sexta-feira, 25 de junho de 2010

Criado nanotecido de proteína que pode ser usado no coração

Cientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, conseguiram reproduzir mecanismos naturais para criar tecidos que superam em elasticidade e resistência qualquer outro material similar.

Construídos inteiramente a partir de materiais biológicos - proteínas - os tecidos artificiais poderão ter uso direto na medicina, repondo tecidos naturais de forma mais segura e sem risco de rejeição.

Nanotecido biológico

Na natureza, as células e os tecidos organizam-se para formar uma matriz de fibras de proteína que, em última instância, determina a sua estrutura e a sua função - como a elasticidade da pele e a capacidade de contração dos tecidos do coração.

"Até hoje tem sido muito difícil replicar essa matriz extracelular utilizando materiais sintéticos," explica o bioengenheiro Adam W. Feinberg. "Mas nós imaginamos que, se as células podem construir esta matriz na superfície de suas membranas, talvez nós pudéssemos construi-la nós mesmos em uma outra superfície."

Foi justamente isso o que Feinberg e seus colegas fizeram. Eles desenvolveram uma matriz que se estrutura sozinha sobre uma superfície termossensível. A composição de proteínas da matriz pode ser ajustada para gerar tecidos com propriedades específicas.

Para recolher o nanotecido, basta alterar a temperatura da superfície onde ele se forma - o material solta-se como se fosse uma folha de papel.

Tecido para remendar o coração

Segundo os pesquisadores, a nova tecnologia poderá ser usada para regenerar o coração e outros tecidos do corpo humano, assim como para fabricar tecidos extremamente fortes e elásticos, com apenas alguns nanômetros de espessura, para várias outras aplicações.

Os métodos atuais para regenerar tecidos biológicos normalmente envolvem o uso de polímeros sintéticos para criar um suporte, uma espécie de andaime, onde o tecido se desenvolve.

Mas esta abordagem pode causar efeitos colaterais conforme o polímero começa a se degradar.

Por outro lado, o nanotecido de proteína é feito das mesmas proteínas que os tecidos naturais e, portanto, o corpo pode descartar qualquer porção do material que deixe de ser necessário, sem gerar efeitos colaterais.

Os testes iniciais permitiram a criação de fibras de músculos cardíacos semelhantes às dos músculos papilares, o que poderá levar a novas estratégias de reparo e de regeneração do coração.

Tecidos de alto desempenho

Os tecidos de alto desempenho são outra aplicação potencial para esta tecnologia.

Alterando o tipo de proteína utilizada na matriz, os pesquisadores podem manipular a quantidade de fios na malha, a orientação das fibras e outras propriedades, de forma a criar tecidos com propriedades novas e com desempenho muito superior aos tecidos sintéticos atuais.

Hoje, uma borracha pode ser esticada em média de 500 a 600 por cento, mas os nanotecidos de proteínas podem ser esticados em até 1.500 por cento.

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