quarta-feira, 19 de maio de 2010

Batido recorde mundial do menor tempo já medido

Acostumados com relógios por todos os lados, parece ser difícil para uma pessoa do século 21 entender porque, há apenas algumas centenas de anos, acreditava-se que o tempo era uma entidade por si só, coesa, impossível de ser decomposta em unidades menores, com a distância ou a temperatura.

O surgimento da ciência moderna, com a necessidade de tudo medir e de tudo aferir, devidamente acompanhada de réguas, barômetros e, finalmente, relógios, jogou esse pressuposto por terra, mostrando que o tempo também podia ser quebrado em unidades menores e medido com precisão.

Recorde do menor tempo

Agora, cientistas alemães levaram essa precisão a um limite inimaginável eventualmente até pelos cidadãos do século 21.

Günter Steinmeyer e seus colegas do Instituto Max Born demonstraram a capacidade de medir o tempo com uma incerteza de 12 attossegundos. Um attossegundo equivale a 10-18 segundos, ou 0,000000000000000001 segundo.

Um piscar de olhos é literalmente uma eternidade para eventos que acontecem nessa escala temporal - 1 attossegundo está para 1 segundo assim como 1 segundo está para a idade do Universo.

Este é o novo recorde mundial para o menor intervalo de tempo já medido.

Escala atômica do tempo

Equivalente a 1/200 do comprimento de onda da luz, a medição representa a metade da escala atômica de tempo, que é de 24 attossegundos.

A escala atômica de tempo marca os processos mais rápidos que ocorrem na camada externa de um átomo, significando que o aumento agora alcançado na precisão da medição de intervalos deverá impactar positivamente na pesquisa dos processos mais rápidos que ocorrem na natureza.

A capacidade para medir tempos cada vez menores tem grande importância prática nos laboratórios, permitindo a observação dos passos intermediários das reações químicas importantes, como a fotossíntese, e para a codificação de um volume maior de informações em um único pulso de luz.

Pulsos ultracurtos de luz

A luz é uma onda eletromagnética de frequência muito alta. Na faixa do visível, uma única oscilação pode durar entre 1.200 e 2.500 attossegundos. Usando laser, contudo, é possível gerar pulsos ultracurtos, contendo algumas poucas dessas oscilações.

Entra em cena, então, um outro feito de uma outra equipe, também da Alemanha.

Guenther Krauss e seus colegas da Universidade de Konstanz criaram um pulso de luz de apenas 4,3 femtossegundos de duração na faixa do infravermelho - 1 femtossegundo equivale a 1.000 attossegundos.

Enquanto a primeira equipe precisou estabilizar a duração dos seus pulsos de luz para conseguir fazer medições com precisão de attossegundos, o Dr. Krauss afirma que sua equipe já está se aproximando da meta de fazer pulsos individuais nessa escala, o que deverá baixar ainda mais o recorde de tempo mais curto já medido.

Internet e reações químicas

Um pulso de luz normalmente é formado por muitos ciclos de campos elétricos e magnéticos variando suavemente ao longo de uma faixa de frequências.

Usando fibras ópticas especiais, prismas e outros elementos de uma óptica bastante complexa, é possível comprimir um pulso de luz para que ele tenha durações temporais muito curtas - eventualmente chegando a um único ciclo, com somente um comprimento de onda completo.

Uma das razões para se fazer isso é que mais dados podem ser codificados em um sinal com um intervalo de tempo dado. Por exemplo, com pulsos de luz tão curtos quanto os obtidos agora, a taxa de transmissão de dados via internet poderia alcançar 100 terabits por segundo.

Outra aplicação importante dos pulsos ultracurtos de luz é que eles podem servir como uma luz estroboscópica para fazer filmagens de eventos de duração muito curta, como o movimento e as interações das moléculas durante as reações químicas.

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