quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Em Cingapura, clientes correm para resgatar apólices de subsidiária da AIG

Seguradora tem recursos para honrar compromissos, diz BC do país. AIG foi socorrida com empréstimo de US$ 85 bilhões.

Centenas de clientes foram à sede da American International Assurance (AIA), braço da seguradora norte-americana AIG em Cingapura nesta quarta-feira (17). Os segurados buscam resgatar as apólices em meio à crise da AIG, que recebeu, na véspera, um empréstimo de US$ 85 bilhões do Fed (banco central dos EUA) em um plano de 'salvamento'. O banco central de Cingapura garantiu que a AIA tem recursos suficientes para honrar seus compromissos no país.

Entenda a operação de resgate da seguradora AIG

O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, anunciou um empréstimo de US$ 85 bilhões para tentar evitar a falência da seguradora AIG, a maior do país.

Em retorno, o governo assumirá o controle de quase 80% das ações da empresa e o gerenciamento dos negócios.

O pacote de resgate foi anunciado um dia depois da quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, que pediu concordata e provocou a queda no preço de várias ações no mercado financeiro global.

A seguir, entenda as causas dos problemas financeiros enfrentados pela AIG e seus efeitos no mercado financeiro global.

Por que a AIG necessitava de um pacote de resgate?

A seguradora American International Group (AIG) foi fortemente afetada pela crise no mercado de crédito que vem sacudindo os mercados financeiros há pouco mais de um ano.

O principal negócio da empresa é vender seguros, mas não apenas para pessoas comuns que compram seus serviços, como seguro imobiliário.

A companhia também fornece serviços para grandes empresas, especialmente bancos.

Ao fazerem grandes operações, os bancos contratam seguradoras, como a AIG, para socorrê-las no caso de seus negócios darem errado.

A AIG estava sob forte pressão financeira depois de ter registrado perdas em três trimestres consecutivos que totalizaram US$ 18,5 bilhões.

O rombo está diretamente ligado a problemas relacionados ao mercado de crédito imobiliário, já que a empresa desempenhava um papel importante ao assegurar instituições financeiras em todo o mundo contra riscos.

Apesar de ser uma empresa bem-sucedida, os lucros da AIG estavam bloqueados em negócios e investimentos que não são fáceis de vender ou difíceis de avaliar.

Para sobreviver, a seguradora precisava de dinheiro urgentemente e o Federal Reserve era o único preparado para prestar socorro.

Eu tenho uma apólice de seguros com a AIG. O que devo fazer?

Aparentemente nada. O governo americano acredita que a AIG é grande demais para quebrar. As apólices de seguro da AIG continuam em vigor.

Por que o governo resgatou a AIG e não o banco Lehman Brothers?

A AIG oferece seguros para muitas instituições bancárias que fazem empréstimos corporativos e imobiliários.

Os bancos contrataram seus serviços para se proteger contra os riscos que esses empréstimos representam, como inadimplência dos clientes.

Uma das razões por trás do contrato das seguradoras é garantir às instituições reguladoras que esses empréstimos representam o menor risco possível.

Com isso, elas podem emprestar mais dinheiro do que, de fato, possuem.

Se a AIG quebrasse tais transações de alto risco não poderiam ser asseguradas e colocaria toda a indústria financeira global em sérios apuros.

As injeções de recursos para socorrer companhias privadas é uma decisão cada vez mais difícil para o governo americano, já que os contribuintes americanos correm o risco de ter um prejuízo de bilhões de dólares.

Quando o Bear Stearns começou a dar sinais de ser afetado pela crise, o Tesouro americano ajudou o JP Morgan Chase a comprá-lo.

Além disso, na semana passada, o governo na prática nacionalizou as firmas de hipoteca Fannie Mae e Freddie Mac, que entre si possuem ou avalizam cerca de metade do mercado de hipotecas americano, avaliado em US$ 12 trilhões.

Ao rejeitar conceder garantias para uma operação de compra do Lehman Brothers pelo banco britânico Barclays, analistas dizem que o Tesouro americano traçou uma linha para demarcar a vontade de usar dinheiro público no resgate a bancos que tomaram decisões equivocadas.

Em vez disso, autoridades preferiram apoiar o sistema de outras formas, anunciando medidas para facilitar o acesso de empresas com dificuldades financeiras a créditos de emergência.

Veja também: Como funciona o crédito sub-prime ?

Fonte: G1

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