segunda-feira, 11 de junho de 2012

Microfotografia abre caminho para registro definitivo do conhecimento

Se você achou que a foto ao lado não está tão boa, até com um pouco de granulação, é bom prestar atenção em um detalhe não tão visível.

Ela tem 40 micrômetros quadrados.

Isto significa que cabem 25.000 delas dentro de um milímetro quadrado, que é um pouco menos do que a área da cabeça de um alfinete.

A imagem, obviamente, é uma foto da microfoto, tirada usando um microscópio.

O feito marca um avanço na área da nanotecnologia, mais especificamente, na capacidade de ler e escrever coisas em escala atômica.

E, mais importante ainda, na capacidade de efetuar registros definitivos de informação, que não dependam de complicadas tecnologias para serem lidos.

Microfotografia

Na área mais densa de "informações", a microfoto é formada por pixels individuais de 10 nanômetros, menores do que os transistores dos processadores mais modernos.

O feito é mais importante porque esta é a primeira vez que se consegue criar tons de cinza por meio de uma gravação física nessa resolução: são 17 tons de cinza, o que já é suficiente para a reprodução de fotografias com boa qualidade.

"Nossa técnica usa litografia por feixe de elétrons com uma das melhores resoluções [já obtidas], permitindo criar imagens em tons de cinza que são altamente miniaturizadas," disse Joel Yang, do Instituto AStar, de Cingapura.

E, segundo ele, não há impeditivos para que se chegue às microfotografias coloridas.

Registro definitivo de documentos

As possibilidades de uso prático da técnica são bem maiores do que as imagens propriamente ditas.

Ainda hoje, a guarda oficial de documentos é feita por um processo de microfilmagem, um processo caro demais para outros usos.

Se, de um lado, há um esforço coordenado para a digitalização de tudo o que se produz hoje, dos livros científicos às transações bancárias, por outro, cresce a preocupação com a durabilidade das mídias digitais.

Um DVD promete uma vida útil de 10 anos, enquanto nenhum fabricante de disco rígido promete mais do que 5 anos. As fitas magnéticas, quase em desuso, chegam aos 100 anos.

Ou seja, se a civilização atual deseja realmente arquivar seus conhecimentos a longo prazo, é necessário criar técnicas novas.

Afinal, o conhecimento que hoje temos das civilizações extintas está limitado àquelas que fizeram seus registros em pedra, ou que viveram em locais desérticos, onde o clima ajuda na conservação de materiais mais frágeis.

Assim, a possibilidade de fazer registros físicos em nanoescala, sem depender de complicados leitores magnéticos ou optoeletrônicos para sua leitura posterior, abre novos caminhos para o registro "definitivo" de documentos e saberes.

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