quinta-feira, 19 de julho de 2012

Brasileiros identificam relação entre proteína e crescimento de tumores

Pesquisadores brasileiros descobriram como uma proteína - a glutaminase C (GAC) - participa no desenvolvimento de células tumorais associadas ao câncer.

O trabalho poderá facilitar a produção de inibidores do crescimento de tumores.

O estudo acaba de ser publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), nos Estados Unidos, por uma equipe do do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) e do Instituto de Física de São Carlos, da USP.

Vício em glicose

A pesquisa segue uma linha que tem sido desenvolvida internacionalmente para encontrar inibidores capazes de combater células tumorais, baseados no "vício" dessas células por glicose e glutamina, sem prejudicar as células saudáveis.

Os pesquisadores utilizaram diversas técnicas para estudar proteínas consideradas "chave" no desencadeamento do câncer, e se depararam com a glutaminase C (GAC), que a comunidade científica considera um "combustível" essencial para manter a proliferação exagerada das células tumorais.

"As células tumorais consomem alta quantidade de glutamina, isso é fato. E grande parte dessa glutamina vem de fontes externas, por meio da alimentação, ou de proteínas que ficam armazenadas nos músculos do corpo, por exemplo", conta Sandra Gomes Dias.

"Normalmente, o nível de glutamina no sangue já é alto, sendo importante para alimentação de células saudáveis. Ao mesmo tempo, servem de combustível para as células tumorais e, consequentemente, para o seu crescimento".

Inibição da proteína

A importância da glutaminase já era conhecida por alguns cientistas, mas os pesquisadores brasileiros fizeram algumas descobertas importantes.

Primeiro, eles conseguiram encontrar um composto - o 968 - que inibe a ação da glutaminase. "Participamos de uma publicação, elaborada na Universidade de Cornell (EUA), onde realizamos o nosso pós-doutoramento, que falava sobre esse inibidor", diz a pesquisadora.

Mesmo assim, ainda era nebulosa a relação direta da glutaminase com tumores celulares.

Foi quando Sandra e seu colega André Ambrósio separaram as três variantes da enzima e encontraram na GAC um "destaque" maior.

"As outras duas variantes não se mostraram como 'chave' para o desencadeamento de tumores. A GAC seria a variante mais presente na mitocôndria, local da célula onde acontece o processamento da glutamina", detalhou Sandra.

Estrutura cristalográfica

Finalmente, a dupla documentou a estrutura cristalográfica da GAC, algo que os cientistas não conheciam até agora.

"Essa informação é extremamente poderosa para a busca de inibidores da GAC, o que vários grupos de pesquisa já estão tentando encontrar", conta Sandra.

"Nossa descoberta aumenta as chances de encontrarmos mais e melhores inibidores para o controle, e até mesmo cura para alguns tipos de câncer", afirma Sandra.

Fonte: IFSC

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