A exposição envolvendo, principalmente, trabalhadores de refinarias, siderúrgicas, fábricas de calçados, postos de combustíveis e laboratórios de análises químicas, tem sido problema recorrente.
Mas a utilização do benzeno extrapolou a exposição ocupacional.
Há, agora, uma exposição ambiental que requer também um amplo controle social da substância, fazem coro o médico Luiz Sérgio Brandão de Oliveira, coordenador da Comissão Nacional Permanente do Benzeno (CNPBz) e o químico Celso Ribeiro de Almeida, presidente da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) da Unicamp.
Benzeno por todo lado
Eles falaram durante o Fórum Pemanente Ambiente e Sociedade, realizado na Universidade Estadual de Campinas, que debateu o uso do benzeno e as suas implicações na área de saúde do trabalhador e no meio ambiente.
"O benzeno é uma substância ubíqua, ele existe, inclusive, no nosso ar ambiente. Em uma cidade como São Paulo, por exemplo, você respira concentrações muito altas de benzeno. Todos os fumantes e também os fumantes passivos estão expostos ao benzeno", alertou Luiz Brandão,
"Outra questão importante é que o benzeno quebra o paradigma de limite de tolerância. Não existe limite de tolerância para o benzeno. Todos os trabalhadores expostos de alguma forma têm um risco", apontou Celso Ribeiro.
Apesar de achar muito difícil a substituição total do benzeno - um hidrocarboneto classificado como aromático - Celso Ribeiro alerta para a necessidade de uma redução significativa.
Antigamente, segundo ele, existia benzeno até como solvente doméstico. "Isso já é proibido hoje. A ideia é reduzir ainda mais a utilização do benzeno, a sua quantidade, por exemplo, nos combustíveis. Dentro, é claro, da capacitação técnica que temos", afirmou.
Amianto e benzeno
Para Brandão, o caso do amianto, que já pode ser banido, é diferente porque existem substitutos para todas as suas utilizações. "Já para o benzeno isso fica muito difícil. Dentro da linha de fabricação de praticamente todo material presente nesta sala [no auditório do Centro de Convenções], o benzeno esteve presente, de algum modo", reconhece.
Movimentos sociais dos trabalhadores expostos ao benzeno eclodiram no final da década de 70 e 80, até que, em 1995, depois de mortes e registros de doenças, governo, empresários e sindicatos firmaram um acordo contemplando um conjunto de procedimentos para a prevenção da exposição ocupacional ao benzeno, substância associada a doenças como a aplasia de medula e leucemias.
Para acompanhar a implementação deste acordo foi criada a Comissão Nacional Permanente do Benzeno, como explica o seu coordenador. "Ela é paritária e discute também medidas e avanços para além do acompanhamento do acordo", completa Brandão.
Relações com o meio ambiente
A professora Carmen Zink Bolonhini, explicou que a revolução industrial, com novos padrões de consumo, trouxe transformações profundas nas relações com o meio ambiente, materializando-se na saúde do trabalhador.
"Enquanto antes a produção era manufatureira, restrita, não havia visibilidade para qualquer questão de saúde que pudesse estar afetando o trabalhador. No entanto, quando temos a produção em massa, precisamos dar maior visibilidade às questões envolvendo o meio ambiente e a saúde do trabalhador. Por conta disso é que nós estamos reunidos aqui hoje", contextualizou ela.
Prevenção avança, mas benzeno ainda traz riscos à saúde
Fonte: Sílvio Anunciação
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