Em 2009, cientistas da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, criaram microgarras capazes de manipular objetos sem usar eletricidade.
Na época, a equipe afirmou que seu objetivo de longo prazo era usar
essas microgarras autônomas - elas são acionadas quimicamente, por calor
ou por luz, dispensando fios ou baterias - para executar procedimentos
no interior do corpo humano.
O prazo não está sendo tão longo assim, já que eles acabam de testar,
com sucesso, a viabilidade do uso das microgarras para realizar
biópsias em animais.
Biópsia robotizada
Centenas dessas pinças miniaturizadas, cada uma menor do que um grão
de poeira, foram liberadas na boca, estômago e no trato gastrointestinal
de animais vivos.
As microgarras usadas são ativadas autonomamente pelo calor do corpo
do animal, fechando-se sobre o tecido, retirando um punhado de células,
que podem ser usadas para realizar biópsias.
Como cada microgarra contém também um material magnético, elas são
recuperadas por meio de um catéter que produz um campo magnético ao
chegar ao ponto do organismo onde os "robôs" foram liberados.
"Esta é a primeira vez que se usa um dispositivo submilimétrico, do
tamanho de um grão de poeira, para realizar uma biópsia em um animal
vivo," disse David Gracias, ressaltando que eles escolheram porcos como
cobaias devido à semelhança de seu trato intestinal com o dos humanos.
"Esta é uma conquista significativa. E como podemos enviar as garras
através de orifícios naturais, é um avanço importante em tratamentos
minimamente invasivos e um passo em direção ao objetivo final de fazer
procedimentos cirúrgicos não invasivos," acrescentou Gracias.
Robôs no corpo humano
Embora cada micropinça colete uma amostra de tecido muito menor do
que as ferramentas atuais usadas para biópsias, os pesquisadores afirmam
que elas recuperam células suficientes para uma inspecção microscópica
efetiva e para análises genéticas.
Segundo os pesquisadores, agora é mais uma questão de dinheiro do que
de tempo para que estes estudos possam começar a ser testados em
humanos - dinheiro para financiar os próximos passos da pesquisa.
O experimento representa um dos passos mais significativos rumo à realização do sonho de procedimentos cirúrgicos no estilo Viagem Fantástica, em que robôs entram no corpo humano para tratar doenças.
Uma equipe suíça também já está se preparando para usar microrrobôs em tratamentos dos olhos.
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