O mecanismo consiste em fornecer uma proteína que estimula o sistema imunológico.
A proteína é levada no interior de um minúsculo recipiente, construído com nanotecnologia, que é depositado diretamente sobre o tumor, aproveitando as defesas naturais do organismo para combater o crescimento da doença.
Os testes foram feitos com câncer de pulmão, mas são promissores para outros tipos de tumor.
Nanocápsulas
As nanocápsulas, que têm o formato de um barril, imitam estruturas naturais encontradas no citoplasma de todas as células de mamíferos.
Os cientistas projetaram seus nanobarris para que eles liberem lentamente uma proteína, a quimiocina CCL21.
Os estudos pré-clínicos, feitos em animais de laboratório, mostraram que a proteína estimula o sistema imunológico a reconhecer e atacar as células cancerosas, inibindo o crescimento do câncer.
"Nos tumores de pulmão, o sistema imunológico tem seu funcionamento deprimido, e o que queríamos era despertá-lo, encontrar uma maneira de fazê-lo perceber o câncer e atacá-lo," explica o Dr. Leonard Rome, coautor do estudo.
Rome afirma que o nanobarril - que se insere na categoria dos chamados nanocarreadores, carregadores de medicamentos pelo corpo humano, criados pela nanotecnologia - "era apenas um sonho três anos atrás".
Imunoterapia
Tudo começou com a tentativa de construir um mecanismo imunológico para defender o organismo do câncer - a chamada imunoterapia.
Em vez da abordagem clássica da quimioterapia, onde medicamentos atacam o tumor, os cientistas querem desenvolver formas de fazer com que o próprio sistema imunológico do paciente faça o serviço.
Essa abordagem é promissora porque, em tese, eliminará os graves efeitos colaterais dos quimioterápicos, já que será o próprio organismo que aprenderá a destruir o câncer.
Além disso, como o sistema imunológico se encarregará da tarefa, ele poderá atuar em todo o corpo, combatendo a metástase, que é a proliferação das células cancerosas para outros pontos do organismo.
Células dendríticas
A equipe do Dr. Steven Dubinett, parceiro da pesquisa, estava usando um adenovírus com replicação deficiente para infectar células dendríticas e forçá-las a uma superprodução de CCL21.
Glóbulos brancos do paciente são usados para criar essas células dendríticas, que são células do sistema imunológico que processam um material antígeno e o apresentam na superfície de outras células do sistema imunológico.
As células modificadas - 10 milhões de cada vez - foram então injetadas diretamente no câncer de pulmão do paciente para estimular a resposta imunológica.
Esta foi a primeira vez que a quimiocina foi administrada a seres humanos.
O estudo inicial mostrou que a técnica de células dendríticas é segura, não tem efeitos colaterais e parece estimular a resposta imunológica - linfócitos T com assinaturas de citocinas específicas foram identificadas circulando pelo organismo do paciente, indicando que os linfócitos estavam reconhecendo o câncer como um invasor.
Tratamento personalizado
Mas os cientistas se depararam com grandes problemas.
O processo de geração das células dendríticas a partir dos glóbulos brancos, e sua "configuração" para produzir um excesso de CCL21, é uma tarefa trabalhosa, cara e demorada.
Há ainda o desafio da variabilidade de paciente para paciente. É mais fácil isolar e cultivar as células dendríticas em alguns pacientes do que em outros, por isso os resultados não foram consistentes.
E as células de um paciente não funcionam em outro.
Nanobarris
É aí que entram os nanobarris.
Essas estruturas podem substituir as células dendríticas, carregando a quimiocina CCL21 sintetizada em laboratório e depositando-a diretamente no tumor.
Como os cientistas esperavam, o resultado sobre o tumor foi o mesmo do teste anterior, sem todos os problemas associados com a produção das células dendríticas.
A próxima etapa, quando os nanobarris serão testados em humanos, deverá levar três anos.
Fonte: Redação do Diário da Saúde
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