"A Unicamp pode contribuir de forma institucional para levar tecnologias desenvolvidas na Universidade à sociedade, através de pequenas empresas criadas para esse fim", afirmou o professor Roberto Lotufo, diretor executivo da Inova e coordenador do evento.
Segundo Lotufo, a agência tem obtido razoável sucesso ao registrar patentes de processos e produtos resultantes de pesquisas acadêmicas e firmar contratos de licenciamento com empresas já consolidadas.
"Neste seminário, escolhemos a formação de start-ups como tema por vermos nelas outro caminho para disseminar a tecnologia aqui produzida: ao invés de procurar empresas, podemos criá-las, com o objetivo de tornar uma tecnologia acessível e atrativa para licenciamento num prazo de três a cinco anos. Depois, eventualmente, essas pequenas empresas seriam vendidas para outras maiores," disse ele.
Vale da morte da inovação
O diretor da Inova explica que se chama de "vale da morte" esta distância entre as tecnologias universitárias e a sua disponibilização no mercado. "São tecnologias que estão em estágio embrionário, existindo apenas uma demonstração de laboratório. Muitas vezes, investir nelas representa um risco muito alto para as empresas. Por outro lado, depois que se chega a um protótipo, não há tanto interesse das agências em financiar a continuidade da pesquisa para torná-la uma inovação. Queremos incentivar a criação de start-ups para diminuir o 'vale da morte'".
De acordo com Roberto Lotufo, a Fapesp e órgãos federais de fomento já oferecem vários fundos destinados a empresas em processo de crescimento e que dependem da pesquisa para desenvolver seus produtos. "Vamos, também, procurar a ajuda de investidores "anjo" - empresários experientes que aportam não apenas recursos financeiros, mas principalmente a sua competência no desenvolvimento de empresas. A Incamp [Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp], particularmente, abriga empresas apoiadas por eles".
Tecnologia e mercado
Ana Lopes, uma brasileira que atua há vários anos no Escritório de Transferência de Tecnologia do MIT (Massachusetts Institute of Technology), falou sobre o modelo de criação de start-ups que é considerado um dos mais bem-sucedidos do mundo. "O TLO [Technology Licensing Office] está em operação há 25 anos, é um dos mais antigos dos Estados Unidos. Nessa volta ao Brasil, descobri que os escritórios daqui não são muito diferentes, nós somos apenas mais antigos".
A brasileira informou que entre os 34 funcionários do TLO, dez gerentes possuem sólida formação científica e, também, de 10 a 15 anos de experiência no mercado. "Achamos importante que essas pessoas conheçam tanto a tecnologia como o mercado, podendo negociar contratos de transferência em termos justos. Entretanto, o TLO não visa gerar dinheiro e apresenta uma receita insignificante perto do financiamento que o MIT recebe para pesquisa - a despesa foi de 2,3 bilhões de dólares em 2010. Nossa missão é promover a tecnologia e o desenvolvimento econômico, sobretudo na região de Massachusetts, além ajudar pesquisadores que queiram se tornar empreendedores".
Fonte: Luiz Sugimoto
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