É uma doença rara e, por conta da falta de estudos na área, costuma ter um diagnóstico tardio, quando já deixou sequelas graves.
O neurologista Tarso Adoni, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), analisou a presença do anticorpo NMO-IgG, um dos indicativos da doença, nos pacientes já diagnosticados.
Suas conclusões poderão aumentar a qualidade de vida dos portadores da síndrome.
Anticorpo
A análise, orientada pelo professor Dagoberto Callegaro, envolveu 28 pacientes. Destes, 64,5% apresentaram o NMO-IgG, estatística semelhante a de outros países do mundo.
"Quando um portador da NMO apresenta um sintoma, como uma diminuição abrupta da acuidade (precisão) visual, muitas vezes não se consegue identificar o motivo e ele pode permanecer sem diagnóstico até que novos episódios aconteçam.
"Com a descoberta de que uma parcela expressiva dos pacientes possui o anticorpo, faz-se um teste em busca dele. Ao encontrá-lo, a doença é detectada antes de alguma consequência mais grave, como perda da visão ou paralisia", explica o pesquisador.
Imunossupressores
Apesar de não ter cura, a NMO tem tratamento.
Se diagnosticada precocemente, pode ser tratada antes de uma nova manifestação e a pessoa pode ter uma vida normal.
Adoni enfatiza que o tratamento é feito por meio de medicamentos imunossupressores, que deixam o sistema de defesa do organismo mais inofensivo, evitando que ataque a si próprio.
Este tratamento tem que ser feito durante todo o período de vida do paciente.
O médico explica que pode haver casos de pacientes que não respondam aos imunosupressores da maneira esperada, mas que tais casos constituem-se em uma exceção.
Doença rara
Ao analisar os dados, Adoni percebeu que a idade média de manifestação da doença nos pacientes foi de 28 anos. Em outros países, a média se mantém em torno dos 36 anos.
O médico acredita que essa diferença pode ter sido constatada por causa do pequeno número de pessoas observadas, ou realmente a doença se manifesta mais cedo na população brasileira. Somente um estudo com um maior número de pessoas poderia sanar essa dúvida.
O que dificulta é a raridade da doença: no Japão, onde ela é mais comum, os casos variam entre 20 e 30 a cada 100 mil habitantes. A doença também atinge principalmente mulheres negras e jovens, na faixa dos 20 aos 40 anos, mas ainda não há explicação para esse fato.
Doenças autoimunes
O estudo também aponta que a presença do anticorpo NMO-IgG é um marcador de que os portadores da NMO têm uma pré-disposição maior a outras doenças autoimunes. Muitos deles tiveram problemas com a tireoide, por exemplo.
O teste de detecção do anticorpo NMO-IgG pode fazer a diferença na vida de um portador da neuromielite óptica, mas por enquanto só está disponível em um laboratório particular em São Paulo, e custa em torno de R$300,00.
Alguns serviços públicos estão desenvolvendo a técnica pelo Brasil e o SUS, em algumas situações especiais, faz convênio com o Estado e paga pelo exame.
Fonte: Mariana Soares - Agência USP
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