sexta-feira, 24 de maio de 2013

Ethernet completa 40 anos e um dos criadores conta sua história

Bob Metcalfe, Dave Boggs e o resto dos cientistas do Centro de Pesquisa da Xerox em Palo Alto, em 1973, eram muito parecidos com os atuais jovens desenvolvedores de startups do Vale do Silício.
"Barbas, sandálias, calça jeans, camisetas", Metcalfe disse no início deste mês, lembrando como ele e seus colegas se vestiam quando foram trabalhar no conjunto de edifícios modernos em meio a campos suburbanos, 40 anos atrás, quando estava com 27 anos. "Eu tinha uma grande barba vermelha", disse o grisalho Metcalfe. Quando ele e seus colegas foram para a principal sala de conferências da PARC com suas sandálias hippies para uma reunião, desabaram em pufes, o único tipo de assento na sala. E, como em uma startup, o ambiente descontraído disfarçava um ambiente intenso. "Nós trabalhávamos o tempo todo".
Os proto-geeks do Vale do Silício tinham até Internet, uma vez que Metcalfe estabeleceu a conexão logo após chegar à PARC, em junho de 1972. Naquela época, ela estava em uma forma primitiva chamada Arpanet, com as quais pesquisadores da PARC e outras instituições podiam fazer login em outros computadores que estavam a longas distâncias.
Mas o Facebook, o Netflix, vídeos de gatos e até mesmo a web ainda estavam a muitos anos de distância. A Internet moderna exigiria uma rede muito mais rápida. Começaria com uma rápida o suficiente para enviar mensagens para as impressoras a laser que a PARC estava inventando. O resto viria mais tarde: e-mail, imagens, voz, música e vídeo, tudo em pequenos feixes de dados chamados “pacotes”.
Metcalfe e Boggs, então estudante de graduação na Universidade de Stanford, trabalharam durante meses para construir uma rede desse tipo, com base no conceito de pacotes da Arpanet e a ajuda de muitos outros na PARC. Em um memorando para a equipe em 22 de maio de 1973, Metcalfe descreveu a arquitetura que eles conceberam e deu-lhe um nome: The Ether Network. O nome pegaria, e a tecnologia avançaria, até que atualmente uma nova geração de pesquisadores está começando a explorar uma Ethernet que carregará um terabyte por segundo. 
A Ethernet não foi uma descoberta acidental. Depois de passar cerca de dois anos trabalhando na Arpanet, Metcalfe foi contratado pela PARC para desenvolver uma rede que ligaria os novos computadores nela. Um visionário da PARC, chamado Alan Kay, tinha inventado um sistema chamado Alto, que era um computador inteiro para a área de trabalho de cada usuário. "Um problema que nunca existiu antes foi criado", disse Metcalfe. “E esse problema foi: 'O que você faz quando tem um prédio cheio de computadores pessoais?'".
Havia algumas LANs naquela época, mas elas tinham sérias limitações, Metcalfe disse. A PARC usava uma, chamada de Data General MCA, entre seus minicomputadores Data General Nova. Mas só foi possível conectar 16 sistemas, e todos eles tinham de estar na mesma sala. Os cabos tinham cerca de 1,5 centímetro de espessura, lembrou.
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Metcalfe e Boggs, os criadores da Ethernet
Em suas mesas, Metcalfe e seus colegas tinham terminais de texto ASCII que conversavam com um minicomputador a 300 bits por segundo. Isso não era velocidade suficiente para enviar arquivos para uma impressora a laser de alta resolução, uma página por segundo. Eles estavam entrando no mundo digital de amanhã com a conectividade de ontem. Embora nem todo mundo tenha concordado na PARC, Metcalfe disse, ele insistia que a rede era fundamental para os novos computadores. O sistema de Metcalfe e Boggs tinha que superar qualquer LAN da época.
"Nossa especificação foi que queríamos conectar 255 computadores pessoais a uma distância de um quilômetro e meio, a centenas de kilobytes por segundo...e nós queríamos fazê-lo com um mínimo de cabeamento, porque todas as redes antecessoras tinham estas salas cheias de cabos que chamávamos de 'ninhos de ratos'", disse Metcalfe.
A rede que Metcalfe e Boggs propuseram cumpriu todas essas qualificações, incluindo uma velocidade máxima de 2.94 Mbps. Essa velocidade hoje é um desempenho decente em um celular 3G. Mas, em comparação com conexões de 300 bps nos desktops, a nova rede era cerca de 10 mil vezes mais rápida.
Metcalfe e Boggs fizeram a rede funcionar em novembro de 1973. No início, os funcionários da PARC poderiam pedir um Alto com ou sem Ethernet, mas logo todo mundo dependia dela, disse Metcalfe. Uma das razões foi um pedido de teste de memória de semicondutores de cada Alto, que ainda era uma tecnologia não comprovada. Um cientista da PARC, Chuck Thacker, escreveu uma rotina de diagnóstico que seria executada no Alto e testaria sua memória enquanto o usuário estava fora. 
Mas as principais utilizações foram o envio de trabalhos para impressoras e atingir a Arpanet através de um roteador com linhas de longa distância. A evolução foi gradual: as impressoras a laser vieram em 1974 e o e-mail por volta de 1976, Metcalfe disse.
Ao longo da década de 1970, o uso da Ethernet expandiu, mas apenas perto das instalações da Xerox e algumas outras instituições, como Stanford e MIT, onde a pesquisa da computação de ponta estava sendo feita. A Casa Branca também tinha Ethernet, juntamente com alguns Altos que a Xerox doou.
Ao final de 1980, a Ethernet tinha efetivamente ganhado a corrida pelo padrão de rede local, Metcalfe disse. Seus apoiadores incluíam Intel, Digital e uma pequena empresa que Metcalfe lançou para atender o mercado nascente de adaptadores e equipamentos de rede, chamada 3Com.
Fonte: IDG Now!

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