segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Ativista da internet quer comprar um satélite artificial

Kosta Grammatis parece estar levando mesmo a sério sua defesa de uma internet para todos.

Certo de que o acesso à rede mundial é um "direito humano básico", o ativista quer nada menos do que comprar um satélite artificial, para levar conteúdo para quem precisar, e de graça.

A revista New Scientist fez uma entrevista com Grammatis.

Você quer comprar um satélite de comunicações que está em órbita ao redor da Terra. Por quê?

Para levar o acesso à internet para milhões de pessoas que não podem, atualmente, se conectar.

Como comprar um satélite pode ajudar quando bilhões de pessoas que não têm telefones ou computadores para acessar a internet?

O custo da computação continua a diminuir substancialmente. Na Índia, por exemplo, eles estão lançando o laptop de US$ 12.

Algumas pessoas nos países em desenvolvimento gastam metade do seu rendimento em telefones celulares por causa do valor que as telecomunicações agregam às suas vidas.

Se o acesso à internet fosse livre, as pessoas iriam encontrar uma maneira de obter equipamentos para usá-la.

Você tem um satélite em particular em mente?

Nossa organização, a ahumanright.org, por enquanto está pensando em reciclar um satélite já existente.

Em 2009, ficamos sabendo que a empresa TerreStar estava sendo retirada da bolsa de valores NASDAQ. Na época eles possuíam o maior satélite de comunicações já lançado.

Nós pensamos que seria uma oportunidade única, se eles declarassem falência, comprar o satélite deles.

Quando a empresa entrou com o pedido de concordata, em outubro do ano passado, lançamos a buythissatellite.org para viralizar a iniciativa.

Onde está o satélite agora? Ele não teria de ser movido?

O TerreStar-1 está atualmente na longitude da América do Norte. Se o comprarmos vamos levá-lo para [cobrir] um país que careça de acesso à internet e usá-lo para fornecer acesso lá.

Todo satélite tem propulsores que permitem que ele seja movido.

Quais são os principais desafios para a compra do satélite?

São financeiros.

A iniciativa "Compre este Satélite" tem uma meta de levantar US$ 150.000.

Isso não vai comprar o satélite, mas vai iniciar o processo. Os recursos serão utilizados para um estudo de viabilidade a ser entregue a investidores e para iniciar o processo legal de apresentar uma proposta para a compra do satélite.

Até agora, nós levantamos US$30.957, de 570 doadores. A resposta tem sido incrível. [Na última visita ao site o valor estava em $34.532,00, de 611 doadores.]

Por que você argumenta que o acesso à internet é um direito humano?

No momento, a internet é o principal meio de acesso à informação.

O Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que todos têm o direito de "ter opiniões sem interferência e de procurar, receber e difundir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras".

Todos nós conhecemos o ditado "Você pode dar um peixe a um homem ..." Se você der a alguém a internet, e ensiná-lo a usá-la, ele poderá aprender qualquer coisa que quiser.

O acesso à educação, à saúde e à água potável não é mais importante?

O acesso à internet, e às informações que ela detém, facilita a educação, a saúde e o acesso à água potável.

A tele-educação ajuda as crianças a aprender em zonas rurais, a telemedicina permite aos médicos tratarem os doentes de qualquer lugar do mundo, e projetos online como o charitywater.org ajudam as pessoas a obterem acesso à água potável.

Para aprender melhor, não troque o lápis pelo teclado

Escrever à mão fortalece o processo de aprendizagem. Quando alguém aprende digitando em um teclado, esse processo pode ser prejudicado.

A conclusão é da Dra. Anne Mangen, da Universidade de Stavanger, na Noruega, que decidiu investigar se algo se perde quando estudantes adultos passam do livro para a tela do computador e da caneta para o teclado.

O processo de ler e escrever envolve uma série de sentidos, explica a pesquisadora, que teve a colaboração do neurofisiologista Jean-Luc Velay, da Universidade de Marselha.

Os resultados foram publicados em um artigo no periódico científico Advances in Haptics.

Importância de escrever à mão

Ao escrever à mão, o nosso cérebro recebe feedback de nossas ações motoras, juntamente com a sensação de tocar no lápis e no papel. Essas retroalimentações são significativamente diferentes daquelas que recebemos quando digitamos em um teclado.

Um experimento realizado pela equipe de Velay demonstrou que as partes do cérebro ativadas quando lemos as letras que aprendemos pela escrita manual são diferentes daquelas ativadas quando reconhecemos as letras que aprendemos por meio da digitação em um teclado.

Ao escrevermos à mão, os movimentos envolvidos deixam uma memória motora na parte sensório-motora do cérebro, o que nos ajuda a reconhecer as letras.

Isto implica que há uma conexão entre a leitura e a escrita, e sugere que o sistema sensório-motor desempenha um papel no processo de reconhecimento visual durante a leitura.

Como escrever à mão demora mais do que digitar em um teclado, o aspecto temporal também pode influenciar o processo de aprendizagem, afirma a pesquisadora.

Além da escrita

Os experimentos conduzidos com adultos, que deveriam aprender um alfabeto desconhecido, mostraram que aqueles que aprenderam escrevendo manualmente saíram-se consistentemente melhor nos testes do que aqueles que aprenderam na tela do computador.

Para a pesquisadora, os ganhos de aprendizado não se referem apenas à escrita em si: "O componente sensório-motor é parte integrante do treinamento para iniciantes, e em especial para pessoas com dificuldades de aprendizagem. Mas há pouca consciência e compreensão da importância da escrita para o processo global de aprendizagem, além da própria escrita."

Ela se refere à investigação pedagógica sobre a escrita, que passou de uma abordagem cognitiva para um foco nas relações contextuais, sociais e culturais. Na sua opinião, um foco unilateral sobre o contexto pode levar à negligência das conexões individuais, sensório-motoras, fisiológicas e fenomenológicas.

Cirurgia de próstata minimamente invasiva chega ao Brasil

Uma nova técnica minimamente invasiva para cirurgia da próstata começou a ser usada no Brasil.

A primeira operação desse tipo no país foi feita pelo Centro de Referência em Saúde do Homem, da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, na capital paulista.

A técnica permite que o paciente tenha a glândula operada por meio de um único furo de dois centímetros feito abaixo do umbigo, por onde entram um aparelho chamado single port e uma câmera de vídeo.

Próstata aumentada

De acordo com o médico urologista do Centro de Referência em Saúde do Homem, Fábio Vicentini, a técnica é aplicada especificamente para próstatas grandes, que não podem ser operadas pelo método convencional: com acesso pelo canal da uretra.

Normalmente a próstata aumentada é operada por um corte grande ou por laparoscopia com quatro ou cinco cortes menores. A técnica é indicada para homens com a próstata pesando 100 gramas. O peso normal de uma próstata é de 15 a 20 gramas.

"Essa cirurgia é um avanço porque conseguimos fazer com um corte de dois centímetros uma cirurgia tão eficiente quando a aberta, só que mais rápida, com menor sangramento, menos dor. Outro ponto positivo da utilização dessa técnica é a diminuição dos custos, porque o paciente recebe alta no dia seguinte à operação, por isso o custo com a internação e os medicamentos ficam em torno de R$ 1,2 mil por paciente".

Dificuldade de urinar

Vicentini disse, que fora do país, o single port foi utilizado pela primeira vez nos Estados Unidos.

Segundo ele, o método já está implantado no Centro de Referência em Saúde do Homem. Por mês são realizadas cerca de 40 operações de próstata no hospital. Dessas 10 são de próstata aumentada.

"Essa não é uma doença que mata, mas o desconforto é grande porque dificulta muito na hora de urinar. A qualidade de vida do paciente cai muito e muitas vezes ele tem que usar uma sonda porque a urina não sai. Sem tratamento essa doença pode afetar a bexiga e os rins, podendo se tornar uma doença grave".

Trojan brasileiro impede que usuário atualize o antivírus

Um novo trojan criado no Brasil tenta bloquear o acesso do navegador a sites de companhias antivirus e redireciona o internauta para páginas falsas de bancos, mesmo que ele digite a URL correta. Além disso, o código foi escrito para impedir que antivirus já instalado no PC baixe atualizações.

O vírus, descoberto por Fabio Assolini, analista de malware da Kaspersky Lab no Brasil, utiliza uma técnica chamada de Man in the Browser (MitB). "Esse tipo de infecção funciona alterando a chave “AutoConfigURL” no registro do Windows, fazendo que os navegadores de seu PC usem a URL como proxy (intermediário) em sua conexão web", diz.

Leia também: Trojan se “disfarça” de suíte de segurança da Microsoft para infectar PCs

Se o usuário infectado tentar acessar um site para baixar algum antivirus, verá a seguinte mensagem: “Serviço indisponível temporariamente, tente mais tarde...”

O código traz uma lista de servidores usados pelas companhias antivirus para distribuir atualizações para seus usuários. "O intuito é claro: tentar impedir o antivirus instalado de baixar atualizações e assim detectar a praga ativa e removê-la", explica o analista.

A praga também altera as configurações do Firefox e registra um arquivo na inicialização. Esse arquivo atualiza o proxy malicioso no sistema, caso o mesmo seja removido pelos serviços de hospedagem. "Assim, o criminoso tenta garantir que a vitima fique infectada o maior tempo possivel", afirma.

Fonte: IDG Now!

Carros sem chaves podem ser facilmente hackeados, dizem pesquisadores

Quando a questão é segurança, os sistemas de acionamento da ignição de automóveis sem o emprego de chaves conhecido por PKES (passive keyless entry and start - entrada e acionamento passivos) são frágeis. Pesquisadores da Universidade suíça ETH Zurich descobriram que esses sistemas não oferecem proteção robusta contra tentativas de furto.

Em um ensaio realizado com dez veículos de oito marcas diferentes, os cientistas exibiram – com sucesso – que abrir, ligar e sair dirigindo os carros não era difícil.

As ferramentas usadas para quebrar a segurança dos sistemas foram todos adquiridos em lojas ordinárias e não chegam custar 100 dólares. Um relatório completo dos resultados pode ser acessado nesse link.

Apesar de o tema sobre a insegurança dos sistemas PKES já ter sido alvo de críticas anteriormente, o assunto fora removido das pautas por acharem que, ao serem implementados nos veículos, sua segurança seria maior. “No estudo publicado mostramos que esse não é o caso e que a segurança pode, sim, ser quebrada”, afirmam os cientistas.

Os resultados concretos de tais estudos serão demonstrados esse mês em uma conferência sobre segurança em San Diego, na Califórnia.

Os sistemas examinados em Zurique permitem abrir, trancar e dar partida no automóvel sem uso das chaves. Eles entram em funcionamento quando a pessoa portadora das chaves do veículo está próxima ao carro. Assim que o portador das chaves se afasta, o veículo é trancado de forma automática.

Para dar partida no motor, é necessário que o portador das chaves esteja dentro do veículo, mas, assim como o resto do sistema, o uso das chaves é dispensável.

Como funciona o PKES
Entre o sistema PKES e as chaves do veículo existe uma comunicação mista de freqüências da rádio baixas e altas. A abertura das travas e o acionamento da ignição são conseqüentes da proximidade das chaves com determinadas partes do veículo. Aproximá-las da maçaneta resulta em abertura das portas; se forem colocadas próximas à ignição, dão partida no motor.

Testes
Nos testes, os pesquisadores usaram uma antena direcional adquirida em uma loja comum, para capturar a troca de mensagens em freqüência de rádio entre o veículo e as chaves. As antenas foram capazes de ampliar os sinais, o que dava ao veículo a impressão de proximidade entre os participantes nessa troca de sinais.

O ensaio envolve o emprego de duas antenas. Uma do lado externo do veículo, próxima às maçanetas, serve para receber os sinais emitidos do veículo e enviá-los para um segundo receptor de sinais, localizado a alguma distância. Essa segunda antena ficaria, normalmente, dentro do molho de chaves que devolve as instruções para a abertura das portas.

Uma vez destrancadas as portas e garantido o acesso ao interior do veículo, os pesquisadores trariam a antena para dentro do veículo e pressionaram o pedal de freio ou outro botão no automóvel o que faria o sinal da ignição ser enviado até as chaves,que, por sua vez, respondem com o código que aciona o motor.

Na primeira fase, os pesquisadores ligaram duas antenas usando cabos coaxiais, na segunda, as antenas se comunicavam apenas usando as ondas emitidas (sem fio).

Segundo os pesquisadores, os testes demonstram haver mais que uma simples ameaça potencial. Todo o equipamento usado nos experimentos poderia ser facilmente comprado e instalado em um estacionamento para furtar veículos munidos dessa tecnologia.

Fonte: IDG Now!

Golpes globais de phishing visam usuários brasileiros, aponta estudo

O serviço de pagamentos online PayPal foi o principal alvo dos golpes globais de phishing em 2010, mas sites conhecidos dos brasileiros, como os do banco Bradesco e a rede social Orkut, também aparecem entre os mais visados.

Os dados são da OpenDNS, maior provedora de serviços de DNS do mundo, e foram coletados a partir do tráfego gerado pelos usuários globais da empresa.

Além de aparecerem na lista de phishing, os sites sociais também lideram a lista de sites bloqueados pelos usuários corporativos da empresa.

“A Internet social marcou o ano de 2010, e esta tendência está refletida nos dados que coletamos na OpenDNS”, afirmou o CEO e fundador da empresa, David Ulevitch, no comunicado que apresentou o estudo.

Mais bloqueado
Segundo o relatório OpenDNS 2010 Report Web Content Filtering and Phishing, o Facebook é, ao mesmo tempo, o site mais bloqueado e o segundo mais presente nas listas de permissão de acesso (whitelist).

Na ‘lista branca’ de sites permitidos, o YouTube lidera, sendo a escolha de 12,7% dos clientes; Facebook vem em segundo, com 12,6%, e Gmail.com, com 9,2%.

A lista de sites que costumam ter carta branca dentro das empresas inclui ainda o Translate.google.com, LinkedIn.com, Skype.com e o Deviantart.com.

Mais de 14% de todos os usuários que bloqueiam site escolheram bloquear o Facebook, aponta a OpenDNS. Facebook, MySpace e YouTube foram os sites mais bloqueados pelas empresas. A ‘lista negra’ inclui ainda o Twitter.com (2,3%), Limewire.com (1,3%) e Playboy.com (1,2%).

Phishing em alta
Já o site que mais foi alvo de golpes de phishing, segundo a OpenDNS, foi o da empresa de meios de pagamento PayPal. O número de ocorrências envolvendo o PayPal foi nove vezes maior que o do segundo colocado, o Facebook.

Cerca de 45% de todas as tentativas de phishing detectadas pela empresa em 2010 envolveram o PayPal. O Facebook foi alvo de 5,3%, enquanto o HSBC Group aparece em 4,1% dos casos detectados. O banco brasileiro Bradesco aparece em sexto lugar, com 1,9% dos casos, atrás do Internal Revenue Service (a Receita Federal americana), com 3%, e à frente do Orkut (1,7%).

Além disso, das dez marcas mais vítimas de phishing, cinco são associadas a games online e sociais: Facebook, World of Warcraft, Sulake Corporation, Steam e Tibia.

Países hospedeiros
Embora os golpes com as marcas Bradesco e Orkut indiquem que os cibercriminosos tenham os brasileiros como um de seus alvos principais, o País não aparece na lista da OpenDNS dos que mais hospedam sites de phishing.

A lista dos dez mais é liderada pelos Estados Unidos (53,8%), seguido por Alemanha (6,3%), Canadá (5,2%) e Reino Unido (4,8%). Dos países do BRIC, apenas Rússia (2,9%) e China (2,8%) estão presentes.

A OpenDNS afirma receber 30 bilhões de pesquisas a suas bases DNS por dia. Mais de 1% de todos os usuários de Internet de todo o mundo utilizam os serviços da empresa para resolução de DNS.

Fonte: IDG Now!

sábado, 29 de janeiro de 2011

Roupas eletrizantes poderão alimentar seu celular

O conceito de roupas inteligentes e computadores de vestir - nos quais a eletrônica é embutida nas roupas - tem sido objeto de pesquisas há bastante tempo.

Mas será possível que, no futuro, possamos plugar nosso telefone celular ou nosso tablet em nossa própria roupa, em vez de usar uma tomada para recarregar suas baterias?

Não é uma ideia totalmente sem fundamento. A equipe do Dr. Zhong Lin Wang, do Instituto de Tecnologia da Georgia, vem trabalhando em nanogeradores há anos, materiais que estão ajudando a viabilizar um outro conceito, o de colheita de energia.

* Colheita de elétrons gera energia para componentes optoeletrônicos

Supercapacitor flexível

Agora, Wang juntou esforços com pesquisadores da Samsung para criar um protótipo de sistema de armazenamento de energia que é totalmente flexível, adequado para ser incorporado no meio de tecidos.

Tecnicamente o material não é uma bateria, mas um supercapacitor, feito de nanofios de óxido de zinco, crescido sobre fibras sintéticas que podem ser usadas na confecção de roupas.

Os supercapacitores há muito são vistos como uma alternativa interessante às pilhas e baterias recarregáveis para o armazenamento de energia. Eles suportam um número virtualmente infinito de ciclos de carga e descarga e, principalmente, são recarregados de forma quase instantânea.

Mas ninguém havia conseguido fabricar supercapacitores flexíveis e leves como os que foram agora apresentados.

O "micro-supercapacitor" eletroquímico usa nanofios de óxido de zinco como eletrodos - um deles apoiado em uma fibra de plástico comum e o outro em uma fibra de Kevlar, o material usado para fazer roupas à prova de balas.

Coberturas adicionais de manganês e ouro melhoram o desempenho do dispositivo.

As fibras são a seguir incorporadas em um eletrólito sólido-gel que mantém os dois eletrodos separados e permite o transporte das cargas elétricas.

Várias dessas fibras são então processadas para formar um fio, que pode ser tecido no formato desejado.

Roupas que guardam eletricidade

O óxido de zinco tem várias vantagens sobre os materiais convencionalmente usados nos supercapacitores: ele pode ser cultivado em qualquer substrato, em qualquer formato, sob baixa temperatura (abaixo de 100 ° C) e é simultaneamente biocompatível e ambientalmente amigável.

Uma aplicação particularmente interessante seria a utilização desse novo meio de armazenamento de energia em conjunto com os nanogeradores flexíveis que Wang e sua equipe já desenvolveram.

Os batimentos cardíacos, os passos, ou até mesmo um vento leve seriam suficientes para movimentar os nanogeradores piezoelétricos gerando corrente elétrica que poderia ser armazenada nos supercapacitores incorporados nas fibras dos tecidos.

A energia seria direcionada para um conector e utilizada para alimentar equipamentos portáteis de baixo consumo de energia.

Mas se você é exigente em termos de roupas, e não gostaria de usar uma roupa de tecido sintético, há outras alternativas mais confortáveis:

* Transístor de seda avança rumo aos computadores de vestir
* Algodão que conduz eletricidade tece primeiras roupas multifuncionais

Peixe robô é um verdadeiro helicóptero das águas

Pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, inspiraram-se em um peixe da Amazônia para criar um peixe-robô com uma capacidade inédita de movimentação.

Usando uma barbatana ao longo de todo o corpo, o robô pode passar de um movimento para frente e para trás para um movimento no sentido vertical de forma quase instantânea.

Peixe fantasma

O pesquisador Oscar Curet ficou intrigado ao observar um peixe fantasma-negro (Apteronotus albifrons) em um aquário e verificar que o animal consegue nadar verticalmente.

Acontece que o animal, também conhecido no Brasil como ituí-cavalo, possui uma única barbatana na base do corpo, que faz movimentos ondulatórios num ou noutro sentido para levar o animal para frente e para trás.

Mas como o peixe consegue se movimentar verticalmente?

Usando câmeras de alta velocidade e partículas dispersas na água, os cientistas observaram que o fantasma-negro usa apenas uma onda ao longo da barbatana para se movimentar horizontalmente, indo sempre na direção da onda.

Para se movimentar verticalmente, ele usa duas ondas na barbatana. Uma delas se move da cabeça em direção ao rabo, e a outra do rabo para a cabeça. Como seria de se esperar, as duas ondas colidem e se anulam bem no meio da barbatana.

A equipe criou uma simulação em computador que mostrou que, quando essas ondas opostas propagam-se pela barbatana, o empuxo horizontal é cancelado e o movimento da água gerado pelas duas ondas é afunilado em um jato descendente a partir do centro da barbatana, empurrando o corpo do fantasma-negro para cima.

Robô fantasma

Juntamente com seus professores Malcolm MacIver e Neelesh Patankar, Curet começou então a projetar um robô capaz de replicar essa forma de movimentação, que poderá ter grande utilidade para o monitoramento subaquático.

O GhostBot (robô fantasma), como foi batizado o peixe robô, está para os robôs submarinos tradicionais assim como um helicóptero está para os aviões: sua capacidade de manobra pode torná-lo insuperável em operações em áreas restritas, tanto para observar estruturas biológicas em atividades de pesquisa básica, quanto para monitorar instalações petrolíferas em alto mar.

O protótipo de robô-peixe tem 32 motores, o que permite o controle independente de cada uma das varetas que dão sustentação e movimento à barbatana.

"Ele funcionou perfeitamente da primeira vez," diz MacIver. "Nós pusemos o robô no mundo real, sendo empurrado por forças reais, e ele se saiu exatamente como previsto nas simulações."

Sistema sensorial do robô

O próximo passo da pesquisa é aprimorar o "sistema sensorial" do peixe robô. Também inspirado no fantasma negro, o robô possui sensores elétricos para detectar obstáculos.

Os cientistas esperam que, quando totalmente desenvolvido, o robô fantasma seja capaz de detectar um objeto e usar sua barbatana para ficar estacionado ao lado dele, contrabalançando o movimento da própria água.

E não estranhe se você ver o GhostBot na televisão nos próximos dias. MacIver é consultor científico da série Caprica e do filme Tron.

Casa é construída dentro de laboratório

Pesquisadores da Universidade de Salford, no norte da Inglaterra, construíram uma casa inteira dentro de um laboratório para descobrir como ajudar a população do país a economizar energia.

Um quarto de toda a emissão de gases do efeito estufa da Grã-Bretanha tem como fonte as casas do país.

Durante os meses de inverno, muita energia é gasta para aquecer as residências. Por isso, diferentes tipos de isolamento térmico serão testados.

Casa de família

O monitoramento da casa será feito em diferentes condições climáticas - ela será submetida a um frio de até -6ºC e a pancadas de chuva. Os pesquisadores querem saber quanto calor as paredes de tijolos perdem quando estão molhadas.

Em breve, uma família inteira passará a viver na casa e seus hábitos serão analisados.

Os resultados da pesquisa serão divulgados nos próximos três anos.

Fonte: BBC

Lente de Luneburg torna-se realidade

Físicos do Reino Unido criaram uma lente de Luneburg - uma lente capaz de focalizar a luz em todas as direções - no interior de uma pastilha de silício.

A maioria das lentes tem aberrações, o que significa que sua capacidade de focalizar a luz se deteriora quando a luz incidente está fora do eixo.

Mas na lente de Luneburg, proposta teoricamente há mais de 60 anos, a focalização funciona sempre da mesma forma, com a mesma qualidade, não importando de onde a luz esteja vindo.

O componente deverá ter aplicações em optoeletrônica, na chamada óptica de Fourier, usada pela indústria de telecomunicações para a redução de ruídos nas transmissões e para a compressão de dados.

Lente de Luneburg

Mas criar uma lente de Luneburg se mostrou algo complicado.

Essas lentes exigem que o índice de refração - a propriedade que determina como a luz é dobrada por uma lente - varie ao longo do dispositivo, com um máximo de √2 (aproximadamente 1,4) maior do que o mínimo.

Com tecnologia atual é impossível dopar um material com impurezas para atingir esse nível de contraste do índice de refração.

Outros cientistas tentaram fazer "versões aproximadas" da lente de Luneburg no passado, mas nunca foram totalmente bem-sucedidos - veja Luz faz curva em U.

Agora, Ulf Leonhardt e seus colegas da Universidade de St Andrews criaram uma lente Luneburg para a luz infravermelha usando um guia de ondas de silício.

"Acreditava-se ser impossível construir uma lente de Luneburg no espectro visível ou próximo dele, a um custo razoável," comentou Juan Miñano, da Universidade Politécnica de Madrid, que não estava envolvido com a pesquisa. "Felizmente, Leonhardt não foi detido por qualquer ideia bem-aceita e nos brindou com esta conquista."

Resolução

O dispositivo criado por Leonhardt e seus colegas é um pedaço de silício microscópico, com a forma de uma lente de contato, servindo de recheio para duas camadas grossas de polímero e sílica, tudo posto sobre um substrato.

Quando os pesquisadores disparam um feixe de luz com um comprimento de onda de 1.575 nanômetros rumo ao dispositivo, a luz cobre a interface entre o polímero e a sílica, até atingir a lente, onde fica fortemente confinada.

Na verdade, a geometria da lente guia de ondas cria um perfil de índice de refração efetivo que varia de 1,4 a 2,8, focando o feixe em um ponto com 3.770 nanômetros de diâmetro.

Para uma lente de Luneburg ideal, este ponto focal deveria ter a metade do comprimento de onda, ou cerca de 800 nanômetros - quase cinco vezes menor do que os cientistas obtiveram.

Leonhardt afirma que a discrepância se deve a limitações da óptica, e que um feixe de luz que abrangesse toda a lente, e não apenas uma parte dela, produziria uma resolução melhor.

Lente de Luneburg plasmônica

Igor Smolyaninov, pesquisador da Universidade de Maryland, nos EUA, que também trabalha com novos tipos de lentes, acha que a lente de Luneburg baseada em um guia de ondas é "um resultado importante".

Smolyaninov já aprisionou um arco-íris dentro de uma armadilha de espelhos e ajudou a criar a primeira camuflagem que torna um objeto realmente invisível.

Mas ele observa que "muito trabalho será necessário" antes de se conseguir obter uma imagem perfeita.

De fato, logo depois que o grupo de Leonhardt postou o rascunho de seu arquivo no servidor arXiv, um outro grupo encontrou uma rota para uma lente de Luneburg.

Em um artigo a ser publicado na revista Nature Nanotechnology, a equipe de Xiang Zhang, da Universidade da Califórnia em Berkeley, apresentou uma lente de Luneburg capaz de focalizar plásmons de superfície - ondas de elétrons que surfam na superfície de metais.

"O que os trabalhos recentes desses dois grupos mostram é que, usando as receitas de óptica de transformação, o projeto de dispositivos para fazer óptica de Fourier é muito mais fácil e mais inteligente," comentou Francisco Garcia Vidal, um pesquisador de óptica da Universidade Autônoma de Madrid. "É um passo importante em um assunto de longo prazo."

Histórico de realizações

Veja outros feitos importantes da equipe do professor Ulf Leonhardt:

* Metamateriais vão testar mudanças na estrutura do espaço-tempo
* Lente perfeita, idealizada em 1850, pode ser fabricada, diz físico
* Microscópio óptico dobra de resolução, com imagens coloridas em 3D
* Levitação quântica é possível em nanoescala

Veja outros feitos importantes da equipe do professor Xiang Zhang:

* Laser plasmônico funciona a temperatura ambiente
* Luz faz curva em U
* Nanolaser de estado sólido abre caminho para chips ópticos
* Metamateriais prometem benefícios mais práticos do que invisibilidade
* Metamaterial ultrassônico poderá revolucionar imagens de ultrassom

"Super rua" diminui acidentes e reduz tempo de viagem

Não é uma rua e nem uma avenida; não é uma via expressa e nem tampouco uma rodovia.

Seus criadores a chamam simplesmente de "super rua".

E, segundo os primeiros testes, as super ruas diminuem significativamente o tempo gasto em cada trajeto e levam "a uma drástica redução nas colisões entre automóveis e ferimentos em acidentes."

Tempo de viagem e acidentes

"O estudo mostrou uma redução de 20 por cento no tempo total de viagem em relação aos cruzamentos similares que usam os modelos de tráfego convencional," afirma Dr. Joe Hummer, da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.

Hummer e seus colegas fizeram a primeira avaliação real deste modelo de tráfego, projetado para atender às necessidades de vias interligação, que normalmente interligam rodovias ou vias expressas de grande tráfego.

Os testes mostraram uma redução de 46% nas colisões de automóveis. E os acidentes que ocorreram tiveram 63% menos feridos do que os acidentes em vias similares com desenho tradicional.

O que são super ruas

Super ruas são vias locais ou de interligação, e não vias expressas.

São vias onde as conversões à esquerda das ruas laterais são redirecionadas, assim como o tráfego das ruas que precisam cruzar a super rua.

Nos dois casos, os motoristas são primeiro obrigados a fazer uma curva à direita e então fazer um retorno em U.

Embora isso possa parecer mais demorado, o estudo mostrou que o resultado prático é uma significativa economia de tempo no trajeto, uma vez que os motoristas não ficam mais parados esperando para virar à esquerda, ou parados no cruzamento, esperando para entrar na via.

Curiosidade interessante

O conceito de super rua não é novo, mas tem permanecido como uma curiosidade, com poucos trabalhos de aferição cuidadosa de suas vantagens ou desvantagens em relação ao sistema tradicional de tráfego.

Segundo Hummer, este foi o maior estudo já feito, envolvendo 16 super ruas implantadas no estado da Carolina do Norte. Os resultados levam em conta tanto super ruas dotadas de semáforos quanto super ruas com fluxo totalmente livre.

Flor japonesa tem composto promissor anti-HIV

Utilizando compostos químicos encontrados em uma planta japonesa e luz ultravioleta, uma equipe do Instituto de Pesquisas Scripps, nos Estados Unidos, criou uma "biblioteca química" com dezenas de compostos sintéticos com potencial biomédico.

Embora tenham estudado apenas uma parcela deles até agora, os cientistas já descobrirem que um dos compostos é capaz de combater a inflamação e inibir a replicação do vírus HIV.

Os pesquisadores agora planejam otimizar o potencial do composto farmacêutico para que ele possa entrar no processo de desenvolvimento de um novo medicamento.

Biyouyanagi

A planta Hypericum chinense, conhecida no Japão como biyouyanagi, além de suas belas flores amarelas, produz compostos químicos potentes, conhecidos como biyouyanagins.

Da mesma família da Erva de São João, os biyouyanagins possuem uma intrigante estrutura molecular, com potencial para atuarem não apenas na luta contra o HIV, mas também em aplicações antitumorais.

Anti-HIV e anti-inflamatório

O composto número 53 da nova biblioteca se destacou.

Um lado da sua estrutura é essencialmente a mesma de um biyouyanagin natural, enquanto o outro lado é um agrupamento com uma identidade estrutural, como as bases encontradas no DNA.

No teste do HIV, ele é comparável ao conhecido medicamento anti-Aids, o AZT, embora não seja tão potente.

Nos testes de anti-inflamatórios, ele se mostrou tão ou mais potente do que os produtos comercialmente disponíveis.

Este composto especial ainda não foi testado contra o arenavírus, mas o professor K.C.Nicolaou, coordenador da pesquisa, afirma estar esperançoso que a equipe irá eventualmente encontrar atividade interessante também nessa área.

"Nós estamos certamente entusiasmados ao ver esses resultados," diz Nicolaou. "É uma pista bastante promissora."

Agora a equipe vai alterar a estrutura inicial do composto 53 em busca de modificações que aumentem sua potência e, em seguida, iniciar o processo de teste de novas drogas.

Química natural e química sintética

Dentro da área biomédica, muitos pesquisadores argumentam que os produtos naturais são o melhor caminho para a descoberta de novos medicamentos. Outros louvam o potencial de projetar drogas completamente sintéticas.

"Eu pertenço a ambos os lados", afirma Nicolaou, afirmando que prefere começar com os produtos naturais e, em seguida, modificá-los de várias formas para criar novos produtos sintéticos de maior potência. "A força desta técnica está em que ela nos permite trabalhar em cima das estruturas naturais para fazer uma nova família de compostos."

Todos os compostos na nova biblioteca química são consideradas moléculas pequenas, como a aspirina.

Nicolaou acredita que isto oferece o melhor potencial biomédico. Moléculas grandes, como as proteínas, estão encontrando novas aplicações médicas, mas elas têm de ser injetadas, são frequentemente de curta duração e muito caras.

"Se você puder descobrir moléculas pequenas que funcionam, elas são baratas e duram o tempo suficiente no corpo para fazer seu trabalho," diz o cientista.

O Instituto de Pesquisas Scripps é uma das maiores organizações de pesquisa biomédica do mundo, independente e sem fins lucrativos.

Nova vacina contra febre amarela terá menos efeitos colaterais

O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos - Biomanguinhos, da Fiocruz. deu um importante passo para o desenvolvimento de uma nova vacina contra febre amarela no Brasil.

Um acordo de cooperação assinado com o Centro Fraunhofer para Biotecnologia Molecular e a empresa iBio vai permitir a fabricação de um novo imunizante contra a doença, ainda mais seguro e eficaz, com baixo índice de reações ou eventos adversos nos pacientes.

A unidade da Fiocruz é referência internacional na produção de vacinas, reativos e biofármacos.

Vacina em plataforma vegetal

A nova vacina será desenvolvida por meio de uma planta, a Nicotiana benthamiana, espécie de tabaco cultivado por meio de hidroponia, em cujas folhas são colocados os genes que codificam a principal proteína do vírus que causa a febre amarela.

O acordo determina que a Fraunhofer, renomada em biologia molecular, compartilhe o processo de desenvolvimento, produção e purificação de uma proteína do vírus da febre amarela que atua como antígeno imunizante.

Já a realização dos testes pré-clínicos e clínicos no Brasil será feita em conjunto pelas instituições.

O diretor de Biomanguinhos, Artur Couto, avalia a parceria como um importante avanço na área de pesquisa e desenvolvimento de novos imunizantes. "O acordo abre perspectivas para que o Brasil seja pioneiro na produção de vacina contra febre amarela sem eventos adversos graves," afirmou.

A cooperação permitirá ainda aliar a competência da Fraunhofer no desenvolvimento de vacinas de subunidades recombinantes com a alta capacitação da Biomanguinhos na produção e no controle de qualidade da vacina febre amarela.

Vacina contra a febre amarela

A vacina contra a febre amarela utilizada hoje no país é produzida pelo Instituto com tecnologia 100% brasileira, e desenvolvida a partir de uma estirpe viva atenuada do vírus da doença, cultivada em ovos de galinha.

Para o diretor executivo da Franhoufer, Vidadi Yusibov, "a nova vacina vai contribuir significativamente para proteger um público mais amplo".

O presidente da iBio, Robert B. Kay, por sua vez, destaca a contribuição para o desenvolvimento do setor. "A colaboração entre Biomanguinhos/Fiocruz, Fraunhofer Center e iBio deverá colocar o Brasil na vanguarda do desenvolvimento e produção de vacinas e outros biofármacos".

A Fiocruz investirá US$ 6 milhões no projeto para que o país avance no domínio de avançados processos de produção. A previsão para o início da fase clínica 1, no Brasil e Estados Unidos, é de três anos.

Quando tomar vacina contra febre amarela

A Biomanguinhos é reconhecida internacionalmente como fabricante da vacina contra a febre amarela (antiamarílica).

Desde 1937, as preparações vacinais são obtidas em seus laboratórios a partir da cepa atenuada 17DD do vírus da febre amarela, cultivada em ovos embrionados de galinha, livres de agentes patogênicos, de acordo com as normas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde.

O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunização, recomenda que a vacina seja aplicada a partir dos nove meses de vida, sendo importante o reforço, a cada dez anos, especialmente para quem vive ou vai viajar para regiões endêmicas.

A Organização Mundial da Saúde estima que 200 mil pessoas não vacinadas contraem a doença todos os anos e 30 mil morrem em decorrência da mesma.

Biomanguinhos/Fiocruz

O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (BioManguinhos), que em 2011 completa 35 anos, é a unidade da Fiocruz responsável pelo desenvolvimento tecnológico e pela produção de vacinas, reativos e biofármacos.

Sua missão é atender prioritariamente às demandas da saúde pública nacional.

Com um dos maiores e mais modernos centros de produção da América Latina, possui atuação destacada no cenário internacional, por meio da exportação do excedente de sua produção para cerca de 70 países, por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Fonte: Fiocruz

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Hubble encontra a galáxia mais distante já observada

Um grupo de astrônomos identificou, com a ajuda do Telescópio Espacial Hubble, uma galáxia que pode ser a mais distante e, portanto, a mais antiga de que se tem notícia.

A galáxia está a cerca de 13,2 bilhões de anos-luz da Terra, ou seja, ela teria sido formada em um momento em que o Universo tinha apenas 480 milhões de anos.

"Estamos chegando cada vez mais perto das primeiras galáxias, que acreditamos terem sido formadas entre 200 e 300 milhões de anos após o Big Bang," disse Garth Illingworth, da Universidade da Califórnia e um dos líderes do estudo.

Galáxia mais antiga

Nas observações, os astrônomos detectaram mudanças dramáticas nas galáxias, em um período entre 480 e 650 milhões de anos após a grande explosão que se acredita ter dado origem ao nosso Universo.

Segundo Illingworth, a taxa de nascimento de estrelas aumentou dez vezes nesse período de 170 milhões de anos. "Foi um aumento impressionante em um período tão curto, apenas 1% da idade atual do Universo", disse Illingworth.

Impressionante também foi o número de galáxias identificadas.

"Nossas buscas anteriores tinham encontrado 47 galáxias de tempos posteriores, quando o Universo tinha cerca de 650 milhões de anos. No entanto, só pudemos encontrar uma única possível galáxia apenas 170 milhões de anos antes," disse Illingworth. "O Universo estava mudando muito rapidamente em um curto espaço de tempo."

Estes resultados são consistentes com o quadro hierárquico aceito atualmente pelos cientistas para a formação das galáxias, em que as galáxias cresceram e se fundiram sob a influência gravitacional da matéria escura.

* Super-simulação traça mapa histórico do universo

Desvio para o vermelho

Os astrônomos medem a distância de um objeto por meio do seu desvio para o vermelho, uma medida de quanto a expansão do espaço esticou a luz do objeto para comprimentos de onda mais longos - mais vermelhos.

Esta galáxia agora detectada tem um valor provável de desvio para o vermelho de 10,3, o que corresponde a um objeto que emitiu a luz que chega até nós agora há 13,2 bilhões de anos, apenas 480 milhões de anos após o nascimento do universo.

Os pesquisadores também descreveram três outras galáxias com desvios para o vermelho maiores do que 8,2, que anteriormente era o mais alto valor confirmado para qualquer objeto no Universo - veja o recorde anterior na reportagem Galáxia encontrada pelo Hubble é o mais distante objeto já visto.

Para confirmar os dados do presente estudo, e para alcançar desvios para o vermelho maiores do que 10, os astrônomos vão ter que esperar pelo telescópio espacial James Webb.

Na verdade, o projeto do Hubble não considerava ser possível alcançar tal nível de observações, mesmo depois que ele recebeu um upgrade completo, em Maio de 2009.

* Hubble está pronto para desvendar novas fronteiras do Universo

A descoberta agora relatada foi possível graças a um dos instrumentos novos instalados naquela ocasião, a Câmera de Campo Amplo 3 (WFC3).

Pássaro celeste conta história de estrela que não conseguirá fugir do seu destino

Fosse um pássaro celeste ou uma nave Klingon saindo da camuflagem, o fato é que você nunca seria capaz de ver diretamente este espetáculo, captado pelo telescópio espacial WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer).

* Telescópio Wise vai procurar Estrela X, asteroides ameaçadores e muito mais

A estrela azul perto do centro da imagem é Zeta Ofiúco. Quando vista em luz visível, ela aparece como uma estrela vermelha relativamente fraca, cercada por outras estrelas fracas - você não verá nenhuma poeira espacial.

No entanto, nesta imagem capturada em infravermelho, descortina-se uma visão completamente diferente.

Zeta Ofiúco é realmente uma estrela azul muito grande, quente, e brilhante, abrindo caminho através de uma grande nuvem de poeira e gás interestelar.

Se não estivesse rodeada de tanta poeira, esta seria uma das estrelas mais brilhantes no céu - uma grande e bela estrela azul.

Divórcio cósmico

Os astrônomos acreditam que esta estrela em disparada foi no passado parte de um sistema estelar binário, com um parceiro ainda mais massivo.

Acredita-se que, quando o parceiro explodiu como uma supernova, arremessando para o espaço a maior parte da sua massa, Zeta Ofiúco foi repentinamente libertada da atração do seu parceiro e decidiu partir para outras plagas a toda velocidade - mais ou menos 24 km por segundo.

Zeta Ofiúco é aproximadamente 20 vezes mais maciça e 65.000 vezes mais luminosa do que o Sol.

Como todas as estrelas com esses extremos de massa e energia, ela se enquadra perfeitamente no ditado "viva rápido, morra jovem" - a estrela já está na metade da sua curta vida, estimada em 8 milhões de anos.

Em comparação, o Sol também está mais ou menos no meio da sua vida - de 10 bilhões de anos.

Enquanto o Sol acabará por se tornar uma anã branca, em uma morte tranquila e dificilmente percebida pela vizinhança cósmica, Zeta Ofiúco terá o mesmo destino do seu ex-parceiro, morrendo violentamente em uma enorme explosão chamada supernova.

As cores usadas na imagem representam determinados comprimentos de onda da luz infravermelha.

Azul e ciano (ou verde-azulado) representam a luz emitida em comprimentos de onda de 3,4 e 4,6 micrômetros, que é predominante nas estrelas. Verde e vermelho representam a luz de 12 e 22 micrômetros, respectivamente, que é emitida principalmente pela poeira interestelar.

* Beija-flor cósmico nasce do choque de três galáxias

Vídeo holográfico é feito com Kinect hackeado

Será que vale a pena comprar uma TV 3D?

Está cada vez mais difícil responder a esta pergunta, que muitos consumidores têm feito desde que esta tecnologia chegou às prateleiras, há cerca de um ano.

É que, a julgar pelo ritmo das pesquisas, logo será possível contar com imagens 3D verdadeiras, na forma de uma TV holográfica.

Vídeo holográfico

Em Novembro de 2010, um grupo da Universidade do Arizona (EUA) apresentou o primeiro vídeo 3D holográfico, em uma demonstração daquilo que os pesquisadores chamaram de telepresença holográfica.

No início de 2011, a IBM divulgou suas expectativas de que projeção holográfica se tornará realidade em cinco anos.

Agora, um grupo do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT - EUA) melhorou a projeção daquele primeiro vídeo holográfico por um fator de 30. Na demonstração, a imagem era atualizada uma vez a cada dois segundos; agora são geradas 15 imagens holográficas por segundo.

Ainda é difícil reconhecer a Princesa Léia na projeção, mas as TVs comuns também não começaram seus dias com projeções em alta definição. Além disso, na demonstração agora realizada, as imagens estavam sendo geradas em tempo real - em Guerra nas Estrelas, o filme estava armazenado em um disco no robô R2D2.

Kinect "hackeado"

O sistema do MIT usa apenas um dispositivo de captura de dados - a câmera do Kinect, o recém-lançado sistema de jogo do Xbox da Microsoft.

Os pesquisadores colocaram suas mãos no aparelho apenas no início de Dezembro, gerando de início uma taxa de sete quadros por segundo.

Em poucos dias, eles dobraram essa velocidade, chegando aos 15 quadros por segundo do protótipo apresentado no último domingo, na Conferência de Holografia Prática, realizada pela SPIE (Sociedade de Engenheiros de Instrumentação Foto-óptica).

Eles estão confiantes de que, com um pouco mais de tempo, poderão aumentar a taxa ainda mais, chegando aos 24 quadros por segundo do cinema, ou aos 30 quadros por segundo das TVs - velocidades que criam a ilusão de movimento contínuo.

Dado quântico é armazenado no núcleo de um átomo

Físicos armazenaram informações por 112 segundos naquilo que poderá se tornar a menor memória de computador do mundo: os spins magnéticos nos núcleos de átomos.

A seguir, os pesquisadores leram os dados eletronicamente, recuperando as informações.

Além de avançar a área de spintrônica, este pode ser um grande passo para usar o novo tipo de memória para construir os primeiros computadores quânticos.

Spin nucleares

Se 112 segundos parece pouco, lembre-se que as memórias dos computadores atuais guardam dados por apenas alguns milissegundos - os dados precisam ser atualizados constantemente para que não se percam.

Para os computadores quânticos do futuro, os cientistas acreditam que armazenar os dados no spin do núcleo dos átomos é mais seguro do que armazená-los nos spins dos elétrons, que são mais voláteis - veja Computadores quânticos ficam 5.000% mais viáveis.

"A duração da memória de spin que observamos é mais do que suficiente para criar memórias para computadores," afirmou Christoph Boehme, da Universidade de Utah, nos Estados Unidos. "É uma maneira completamente nova de armazenamento e leitura de informações."

Dados clássicos e dados quânticos

Dois anos atrás, outro grupo de cientistas anunciou ter armazenado dados quânticos por dois segundos dentro de núcleos atômicos, mas eles não conseguiram ler os dados de volta por via eletrônica, como Boehme e seus colegas fizeram agora.

Para isso, eles utilizaram dados clássicos - 0 ou 1 - em vez de dados quânticos - 0 e 1 ao mesmo tempo.

O feito representa literalmente um passo em uma sequência de realizações da equipe, desde 2006:

* 2006 - Computador quântico: já é possível ler dados armazenados como spins
* 2008 - Avanço para transistores quânticos, retrocesso para LEDs orgânicos
* 2010 - Cientistas criam leitor de elétrons individuais

O novo estudo reúne armazenamento quântico nuclear de dados com uma leitura elétrica desses dados, e "é isso o que há de novo," diz Boehme.

Fria realidade

No entanto, o uso prático da técnica ainda esbarra em alguns, digamos, "obstáculos técnicos": o aparato de memória baseado no spin nuclear só funciona a 3,2 Kelvin, ou um pouco acima do zero absoluto.

E o aparelho deve ser cercado por poderosos campos magnéticos, cerca de 200 mil vezes mais fortes do que o campo magnético da Terra.

"Sim, você pode construir imediatamente um chip de memória desta maneira, mas você vai querer um computador que tem de funcionar a 270 graus centígrados abaixo de zero e em um ambiente de um grande laboratório de magnetismo?" brinca Boehme.

"Primeiro vamos aprender como fazê-lo funcionar em temperaturas mais altas, que sejam mais práticos para um computador, e sem esses fortes campos magnéticos para alinhar os spins," diz o cientista.

Nanotubo de carbono controla spin de elétrons

Uma nova descoberta científica poderá ter implicações profundas para os componentes da nanoeletrônica, sobretudo no campo da spintrônica.

Pesquisadores da Dinamarca e Japão, trabalhando conjuntamente, mostraram como os elétrons apresentam uma interação única entre o seu movimento e seu campo magnético associado - o chamado spin - quando estão sobre um nanotubo de carbono.

A descoberta abre caminho para um controle sem precedentes sobre o spin dos elétrons e pode ter um grande impacto sobre a nanoeletrônica baseada no spin - e não baseada apenas na carga dos elétrons, o que é a base da atual eletrônica.

Giro no nanotubo

Além de uma carga, todos os elétrons têm um campo magnético associado - o chamado spin. Pode-se pensar no spin como se cada elétron carregasse consigo uma minúscula barra magnética.

Como aponta para um lado ou para o outro, o spin pode ser usado como um bit, guardando 0 ou 1.

O problema é que medir e controlar o spin é algo bastante difícil.

Nas camadas planas de grafite, ou mesmo no grafeno, o movimento dos elétrons não afeta o spin, e a pequena barra magnética aponta em direções aleatórias. Como resultado, o grafite não era um candidato óbvio para a fabricação de componentes spintrônicos.

"Entretanto, nossos resultados mostram que, se a camada de grafite for curvada em um tubo com um diâmetro de apenas alguns nanômetros, o spin dos elétrons individuais é fortemente influenciado pelo movimento dos elétrons. Quando os elétrons sobre o nanotubo são forçados a se mover em círculos ao redor do tubo, o resultado é que todos os spins passam a apontar na direção do tubo," explicam Thomas Sand Jespersen e Kasper Grove-Rasmussen, do Instituto Niels Bohr.

Componentes realísticos

Os cientistas acreditavam que este fenômeno só poderia ocorrer em casos especiais de um único elétron em um nanotubo de carbono perfeito, flutuando livremente no vácuo - uma situação que é muito difícil de criar na prática.

Agora, os resultados mostram que o alinhamento ocorre de forma geral, com quantidades arbitrárias de elétrons, em nanotubos de carbono com defeitos e impurezas - o que é muito importante quando a preocupação é caminhar rumo a componentes realísticos.

A interação entre o movimento e o spin foi medida transmitindo uma corrente através do nanotubo, onde o número de elétrons pode ser controlado individualmente.

Os pesquisadores explicam que o experimento demonstra também como se pode controlar a intensidade do efeito ou mesmo desligá-lo totalmente, apenas escolhendo o número certo de elétrons. Isso abre um leque de novas possibilidades para o controle do spin e para sua aplicação prática.

Anestesia local altera autopercepção

Muitos pacientes relatam "ilusões" quando se submetem a algum procedimento sob a ação de anestesia local.

O Dr. Stein Silva e seus colegas do Instituto Nacional de Pesquisas Médicas (Inserm) da França resolveram estudar esses fenômenos.

Os pesquisadores demonstraram que o fato de anestesiar um único braço altera a atividade cerebral, afetando rapidamente a percepção corporal do indivíduo.

Os resultados foram divulgados no último exemplar da revista Anesthesiology.

Anestesia como terapia

Pesquisas recentes em neurociências têm mostrado que o cérebro é uma estrutura dinâmica - por muito tempo os cientistas acreditaram que o cérebro tinha uma quantidade fixa de neurônios, cuja morte explicaria o declínio cognitivo na velhice.

Hoje já sabe que esta teoria não é válida. Fenômenos como a aprendizagem, a memorização, ou a recuperação de um AVC, são possibilitadas pelas propriedades plásticas do cérebro, que se ajusta às necessidades.

O objetivo final do trabalho é tentar entender como os circuitos neuronais são reorganizados no exato momento em que a anestesia faz efeito, e aproveitar a própria anestesia para "reconfigurar" corretamente esses circuitos após o trauma, ou seja, após a percepção da ilusão.

Os resultados vão permitir que, no futuro, as técnicas anestésicas possam ser usadas para tratar, por exemplo, a dor descrita pelos pacientes amputados, no que é conhecido como "membro fantasma".

Ilusão do membro fantasma

Infelizmente, a plasticidade cerebral não tem sempre um efeito benéfico.

Por exemplo, alguns pacientes amputados portadores de dor crônica (conhecida como dor do membro fantasma) sentem como se seu membro faltante "ainda estivesse lá".

* Massagem virtual alivia dores em membros amputados

Essas ilusões do membro fantasma estão relacionadas com o surgimento no cérebro de representações incorretas da parte do corpo que foi perdida.

E pessoas sob anestesia local relatam ter experimentado essas mesmas imagens falsas.

Com base nessas observações, os pesquisadores queriam descobrir se a anestesia pode, além de cumprir sua função principal, induzir fenômenos comparáveis no cérebro, o que abre caminho para que os anestésicos sejam utilizados como ferramenta terapêutica capaz de modular a atividade do cérebro.

Fenômenos durante a anestesia

Os pesquisadores observaram três fenômenos com base nos testes em pacientes com um braço anestesiado:

1. Todos os pacientes descreveram falsas sensações em seu braço (inchaço, diferença no tamanho e na forma, posturas imaginárias);
2. em geral, os pacientes sob anestesia demoraram mais tempo para distinguir entre a mão esquerda e a mão direita e fizeram a indicação errada muito mais do que as pessoas que não se encontravam sob anestesia;
3. os melhores resultados foram obtidos quando o membro anestesiado estava visível para o paciente.

Em outras palavras, anestesiar a mão modifica a atividade cerebral e rapidamente muda a maneira como percebemos o mundo exterior e o nosso próprio corpo.

A equipe agora irá usar ressonância magnética funcional para caracterizar as regiões afetadas no cérebro.

Eles também esperam que seja possível utilizar a anestesia para fins terapêuticos no futuro modulando a plasticidade pós-lesional - a dor crônica em pacientes amputados e uma melhor recuperação das pessoas que sofrem lesões cerebrais.

Molécula assassina pode se tornar protetora das células

Um estudo internacional publicado na primeira edição de 2011 da revista científica Molecular Cell descreve o mecanismo pelo qual a molécula ARTS, conhecida como "molécula assassina", regula o processo de morte celular.

A ARTS é uma proteína localizada na mitocôndria que está relacionada com a apoptose, evento que acarreta a morte celular programada.

O artigo, que tem entre seus autores um brasileiro, pode ajudar a explicar por que muitos tumores malignos são difíceis de reduzir.

"Sabe-se que a ARTS interage com outra molécula, a XIAP, mas o mecanismo de como isso ocorre e o apelo farmacológico que isso pode trazer foram o que levaram nossa pesquisa ser aceita pela revista", disse Ricardo Corrêa, pesquisador sênior do Sanford-Burnham Medical Research Institute, nos Estados Unidos.

Morte programada

Muitas células, velhas ou doentes, do corpo humano passam pela morte celular programada, um processo peculiar de eliminação que é também considerado importante na modulação da progressão do câncer.

Nesse processo, a ARTS é ligada à XIAP, responsável por regular a ação de caspases (enzimas inibidoras da apoptose) por meio do fluido intracelular. A morte da célula ocorre quando a ARTS é liberada.

Tal atividade, até então pouco conhecida, necessita de um estímulo para ocorrer. O trabalho de Corrêa e colegas desvenda como a proteína XIAP é sequestrada e inibida pela ARTS.

No estudo, o grupo descreve o papel de uma terceira proteína, Siah, na atividade pró-apoptótica da proteína ARTS liberada. Nesse processo, o novo componente participa por meio da ubiquitinação, processo em que as células indesejadas são marcadas com uma proteína chamada ubiquitina para que possam ser degradadas pelas organelas proteossomas.

A ARTS atua como um sinalizador para atrair o ataque de Siah à XIAP e essa atividade ocasiona a morte da célula. Em alguns casos de câncer infantil, como leucemia linfoblástica aguda ou leucemia melogênica aguda, há uma perda superior a 70% da proteína encontrada na mitocôndria, o que evidencia o papel de ARTS como inibidor do processo de oncogênese.

Vida programada

Corrêa destaca também o efeito contrário à morte celular que a mesma proteína pode vir a ter. "O próximo passo da pesquisa é o desenvolvimento de terapias citoprotetoras e peptídeos que tenham funções análogas à ARTS", disse.

"O efeito contrário, no qual temos a elevação de XIAP, também é interessante. Não do ponto de vista oncológico, mas, por exemplo, na preservação de neurônios", indicou.

Nesse caso, o grupo pretende desenvolver peptídeos capazes de sequestrar a proteína Siah do processo para que seja possível inibir a apoptose, criando, com isso, um efeito protetor da célula.

A ideia é obter peptídeos em porções similares à ARTS para que possam corromper as ligações das moléculas de Siah. Com isso, a atividade de XIAP é afetada, o que pode evitar a morte celular.

Benefícios

Doenças do sistema nervoso responsáveis pela degradação das células neurais, como Parkinson, Huntington, Alzheimer e esclerose múltipla podem ser beneficiadas com o estudo. Outro dado importante para o desenvolvimento de drogas, tanto para o câncer como para doenças do sistema nervoso, é a localização da molécula.

"De acordo com a região onde a ARTS está ligada a XIAP, podemos desenvolver peptídeos com ações miméticas de ARTS e modular eventos de aumento ou diminuição de XIAP, enfocando um papel oncológico ou de proteção neuronal", disse Corrêa.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Firefox e Chrome têm propostas diferentes para evitar rastreamento

Tanto a Google quanto a Mozilla pretendem aprimorar as configurações de privacidade de seus navegadores – Chrome e Firefox, respectivamente – de modo a evitar rastreamento dos passos dos internautas. Mas as propostas são bem diferentes.

A gigante das buscas, ironicamente, depende justamente dos cookies para exibir anúncios condizentes com as páginas que o usuário visita. No entanto, a extensão Keep My Opt Outs, anunciada na última segunda-feira (24/01), ativa uma função que evita o monitoramento do comportamento do internauta.

As empresas de marketing que participam da Iniciativa das Redes de Publicidade (ou Network Advertising Initiative - NAI, na sigla em inglês) já permitem aos usuários que se retirem da lista de cadastrados do grupo, mas essa decisão deixa de ser aplicada caso os cookies do browser sejam excluídos. A vantagem do complemento da Google é que ela relembra a essas redes, automaticamente, a opção do internauta.

A Mozilla, por sua vez, pretende adicionar essa opção às funções básicas do navegador, ou seja, sem que a instalação de uma extensão seja necessária. O Firefox identificaria as preferências do usuário, que funcionariam como um cabeçalho HTTP, e comunicaria os sites sobre tal configuração.

A abordagem da Mozilla é mais transparente, mas demorará mais para ser implantada. Mesmo que a função já apareça na próxima versão do Firefox – o que não é certeza, no blog há somente uma sugestão de que isso possa acontecer– os portais ainda terão que reconhecer o código HTTP. Por isso, a proposta da Google, a curto prazo, é mais eficiente

Ainda assim, as empresas sofrem da mesma falha: elas dependem da boa vontade das redes de publicidade. Embora a NAI seja composta por 15 das maiores companhias do ramo nos Estados Unidos, outras tantas, algumas menos politicamente corretas podem não estar dispostas a participar da ação.

O maior problema da iniciativas está no comportamento do mercado. Será preciso reeducar sites de prestígio para que eles deixem de seguir os passos do usuários. O que representa um grande baque a uma publicidade que, por vezes, vários suportam.

Enquanto tudo isso não se realiza, muitos portais vão utilizando os dados pessoais de seus visitantes de forma perigosa.

Na semana passada, por exemplo, o Facebook passou a permitir que desenvolvedores de aplicativos tivessem acesso a endereço e telefone exibidos no perfil de seus usuários. Frente à repercussão negativa, voltou atrás, mas ainda busca uma melhor forma de avisar seus membros sobre o que pode acontecer caso autorizem tal acesso a fim de que possam usar o programa desejado.

Fonte: IDG Now!

Oásis artificial pode ser início de "floresta no deserto"

Pesquisadores ingleses e noruegueses acreditam já dispor de toda a tecnologia necessária para que os oásis no deserto deixem de ser apenas miragens.

A Fundação Bellona, financiada pelo governo da Noruega, acaba de obter autorização do governo da Jordânia para construir o primeiro protótipo de um oásis high-tech.

Floresta no deserto

Sob o pretensioso nome de Projeto Floresta no Saara, a fundação começará, em 2012, a construir seu primeiro oásis, em um terreno de 200.000 metros quadrados, em Aqaba, próximo ao Mar Vermelho.

Se o projeto-piloto for bem-sucedido, a ideia é converter áreas desérticas inteiras em verdadeiras "florestas", fundamentadas na alta tecnologia e no aproveitamento dos recursos naturais.

Joakim Hauge, coordenador do projeto, afirma que a ideia é tirar proveito da abundância que o mundo tem de luz do Sol, água do mar, dióxido de carbono e terras áridas.

"Esses recursos podem ser usados para a produção lucrativa e sustentável de comida, água e energia renovável, ao mesmo tempo combatendo o efeito estufa ligando o CO2 a novas vegetações em áreas áridas," diz ele.

Oásis artificial

O oásis artificial será formado por uma usina termossolar - que usa o calor do Sol para gerar energia, e não o efeito fotovoltaico das células solares - e de uma estufa "alimentada" por água salgada.

Esta estufa de água salgada, cujo funcionamento já foi atestado em projetos-piloto em pequena escala, será usada para cultivar vegetais para alimentação e algas para produzir combustíveis.

Inicialmente, o ar que entra na estufa é resfriado e umidificado pela água bombeada do Mar Vermelho, criando condições propícias para o crescimento das plantas.

O ar interior chega então ao segundo evaporador, onde circula entre canos contendo água salgada quente - aquecida pelo Sol. O ar quente e úmido resultante será dirigido para uma série de canos verticais contendo a água do mar que saiu do primeiro evaporador.

Esse encontro causará a condensação de água doce do ar, que escorrerá pelos canos até coletores instalados em sua base.

* Usina limpa capta água potável da umidade do ar

Esse ambiente quente e úmido permite que os vegetais cresçam com um mínimo de irrigação.

Ciclo da água doce

Começa então o ciclo da água doce no interior do oásis: ela será inicialmente aquecida por uma usina termossolar, transformando-se em vapor que irá fazer girar uma turbina para gerar eletricidade.

A eletricidade será usada para alimentar as bombas que captam a água do mar e os ventiladores que farão o ar circular dentro da estufa.

O calor excedente - presente na água doce que sai da turbina - será usado para produzir água potável por meio da dessalinização.

Novamente resfriada, a água doce finalmente servirá para irrigar as plantas do oásis artificial.

* Ilhas solares prometem energia solar a preços competitivos

Paralelamente, fotobiorreatores poderão usados para cultivar algas, embora sua utilização dependa da conexão com outros parceiros da cadeia produtiva. Além de servirem como alimentos, as algas podem render mais biodiesel que qualquer planta.

* Algas podem substituir metade do petróleo e inaugurar química verde

Ciclo hidrológico artificial

O processo é na realidade uma imitação do ciclo hidrológico natural, onde a água do mar aquecida pelo Sol se evapora, resfria para formar as nuvens e volta para o solo, na forma de chuva, neblina ou orvalho.

O consumo de eletricidade é pequeno, uma vez que o trabalho termodinâmico de resfriamento e destilação é feito pelo Sol e pelo vento - 1 kW de energia elétrica usado para bombear a água do mar pode remover até 800 kW de calor por meio da evaporação.

E como a energia só é necessária durante as horas quentes do dia, todo o processo pode ser alimentado por energia solar, sem a necessidade de baterias ou outros sistemas de armazenamento. Isto permite que os oásis artificiais sejam instalados em áreas remotas, sem ligação com redes de energia.

A estufa também afeta o ambiente externo, havendo a possibilidade de que se criem condições até mesmo para a re-vegetação da área à sua volta.

Isto porque o processo evapora mais água do que condensa em água doce. Essa umidade é "perdida" devido à forte ventilação necessária para manter as plantas frias e supridas com o CO2 necessário. Ao atingir o ambiente externo, fora da estufa, o ar úmido pode ser usado para iniciar plantações no ambiente natural.

A concepção do oásis artificial é um trabalho conjunto das empresas britânicas Max Fordham Consulting Engineers, Seawater Greenhouse e Exploration Architecture.

Robô evolucionário aprende a andar alterando o próprio corpo

Quer construir um robô realmente robusto, capaz de resistir às mais duras exigências?

Então é melhor esquecer o Exterminador do Futuro e se preparar para observar como um girino aprende a usar pernas para se transformar em um sapo.

Este foi o enfoque da equipe do professor Josh Bongard, da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos.

Os pesquisadores criaram robôs virtuais, simulados em computador, e robôs reais que, como os girinos, mudam as formas do próprio corpo enquanto aprendem a andar.

Robótica evolucionária

Este é o princípio da chamada robótica evolucionária, que utiliza algoritmos genéticos, ou evolucionários, para encontrar a forma mais eficiente de resolver um problema - neste caso, como um robô pode andar de forma mais eficiente.

Ao longo das gerações, os robôs simulados evoluíram, passando cada vez menos tempo na sua forma "infantil" de girinos e mais tempo na forma "adulta", com quatro patas.

Mesmo em situações similares, os robôs capazes de evoluir a própria forma aprenderam a andar mais rapidamente do que os robôs com forma fixa.

Além disso, quando atingiram uma forma "definitiva", considerada eficiente pelos pesquisadores, os robôs mutantes desenvolveram um gingado mais robusto, que lhes dá maior equilíbrio - isto foi aferido tentando derrubar os robôs com um varinha enquanto eles andavam: os robôs evolucionários são muito mais difíceis de derrubar.

"Esta pesquisa mostra como a mudança corporal, mudança morfológica, de fato nos ajuda a projetar robôs melhores," disse Bongard. "Isso nunca havia sido tentado antes."

Ambiente virtual robótico

Programar um robô para que ele ande significa enviar comandos precisos, temporizados, para cada um de seus motores e atuadores, tudo na sequência correta. Isto é uma tarefa complicada e extenuante, e nem sempre dá ao robô um andar muito elegante.

O enfoque adotado por Bongard e seus colegas foi automatizar o próprio processo de programar os robôs para andar. Para isso, eles estão criando programas de computador que programam os robôs para fazer uma determinada tarefa.

Esse ambiente virtual robótico - tecnicamente é uma simulação computadorizada - parece-se um pouco com um videogame, onde as diversas gerações das "criaturas" iniciais experimentam movimentos aleatórios.

Inicialmente espasmódicos e irregulares, esses movimentos aos poucos - ao longo de "gerações virtuais" - tornam-se regulares e precisos, até atingir um andar suave e eficiente, ou seja, com o menor gasto possível de energia.

Robôs que evoluem

O grande avanço nesta pesquisa é que o robô não aprende simplesmente a movimentar seus membros, ele tem a liberdade para redesenhar o formato do próprio corpo.

"Os robôs têm 12 partes móveis," explica Bongard. "Eles se parecem com o esqueleto simplificado de um mamífero: eles têm uma espinha articulada e então você tem quatro varas salientes - as pernas."

Os cientistas rodaram as mais diversas simulações, com suas criaturas simplificadas partindo de situações nas quais algumas lembravam cobras com pernas, outras se pareciam mais com lagartixas, com as pernas estendidas, enquanto outras já partiam do desenho tradicional de um animal de pé sobre as quatro patas.

Deixando os algoritmos genéticos rodarem à exaustão, os cientistas verificaram que os robôs primeiro resolvem o problema básico de andar e, só depois, passam a aprimorar o jeito de andar, tornando-o mais elegante e eficiente.

"Estamos copiando a natureza, nós estamos copiando a evolução, nós estamos copiando a ciência neural quando enquanto construímos cérebros artificiais para esses robôs," diz o pesquisador.

Evolução acelerada

O ponto que mais se destaca na simulação é que não se trata da "simples" evolução de um cérebro artificial - o controlador da rede neural. Os robôs evoluem em interação contínua com mudanças no formato do seu corpo. Parece-se de fato com uma evolução biológica extremamente acelerada.

Talvez seja por isso que os robôs evolucionários tenham desenvolvido capacidades que não haviam sido projetadas inicialmente pelos pesquisadores, como a capacidade de resistir bravamente à tentativa de derrubá-los.

Veja outras pesquisas desta mesma equipe:

* Robô dotado de curiosidade poderá ser mais eficaz na exploração espacial
* Robô adaptativo consegue mover-se mesmo se sofrer acidente

Sonda que irá a Mercúrio passa por "simulador infernal"

Os principais componentes da sonda Mercury BepiColombo, da Agência Espacial Europeia, foram testados em um autêntico "simulador do inferno".

O Grande Simulador Espacial (LSS) - Large Space Simulator), instalado na Holanda, é o mais poderoso simulador do mundo e o único capaz de reproduzir o ambiente infernal de Mercúrio para uma nave espacial em escala real.

Energia do Sol

Os engenheiros referem-se à potência do Sol em unidades chamadas "constante solar". Esta é a quantidade de energia recebida do Sol, por segundo, em um metro quadrado, à distância da órbita da Terra.

"O LSS já tinha sido capaz de simular uma ou duas constantes solares. Mas ele foi sendo atualizado e agora pode produzir um valor de 10 constantes solares," afirma Jan van Casteren, responsável pelo projeto da ESA.

As melhorias foram conseguidas de duas formas: as lâmpadas do simulador foram levadas à potência máxima e os espelhos que focam o feixe de luz foram ajustados.

Em vez de produzir um feixe de luz de 6 metros (m) de comprimento, a luz é agora concentrada em um cone de apenas 2,7 m quando atinge a nave espacial.

Isso cria um raio tão forte que teve de ser instalado um novo escudo, com uma maior capacidade de refrigeração, para "captar" a luz que escapa da nave espacial e evitar que as paredes da câmara aqueçam demais.

Sonda BepiColombo

O componente Mercury Magnetospheric Orbiter (MMO) sobreviveu a uma viagem simulada até o planeta mais interior do Sistema Solar. O instrumento octogonal, que é a contribuição do Japão para a BepiColombo, e a sua proteção solar suportaram temperaturas superiores a 350° C.

Foi uma boa noção do que a sonda espacial deve esperar: a BepiColombo vai enfrentar uma radiação 10 vezes mais forte do que a recebida por um satélite em órbita da Terra, exatamente o valor que foi simulado agora.

A BepiColombo é constituída por módulos separados. O MMO (Mercury Magnetospheric Orbiter ficará em uma órbita longa e investigará o campo magnético do planeta. O MPO (Mercury Planetary Orbiter) ficará em uma órbita baixa e vai estudar o próprio planeta.

Além do módulo MMO, foi testado também o escudo protetor que deve manter a sonda espacial em temperatura agradável.

"O teste do escudo foi bem-sucedido. Foi demonstrada a sua função protetora da MMO durante a viagem," diz Jan.

Escudo espacial

Em Mercúrio, a maior parte do terrível calor do Sol será impedida de penetrar na BepiColombo por mantas térmicas especiais.

Estas mantas consistem em múltiplas camadas de material, incluindo uma camada externa de cerâmica branca e várias camadas metálicas, que refletem o máximo calor possível de volta para o espaço.

"Os testes permitiram-nos medir o desempenho da manta térmica. Os resultados permitem-nos fazer alguns ajustes para os testes da Mercury Planetary Orbiter, no próximo ano," diz Jan.

Além de ter que aguentar uma temperatura permanente de 350 °C, a Mercury Planetary Orbiter (MPO) irá aonde nenhuma nave espacial chegou: a uma órbita baixa elíptica em torno de Mercúrio, entre cerca de 400 km e 1.500 km acima da superfície escaldante do planeta.

Nessa proximidade, Mercúrio é pior do que um prato quente no fogão, liberando radiação infravermelha para o espaço. Ou seja, a MPO terá que enfrentar calor de todos os lados, o calor solar e a radiação que emana do próprio planeta.

Celular será enviado ao espaço para controlar nanossatélite

A empresa Surrey Satellite Technology (SSTL), especializada no lançamento de satélites de pequeno porte, quer descobrir como um celular se comporta no espaço.

Para isso, o celular será colocado a bordo de um nanossatélite, em uma missão em que um dos objetivos será verificar se as funções mais sofisticadas do aparelho podem ser prejudicadas pelas condições inóspitas do espaço.

Android no espaço

O telefone que será lançado vai usar o sistema operacional Android, do Google. No entanto, ainda não se sabe qual o modelo de celular que irá para o espaço.

A empresa quer usar o celular para controlar o pequeno satélite, que tem 30 centímetros de comprimento, além de tirar fotos da Terra.

Celulares já foram levados por balões até altas altitudes, mas este deverá ser o primeiro a alcançar a órbita da Terra, atingindo o ambiente de microgravidade.

"Eles (smartphones modernos) vêm com processadores que podem chegar a 1 GHz e muito espaço de memória. Primeiramente, queremos ver se o telefone funciona lá e, se funcionar, queremos ver se o telefone pode controlar um satélite," disse Shaun Kenyon, gerente de projeto da SSTL.

A missão, chamada de STRAND-1 (Surrey Training Research and Nanosatellite Demonstration) foi planejada pela empresa em conjunto com pesquisadores da Universidade de Surrey.

Celular no espaço

O lançamento do celular é parte de um programa da SSTL para encontrar equipamentos eletrônicos mais baratos que possam ser usados para baixar o custo de seus satélites.

"Não vamos desmontar o celular, não vamos destruí-lo, não vamos tirar nenhum dos circuitos e soldá-los ao nosso satélite, vamos enviá-lo como ele está", disse Shaun Kenyon. "Na verdade, teremos outra câmera no satélite para que possamos tirar uma foto do telefone."

Mas o celular não ficará exposto ao espaço: devido às grandes variações de temperatura e à radiação encontrada no espaço, o aparelho ficará acomodado dentro do satélite, para proteção.

As fotos com a câmera do celular serão feitas através de um furo na carenagem do nanossatélite.

Passar o controle do satélite para o celular será a etapa seguinte, depois que as fotos já tiverem sido tiradas e transmitidas à central de controle.

"Estamos tentando usar ao máximo as capacidades do telefone," disse Doug Liddle, chefe de ciência da SSTL. "Idealmente, o telefone poderá assumir o controle."

Notebook no espaço

Durante a viagem, os cientistas querem que o celular assuma o controle de vários sistemas, como sistemas de navegação e de impulso do satélite.

Como o sistema do celular que será lançado é de fonte aberta, os cientistas poderão modificar e adaptar as funções do telefone.

"A natureza do programa usado, de fonte aberta, é muito animadora porque, no futuro, depois de fazermos o telefone funcionar em órbita, poderemos conseguir pessoas para desenvolver aplicativos para missões como esta," disse Doug Liddle.

"Se provarmos que um smartphone pode funcionar no espaço, disponibilizaremos novas tecnologias para uso no espaço para muitas pessoas e empresas, que geralmente não podem pagar por isso", disse Chris Bridges, da Universidade de Surrey.

A companhia SSTL é famosa por lançar satélites pequenos e já conseguiu reduzir os custos de seus sistemas ao incorporar componentes que foram originalmente desenvolvidos para o consumidores comuns, como os notebooks.

Fonte: BBC

Cientistas descrevem estrutura completa do exterior do HIV

Uma equipe de cientistas norte-americanos descreveu pela primeira vez a estrutura do conjunto de proteínas que fornece o material genético do vírus da imunodeficiência humana (HIV) para as células.

O trabalho é o resultado de estudos realizados nos últimos 10 anos, concentrados nas diferentes partes do recipiente em forma de cone do vírus, o capsídeo.

A última peça do quebra-cabeças foi descrita em um artigo publicado na revista Nature por cientistas da Universidade da Virgínia e do Instituto de Pesquisas Scripps.

"Este artigo é um verdadeiro marco," avalia o autor sênior do estudo, Dr. Mark Yeager.

A descrição detalhada do capsídeo do HIV vai fornecer um roteiro para o desenvolvimento de drogas que possam prejudicar a sua formação e, assim, prevenir a infecção pelo HIV.

Como o HIV se reproduz

O HIV se liga a receptores nas células humanas e depois injeta o capsídeo dentro delas. Uma vez dentro da célula, o capsídeo se desfaz, liberando o material genético do vírus.

Em seguida, o HIV sabota o maquinário celular para fazer muitas cópias de seus genes e proteínas.

Conforme novos vírus são feitos, o material genético é empacotado em capsídeos esféricos imaturos que o HIV usa para fugir da célula infectada.

Mas, antes que estes vírus recém-lançados possam infectar outras células, o capsídeo imaturo sofre uma dramática reorganização para formar a casca madura, em forma de cone.

Se a formação do capsídeo maduro for interrompido, o vírus não é mais infeccioso.

Assim, novas drogas dirigidas à formação do capsídeo poderão fornecer valiosas adições ao arsenal de drogas existentes contra o HIV.

Cristalografia

Para desenvolver drogas que interrompam a formação do capsídeo, no entanto, os cientistas primeiro precisam saber exatamente como ele é formado.

Isto não pode ser feito com a tecnologia tradicionalmente usada para descrição das estruturas detalhadas das moléculas biológicas, chamada cristalografia de raios X.

Diferentemente dos capsídeos em forma de cone de outros vírus, como os poliovírus, que têm uma estrutura rígida e simétrica, o capsídeo do HIV é flexível e pode adotar formas ligeiramente diferentes.

Parte dessa flexibilidade deve-se à proteína que compõe o capsídeo do HIV, a proteína CA, constituída por duas extremidades unidas por uma ponte "flexível".

Isto torna impossível crescer cristais do capsídeo completo do HIV para que a cristalografia possa ser usada.

Ciclo de vida do vírus

Os cientistas então partiram para a tática de dividir para conquistar, particionando o capsídeo do HIV em componentes menores e, em seguida, determinando suas respectivas estruturas.

Depois de descobrirem as estruturas atômicas dos hexâmeros e pentâmeros da proteína CA, Yeager e seus colegas agora conseguiram construir um modelo atômico completo do capsídeo do HIV maduro.

Os pesquisadores agora planejam aperfeiçoar o modelo utilizando sofisticados programas de computador para determinar a estabilidade da estrutura em diferentes regiões e identificar possíveis pontos "fracos" que possam ser alvo de novas drogas.

Eles vão também começar a estudar a estrutura do capsídeo imaturo para determinar como esta versão do capsídeo se metamorfoseia para a forma madura - uma etapa no ciclo de vida do vírus que permanece misteriosa.

Nanotecnologia vai ajudar a combater a esquistossomose

Cientistas do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) estão usando a nanotecnologia para combater a esquistossomose.

O trabalho da pesquisadora Laís Bastos da Fonseca consiste em usar nanopartículas para transportar quantidades minúsculas de praziquantel (PZQ), o medicamento mais indicado no tratamento da doença.

Nanopartículas são materiais com dimensões na faixa dos nanômetros - 1 nanômetro equivale a 1 bilionésimo de metro -, geralmente polímeros, que funcionam como carregadores dos fármacos.

As nanopartículas permitirão a administração de doses mais adequadas no tratamento da esquistossomose, principalmente para as crianças.

A doença é responsável pela morte de 200 mil pessoas por ano no país.

Dosagem do medicamento

Segundo a pesquisadora, a dose de PZQ a ser administrada nos pacientes é calculada em função do peso da pessoa - aproximadamente 20 mg/Kg a cada quatro a seis horas.

Por ser uma doença comum em crianças em idade pré-escolar, a administração de doses medicamentosas adequadas é muito complicada, já que a variabilidade corpórea nessa faixa etária é grande.

A divisão de comprimidos em pedaços homogêneos também é complexa, principalmente em lugares de baixa renda, onde o nível de esclarecimento da população é normalmente muito baixo.

Diante dessa realidade, o Ministério da Saúde vem solicitando o desenvolvimento do produto praziquantel suspensão 120 mg/ml. Por diversos motivos e impeditivos técnicos, isso até hoje não foi possível.

Por outro lado, também existe a falta de interesse das indústrias farmacêuticas privadas neste medicamento - a esquistossomose é uma doença negligenciada por estas empresas, devido ao baixo potencial lucrativo dos tratamentos.

Nanocápsulas

As nanopartículas funcionam como cápsulas microscópicas, no interior das quais o medicamento é armazenado.

"O trabalho consiste na fabricação de nanopartículas poliméricas contendo o praziquantel encapsulado pela técnica de polimerização em miniemulsão. Essa fabricação ocorre em uma única etapa de síntese do polímero com a incorporação imediata do fármaco, o que é o grande diferencial", afirma Laís.

Além disso, de acordo com a pesquisadora, o processo empregado permite o aumento de escala, o que é fundamental para uma produção industrial.

Os resultados obtidos até o momento são promissores. Mostram, por exemplo, partículas de diâmetro médio de 80 nanômetros e incorporação do fármaco de praticamente 100%. Os próximos passos são os estudos in vivo.

Esquistossomose

A esquistossomose, conhecida popularmente como doença dos caramujos, xistose e barriga d'água, é uma doença transmissível, parasitária, causada por vermes trematódeos do gênero Schistosoma.

O parasita, além do homem, necessita da participação de caramujos de água doce para completar seu ciclo vital. Na fase adulta, o parasita vive nos vasos sanguíneos do intestino e fígado do hospedeiro definitivo, o homem.

A doença parasitária é um dos principais problemas de saúde pública que acomete os países subdesenvolvidos, sendo o Brasil o mais afetado do continente americano.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 300 milhões de pessoas são portadoras do parasita, a maioria delas na África e na América Latina. No Brasil, são 2,5 milhões de casos.

A enfermidade foi descrita cientificamente pela primeira vez em 1851 pelo médico alemão T. Bilharz, que lhe dá o nome alternativo de bilharzíase.

Sintomas da esquistossomose

A fase de penetração é o nome dado a sintomas que podem ocorrer quando da penetração da cercária na pele.

Frequentemente é assintomática, exceto em indivíduos já infectados antes. Neste caso é comum surgir eritema (vermelhidão), reação de sensibilidade com urticária e prurido e pele avermelhada no local penetrado, que duram alguns dias.

Na fase inicial ou aguda, a disseminação das larvas pelo sangue, e principalmente o início da postura de ovos nas veias que vão para o fígado ativa o sistema imunitário surgindo febre, mal-estar, dores de cabeça, fraqueza, dor abdominal, diarréia sanguinolenta, falta de ar e tosse com sangue, entre outros.

Estes quadros duram em geral alguns dias, mas podem durar até meses e em casos raros podem ser fatais.