quinta-feira, 1 de julho de 2010

Cientistas fazem mapa da gravidade da Terra

Cientistas criaram um mapa da força da gravidade na superfície terrestre, mostrando as diferentes influências desta força física ao redor do planeta.

O modelo, conhecido como geoide, define onde estão os níveis da gravidade na superfície terrestre em relação a uma média, indicando onde ela é mais forte ou mais fraca.

Os cientistas afirmam que os dados podem ser usados em inúmeras aplicações, entre elas nos estudos de mudança climática, para ajudar a entender como a grande massa de oceanos movimenta o calor ao redor da Terra.

Embora comumente estabelecida em 9,8 metros por segundo (m/s) a gravidade terrestre na verdade varia entre 9,78 m/s no equador, até 9,83 m/s nos pólos.

Mapa da gravidade terrestre

O mapa da gravidade foi desenhado a partir de medições precisas realizadas pela sonda espacial Goce, sigla formada a partir das iniciais da sonda exploradora de campo gravitacional e equilíbrio estacionário.

A sonda Goce circula na órbita terrestre a uma altitude de pouco mais de 250 km da superfície - a órbita mais baixa de um satélite de pesquisa em operação. Com um desenho futurístico, ela é também uma das mais belas sondas espaciais já lançadas.

A Goce carrega três pares de blocos de platina dentro de seu gradiômetro - o aparelho que mede o campo magnético da Terra - capazes de perceber acelerações leves da gravidade sentida na superfície - 1 parte em 10.000.000.000.000.

Em dois meses de observação, o satélite mapeou diferenças quase imperceptíveis na força exercida pela massa planetária em diferentes pontos do globo.

Variação da gravidade

O mapa define, em um determinado ponto, a superfície horizontal na qual a força da gravidade ocorre de maneira perpendicular a ele. Estas inclinações podem ser vistas em cores que marcam como os níveis divergem da forma elíptica da Terra.

No Atlântico Norte, perto da Islândia, o nível se situa a cerca de 80 metros sobre a superfície do elipsoide. No Oceano Índico, esse nível está 100 metros abaixo.

Os cientistas dizem que o mapa permitirá aos oceanógrafos definir como seria a forma dos oceanos se não houvesses marés, ventos e correntes marítimas. Subtraindo a forma do modelo, ficam evidentes estas outras influências.

Esta informação é crucial para criar modelos climáticos que levem em conta como os oceanos transferem energia ao redor do planeta - veja Correia Transportadora Oceânica não está desacelerando, diz NASA.

Geoide

Há outros usos para o geoide. O modelo fornece um sistema universal para comparar altitudes em diferentes partes da Terra, à semelhança dos aparelhos de nivelamento que, na construção, revelam aos engenheiros para onde um determinado fluido corre naturalmente dentro de um tubo ou cano.

Cientistas geofísicos também podem usar os dados da sonda para investigar o que ocorre nas entranhas profundas da Terra, especialmente naqueles pontos susceptíveis a terremotos e erupções vulcânicas.

"Os dados da Goce estão mostrando novas informações no Himalaia, na África Central, nos Andes e na Antártida", explica o coordenador da missão da ESA, Rune Floberghagen.

"São lugares bem inacessíveis. Não é fácil medir variações de alta frequência no campo gravitacional da Antártida com um avião, porque há poucos campos aéreos a partir dos quais operar."

Combustível

A altitude extremamente baixa da Goce deveria limitar a utilização da sonda por no máximo mais dois anos. Entretanto, níveis relativamente baixos de atividade solar produziram condições atmosféricas calmas, fazendo o satélite consumir menos combustível que o estimado.

A equipe acredita que a sonda poderia ser utilizada até 2014, quando a falta de combustível desaceleraria a missão, obrigando-a a sair de órbita, queimando-se na atmosfera.

O novo mapa foi apresentado em um simpósio sobre observação terrestre em Bergen, na Noruega, onde também estão sendo apresentados dados recolhidos por outras missões da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês).

Antes do fim da década, cerca de 20 missões da ESA, totalizando cerca de 8 bilhões de euros, serão lançadas para observar o espaço através de sondas espaciais.

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