domingo, 4 de março de 2012

Desvendado segredo dos vermes imortais

Pesquisadores da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, demonstraram como uma espécie de verme supera o processo de envelhecimento para ser potencialmente imortal.

A descoberta pode abrir possibilidades de atenuar características das células humanas relacionadas com a idade e o envelhecimento.

As planárias têm surpreendido os cientistas por sua capacidade aparentemente ilimitada para se regenerar.

"Estamos estudando dois tipos de planárias: aquelas que se reproduzem sexualmente, como nós, e aquelas que se reproduzem assexuadamente, simplesmente dividindo-se em duas. Ambas parecem se regenerar indefinidamente, crescendo novos músculos, pele, vísceras e até mesmo o cérebro inteiro," diz o Dr. Aziz Aboobaker coordenador da pesquisa.

"Normalmente, quando as células-tronco se dividem - para curar ferimentos, ou durante a reprodução ou o crescimento - elas começam a mostrar sinais de envelhecimento. Isto significa que as células-tronco não são mais capazes de se dividir e assim tornam-se menos capaz de substituir as células especializadas dos tecidos de nossos corpos.

"O envelhecimento da nossa pele é talvez o exemplo mais visível desse efeito. As planárias e suas células-tronco são de alguma forma capazes de evitar o processo de envelhecimento e para manter as células em divisão," completa.

Telômeros

Um dos eventos associados com o envelhecimento celular está relacionado com o comprimento dos telômeros.

Para crescer e funcionar normalmente, as células devem se dividir para substituir aquelas que estão desgastadas ou danificadas. Durante este processo de divisão, cópias do material genético devem passar para a próxima geração de células.

A informação genética dentro das células é organizada em fitas trançadas de DNA chamadas cromossomos. No final destas fitas fica uma "tampa" de proteção, chamada telômero.

Os telômeros foram comparados à ponta protetora de um cadarço de sapato, que impede que os fios se soltem.

Cada vez que uma célula se divide, o telômero fica mais curto. Quando ficam curtos demais, a célula perde a capacidade de se renovar e dividir.

Em um animal imortal, seria de se esperar, portanto, que as células fossem capazes de manter o comprimento dos telômeros indefinidamente, de modo a poderem continuar a se replicar.

Em busca da imortalidade

Coube ao Dr. Thomas Tan realizar uma série de experiências desafiadoras para explicar a imortalidade das planárias.

Trabalhos anteriores, que levaram ao Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2009, mostraram que os telômeros podem ser mantidos pela atividade de uma enzima chamada telomerase.

Na maioria dos organismos, a enzima é mais ativa somente durante o desenvolvimento inicial, na juventude do organismo. Então, à medida que envelhecemos, os telômeros começam a apresentar uma redução no seu comprimento.

O que os pesquisadores encontraram agora foi uma versão da planária do gene que codifica esta enzima.

Para confirmar a descoberta, eles desativaram sua atividade, o que fez com que o comprimento dos telômeros das planárias começasse a se reduzir, como ocorre nos "mortais comuns".

Mas, por enquanto, a descoberta só vale para as planárias que se reproduzem assexuadamente.

Ou seja, o segredo da imortalidade para seres que se produzem sexualmente, como nós, continua exatamente assim, um segredo.

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