terça-feira, 13 de julho de 2010

Cientistas revelam mistério da morte súbita cardíaca

A cada ano, centenas de milhares de pessoas em todo o mundo morrem de morte súbita de causas cardíacas - muitas delas jovens e em forma. Estima-se que cerca de 30% das mortes cardíacas repentinas ocorrem à noite, durante o sono.

Mas uma pesquisa pioneira, usando modelos computacionais e pesquisa experimental, poderá ajudar a salvar milhares dessas vidas.

A esperança vem na forma de um tratamento preventivo das pessoas com alto risco de um tipo de distúrbio do ritmo cardíaco, chamado síndrome do nódulo sinoatrial.

Mutação genética

O problema fatal ocorre quando a atividade do marcapasso natural do coração, o nó sinoatrial, apresenta algum problema. Mas o maior problema é que, até hoje, ninguém foi capaz de descobrir por que isso acontece.

Agora, a equipe do Dr. Henggui Zhang, da Universidade de Manchester, na Inglaterra, demonstrou como determinadas mutações genéticas e uma atividade específica do sistema nervoso podem se combinar para perturbar seriamente o ritmo normal do coração.

Isto significa que seria possível identificar as pessoas com maior risco de sofrer de morte súbita cardíaca, que afeta pessoas de qualquer idade, mas especialmente idosos saudáveis e atletas bem treinados.

Poderia então ser possível controlar o risco, usando medicamentos ou um marcapasso.

Morte súbita

A morte cardíaca súbita ocorre após uma perda abrupta da consciência, dentro de uma hora a partir do início dos sintomas agudos. Isto acontece muitas vezes durante a noite, quando a frequência cardíaca diminui drasticamente, o que impede qualquer tipo de socorro.

A forma de síndrome do nódulo sinoatrial estudada pela equipe não tem ligação com doenças cardíacas estruturais, mas com mutações genéticas que alteram uma proteína chamada SCN5A, ligada à geração da atividade elétrica do coração.

O problema cardíaco agudo, e fatal, pode ocorrer em pessoas de qualquer idade que possuam esta anomalia genética.

Usando medições experimentais do nó sinoatrial, em conjunto com modelos de computador extremamente detalhadas, o professor Zhang conseguiu simular a atividade elétrica do músculo cardíaco.

Parada cardíaca

A pesquisa, que durou 13 anos, mostrou que existe uma substância química presente no sistema nervoso que, em indivíduos saudáveis, retarda o ritmo cardíaco.

Mas, em pacientes com a síndrome, ela pode impedir totalmente a atividade elétrica, que se espalha por todo o coração, levando eventualmente à parada cardíaca.

Esses efeitos estão associados a mutações no gene que podem ser detectadas por exames.

"Antes, nós não sabíamos por que algumas pessoas com síndrome do nódulo sinoatrial morriam de repente, mas agora sabemos porque o risco pode aumentar durante a noite, durante o sono. Nossos resultados podem ser um passo importante rumo a formas de evitar isso," diz o Dr. Zhang.

Nenhum comentário: