sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O que derruba as ações de Vale e Petrobras

O comportamento das ações da Vale e da Petrobras tem sido acompanhado com apreensão pelos investidores nas últimas semanas.

As altas dos últimos dias só conseguiram amenizar, mas não extinguir, a dúvida gerada com a queda abrupta dos papéis que, até 25 de julho, já acumulavam perda de 21,5%%, no caso do papel preferencial da Petrobras.

Para a Vale, a situação ainda era pior: a ação preferencial acusava uma queda de 24,5% no ano, segundo dados da Economática.

Motivos
Quais os motivos para isso?
De acordo com analistas, vários fatores têm contribuído para a volatilidade do mercado de ações e para as quedas destes papéis.

A insegurança gerada com as conseqüências de uma recessão no mercado norte-americano, a queda do preço das commodities como petróleo e minérios, uma possível redução de demanda por parte da China, que se vê às voltas com crescimento e inflação, declarações do governo brasileiro sobre uma possível mudança na política de petróleo... Várias são as causas apontadas para justificar a instabilidade.

Estrangeiros
Os analistas concordam, porém, que quem está fazendo o mercado chacoalhar são os investidores estrangeiros, responsáveis pelo movimento de cerca de 32% da Bolsa brasileira.

"As fortes quedas observadas desde o final de maio são decorrentes da venda maciça de ações por estrangeiros", resume Carlos Manuel Pereira de Souza, estrategista-chefe da Lopes Filho Consultoria de Investimentos.

Souza explica que, de todos os ADRs negociados em Nova York, as ações da Vale e da Petrobras ocupam, respectivamente, o primeiro e terceiro lugares em termos de liquidez; ou seja, são os papéis mais fáceis de se transformar em dinheiro vivo.

"Quando os estrangeiros precisam de dinheiro, eles vendem Vale e Petrobras", diz. Os ADRs são recibos de empresas estrangeiras negociados nos Estados Unidos, equivalentes a ações.

Lucro
Isso acontece porque, ainda que, no ano, a Bolsa esteja com desempenho negativo, em dólar a Bovespa ainda está no lucro, por conta da valorização do real.

"Eles entraram na Bolsa com o dólar a R$ 3,80, e, em razão da depreciação da moeda norte-americana, o ganho dos estrangeiros com a Bolsa brasileira já foi superior a 1.000%", diz.

Por conta disso, os estrangeiros que estão tendo prejuízo em ações nos mercados fora do Brasil, ainda têm lucro com os papéis brasileiros que, portanto, podem ser vendidos para cobrir prejuízos de outras partes.

Para se ter uma idéia da importância desse mercado, enquanto no ano passado as quase 400 empresas listadas na Bovespa movimentaram US$ 538 bilhões, os ADRs negociados nos EUA (33 empresas em 2007), negociaram US$ 555 bilhões.

Desse montante, US$ 141 bilhões foram para ADRs da Vale e US$ 107,8 bilhões em ADRs da Petrobras.

No Brasil, os dois papéis movimentaram, respectivamente, US$ 15,7 bilhões e US$ 13,5 bilhões no mesmo período. "Quem estabelece o preço são os estrangeiros, pois negociam dez vezes mais do que nós", diz Souza.

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