quinta-feira, 17 de março de 2011

Reator fotoquímico brasileiro inova com tecnologia de LEDs

Cientistas brasileiros desenvolveram uma nova versão de um reator fotoquímico usando a tecnologia dos LEDs - diodos emissores de luz.

Reatores fotoquímicos são usados, entre outros, na investigação de reações fotoquímicas, nos estudos da fotossíntese artificial e da terapia fotodinâmica, técnica utilizada no tratamento do câncer.

Reator fotoquímico

A maior inovação do novo reator fotoquímico é a substituição das lâmpadas fluorescentes por LEDs, uma nova tendência em tecnologia que aumenta consideravelmente a eficácia luminosa do aparelho.

O equipamento nacional foi desenvolvido ao longo de três anos por João Fernando Possato, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, e Alzir Azevedo Batista, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

"As vantagens oferecidas pelos LEDs são inúmeras, incluindo menor consumo de energia elétrica, maior durabilidade - os LEDs são até mil vezes mais duráveis do que as lâmpadas fluorescentes - menor geração de calor e, o mais importante, a seletividade luminosa que eles oferecem, permitindo selecionar eletronicamente o LED com pico de emissão luminosa ideal para a reação fotoquímica que se deseja irradiar", afirma Possatto.

Um reator convencional, fabricado na Inglaterra, chega a custar cerca de US$ 5 mil.

Reator inteligente

O reator convencional exigia que o controle de cada um dos fatores fosse manual: para diminuir ou aumentar a intensidade da luz era necessário reduzir ou aumentar a quantidade de lâmpadas no interior do reator, o que demandava tempo e trabalho.

O tempo de funcionamento do aparelho também era cronometrado por ação humana, ou seja, ao fim da reação, o equipamento precisava ser desligado manualmente. "Para uma reação simples, de duas ou três horas, não há grandes transtornos, mas no caso de uma reação demandar doze horas, o que é comum, há problemas", explica Possatto.

Pensando nisso, os pesquisadores planejaram um reator inteligente, controlado eletronicamente.

Já que os LEDs têm a característica de permitir um maior controle do seu funcionamento, Possatto desenvolveu um sistema embarcado no reator, microcontrolado, com uma interface gráfica de fácil utilização para o usuário.

Esse sistema permite a programação eletrônica da intensidade da emissão de luz, a seleção da energia, o tempo de excitação luminosa e monitoramento da temperatura.

Química verde

Outra vantagem dessa tecnologia é o menor impacto ao meio ambiente. Afinal, a substituição das lâmpadas incandescentes ou fluorescentes pelos LEDs, além de mais eficiência, causa um impacto menor no ambiente.

O aparelho inglês, convencional, é composto por um conjunto de lâmpadas fluorescentes que, por conter mercúrio, acabava contaminando o meio ambiente no processo de descarte.

"Os LEDs são considerados uma tecnologia limpa, reciclável, por isso mais seguros e compatíveis com o projeto Química Verde, que é uma tentativa de reduzir os contaminantes e trabalhar por uma química mais sustentável", explica o professor Batista.

O reator de LEDs está agora em fase de patenteamento e o próximo passo será a fabricação e a comercialização do reator fotoquímico.

Os pesquisadores já foram procurados por empresas interessadas: "Estaremos prontos para começar a produção em cerca de seis meses, e estamos iniciando a etapa de procura por parceiros para essa produção," conclui o professor Batista.

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