terça-feira, 27 de julho de 2010

Cadeira de rodas elétrica ficará mais barata com peças nacionais

Engenheiros do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Escola Politécnica (Poli) da USP estão desenvolvendo módulos de controle (placas eletrônicas) e instrumentos para cadeiras de rodas motorizadas com tecnologia nacional.

O custo de produção das peças nacionalizadas chega a ser dez vezes menor do que as importadas.

Cadeiras de rodas eletrônicas

Cadeiras de rodas mais avançadas chegam a custar US$ 15 mil, mais taxas de importação dos Estados Unidos e da Europa. Elas são capazes de controlar computadores e aparelhos de controle remoto, erguer a pessoa verticalmente e descer rampas com conforto. Os módulos de controle são responsáveis por boa parte do preço, chegando a custar US$ 5 mil.

As fábricas brasileiras produzem cadeiras de rodas simples e importam as placas eletrônicas que as controlam. A direção das cadeiras é feita por meio de joysticks, que são adequados apenas para pessoas com pelo menos uma mão livre.

Quem perde o movimento das mãos precisa importar instrumentos para dirigir as cadeiras por intermédio de sopros ou usando os dedos, queixo ou punho. O preço do controle de sopro chega aos 1.400,00 euros, segundo os orçamentos encontrados pelo LSI.

Cadeira de rodas elétrica nacional

O módulo que os pesquisadores da USP estão desenvolvendo deverá ter as mesmas funções que os mais caros do exterior. Porém, o custo de produção deverá ser cerca de R$ 300,00 e as configurações serão mais fáceis de entender. Os engenheiros também estão desenvolvendo controles de sopro, (custo esperado de fabricação: R$ 220,00), botões para apertar com os dedos (R$ 20,00) e punhos (R$ 75,00) e touchpad (R$ 65,00 ).

O LSI já produziu e está aperfeiçoando o módulo, touchpad e botões para os punhos e dedos. Falta tornar o módulo capaz de interagir com aparelhos eletrônicos e fazer ajustes de segurança. Também é preciso terminar o desenvolvimento do software que controla a cadeira e do que a configura.

O objetivo dos pesquisadores é concluir os produtos em dezembro e disponibilizar para empresas nacionais a receita de como fabricá-los e os softwares para programá-los.

A maior dificuldade do desenvolvimento tem sido escolher componentes baratos e fáceis de encontrar em lojas no País, explica Marcelo Archanjo, líder da equipe que trabalha no projeto. Para atender essas exigências, o módulo de controle deverá ser um pouco maior do que seria se fosse produzido com os chips vendidos no exterior. Mas deverá ter a mesma qualidade.

Módulo nacional

A pesquisa é fruto de um convênio do LSI com a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEDPcD). O investimento da secretaria foi de R$ 700 mil.

"A Secretaria está investindo no desenvolvimento de um conjunto de produtos, abrindo caminho para que a indústria invista somente nas etapas de produção" diz Archanjo.

"O ganho não é simplesmente menor custo", diz Marco Pelegrini, Secretário Adjunto da SEDPcD. "O fato de ter um módulo nacional vai facilitar a adaptar a cadeira a cada paciente".

Normalmente, precisam de cadeiras de rodas motorizadas pessoas com distrofia muscular, tetraplegia, paraplegia, síndromes degenerativas dos músculos, paralisia cerebral e amputações.

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