domingo, 28 de setembro de 2008

GUIA DE CARREIRAS: Engenharia Aeronáutica

Projetar uma aeronave, construí-la e cuidar de sua manutenção periódica são as três principais funções de um engenheiro aeronáutico. Com escassez de profissionais no mercado de trabalho – porque apenas duas universidades públicas brasileiras oferecem o curso – a carreira de engenharia aeronáutica está em expansão e os profissionais são cada vez mais disputados. Há outros cursos oferecidos por instituições particulares, mas, de acordo com os professores ouvidos pela reportagem, essas outras graduações são menos valorizadas.

Segundo o professor de aerodinâmcia do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Roberto da Mota Girardi, o engenheiro aeronáutico é um profisisonal multidisciplinar que precisa conhecer um pouco de cada parte que irá compor uma aeronave: eletrônica, mecânica e hidráulica. Veja o infográfico que explica as áreas de atuação, a formação necessária e o mercado de trabalho.

“A construção de um avião engloba todas as áreas da engenharia. É claro que o engenheiro aeronáutico não precisa saber os detalhes de tudo, mas ele tem que ter uma noção geral para poder pensar como será a aeronave que ele quer construir e distribuir as demais tarefas para os outros especialistas”, disse o professor.

Girardi explicou que o profissional desta área da engenharia é o responsável pela integração de todas as partes de uma aeronave e cabe a ele zelar pelo perfeito funcionamento do produto final. “Tudo funciona como um imenso quebra-cabeça e o engenheiro precisa trabalhar de forma que o conjunto fique harmonioso”, disse.

Fernando Catalano, professor e coordenador do curso de engenharia aeronáutica da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos ressaltou que todos os laudos de manutenção de “qualquer coisa que voe” precisam necessariamente ser assinados pelo engenheiro aeronáutico. “A responsabilidade da manutenção é exclusiva dos engenheiros aeronáuticos. É uma função de risco porque é ele quem dará a autorização para o avião voar”, disse Catalano.

Como um médico

Para o professor da USP, a responsabilidade do engenheiro aeronáutico na área de manutenção é tão grande que pode ser comparada com a responsabilidade de um médico. “O profissional não tem hora e nem dia para trabalhar. Se der uma pane em um avião, esteja ele [o avião] onde estiver, o engenheiro terá de ser acionado. É uma atividade de risco e que não tem hora para acontecer. O engenheiro indiretamente está lidando com vidas de pessoas”, disse.

Em casos de queda de avião, por exemplo, cabe aos engenheiros aeronáuticos investigar os motivos do acidente. “Não é apenas pegar as caixas-pretas e analisar o que ficou gravado. O engenheiro é o responsável pela aeronave e ele precisa saber o que realmente aconteceu. Os destroços do avião, por exemplo, precisam ser analisados detalhadamente”, afirmou Catalano.

Os testes

Segundo os professores, depois que o engenheiro termina de projetar uma aeronave, ele constrói uma maquete idêntica para que todos os equipamentos sejam rigorosamente testados. A maquete é colocada dentro de um túnel de vento (que funciona como um simulador) e vai medir todas as forças em escala.

Em seguida, a aeronave em tamanho real é testada na pista e depois no ar. “Só depois de tudo testado e conferido é que você vai dar o aval para uma aeronave voar”, disse Girardi. Para o professor, a escolha da carreira deve ser muito bem pensada. “É um trabalho muito difícil, mas não necessariamente estressante. Mas se um carro der defeito, por exemplo, você estaciona e chama um mecânico. Com uma aeronave é diferente. Se houver alguma falha, ela cai.”


Fonte: G1

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