A descoberta levanta a possibilidade de que podem existir organismos em configurações que não se acreditava serem possíveis - nem aqui na Terra e nem em outro lugar.
Sara Seager, professora de Ciências Planetárias do MIT, estuda organismos conhecidos como extremófilos que podem viver em ambientes extremos.
Seu trabalho é parte de um esforço para procurar vida em planetas fora do Sistema Solar, os chamados exoplanetas.
Ela falou sobre a descoberta - e o que essa descoberta significa para a busca de vida em outras partes do universo.
Como esta descoberta pode impactar nossa compreensão corrente de como surgiu a vida na Terra?
A nova descoberta é sobre bactérias que podem substituir o fósforo por arsênio nos elementos fundamentais constituintes das células. O arsênio e o fósforo são quimicamente semelhantes.
Nessas bactérias, o arsênio está associado com os ácidos nucleicos e com as proteínas de uma maneira que levou os pesquisadores a sugerirem que o fósforo está sendo substituído pelo arsênio na cadeia de DNA da bactéria.
Contudo, descobertas extraordinárias exigem provas extraordinárias, e dados mais detalhados serão necessários para se chegar a conclusões mais robustas.
Por si só, a nova descoberta não sugere nada de novo para a compreensão da origem da vida na Terra.
O arsênio como um bloco de construção bioquímica é quase certamente uma adaptação, e não um remanescente de um cenário diferente para a origem da vida.
A conclusão é, no entanto, verdadeiramente entusiasmante ao mostrar que a vida pode existir fora das verdades tradicionais que têm sido convencionalmente aceitas até agora.
Os pesquisadores vão, sem dúvida, procurar por evidências que sustentem a existência de uma "biosfera sombra", uma biosfera microbiana com formas de vida que nós ainda não reconhecemos porque elas poderiam ter uma bioquímica radicalmente diferente.
Uma biosfera sombra significaria uma "segunda gênese" - uma origem e uma rota evolutiva independentes para o resto da vida como a conhecemos.
O que esta descoberta representa para a busca de vida em planetas extrassolares? Os pesquisadores vão começar a procurar arsênio nas atmosferas dos exoplanetas? Isso irá afetar os tipos de planetas que os pesquisadores irão procurar?
A descoberta reforça nossa motivação para pensar de forma tão ampla quanto possível sobre os tipos de ambientes que são adequados para a vida.
A descoberta não vai mudar o tipo de exoplanetas que estamos procurando na busca por vida em outros mundos; a este respeito, estamos limitados pela tecnologia e pelo número de estrelas próximas.
A descoberta apóia a noção de que a vida nos exoplanetas poderia ser muito diferente da vida na Terra. Não estamos preocupados do que é feita a vida nos exoplanetas, apenas o que essa vida faz e quais bioassinaturas ela gera.
Ainda que o arsênio não seja um gás tido como uma bioassinatura, a descoberta é uma clara advertência de que é provável haver gases não reconhecidos como bioassinaturas, e precisamos começar a trabalhar para identificá-los.
O que são extremófilos, e como eles se relacionam com as bioassinaturas, ou sinais de vida?
Os extremófilos são formas de vida que podem existir em ambientes extremos. Alguns organismos realmente prosperam em situações que matariam a maior parte das outras formas de vida, incluindo os seres humanos.
Alguns exemplos incluem os termófilos, que florescem em temperaturas acima do ponto de ebulição da água, os barófilos, que vivem nas altas pressões no fundo do oceano, e os acidófilos, que existem em condições altamente ácidas.
A nova descoberta envolve bactérias que vivem em um lago rico em arsênio - um lago que tem também uma elevada concentração de sal e muito baixa acidez.
Os extremófilos, como toda a vida, têm subprodutos metabólicos. Ao fazer o sensoriamento remoto de vida em planetas distantes, estamos interessados em gases que são subprodutos metabólicos que se acumulam na atmosfera do planeta e possam ser identificados. Nós os chamamos de bioassinaturas gasosas.
Os extremófilos são tão variados nas substâncias químicas que eles comem e respiram que podem produzir uma grande variedade de gases que poderiam ser potenciais bioassinaturas em outros mundos.
Fonte: Morgan Bettex - MIT
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