terça-feira, 18 de março de 2008

nova máquina promove revolução entre câmeras fotográficas


Olhando rapidamente, você jamais imaginaria que a nova câmera digital Alpha A300 da Sony representa uma enorme inovação técnica. Para descobrir do que estou falando, você precisará fazer um passeio por dentro dessa máquina. Mantenha as mãos e os pés dentro do carrinho durante todo o percurso.

Em uma câmera reflex de lente única comum, ou single-lens reflex (SLR) - aqueles modelos profissionais grandes e pretos -, a luz entra pela lente e é decomposta por um espelho semi-transparente. Uma parte da luz vai para o visor ocular e a outra parte vai para o sensor de foco automático.

Quando você pressiona o botão do obturador disparador, esse espelho vira para fora do caminho da luz, revelando – aha! – um pequeno sensor de imagem retangular, o chip de computador que grava a foto.

Mistério
Com isso, você já aprendeu o suficiente para responder a um dos grandes mistérios das câmeras digitais: por que você precisa segurar essas câmeras na altura dos olhos? Por que não é possível enquadrar uma foto usando um painel SLR, como se faz com as pequenas câmeras de bolso?

Na verdade, alguns modelos recentes de SLR de fato possuem esse recurso Live View, mas na maioria dos casos é um desastre. Ele funciona virando o espelho e tirando-o do caminho, para que a luz da lente atinja o sensor de imagem, que alimenta a imagem na tela. O problema é que, quando o espelho sobe, nenhuma luz alcança o sensor de foco automático e por isso a câmera não consegue focar.

Vejamos o que acontece quando você pressiona o botão do obturador. Há um som metálico barulhento à medida que o espelho desce novamente; a tela fica preta; a câmera calcula o foco e a exposição; o espelho sobe novamente; a tela é reativada; e finalmente, cerca de um segundo depois, a foto é gravada.

Em outras palavras, o Live View nas câmeras que já estão no mercado é lento, barulhento e extremamente confuso. Toda essa parafernália ocorre porque o sensor de imagem da câmera trabalha em dobro: ele é responsável por fornecer à tela uma visualização em tempo real e por gravar a foto.

A inovação técnica da Sony na A300, portanto, foi a seguinte: “Ei cara esperto, instale outro sensor!”

Nova experiência
Nesta câmera, ao ligar o Live View, uma luz é enviada daquele espelho principal para um segundo sensor, este dedicado exclusivamente a alimentar a tela de visualização. O sensor de foco automático funciona normalmente enquanto você compõe a foto, já que o espelho nunca precisa virar.

Como resultado, o Live View passa a ser uma experiência totalmente diferente. A câmera foca rapidamente à medida que você aponta a lente, sem nunca apagar a tela. Quando você pressiona o obturador, a tela não fica no liga-desliga-liga, não há barulho metálico e não há nenhuma apresentação cambaleante de ginástica artística do espelho dentro da câmera.

Nesse sentido, a A300 proporciona uma enorme sensação de se estar usando uma câmera compacta. E era exatamente isso que a Sony esperava. A empresa tem como alvo para este modelo de 10 megapixels (custo de US$ 763 com lentes com zoom de quatro vezes) as pessoas que estão se graduando em câmeras de bolso e buscando algo mais sério.

Por cerca de US$ 140 a mais, é possível comprar a irmã de 14 megapixels dessa câmera, a A350. Não caia nessa. Dez megapixels já é resolução suficiente para impressões do tamanho de uma minivan; as fotos de 14 megapixels só vão consumir seu disco rígido mais rápido e deixar a câmera mais lenta. Além disso, se você fizer a conta, descobrirá que uma foto de 14 megapixels contém apenas 18% mais pixels em cada dimensão do que uma foto de 10 megapixels, não 40%, como se poderia naturalmente supor.

Sucesso Fotográfico
Na verdade, os fotógrafos que levam o assunto a sério tradicionalmente torcem o nariz para a idéia de compor fotos na tela. Somente um visor ocular mostra a verdadeira cena como a câmera a vê.

Mas quando funciona adequadamente, o Live View pode contribuir absurdamente para seu sucesso fotográfico, sobretudo quando a tela inteira gira para cima ou para baixo, como no caso da A300.

Por exemplo, agora você pode fotografar um desfile de rua por cima das cabeças da multidão à sua frente. Você pode fotografar animais e bebês na altura deles, sem precisar se agachar ou ajoelhar. E você consegue fotos infinitamente melhores de jovens ou pessoas que têm medo da câmera quando está sorrindo e estabelecendo contato visual do que quando se esconde atrás de um equipamento que tem cara de Darth Vader.

(No final de semana passado, meu adorável - porém avesso a câmeras - filho de 3 anos comprovou esse argumento enfaticamente. As únicas fotos decentes dele foram as que tirei segurando a câmera na altura do meu peito, com a tela virada para cima.)

Finalmente, como a tela não apaga enquanto você está fotografando, a A300 é a primeira SLR que permite rastrear um objeto em movimento na tela, fotografando todo o percurso. É uma pena que ela só consiga tirar menos de duas fotos por segundo.

Inovação
A perfeição do Live View alcançada pela Sony seria diga de nota mesmo se essa fosse a única inovação notável da câmera. Mas desde que adquiriu o setor de câmeras digitais da Konica Minolta há dois anos, a Sony vem ocupando os salões de inovação em câmeras, determinada a não ficar atrás da Canon e da Nikon.

Todos os recursos de última geração em SLR estão presentes, incluindo um sistema que se livra de qualquer poeira que possa ter entrado no sensor durante uma troca de lente; um medidor de bateria com números em porcentagem (“74%”) no lugar de linhas de medição mais grosseiras; e um foco automático que começa a funcionar assim que você segura a câmera na altura dos olhos, graças a um sensor de proximidade.

Por incrível que pareça, a Sony finalmente parou de tentar nos fazer engolir seus cartões Memory Stick caros e patenteados; a A300 aceita cartões de memória CompactFlash, o tipo de cartão mais barato, mais compacto e mais espaçoso disponível.

O layout dos botões e o design do software também são impecáveis. Detalhes como um simpático botão liga-desliga clicável, botões de auto-temporização e ISO (sensibilidade à luz) e seleção de modo de cena permitem que você trabalhe com essa máquina sem ficar vasculhando o manual a todo momento. Para uma SLR, é bastante pequena, e a sensação ao segurá-la é incrível.

Resultado final

A grande questão, claro, é: mas como ficam as fotos?

Com boa iluminação, ficam sensacionais. As cores são vívidas, o contraste é excelente, a imagem é extremamente nítida. E como se trata de uma SLR, não há retardo do obturador, aquele meio segundo de atraso depois de clicar no botão, como o que existe nas câmeras compactas.

Entretanto, você não tardará a perceber porque esta câmera custa US$ 760, e não US$ 1.500. Com pouca luminosidade, a A300 simplesmente não absorve luz suficiente. Captar objetos em movimento em ambientes internos é praticamente impossível sem o flash, mesmo usando a configuração máxima (e granulada) desta câmera de 3200 ISO. O efeito borrado é um problema grave nessas circunstâncias.

É nessas horas que você realmente vê a diferença entre o sistema de estabilização interno no corpo, adotado pela Sony, e os sistemas internos nas lentes das SLRs da Nikon e da Canon.

Sem dúvida, a abordagem do corpo da máquina economiza dinheiro, pois estabiliza toda lente que você acoplar; mas o sistema dentro das lentes, em que a estabilização é feita sob medida para cada lente individual, simplesmente funciona melhor.

Observe também que o Live View gasta bateria muito mais rápido do que usando o visor ocular. Uma carga consegue tirar 750 fotos com a tela desligada, mas apenas 400 fotos com ela ligada. Isso não é muito melhor do que você obteria com uma câmera compacta.

Mais um detalhe: não há uma tela de status totalmente móvel. Seria bacana se a tela saísse e rodasse por completo (para auto-retratos, por exemplo) e não movesse apenas para cima e para baixo. Além disso, se você está acostumado a usar as concorrentes da A300, talvez ache o visor ocular um pouco claustrofóbico.

Contudo, a A300 é uma goleada para o público a que se destina: aqueles que estão comprando uma SLR pela primeira vez. O custo-benefício desta câmera é maior do que o de suas concorrentes mais próximas da Canon ou Nikon. É agradável segurá-la e usá-la, as fotos, de modo geral, ficam magníficas e o recurso Live View intacto e a tela móvel permitem a você tirar fotos que simplesmente não conseguiria com outras SLRs.
Até pouco tempo, SLR significava single-lens reflex. Mas com a A300, a sigla acaba de ganhar um novo significado: Sony’s Live-View Revolution.

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