Jogadores de um game online resolveram em três semanas um problema de biologia molecular que vinha desafiando os cientistas há mais de uma década.
A solução representa o início de uma nova rota para o desenvolvimento de uma vacina contra a AIDS, outra encruzilhada da qual os cientistas ainda não conseguiram sair.
Dobramento de proteínas
Os jogadores voluntários formaram equipes para participar de um jogo online chamado FoldIt - "dobre-o", em tradução livre, em referência ao processo de dobramento das proteínas.
O jogo permite que os participantes tanto colaborem quanto compitam para tentar prever a estrutura de moléculas de proteínas.
Depois de passarem mais de uma década tentando sem sucesso, os cientistas desafiaram os jogadores de FoldIt a criarem um modelo preciso de uma enzima de um vírus similar ao HIV.
Eles resolveram o problema em três semanas.
Proteases retrovirais
A classe de enzimas que estavam sendo estudadas, chamadas proteases retrovirais, têm um papel crítico na forma como o vírus da AIDS amadurece e se prolifera.
Diversas equipes de cientistas vêm tentando desenvolver medicamentos que bloqueiem essas enzimas.
Mas os esforços têm sido infrutíferos sobretudo porque os cientistas não sabiam como era a estrutura da molécula de protease retroviral, o que dificulta projetar moléculas que possam se ligar a ela.
Intuição humana
"Nós queríamos ver se a intuição humana poderia ter sucesso onde os métodos automáticos falharam," disse Firas Khatib, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
O sucesso veio depois de três semanas, sendo este o primeiro caso documentado de que jogadores tenham resolvido um problema científico.
Mais importante, depois de um pequeno refinamento nos modelos produzidos pelos jogadores, os cientistas verificaram que a superfície da molécula possui alguns alvos interessantes para medicamentos que consigam desativar a enzima.
Nobel Gamer?
E haverão inúmeras outras partidas de FoldIt, uma vez que a estrutura das proteínas tem um papel essencial no estudo das causas e tratamentos para doenças imunológicas, câncer e Alzheimer, apenas para citar algumas.
Quando o lançaram, há cerca de três anos, os cientistas disseram que o FoldIt poderia render um Prêmio Nobel de Medicina.
Parece que eles não exageraram muito.
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