E esse sistema imunológico em gestação tem uma tendência maior em tolerar as substâncias estranhas encontradas no seu ambiente do que em lutar contra elas.
A descoberta pode levar a um melhor entendimento de como os recém-nascidos respondem às infecções e às vacinas, e pode explicar enigmas tais como porque muitos bebês de mães HIV-positivas não estão infectados com a doença antes do nascimento.
Segundo os pesquisadores, a descoberta também poderá ajudar a entender melhor como as alergias se desenvolvem na infância, bem como novas formas de lidar com os transplantes de órgãos em adultos.
Os resultados foram publicados no exemplar de 17 de dezembro da revista Science.
Diferenças na imunidade entre adultos e crianças
Até agora, os cientistas achavam que o sistema imunológico fetal e infantil era simplesmente uma forma imatura do sistema imunológico adulto, que responde de forma diferente por que ainda não teria sido exposto às ameaças imunológicas do ambiente.
A nova pesquisa revelou um sistema imunológico completamente diferente no feto, derivado de um conjunto de células-tronco completamente diferente do sistema adulto.
"No feto, nós descobrimos que existe um sistema imunológico cuja função é ensinar o feto a ser tolerante com tudo o que vê, incluindo sua mãe e seus próprios órgãos," explica o Dr. Joseph McCune, coautor do artigo. "Após o nascimento, surge um novo sistema imune de um conjunto de células-tronco diferentes que, ao contrário, tem a função de combater tudo o que é estranho."
A equipe já tinha descoberto que o sistema imunológico fetal é muito tolerante com as células estranhas a seus próprios corpos e levantaram a hipótese de que isto impediria que os fetos rejeitassem as células de suas mães durante a gravidez e de rejeitar os seus próprios órgãos, conforme eles se desenvolvem.
O sistema imunológico dos adultos, ao contrário, está programado para atacar qualquer coisa que considere "outro", o que permite que o corpo combata infecções, mas também faz com que ele rejeite órgãos transplantados.
Muda tudo
"Nós descobrimos que há na verdade duas linhagens de células-tronco produtoras de sangue, uma no feto, que dá origem a células T que são tolerantes, e outra no adulto, que produz as células T que atacam," concluem os pesquisadores.
Por que isso ocorre, e como o sistema imunológico muda para a versão adulta em algum momento no terceiro trimestre de gravidez, os cientistas ainda não sabem.
Novos estudos tentarão determinar com precisão quando isso ocorre e porque, assim como se os bebês nascem com uma proporção do sistema imunológico fetal e do sistema adulto - essa informação poderá mudar a maneira de vacinar os recém-nascidos ou tratá-los de doenças como o HIV.
Fonte: Redação do Diário da Saúde
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