Lentes de contato capazes de monitorar a saúde dos olhos já estão próximas de estrear no mercado.
O campo da realidade aumentada também é florescente. Mas os cientistas agora foram mais longe, inaugurando o campo da "visão aumentada".
Projetar imagens na retina
Uma nova geração de lentes de contato inteligentes, com microcircuitos eletrônicos integrados, serão capazes de projetar imagens diretamente na retina, criando telas que permitirão uma experiência inédita de realidade virtual e realidade aumentada.
Esses projetores instalados diretamente na superfície dos olhos não apenas dispensarão os projetores de cabeça ou instalados em óculos, como permitirão que os usuários assistam seus vídeos de olhos fechados.
Para isso, os pesquisadores estão mesclando os materiais transparentes e biocompatíveis usados nas lentes de contato tradicionais, com circuitos microeletrônicos flexíveis.
Em 2008, a equipe do Dr. Babak Parviz, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, deu o pontapé inicial nessa linha de pesquisas - veja Tela é construída em uma lente de contato.
Em 2010, a NEC apresentou o seu Tele Scouter, uma espécie de óculos-tradutor, capaz de projetar legendas diretamente na retina.
Lentes de contato inteligentes
Introduzir todo o aparato necessário para criar uma tela, ou um projetor, dentro de uma lente de contato, capaz de mostrar imagens em movimento diretamente na retina não será uma tarefa fácil, e é um desafio ainda a alguns anos de se realizar integralmente.
Mas os primeiros passos começaram a ser dados. A empresa suíça Sensimed está colocando no mercado as primeiras versões de uma lente de contato inteligente voltada para melhorar o tratamento de pessoas com glaucoma.
A doença aumenta a pressão sobre o nervo óptico pelo acúmulo de líquido, e pode causar danos irreversíveis à visão se não for devidamente tratada.
Sensores de platina altamente sensíveis, incorporados nas lentes Triggerfish da Sensimed monitoram a curvatura da córnea, que corresponde diretamente à pressão dentro do olho.
A lente transmite essa informação em intervalos regulares, por meio de uma conexão sem fios, para um gravador portátil usado a tiracolo pelo paciente.
A energia usada para alimentar a lente de contato inteligente é captada de uma antena embutida em uma espécie de curativo, colado na face do usuário, em um sistema similar ao usado nas etiquetas RFID.
Cada uma das lentes de contato descartáveis é projetada para ser usada apenas uma vez, por 24 horas, e o paciente repete o processo uma ou duas vezes por ano.
Isso permite aos médicos verificar picos na pressão ocular, que variam de paciente para paciente, durante o curso de um dia. Esta informação é então usada para programar os horários da medicação.
Monitor nos olhos
O Dr. Parviz, contudo, usou uma abordagem diferente, e aparentemente mais prática.
Seu sensor de glicose usa conjuntos de eletrodos para injetar pequenas correntes elétricas através do fluido lacrimal, detectando quantidades muito pequenas de açúcar dissolvido.
Estes eletrodos, juntamente com um chip de computador que contém uma antena de radiofrequência, são fabricados em um substrato plano feito de polietileno tereftalato (PET), um polímero transparente comumente encontrado em garrafas de plástico.
Depois de pronto, o material é então moldado em forma de lente de contato para se ajustar ao olho.
O uso de uma antena de maior potência permitirá que o usuário utilize apenas o gravador na cintura, dispensando o curativo-antena no rosto.
Tela na lente de contato
Mas a equipe do Dr. Parviz está fazendo progressos também na área das telas embutidas nas lentes de contato.
Eles já conseguiram incorporar LEDs em miniatura, nas cores vermelha e azul, dentro das lentes, criando uma óptica 3D que lembra os óculos usados para ver filmes 3D.
Para mostrar uma imagem completa, contudo, ainda falta desenvolver o micro-LED na cor verde, para gerar imagens em cores reais. E ainda falta combinar os LEDs e os circuitos ópticos na mesma lente de contato.
"Você não vai necessariamente ter de deslocar seu foco para ver a imagem gerada pela lente de contato," explica Parviz. "Ela vai simplesmente aparecer à sua frente."
Segundo o pesquisador, os LEDs serão dispostos em um padrão de grade, e não deverão interferir com a visão normal quando a tela estiver desligada.
Veja também a reportagem Uma olhada no futuro das telas e monitores.
Fonte: New Scientist
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