sábado, 12 de março de 2011

Sismógrafo amador criado por brasileiro capta terremoto no Japão

O terremoto de 8,9 pontos - autoridades japonesas anunciam 8,8 pontos - na Escala Richter que atingiu o Japão nesta sexta-feira (11) também foi registrado a poucos quilômetros do campus da Unicamp em Campinas, em um prosaico banheiro de fundo de quintal.

No local está instalado um sismógrafo horizontal amador, construído há três anos pelo geólogo Rogério Marcon, funcionário do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW).

"O registro foi feito por volta das 3h30 da manhã, pouco tempo depois da ocorrência do abalo. Entretanto, eu só o verifiquei às 5h30, quando acordei. Logo em seguida, liguei a televisão para me informar sobre o que tinha acontecido", conta Marcon, que gastou algo como R$ 500 para conceber o aparelho.

Resultados profissionais

Logo que verificou os dados assinalados pelo seu equipamento e o noticiário, o funcionário da Unicamp começou a receber telefonemas de amigos e de jornalistas interessados em obter informações a respeito do fenômeno.

Marcon diz que o aparelho é basicamente o mesmo que construiu há três anos: "A única diferença é que providenciei uma cobertura para protegê-lo das correntes de ar".

O geólogo utilizou um PC pentium 3 e uma interface para o aparelho conversor analógico. A interface custou 20 dólares e foi importada de uma empresa especializada na construção de sismógrafos amadores.

Software livre

Ele também lançou mão de um software livre para transformar dados em gráficos. Para captar os terremotos, montou um pêndulo, composto por um transdutor elétrico posicionado sobre uma bobina.

O equipamento tem um metro de comprimento por meio metro de largura e está instalado no bairro Guará, próximo ao campus da Unicamp.

Nos últimos três anos, conforme Marcon, o sismógrafo registrou centenas de eventos, de variadas magnitudes.

O primeiro foi um tremor de 5,2 pontos ocorrido no Atlântico Sul, em abril de 2008, e que foi sentido nos estados de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina. "Entre os sismos mais fortes, o instrumento captou o que destruiu algumas localidades chilenas e o que devastou o Haiti, ambos em 2010".

Repiques

De acordo com o geólogo, além do sismo principal, outros 60 terremotos sequenciais, de menor magnitude - abaixo de 6 pontos - foram registrados por sismógrafos no Brasil.

"É preciso esclarecer que as pessoas aqui no país ou em Barão Geraldo não sentiram a terra tremer. Apenas os sismógrafos são capazes de captar as ondas propagadas desde o Japão", esclarece.

Ainda segundo Marcon, não há propriamente um teto na Escala Richter. "Entretanto, até hoje, nunca se viu terremoto acima de 9,5. Este do Japão chegou bem perto dessa marca".

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Fonte: Unicamp

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