfeitas células a combustível a hidrogênio não chegam, os pesquisadores estão unindo uma célula a combustível "mais tolerante" com o biodiesel.

Reformador inteligente

A união das duas tecnologias mostrou-se altamente viável depois que os cientistas compararam o rendimento de uma célula a combustível - sua capacidade de geração de eletricidade - alimentada tanto por hidrogênio puro quanto pelo hidrogênio gerado por uma nova unidade de reforma do biodiesel que eles construíram.

O protótipo, capaz de gerar 200 watts, mostrou apenas um ligeiro decréscimo na produção de energia quando foi utilizado o "reformador inteligente" de biodiesel.

Isto torna a unidade mais ambientalmente correta do que as células a combustível atuais que usam hidrogênio puro, uma vez que este gás é hoje gerado a partir do gás natural, um primo do petróleo, enquanto o biodiesel é considerado um combustível renovável.

Se necessário, a unidade também funciona com diesel comum.

Segundo os engenheiros, assim, como a célula a combustível, o reformador não emite fumaça e nem odor, o que o torna um parceiro ideal para a célula a combustível, que só emite água como subproduto da geração de eletricidade.

Segundo eles, usar o diesel para gerar eletricidade, e depois usar a eletricidade para mover motores elétricos que impulsionem os veículos, elimina toda a emissão de particulados do diesel, o que inclui, além da mal-cheirosa fumaça preta, os óxidos nitrosos (NOx) e o monóxido de carbono.

Gerador elétrico silencioso

O próximo passo é tentar colocar o "gerador elétrico silencioso" no mercado, o que está sendo tentado pelo programa Renergi, do governo da Noruega, por meio da empresa Nordic Power Systems.

A célula a combustível será fabricada pela empresa norte-americana SAFCell, em uma parceria com o Instituto de Tecnologia da Califórnia.

Os primeiros modelos, que deverão ser produzidos no início de 2012, serão voltados a aplicações estacionárias, como geradores de eletricidade para centros de computação.

Biochip impresso simplifica processo de análise genética

Uma plataforma miniaturizada desenvolvida no Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP concentra as etapas do processo de análise genética, utilizando menores quantidades de amostras de DNA.

Biochip impresso

O dispositivo, feito em filmes de poliéster, possui canais impressos em toner e pode ser preparado para o uso em dez minutos, com custos inferiores ao do processo convencional.

A química Gabriela Rodrigues Mendes Duarte, que realizou a pesquisa, conta que o processo de análise genética envolve três etapas: extração, amplificação e separação do DNA.

"Cada parte é realizada separadamente em análises genéticas convencionais," descreve a pesquisadora. "Isso faz com que a análise seja mais trabalhosa, levando mais tempo e com maiores custos".

Microfluídica

O dispositivo é uma plataforma microfluídica, feita com filmes de poliéster, o mesmo material usado nas transparências para projeção.

"Neles são impressos com toner os canais nos microchips que realizarão as análises", diz a química. "Os filmes são unidos com uma laminadora comum, com espaços em branco que formam canais, ampliados por uma cortadora laser, nos quais circulam as amostras de DNA".

A plataforma completa tem entre 5 e 10 centímetros (cm) de comprimento e pode ser preparada para uso em dez minutos, com custo aproximado de R$ 0,15 por unidade.

"Ao final do processo, é obtido o perfil genético do DNA extraído, com base no gráfico dos fragmentos ampliados e separados por tamanho", aponta Gabriela.

Análise de DNA

Para fazer as análises, o dispositivo necessita de uma quantidade menor de amostras de DNA e reagentes do que no processo convencional, lidando com volumes da ordem de microlitros.

"Ao mesmo tempo, a plataforma concentra as três etapas da análise, o que permite sua realização em um menor espaço de tempo", ressalta a pesquisadora.

Os dispositivos utilizados nesta análise genética são descartáveis. "Isso evita a contaminação de uma amostra por outra, como pode acontecer em dispositivos de vidro", acrescenta Gabriela.

Telescópio capta chuva de cristais em estrela em formação

Minúsculos cristais de um mineral verde, chamado olivina, estão caindo como chuva sobre uma estrela nascente, de acordo com observações do Telescópio Espacial Spitzer.

Esta é a primeira vez que se vê cristais nas nuvens de poeira e gás que colapsam em torno das estrelas em formação.

Os astrônomos ainda estão debatendo como os cristais chegaram lá, mas os responsáveis mais prováveis são jatos de gás expelidos pela própria estrela embrionária.

"Você precisa de temperaturas tão quentes quanto a lava de um vulcão para fazer estes cristais," afirmou Tom Megeath, da Universidade de Toledo, nos Estados Unidos.

Segundo o pesquisador, o mais provável é que "os cristais foram criados perto da superfície da estrela em formação e, em seguida, ejetados para dentro da nuvem, onde as temperaturas são muito mais frias e, finalmente, caem de volta", na forma de uma chuva de cristais.

Chuva verde

Os detectores de infravermelho do Spitzer detectaram a chuva de cristal em torno de uma distante estrela embrionária semelhante ao Sol - uma proto-estrela - conhecida como HOPS-68, na constelação de Órion.

Se fosse possível ir até lá para experimentar a chuva de cristais, o que se veria seria um ambiente muito escuro, por causa da nuvem de poeira e gás, pontilhada dos cristais verdes que, ao cair, são iluminados pelas emissões da estrela abaixo.

Os cristais estão na forma de forsterita. Eles pertencem à família dos minerais silicatados olivina, e podem ser encontrados em toda parte, em um crisólito semi-precioso, nas areias verdes das praias do Havaí ou em galáxias remotas.

As sondas espaciais Stardust e Impacto Profundo detectaram esses cristais em cometas.

Spitzer captura estrela criando cristais de cometas

NASA enviará sonda espacial para coletar amostra de asteroide

A NASA vai enviar uma sonda espacial robotizada para um asteroide em 2016.

A sonda usará um braço robótico para colher amostras do asteroide, em busca de mais informações sobre a formação do nosso Sistema Solar e sobre o surgimento da vida.

O alvo da missão é o chamado 1999 RQ36, um asteroide com aproximadamente 580 metros de diâmetro.

Pouco alterado ao longo do tempo, os cientistas acreditam que ele represente um retrato da infância do nosso Sistema Solar.

Robôs e astronautas

A missão é chamada OSIRIS-REx, um acrônimo para Origins-Spectral Interpretation-Resource Identification-Security-Regolith Explorer - veja o significado de tudo isto no final da reportagem.

A sonda deverá custar aproximadamente US$ 800 milhões, o que não inclui o foguete de lançamento.

"Este é um passo crítico para o cumprimento dos objetivos traçados pelo presidente Barack Obama de estender nosso alcance para além da órbita baixa da Terra e explorar o espaço profundo", disse o administrador da NASA, Charlie Bolden. "São missões robóticas como essas que irão abrir o caminho para futuras missões espaciais tripuladas para um asteroide e outros destinos no espaço profundo."

A NASA selecionou a OSIRIS-Rex depois de analisar três outras missões científicas, que incluíam também uma missão de captura de amostras no lado escuro da Lua e uma missão para a superfície de Vênus.

Pedaço de asteroide

Depois de viajar quatro anos, a OSIRIS-Rex deverá chegar ao asteroide RQ36, em 2020.

Quando estiver a uma distância de cinco quilômetros do asteroide, a sonda começará um mapeamento de toda a sua superfície, um processo que levará seis meses.

Somente de posse desse mapeamento é que a equipe de cientistas da missão irá escolher o local onde o braço robótico da sonda coletará uma amostra.

A sonda então se moverá lentamente, a uma velocidade de 0,1 metro por segundo, até se aproximar do local escolhido, estenderá o braço robótico e coletará cerca de 60 gramas de material, que será enviado de volta, devendo chegar à Terra em 2023.

A cápsula de retorno será semelhante à utilizada pela sonda Stardust, que trouxe à Terra partículas do cometa Wild 2, em 2006.

Missão perfeita traz poeira de estrelas para a Terra

Apesar da pequena quantidade de material, ele será suficiente para que os cientistas efetuem análises que não poderiam ser feitas por nenhum instrumento a bordo de uma espaçonave.

Por que um asteroide?

Os asteroides são resquícios formados a partir da nuvem de gás e poeira - a nebulosa solar - que colapsou para formar o nosso Sol e os planetas, cerca de 4,5 bilhões de anos atrás.

Dessa forma, os cientistas acreditam que eles contenham o material original da nebulosa solar, que pode dar informações sobre as condições do nascimento do nosso Sistema Solar.

O asteroide também é provavelmente rico em carbono, um elemento-chave nas moléculas orgânicas necessárias para a vida.

As moléculas orgânicas têm sido encontradas em amostras de meteoritos e cometas, indicando que alguns dos ingredientes da vida podem ter sido criados no espaço. Os cientistas querem saber se elas também estão presentes no RQ36.

Vida pode ter começado no espaço e chegado à Terra em cometas

"Este asteroide é uma cápsula do tempo, da época do nascimento do nosso Sistema Solar," disse Jim Green, diretor da Divisão de Ciência Planetária da NASA. "O conhecimento da missão também irá nos ajudar a desenvolver métodos para acompanhar melhor as órbitas dos asteroides".

Efeito Yarkovsky

A sonda OSIRIS-REx irá também medir com precisão pela primeira vez o "Efeito Yarkovsky".

O efeito é uma pequena força de repulsão exercida pelo Sol sobre os asteroides, conforme eles absorvem a luz solar e re-emitem essa energia como calor.

O pequeno empurrão vai se somando ao longo do tempo, mas é irregular e difícil de calcular, devido à forma dos asteroides, à composição de sua superfície e à sua oscilação e rotação.

Para que os cientistas possam prever a rota de um asteroide que se aproxime da Terra, eles precisam entender como o Efeito Yarkovskyvai influencia sua órbita.

A OSIRIS-Rex vai ajudar a refinar a órbita do RQ36 para averiguar a sua trajetória e planejar estratégias futuras para tentar evitar possíveis impactos de objetos celestes contra a Terra.

O que significa Osiris-Rex

O nome OSIRIS-Rex é um complexo acrônimo que explicita o que a missão pretende fazer.

"O" representa o tema científico, origens, como origem do Sistema Solar e origem da vida.

"SI" significa interpretação espectral (Spectral Information), o que por sua vez significa tirar fotos do RQ36 em vários comprimentos de onda para estudar a sua composição.

"RI" significa resource identification, ou identificação de recursos, que consistirá em examinar o asteroide em busca de recursos úteis, tais como água e metais, interessantes para uma futura mineração espacial.

"S" representa segurança, referindo-se à previsão do movimento detalhado dos asteroides que se aproximam da Terra.

REX significa Regolito EXplorer. Regolito é uma camada de rocha e poeira, formada pelo impacto de outros meteoritos, que cobre a superfície de muitos asteroides e luas do nosso Sistema Solar.

Chip com micromáquina coleta energia do ambiente

O conceito de colheita de energia torna-se cada vez mais importante, à medida que os sensores wireless se espalham, cumprindo as mais diversas funções.

Apesar da miniaturização, os nós dessas redes de sensores precisam ser alimentados, e baterias nem se longe são a solução mais adequada.

Surgiram então os coletores de energia, dispositivos capazes de transformar em eletricidade a vibração do meio ambiente - vibração gerada pelo vento ou por carros passando na rua, por exemplo.

Os nanogeradores piezoelétricos também estão nessa categoria.

Microssensor de pressão perpétuo captura sua própria energia

Energia vibracional

Agora, pesquisadores da Universidade de Furtwangen, na Alemanha, juntaram a ideia dos nanogeradores com as técnicas de fabricação da microeletrônica, para construir um microcoletor de energia vibracional 3D.

O 3D significa que o microgerador - chamado microcoletor vibracional eletrostático - consegue captar as vibrações vindas de qualquer direção e de qualquer sentido e transformá-las em eletricidade.

A segunda vantagem imediata é que o projeto permite que o microcoletor de energia seja escalado, ou seja, fabricado na dimensão apropriada para a quantidade de energia necessária para cada aparelho a ser alimentado.

O pequeno aparelho é um exemplo dos avanços permitidos pela tecnologia de fabricação dos MEMS, ou sistemas microeletromecânicos - o dispositivo é uma minúscula máquina, cujas peças móveis são construídas com tecnologias herdadas da fabricação de chips.

Isso leva à sua terceira vantagem: o dispositivo é essencialmente um chip-gerador, que pode ser incorporado na placa de circuito impresso de qualquer aparelho, ou seja, o próprio aparelho coletaria a energia do ambiente, sem qualquer conexão externa.

Força eletrostática

Uma peça central funciona como centro de massa. O movimento 3D é obtido com sistemas de fim de curso nos eletrodos ao longo do plano (eixos X e Y) e eixos suspensores na perpendicular (eixo Z).

O protótipo coleta vibrações de baixa frequência - menores do 150 Hz - usando eletretos para gerar o efeito eletrostático.

Mas o mesmo efeito eletrostático usado para gerar a energia pode ser a ruína dos MEMS: nas dimensões das micromáquinas, a força eletrostática costuma fazer as peças grudarem umas nas outras, impedindo o funcionamento do aparelho.

Os pesquisadores resolveram o problema criando um sistema de isolamento entre os eletrodos que capturam a energia e os eletrodos que a levam para fora do coletor.

Lançado site de compras coletivas específico para a indústria

Seguindo a tendência dos sites de compras coletivas, que reúne uma grande número de compradores visando à redução de preços, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou o Clube Indústria de Benefícios.

O site tem o mesmo princípio dos demais sites de compras coletivas, mas é voltado apenas para o segmento industrial.

Será possível encontrar ofertas para a redução de custos em diversos segmentos como softwares, vale-alimentação, planos de saúde, veículos, equipamentos, capacitação empresarial, logística, transportadora, entre outros.

Atualmente, 58 empresas estão cadastradas para oferecer produtos e serviços. A expectativa é que, em 60 dias, esse número aumente para 200 parceiros. Até o final deste ano, estima-se que 800 companhias ofertem promoções de produtos e serviços.

Relacionamentos para negócios

A iniciativa é voltada às 600 mil empresas do setor industrial de pequeno, médio e grande porte.

Segundo o gerente executivo de Relações do Trabalho e Desenvolvimento Associativo da CNI, Emerson Casali, o empresário deve usar o portal como site de negócios e relacionamento.

"Queremos usar o [site] coletivo para fazer excelentes negociações e ter ofertas especiais, seja com desconto agressivo ou condição especial de pagamento", explicou.

Casali ainda ressalta que a iniciativa vai beneficiar principalmente micros e pequenas empresas. "Vamos propiciar ganhos econômicos, aumentando a competitividade, em especial, micro e pequenas empresas que não têm muito poder de barganha na hora de fechar negócios", afirmou. Dados da CNI apontam que 98% da base industrial são formados por micro e pequenas empresas.

Economia

As estimativas levam a crer que se 10% das indústrias aderirem, o que corresponde a 60 mil empresas, e efetuarem compras no site, significaria a redução de R$ 5 mil em custos por empresa, por ano. A quantia vai gerar uma economia de R$ 300 milhões para o setor industrial.

Essa economia pode chegar ao consumidor final, segundo Casali. "Sempre que se reduzem custos, se abre espaço para rentabilidade maior, que pode ser utilizada para reinvestir ou passar para o consumidor esse ganho", avaliou.

A diferença do Clube Indústria de Benefícios para os sites comerciais de compras coletivas é que, ali, as compras não são concluídas no site e não é necessário um número mínimo de companhias participantes. Cada ofertante tem uma regra própria de compra.

Ao imprimir o cupom de oferta, o interessado passa a negociar diretamente com o anunciante. "O modelo criado pela CNI não exige esse número mínimo de compradores, mas conta, de certa forma, com a força da coletividade do setor, na internet, que possibilita aos grandes fornecedores ganhar escala", concluiu Casali.

O site de compras coletivas industriais pode ser acessado no endereço www.clubeindustria.com.br.

Cientistas descobrem como estudar doenças que atingem células-tronco

Um grupo de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, integrado por um brasileiro, desenvolveu um método para estudar em laboratório uma rara doença genética.

Essa doença pode servir de modelo e facilitar a pesquisa de outras doenças causadas pelo mau funcionamento do sistema celular.

O estudo foi descrito em um artigo publicado na revista Nature, cujo primeiro autor é o brasileiro Luís Francisco Zirnberger Batista.

Doenças que atingem as células-tronco

Por meio da pesquisa, os pesquisadores desenvolveram células pluripotentes induzidas (iPS, na sigla em inglês) de pacientes com disqueratose congênita.

Essa é uma doença rara, causada pelo rápido encurtamento de longas sequências repetitivas de DNA que ficam na extremidade dos cromossomos (os telômeros) - para estudar suas células-tronco.

Ao analisar essas células iPS, que são morfologicamente idênticas às células-tronco humanas, os pesquisadores conseguiram demonstrar, pela primeira vez, como funciona o mecanismo da doença, que varia de paciente para paciente dependendo das mutações em determinados genes de suas células.

Além disso, também observaram que as células-tronco dos pacientes com disqueratose congênita possuem uma capacidade de se renovar extremamente reduzida. O que explica as diferenças da severidade da doença, que abrange desde problemas de pigmentação da pele até a falência da medula óssea.

Telômeros

"Agora, com essas células iPS nós temos um sistema pelo qual podemos estudar em placa de cultura a disqueratose congênita. E isso pode servir de modelo para estudar outras doenças que atingem as células-tronco, como a anemia de Fanconi", disse Batista.

De acordo com o pesquisador, os pacientes com disqueratose congênita apresentam problemas em tecidos, como a pele e a medula óssea, onde as células-tronco estão em constante divisão para formar células especializadas. E, a cada vez que essas células se dividem, elas perdem um pedaço do cromossomo - neste caso, os telômeros.

Em função disso, os telômeros das células de pacientes com disqueratose congênita vão se encurtando progressivamente em cada divisão celular até chegar a um ponto de crise cromossômica em que a célula para de se dividir (entra em senescência), morre ou gera instabilidade genética, o que pode induzir ao câncer e ao envelhecimento celular.

"Os pacientes com disqueratose congênita têm, por exemplo, problemas nas unhas, pele e falência da medula óssea, o que indica defeitos na capacidade de suas células-tronco manterem a estabilidade desses tecidos", explicou Batista.

Mutação genética

Há cerca de doze anos descobriu-se que a doença está relacionada à mutação de diferentes genes de um complexo de enzimas responsáveis pela manutenção dos telômeros, a telomerase. Porém, esse complexo de enzimas só é ativo em células-tronco ou progenitoras, que também têm a capacidade de se diferenciar em um tipo especializado de célula .

Para poder estudá-los, os pesquisadores decidiram pegar células da pele (fibroblácitos) de diferentes pacientes com disqueratose congênita e reprogramá-las para se tornarem células-tronco pluripotentes induzidas (iPS), conforme a técnica desenvolvida em 2006 pelo cientista japonês Shinya Yamanaka.

"Com essas células, nós podemos estudar uma forma de aumentar a eficiência da telomerase mutada que os pacientes com disqueratose congênita possuem. E nós mostramos no estudo que com terapia gênica é possível contornar a mutação desses genes", disse Batista.

Segundo o pesquisador, expressando telomerase mutada, os telômeros das células-tronco dos pacientes com disqueratose congênita mantidas em cultura foram encurtando progressivamente com o passar do tempo. E, quanto mais rápido o telômero das células em cultura encurtava, maior também era a severidade da doença nos pacientes.

Além disso, o encurtamento precoce do telômero fez com que as células tivessem uma vida em cultura muito curta, o que é uma característica incomum para células-tronco, que são capazes de se renovar em cultura por enormes períodos.

"O que nós vimos foi que o encurtamento do telômero das células desses pacientes acabou com a capacidade de autorrenovação dessas células, e acreditamos que é isso que acontece com as células-tronco adultas desses pacientes. Elas não conseguem mais se dividir, porque os telômeros ficam muito curtos. E isso acarreta nos problemas que eles apresentam nos tecidos, que precisam se dividir com mais frequência", afirmou Batista.

Células modelo

O estudo é o primeiro que utiliza células iPS indiferenciadas como modelo para estudos de doença que atingem as células-tronco.

Segundo Batista, os estudos realizados nos últimos dois anos com essas células foram voltados para pesquisar diferentes doenças não relacionadas às células-tronco. Além disso, nesses estudos as células iPS foram diferenciadas para analisar tecidos específicos, como células do sistema nervoso.Link

Já no estudo realizado pelo brasileiro e os pesquisadores norte-americanos, eles optaram por não diferenciar as células iPS de pacientes com disqueratose congênita, mesmo não tendo certeza se conseguiriam observar diferenças nelas.

"Nós ficamos muito felizes quando conseguimos ver que essas células iPS são o modelo perfeito para estudar a disqueratose congênita", afirmou.

A pesquisa contou com a colaboração do professor da Universidade do Colorado e prêmio Nobel de Química de 1999, Thomas Cech, que também assina o artigo.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Apple promete solução para novo vírus de Mac

A Apple prometeu ontem, 24/5, liberar em breve uma atualização para o Mac OS X que irá encontrar e apagar o falso programa de segurança MacDefender, além de avisar usuários ainda não afetados pelo malware, caso tentem baixar o programa falso.

O anúncio – parte de um novo documento que a companhia liberou no mesmo dia – foi o primeiro reconhecimento público da companhia sobre a ameaça oferecidas pelo que os especialistas chamam de “scareware” ou “rogueware” (softwares que tentam assustar as vítimas e convencê-las a baixar programas).

“Nos próximos dias, a Apple vai entregar um update do Mac OS X que automaticamente encontrará e removerá o malware Mac Defender e suas variações conhecidas”, explica a companhia no documento. “A atualização também ajudará a proteger os usuários ao fornecer um aviso explícito se eles baixarem esse malware.” A Apple também destacou quais passos os usuários infectados podem tomar para livrar seus Macs do scareware.

Saiba mais sobre o caso na Macworld Brasil

Fonte: IDG Now!

Algoritmos genéticos: As invenções que evoluem

Um algoritmo é uma sequência bem definida de passos para resolver um problema.

O melhor exemplo de uso dos algoritmos é na construção de programas de computador, que seguem passos precisos para resolver problemas de forma muito rápida.

O inconveniente é que, para construir o algoritmo e o programa, o humano por detrás do teclado deve saber muito bem como resolver o problema.

Mas não precisa ser sempre assim. Há uma solução, por assim dizer, mais produtiva: o uso de algoritmos genéticos.

Em vez de tomarem decisões lógicas simples e previsíveis, como os algoritmos normais, um algoritmo genético é construído de forma a gerar mutações, criando novas gerações de passos, cada uma eventualmente mais próxima da solução do problema.

Nova era na história da invenção

Os cientistas acreditam que os algoritmos genéticos estão nos colocando no limiar de uma nova era na história da invenção, das inovações e da pesquisa científica.

Isto porque os programas de computador passam a poder "evoluir" automaticamente, criando projetos que, muitas vezes, nenhum ser humano poderia idealizar.

Essa nova forma de inventar já está transformando áreas tão diversas como a locomoção de robôs, a criação de novos componentes eletroeletrônicos e até o projeto de motores diesel menos poluentes.

Os algoritmos genéticos imitam a seleção natural, descrevendo um projeto como se ele fosse um genoma construído de segmentos.

Cada segmento descreve um parâmetro da invenção, da forma do objeto, por exemplo, até aspectos muito mais detalhados, como a resistência elétrica ou as afinidades químicas do material.

Alterando aleatoriamente alguns segmentos - criando versões mutantes deles - o algoritmo melhora o projeto.

Os melhores resultados obtidos em cada rodada - em cada geração - são então reunidos, e tudo recomeça rumo a uma nova geração, para melhorar ainda mais as coisas.

Inovações que evoluem

Até recentemente, um computador de mesa médio não tinha o poder de processamento para triturar os dados através de milhões de gerações e descartar os mutantes indesejáveis.

Isso agora mudou, permitindo que os algoritmos genéticos passem a ter um efeito mais prático, mais imediato, mas também mais profundo, na pesquisa e no desenvolvimento.

É o que defende John Koza, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, um dos pioneiros no uso dos algoritmos genéticos no desenvolvimento de projetos de engenharia.

Ele desenhou uma nova "raça" de antenas de rádio super eficientes dessa maneira.

O que é realmente interessante, segundo o pesquisador, é que nem sempre é claro por que a invenção evoluída funciona: nenhum ser humano poderia, de forma razoável, criar tais antenas, com suas formas estranhas.

E, para quem quer reaproveitar o conhecimento já existente, o programa pode ser posto para gerar uma nova concepção a partir de inventos humanos, como os registrados em patentes.

Invenção evolutiva

A invenção evolutiva parece estar pegando em todas as áreas do conhecimento. As empresas de medicamentos estão se tornando suas grandes usuárias, por exemplo, evoluindo novos mecanismos moleculares que atingem determinados receptores, em que nenhum ser humano teria pensado.

"A maioria das invenções evoluídas não é necessariamente dramática - mas elas estão produzindo um fluxo constante de melhorias," afirma Hod Lipson, um roboticista da Universidade Carnegie Mellon. "O importante é que elas estão tendo um efeito cumulativo profundo na aceleração da inovação".

Mas não espere ouvir falar muito sobre os algoritmos genéticos e seus efeitos sobre as futuras inovações.

Segundo Lipson, a maioria dos pesquisadores vai preferir ficar com o crédito sobre suas invenções maravilhosas, deixando implícito que elas evoluíram em seus próprios cérebros.

Materiais reparam-se sozinhos com luz

Um vidro de relógio riscado ou a lataria arranhada de um carro que se reparam sozinhos quando expostos à luz - a "reparação automática" não é mais coisa de ficção científica.

Um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos e da Suíça está aprimorando este material, um novo tipo de plástico capaz de reparar-se em menos de um minuto quando exposto à luz ultravioleta.

O nome é "polímero metalo-supramolecular", um termo que ainda não faz parte da linguagem comum, mas que logo deverá fazer parte dos produtos do nosso cotidiano.

O novo material pode realmente ter muitas aplicações práticas e "comercialmente úteis", das telas digitais aos objetos comuns de plástico, que riscam ou arranham com muita facilidade.

Pense, por exemplo, nos riscos na pintura de um carro ou em um esmalte de unha, que não exige que a mulher volte ao salão para refazer tudo por causa de um simples arranhão.

Plástico que se auto-conserta

Os plásticos tradicionais são feitos de polímeros, moléculas que formam longas cadeias de vários milhares de átomos, entrelaçadas como espaguete em um prato. Quando aquecido, o plástico derrete e pode ser trabalhado em um molde, por exemplo. Mas ele derrete e flui lentamente, por causa do peso das moléculas e das suas interligações.

Os polímeros metalo-supramoleculares, no entanto, são feitos de moléculas 25 vezes mais curtas, grudadas umas nas outras por átomos de metal.

Quando o material é aquecido, essas moléculas se separam - como elas são leves, a massa flui muito mais facilmente.

Assim que o calor diminui, as moléculas se "reatam" pelas suas extremidades metálicas, e o material recupera suas propriedades originais.

E, para isso, nem é preciso colocar o relógio, o celular ou o carro no forno: uma dose de radiação ultravioleta é suficiente.

"Usamos lâmpadas semelhantes àquelas usadas pelos dentistas para endurecer amálgamas à base de polímero", explica Christoph Weder, do Instituto Adolphe Merkle, na Suíça.

Cura a quente

A quantidade de luz necessária é bem superior à que é fornecida normalmente pelo Sol.

E isto é uma boa notícia, porque significa que esses novos plásticos permanecem estáveis no ambiente, e não correm o risco de se derreterem durante um belo dia de verão.

Por outro lado, quando se tornam líquido e tapam as trincas e arranhões, os polímeros metalo-supramoleculares atingem temperaturas próximas aos 200° C.

Apesar de todo o processo levar menos de um minuto e o calor ser bem focalizado, o perigo de queimadura para quem manipula o objeto é real.

Para evitar isso, os pesquisadores estão trabalhando com vários metais usados como "cola" entre as moléculas.

São eles que convertem a luz em calor, e nem todos precisam atingir a mesma temperatura para romper os laços que mantêm as moléculas juntas.

Profundidade da luz

Falta saber qual é a espessura necessária para que uma camada destes novos plásticos permaneça "auto-reparadora". Por enquanto, os testes foram realizados em folhas muito finas.

"Já que usamos a luz, a profundidade até onde ela pode penetrar o material será sempre uma limitação. E não se pode esperar que a luz penetre em centímetros," admite Weder.

Os pesquisadores sabem que o calor gerado pelos raios ultravioleta se propaga mais profundamente do que a luz. Mas qual é o seu alcance? A questão ainda está em aberto, e descobrir isto é um dos objetivos dos pesquisadores.

"Por enquanto, ainda se trata de pesquisa fundamental," explica Weder. "Não buscamos desenvolver produtos para o mercado, mas sim conceitos, ferramentas que podem ser usadas para desenvolver os materiais comercialmente úteis."

Fonte: Swissinfo

Besouro do deserto inspira coletor de umidade do ar

Pesquisadores do MIT, nos Estados Unidos, realizaram um objetivo longamente sonhado pelos moradores de regiões áridas e desérticas: um coletor de umidade do ar de alta eficiência.

"O componente técnico da pesquisa está feito," afirma Shreerang Chhatre, ressaltando que agora só falta apoio financeiro e o suporte administrativo para que sua invenção chegue ao mercado.

O coletor de umidade do ar, ou coletor de neblina, consiste em uma malha que atrai as gotículas de água suspensas no ar.

Na extremidade, a malha é conectada a pequenos receptáculos, por onde a água pode fluir e ser depositada em recipientes.

Engenharia da natureza

Embora pareça ser uma solução simples, a realização tecnológica só foi possível depois que biólogos estudaram em detalhes o besouro da Namíbia (Stenocara gracilipes).

Vivendo em áreas desérticas, durante a madrugada, o pequeno besouro coleta o sereno em suas costas, em uma estrutura extremamente eficiente, formada por microcanais feito por materiais hidrofóbicos e hidrofílicos.

As microgotículas fluem pelo seu corpo, unindo-se até formar gotas grandes, que chegam até a boca do animal, que pode então beber em um lugar onde simplesmente não há cursos d'água e nem chuva.

Um princípio básico do coletor de umidade é que, como no animal, ele deve ser construído com uma combinação de superfícies que atraem e que repelem água.

A casca do besouro da Namíbia possui saliências que atraem água, ao lado de canais que a repelem. Desta forma, as gotas são coletadas nas saliências e escorrem pelos canais, até chegarem ao seu destino: a boca do besouro.

Malha coletora de umidade

Para reproduzir esse comportamento em escala humana, os pesquisadores acharam mais eficiente usar telas, em vez de uma superfície sólida, como a casca do besouro, porque um objeto totalmente impermeável cria correntes de vento que desviam as gotículas de água presentes no ar.

"Nós tentamos reproduzir a estrutura que o besouro tem, mas descobrimos que esse tipo de superfície permeável aberta é melhor," explicou Chhatre. "O besouro precisa beber apenas uns poucos microlitros de água. Nós queremos capturar tanta água quanto possível."

Nos testes de campo, a malha coletora de neblina capturou um litro de água por metro quadrado, por dia.

Coletor produz água potável a partir da umidade do ar

Mão robótica flexível dá um toque de suavidade aos robôs

Feita de plástico macio, a estrutura lembra uma estrela-do-mar.

E basta soprar ar em seu interior, através de um fino tubo saindo de seu centro, para que ela pareça viva, fechando-se como se fosse uma mão.

Este é exatamente o objetivo dos pesquisadores: construir uma mão robótica absolutamente suave, tão gentil em suas maneiras que seja capaz de pegar um ovo sem quebrá-lo.

Garras robóticas suaves

A equipe do professor George Whitesides, da Universidade de Harvard, trabalha há bastante tempo em contato com a área de biomédicas, projetando biochips de papel e novas técnicas de laboratório:

Como colocar a vida no papel

Sua experiência lhe mostrou a necessidade de ferramentas mais suaves para otimizar as cirurgias robotizadas, por exemplo, para manipular os órgãos internos de um paciente.

Ele e seus colegas aplicaram então as técnicas de microcanais usadas nos seus biochips para criar estruturas infláveis com grande nível de controle sobre os formatos inicial e final.

Redes pneumáticas

A estrutura foi batizada de PneuNets - redes pneumáticas - criadas com a incorporação dos microcanais em plásticos flexíveis conhecidos como elastômeros.

A distribuição precisa do elastômero e dos microcanais permite obter o movimento desejado simplesmente injetando ar no interior da estrutura, dispensando Motores e músculos artificiais.

As dobraduras dão-se nos pontos onde as paredes de elastômero são mais finas. Mas podem também ser usados materiais heterogêneos, com a flexão dando-se nas áreas cujas paredes são feitas de materiais mais macios ou mais elásticos.

Para abrir espaço para todos os canais, que aumentam de volume quando se enchem de ar, todo o componente se curva, de modo que as paredes externas são as que se dobram mais fortemente.

Para construir protótipos capazes de realizar movimentos complexos, os pesquisadores combinaram uma série desses componentes.

Para demonstrar que a garra inflável é delicada, com potencial para uso em biomedicina, os pesquisadores usaram-na para erguer um ovo e um camundongo vivo.

Mão robótica sem dedos é feita com bexiga e café moído

NASA anuncia espaçonave para o "espaço profundo"

A NASA havia criado grande expectativa com o agendamento de uma coletiva de imprensa, durante a qual seria anunciada "uma decisão chave para o transporte espacial para o espaço profundo".

A revelação, um tanto decepcionante, foi feita na tarde de ontem pelo administrador geral da agência espacial, Charles Bolden.

Segundo Bolden, o transporte de astronautas para a Estação Espacial Internacional será transferido inteiramente para a iniciativa privada, "de forma que poderemos nos concentrar na exploração do espaço profundo."

A grande expectativa foi criada sobretudo porque, há poucas semanas, a NASA havia divulgado o projeto de um novo conceito de nave espacial, chamado Nautilus.

NASA apresenta conceito de nave espacial

Cápsula espacial

Em vez de uma nova nave, porém, a "nova nave espacial para o espaço profundo" será na verdade um reaproveitamento da cápsula Órion, projetada para o abandonado Programa Constelação.

"O projeto original será agora utilizado para desenvolver uma nova nave espacial chamada Veículo Tripulado de Múltiplos Propósitos (MPCV: Orion Crew Exploration Vehicle)," disse Bolden.

Na verdade, a MPCV já está em construção, em um contrato com a empresa Lockheed Martin.

A nave retornável, contudo, parece ter características distantes de qualquer coisa voltada para o "espaço profundo", o que só fará sentido se ela for unida como um módulo de uma estrutura maior.

NASA quer enviar parte da Estação Espacial para explorar asteroide

A MPCV pode ficar no espaço por apenas 21 dias, levando 4 astronautas. O espaço útil é de 20 metros cúbicos, dos quais 9 metros cúbicos de "espaço habitável".

O retorno à Terra utiliza pára-quedas, com pouso no mar. O sistema de reentrada foi projetado para suportar as velocidades alcançadas em um retorno à Terra além da órbita baixa - da Lua, por exemplo.

Espaço não tão profundo

Segundo Bolden, a nova nave ser 10 vezes mais segura do que os ônibus espaciais - ainda não está claro se ela usará a cápsula de escape MLAS.

NASA testa nave de escape de astronautas

A nave servirá como veículo tripulado primário para missões além da órbita baixa da Terra, o que deverá incluir a Lua e, provavelmente, asteroides, mas dificilmente a Marte, como havia anunciado o presidente Obama em 2010.

A MPCV terá a capacidade normal de uma nave tripulada, como capacidade de aproximação, atracação e atividade extraveicular, as caminhadas espaciais.

Brasileiro descobre anticorpo que indica doença autoimune rara

A neuromielite óptica recorrente (NMO) é uma doença autoimune que causa inflamação dos nervos ópticos e da medula espinhal, podendo levar à cegueira e à paralisia.

É uma doença rara e, por conta da falta de estudos na área, costuma ter um diagnóstico tardio, quando já deixou sequelas graves.

O neurologista Tarso Adoni, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), analisou a presença do anticorpo NMO-IgG, um dos indicativos da doença, nos pacientes já diagnosticados.

Suas conclusões poderão aumentar a qualidade de vida dos portadores da síndrome.

Anticorpo

A análise, orientada pelo professor Dagoberto Callegaro, envolveu 28 pacientes. Destes, 64,5% apresentaram o NMO-IgG, estatística semelhante a de outros países do mundo.

"Quando um portador da NMO apresenta um sintoma, como uma diminuição abrupta da acuidade (precisão) visual, muitas vezes não se consegue identificar o motivo e ele pode permanecer sem diagnóstico até que novos episódios aconteçam.

"Com a descoberta de que uma parcela expressiva dos pacientes possui o anticorpo, faz-se um teste em busca dele. Ao encontrá-lo, a doença é detectada antes de alguma consequência mais grave, como perda da visão ou paralisia", explica o pesquisador.

Imunossupressores

Apesar de não ter cura, a NMO tem tratamento.

Se diagnosticada precocemente, pode ser tratada antes de uma nova manifestação e a pessoa pode ter uma vida normal.

Adoni enfatiza que o tratamento é feito por meio de medicamentos imunossupressores, que deixam o sistema de defesa do organismo mais inofensivo, evitando que ataque a si próprio.

Este tratamento tem que ser feito durante todo o período de vida do paciente.

O médico explica que pode haver casos de pacientes que não respondam aos imunosupressores da maneira esperada, mas que tais casos constituem-se em uma exceção.

Doença rara

Ao analisar os dados, Adoni percebeu que a idade média de manifestação da doença nos pacientes foi de 28 anos. Em outros países, a média se mantém em torno dos 36 anos.

O médico acredita que essa diferença pode ter sido constatada por causa do pequeno número de pessoas observadas, ou realmente a doença se manifesta mais cedo na população brasileira. Somente um estudo com um maior número de pessoas poderia sanar essa dúvida.

O que dificulta é a raridade da doença: no Japão, onde ela é mais comum, os casos variam entre 20 e 30 a cada 100 mil habitantes. A doença também atinge principalmente mulheres negras e jovens, na faixa dos 20 aos 40 anos, mas ainda não há explicação para esse fato.

Doenças autoimunes
Link
O estudo também aponta que a presença do anticorpo NMO-IgG é um marcador de que os portadores da NMO têm uma pré-disposição maior a outras doenças autoimunes. Muitos deles tiveram problemas com a tireoide, por exemplo.

O teste de detecção do anticorpo NMO-IgG pode fazer a diferença na vida de um portador da neuromielite óptica, mas por enquanto só está disponível em um laboratório particular em São Paulo, e custa em torno de R$300,00.

Alguns serviços públicos estão desenvolvendo a técnica pelo Brasil e o SUS, em algumas situações especiais, faz convênio com o Estado e paga pelo exame.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Telescópio Einstein: em busca das ondas gravitacionais

Um grupo internacional de cientistas finalizou o projeto do Telescópio Einstein, um observatório de ondas gravitacionais 100 vezes mais sensível do que os instrumentos atuais.

O Telescópio Einstein será subterrâneo, construído a uma profundidade entre 100 e 200 metros, e terá três detectores, interligados por túneis de 10 quilômetros de extensão.

Ondas gravitacionais

Ondas gravitacionais são ondulações no tecido do espaço-tempo, produzidas por eventos violentos no Universo, como colisões de buracos negros e explosões de supernovas, previstas por Albert Einstein em 1916, como uma consequência da sua Teoria Geral da Relatividade.

As ondas gravitacionais são emitidas pela aceleração de massas, de forma muito parecida com que as ondas eletromagnéticas são produzidas pela aceleração de cargas elétricas - como os elétrons em uma antena.

Ao contrário das outras formas de radiação conhecidas pelo homem, as ondas gravitacionais estariam viajando até nós desde o início do Universo totalmente incólumes, livres de qualquer interferência.

Ou seja, a informação que os cientistas coletam a partir da luz, das radiofrequências e de outras ondas, estão de certa forma "corrompidas" por interferências. Isto não deve acontecer com as ondas gravitacionais.

Astronomia de ondas gravitacionais

A capacidade de detectar diretamente as ondas gravitacionais poderá inaugurar uma nova era na astronomia, permitindo insights totalmente novos sobre o Universo.

Nenhuma forma de emissão dos outros tipos de radiação é, ao mesmo tempo, uma fonte forte de ondas gravitacionais.

Desta forma, para ter um quadro completo do Universo, os cientistas deverão juntar as observações das ondas gravitacionais, eletromagnéticas, dos neutrinos e dos raios cósmicos.

Por exemplo, usando as ondas gravitacionais será possível sondar partes do Universo escondidas por poeiras cósmicas. Ou obter-se visões totalmente novas de eventos cósmicos já observados ou até agora invisíveis a outros instrumentos, dando uma perspectiva completamente diferente aos acontecimentos astronômicos, assim como um telescópio de infravermelho dá informações diferentes de um telescópio na faixa visível.

Telescópio Einstein

O Telescópio Einstein, apesar de seu nome, nada tem em comum com outros telescópios.

Ele será formado por um conjunto de três interferômetros subterrâneos, cada um a uma distância de 10 quilômetros um do outro.

Seu princípio de funcionamento é bastante simples, apesar da grande complexidade de engenharia envolvida na sua construção.

A partir de cada um de seus cantos - há um detector em cada um deles, um feixe de laser é dividido e disparado em direção aos dois outros cantos. Depois de percorrer os 10 quilômetros de um túnel, o laser atinge um espelho e é refletido de volta ao seu ponto de origem, onde interfere com o feixe original.

Qualquer onda gravitacional que passar por um desses "braços de laser" irá torná-lo ligeiramente mais longo do que o outro, alterando assim o padrão de interferência entre os lasers - uma alteração mínima, mas mensurável.

Questão de precisão

Já existem detectores de ondas gravitacionais em operação, como o GEO600, na Alemanha, Virgo, na Itália e LIGO, nos Estados Unidos.

Contudo, até agora, nenhum deles obteve êxito.

Os cientistas acreditam que o fracasso pode ser uma questão de precisão, ou seja, os detectores atuais não seriam sensíveis o suficiente - no momento, o LIGO e o Vigo estão sofrendo atualizações, para se tornarem mais precisos.

Entrará em cena, então, o Telescópio Einstein, com uma sensibilidade 100 vezes maior do que os atuais, capaz de explorar uma região do Universo com um raio de bilhões de anos-luz, coletando dados de milhares de eventos emissores de ondas gravitacionais por ano.

Medidas anti-ruído

Os espelhos encarregados de refletir os feixes de laser terão diâmetros acima de 0,5 metro, a fim de permitir feixes de grande diâmetro, e serão resfriados abaixo de 20 K, para diminuir o ruído térmico.

Jóia de precisão vai ajudar a detectar ondas gravitacionais

Para eliminar os ruídos sísmicos, esses espelhos terão "suspensões" de mais de 20 metros de altura, junto com sofisticadas estratégias de controle.

Os lasers terão potência de 1 kW, a fim reduzir o "ruído" em seu disparo - variações no número de fótons disparados.

Tanta precisão permitirá que o Telescópio Einstein estude toda a gama de frequência das ondas gravitacionais - de 1 Hz até 10 kHz.

O observatório de ondas gravitacionais está orçado em €790 milhões e deverá estar pronto em 2025. Ainda não foi selecionado o local de sua instalação.

Pneus produzem energia para recarregar baterias

Uma pesquisa recente, feita pela Universidade de Delaware, nos Estados Unidos, mostrou o que os donos de carros a gasolina levam em conta quando consideram a possibilidade de migrar para um carro elétrico:

-a autonomia (quantos quilômetros o veículo roda sem precisar recarregar);
-a diferença de custo entre a gasolina e a eletricidade, e
-o tempo de recarregamento das baterias.

Maior autonomia e menor tempo de recarregamento são questões diretamente afetas às baterias - que, infelizmente, vêm progredindo muito lentamente.

O que vai alimentar os carros do futuro?

Assim, enquanto as baterias não dão seu tão esperado salto tecnológico, que possa viabilizar de vez os veículos elétricos, começam a surgir alternativas para, pelo menos, facilitar seu recarregamento.

KERS, flywheels e supercapacitores fazem parte desses esforços.

Geradores piezoelétricos

Agora, Noaman Makki e Remon Pop-Iliev, da Universidade de Ontário, no Canadá, voltaram sua atenção para os nanogeradores, minúsculos fios piezoelétricos que estão sendo pesquisados sobretudo para a alimentação de pequenos equipamentos portáteis.

Os materiais piezoelétricos transformam uma deformação mecânica em energia elétrica - assim, basta dobrá-los para um lado e para o outro para que eles gerem eletricidade.

Os dois engenheiros decidiram inserir os nanogeradores dentro dos pneus, que se deformam naturalmente durante o rodar normal de um veículo, devido à sua flexibilidade e às oscilações do piso.

Submetidos à deformação constante dos pneus, os nanogeradores podem produzir uma quantidade razoável da energia - quanto mais rápido o carro estiver rodando, e quanto maior for o aro do pneu, mais energia é gerada.

Os nanofios de PZT (as iniciais químicas dos elementos usados na liga piezoelétrica titanato zirconato de chumbo) já foram usadas em pneus antes, mas apenas para alimentar os sensores que monitoram a pressão dos pneus, que não precisam funcionar continuamente.

Pneu gerador

Para gerar uma maior corrente, os pesquisadores verificaram que é necessário cobrir uma área maior da superfície interna do pneu com os nanogeradores.

Em seu protótipo, eles usaram uma malha de 4 x 40 fios, colada no interior de um pneu aro 14 com um adesivo flexível.

Com o veículo rodando a 100 km/h - o que equivale a uma rotação do pneu de 854 giros por minuto - a malha piezoelétrica de teste produziu 2,3 watts, de forma sustentada, por pneu.

Usando uma segunda camada de nanogeradores, superposta à primeira, a produção de energia saltou linearmente para 4,6 watts, o que demonstra o potencial da tecnologia, uma vez encontrada a cobertura ótima de nanofios no interior de toda a área interna do pneu.

A energia gerada é inicialmente armazenada em um capacitor, e passada para o interior do veículo por um comutador, que mantém um contato contínuo entre a o chassi e a roda em movimento.

Computadores químicos fazem seus primeiros cálculos

Você pode escolher o formato do seu computador - desktop, notebook, tablet, netbook -, sua cor, ou mesmo decorá-lo no seu próprio exercício de casemod.

Qualquer que seja a aparência da sua máquina, contudo, todos os computadores terão o mesmo genótipo: elétrons circulando através de pastilhas de silício.

Mas isso é comum demais para Adamatzky Andrew, professor de Computação Não-Convencional na Universidade de West England, na Grã-Bretanha, que está tentando construir computadores baseados em reações químicas.

Computador químico

Misturas de determinados compostos químicos formam algo que é conhecido como uma reação de Belousov-Zhabotinsky (BZ).

Essas reações emitem ondas que se auto-perpetuam, que podem ser usadas para construir portas lógicas e realizar cálculos rudimentares.

"Quando as ondas se chocam, elas podem morrer ou mudar de direção, e podemos interpretar isso como uma computação", explica Adamatsky.

Esta não é uma ideia totalmente nova, mas agora Adamatzky e seus colegas descobriram que os computadores químicos podem resolver alguns problemas em geometria computacional.

Estes novos computadores são coleções de pequenas bolsas químicas, chamadas vesículas, que podem produzir e combinar as ondas emitidas pela reação BZ (Belousov-Zhabotinsky).

Uma tentativa anterior utilizou uma malha hexagonal de vesículas, mas é difícil construir um arranjo regular. Assim, Adamatzky e seus colegas decidiram usar vesículas irregulares em sua computação nada convencional.

Diagramas de Voronoi

Eles descobriram que um computador vesicular consegue calcular o diagrama de Voronoi de um conjunto de formas bidimensionais - uma tarefa que envolve essencialmente descobrir quais pontos em uma folha plana estão mais próximos a um determinado desenho.

Isso pode parecer por demais arbitrário, mas os diagramas de Voronoi têm uma ampla gama de aplicações, como o mapeamento da cobertura de uma rede de antenas de telefonia celular.

Os pesquisadores também utilizaram o computador químico para resolver um problema relacionado, descobrindo o esqueleto topológica de um formato.

Os resultados foram obtidos inicialmente em uma simulação em um computador normal, de silício e elétrons, mas Adamatzky afirmou que sua equipe está preparando um artigo científico que detalha os mesmos resultados obtidos com os produtos químicos reais.

Computadores implantáveis

É importante ressaltar que, no caso destes computadores químicos, trata-se unicamente de reações entre compostos.

Há pesquisas bastante adiantadas no campo dos computadores biológicos, onde os cálculos são feitos dentro de células ou através da programação de bactérias, sem contar os neurocomputadores.

O trabalho é parte de um amplo esforço para produzir computadores químicos, que Adamatzky afirma terem uma gama de aplicações: "Poderíamos construir computadores que sejam implantados no corpo humano", prevê ele.

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Brasil tem uma das maiores reservas de terras raras do planeta

O Brasil pode ser dono de uma das maiores reservas de terras raras do planeta, mas, hoje, praticamente não explora esses recursos minerais.

As terras raras são usadas em superimãs, telas de tablets, computadores e celulares, no processo de produção da gasolina, e em painéis solares.

Estimativas da agência Serviços Geológico Norte-Americano (USGS), apontam que as reservas brasileiras podem chegar a 3,5 bilhões de toneladas de terras raras.

De olho no potencial brasileiro, a Fundação Certi, de Santa Catarina, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), de São Paulo, e Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), do Rio de Janeiro, estão se articulando para dar apoio à iniciativa privada, caso o Brasil decida explorar esses recursos minerais e entrar no mercado.

Reservas de terras raras

Um mercado hoje inteiramente dominado pela China, responsável por 95% da produção e dona de 36% das reservas conhecidas. O valor do mercado mundial dos óxidos de terras raras é da ordem de US$ 5 bilhões anuais.

"Estamos nos estruturando para, caso alguém se interesse por entrar na mineração, a gente poder apoiar as iniciativas. Temos alguns projetos de pesquisa, mas começamos devagar porque se não amadurecer a mineração de terras raras no Brasil, não tem sentido a gente investir em pesquisa e desenvolvimento para exploração e produção", afirma Fernando Landgraf, diretor de inovação do IPT.

Como parte da ação das entidades acadêmicas de colocar o assunto em discussão e contribuir para o debate, Landgraf publicou um artigo no jornal Valor Econômico no dia 13 de abril, chamando a atenção para o potencial brasileiro.

Nos 3,5 bilhões de toneladas de terras raras, após os processos industriais que concentram e separam os elementos químicos que ocorrem de forma agregada nos minérios, há 52,6 milhões de toneladas de metal.

Essa estimativa do USGS consta no documento Os principais depósitos de elementos terras rara nos EUA - Um resumo dos depósitos domésticos e uma perspectiva global.

Com base em dados do geólogo da CPRM, Miguel Martins de Souza, publicados em revista científica especializada, a USGS calculou também que a reserva de 2,9 bilhões de toneladas de terras raras na mina de Seis Lagos, na Amazônia, resultaria em 43,5 milhões de toneladas de metal contido.

Em Araxá, Minas Gerais, em uma mina explorada pela Vale, haveria o segundo maior depósito brasileiro: a estimativa dada pelo documento é de 450 milhões de toneladas de terras raras e 8,1 milhões de metal contido para essa mina.

Terras raras

As terras raras são 17 elementos químicos muito parecidos, mas que diferem no número de elétrons em uma das camadas da eletrosfera do átomo. São agrupadas em uma família na tabela periódica porque ocorrem juntos na natureza e são quimicamente muito parecidos.

Também têm como característica comum os nomes complicados: lantânio, neodímio, cério, praseodímio, promécio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, érbio, túlio, itérbio, escândio e lutécio.

Apesar do nome sugerir, esses metais não são tão raros como o ouro, por exemplo.

Se, até poucos anos atrás, não compensava para o Brasil entrar no setor, por não haver condições de competição com a China, o potencial das reservas brasileiras e o aumento dos preços das terras raras no mercado internacional podem tornar o negócio economicamente viável, defende o diretor do IPT.

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Preços em disparada

Em média, os preços das terras raras no mercado internacional praticamente triplicaram nos últimos anos, segundo Landgraf.

O óxido de neodímio, que em janeiro de 2009 custava US$ 15 o quilograma, em janeiro de 2011 atingiu o valor de US$ 150 o quilograma.

"Na hora em que o preço sobe tanto, o que não era economicamente viável há três anos pode se tornar viável no presente. E o Brasil está na posição de ter a maior reserva de terras raras no planeta", aponta.

Algumas reservas do Brasil são bem conhecidas, particularmente as de fosfato em Poços de Caldas, Araxá e Catalão. As terras raras estão contidas nos rejeitos da mineração de fosfato. "São minas que não estão mais na fase de pesquisa mineral, mas de pesquisa de viabilidade econômica: sabemos quanto tem, mas é viável economicamente concentrar?", explica Landgraf.

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A China e as terras raras

O aumento de preços das terras raras está diretamente relacionado ao que ocorreu no mercado chinês, explica Landgraf. A preocupação com o meio ambiente aumentou muito na China nos anos mais recentes e o governo tem pressionado as empresas a melhorarem suas práticas.

Os produtores de terras raras estão sendo duramente atingidos, pois é uma atividade que causa elevado impacto ambiental na China. "Quando o governo chinês pressionou para organizar o aspecto ambiental da produção, muitas minas e pequenas empresas de processamento fecharam, diminuindo a oferta", acrescenta.

Além dessa contração no fornecimento, o mercado chinês não pára de crescer e o consumo de terras raras da China aumentou muito mais do que o consumo do resto do mundo.

"A China era exportadora porque não consumia muito, mas o aumento da demanda interna faz sobrar menos terras raras para serem exportadas", aponta. Há suspeita também de que os chineses estão adotando cotas de exportação, o que motiva outros países a comprarem mais desses minérios para estocar.

No ano passado, a China deu uma amostra de seu controle sobre o fornecimento de terras raras: embargou as exportações de terras raras para o Japão, em represália pela prisão de um comandante de um barco de pesca chinês em uma área marítima disputada por ambos os países. Os japoneses tiveram problemas, já que sua indústria é sustentada em produtos de alta tecnologia que usam as terras raras.

Diante desse panorama, os Estados Unidos, por exemplo, já elegeram as terras raras como recursos críticos para sua economia, igualmente baseada na produção e venda de produtos de alto conteúdo tecnológico. A empresa Molycorp Minerals, com operações na Califórnia, está investindo US$ 200 milhões para recolocar sua fábrica em operação.

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Terras raras no Brasil

No Brasil também se observa alguma movimentação. O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, conversa com a Vale sobre a possibilidade de a mineradora entrar no negócio, algo que precisará do apoio do governo, de condições de financiamento favoráveis, melhoria no transporte e logística e de investimentos em P&D para que o empreendimento possa competir com a produção chinesa, como apontou reportagem do jornal Valor Econômico de 11 de maio.

"Cerca de 10 empresas no Brasil estão discutindo o tema [entrar na produção de terras raras]. A Vale é citada por ser a maior, mas há outras interessadas, que não se manifestam publicamente", conta o diretor do IPT.

Outra iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) está na negociação de um acordo de cooperação técnica em inovação com a Alemanha, pelo qual a projetos-pilotos de produção de superimãs, que usam terras raras, receberia apoio do Instituto Fraunhofer, conforme a citada reportagem do jornal paulista.

Outra iniciativa do governo, e que ganhou pouco destaque até agora, é a da empresa CPRM Serviços Geológicos do Brasil, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). Ela começou a executar em 2011 o projeto Avaliação do Potencial dos Minerais Estratégicos do Brasil, que vai identificar novas áreas em todo o território brasileiro onde pode haver ocorrência de terras raras. O projeto deve durar três anos e receber R$ 18,5 milhões em recursos, vindos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Somente em 2011 o governo planeja investir quase R$ 2,4 milhões no projeto, segundo a CPRM.

Tecnologia para exploração das terras raras

Landgraf afirma que as tecnologias para mineração e processamento de terras são dominadas.

"A gente já soube fazer, no passado, e temos competência para produzir terras raras. Não há um desafio tecnológico intransponível", prossegue.

Ele recorda que o Brasil fez superimãs na década de 90. "Havia cinco grupos de pesquisa, pelo menos, fazendo superimãs, isso foi meu tema no doutorado. Chegamos a ter uma empresa produzindo superimãs; ela quebrou em 1994", comenta.

Para o diretor do IPT, o problema é econômico. "A questão é saber se alguém tem cacife para montar uma empresa no Brasil, ou se podemos fazer um conjunto de empresas entrar no ramo, e enfrentar um possível dumping chinês", analisa.

Do ponto de vista da pesquisa e do desenvolvimento, Landgraf explica que seria preciso estudar a produção em escala industrial. "A gente fez coisas em escala laboratorial, não em escala comercial. Então, se houver decisão empresarial e do governo e o País entrar nesse setor, o próximo desafio é fazer a escala piloto dos processos para chegar à escala industrial", diz.

Ele acrescenta que hoje o Brasil tem instrumento para financiar as plantas industriais previstas em projetos de P&D que operem em escala piloto, como é o caso do Funtec, programa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

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Tecnologia para o uso

Landgraf defende que o Brasil não seja um mero exportador de minerais, mas que desenvolva toda a cadeia de produção. Começa com a mineração e concentração das terras raras, etapas de menor valor na cadeia. A seguir passa pela indústria química, responsável por fazer a etapa de separação.

"Não existe imã de terras raras, existe imã de neodímio. As terras raras são quimicamente parecidas, então precisa separar uma da outra", explica. "A tecnologia necessária é relativamente sofisticada, mas sabemos fazer em universidades, institutos de pesquisa", prossegue.

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Ele comenta que, no passado, havia grupos de pesquisa na USP, no Cetem, e em outros centros que faziam, em laboratório, a separação, mas tudo se desarticulou nos anos 1990, quando a China começou a praticar preços baixos no mercado internacional. "São Paulo tem tradição nisso, tínhamos a empresa Orquima, que depois foi adquirida pela Nuclebras e passou a se chamar Nuclemon, posteriormente incorporada pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB)", recorda.

O mercado para venda de terras raras é crescente. Hoje, o mundo consome 150 mil toneladas por ano de terras raras, de acordo com o diretor do IPT. O neodímio, elemento químico mais usado dentro desse grupo, está presente nos superimãs. Estes, por sua vez, são cada vez mais usados em motores que precisam ter dimensões pequenas, como os que regulam bancos e espelhos em automóveis mais luxuosos.

"São imãs que permitem miniaturizar os motores. Esse mercado vai crescer muito", aponta Landgraf. O gerador de energia eólica pode ser feito com os superimãs, outro nicho de aplicação que se expande com a necessidade de fontes renováveis de energia.

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O lantânio é usado para fabricar gasolina. Numa das etapas de produção do combustível na refinaria, os gases passam por cima de um catalisador de óxido de lantânio, que promove a junção das moléculas que formam a gasolina. "O Brasil consome 1.000 toneladas por ano de lantânio. Não é um grande mercado, mas se não tivermos lantânio, não fabricamos gasolina. Somos dependentes da China", destaca.

Os outros 12 elementos que formam o grupo terras raras são usados em menor quantidade em várias aplicações. O óxido de cério, por exemplo, é usado para polir lentes de óculos.

Nos LEDs brancos, que estão substituindo lâmpadas fluorescentes porque consomem menos energia, também se usa óxidos de terras raras. "O laser é verde, azul ou vermelho. Para obter a luz branca, o laser bate numa camada fluorescente branca e quem gera essa luz branca é uma mistura de óxidos de terras raras aplicada aos LEDs", explica. "Se o mercado de LEDs for crescer como indicam as projeções, será preciso muita terra rara", afirma.